Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Rapidinhas
 
 Uma revolução possível
 
     O veto da presidente Dilma à lei dos royaltes do petróleo aprovada pela Câmara dos Deputados, recoloca as coisas no lugar. Os contratos já assinados continuam com a partilha antiga, preservando compromissos orçamentários assumidos por Estados e Municípios produtores.
     Os novos contratos, a serem assinados na área do pré-sal, muito mais distante da costa e já fora da plataforma submarina, pertencem igualmente a todos os Estados e Municípios brasileiros e seus royaltes serão distribuídos igualitariamente.
     Mas a maior mudança virá com a medida provisória que direciona esses recursos apenas para a educação, item que havia sido suprimido na Câmara. Com isso, o financiamento à educação deve atingir 10% do PIB, permitindo uma verdadeira revolução.
     Falta agora retirar a responsabilidade sobre a educação de Estados e Municípios, implantando o Sistema Único de Educação, já previsto na Lei de Diretrizes e Bases de 1996. Esse sistema foi incluído, como alternativa, por insistência de Darcy Ribeiro que sempre lutou pela federalização da educação brasileira, alegando que as oligarquias interioranas nunca estiveram interessadas em educar o povo, preferindo que ele permaneça ignorante para manter seu domínio.
     É hora de fazer uma reforma educacional abrangente no Brasil. Recursos não faltarão.
     A presidente Dilma, formada na escola do PDT que sempre lutou pela educação, tem esta chance histórica. Se os partidos de direita não conseguirem impedir, pode ser que nossa educação finalmente saia do atoleiro.
 

 Viva Palestina

 
     Derrota para a política de anexação israelense dos territórios ocupados. Vitória para a luta do povo palestino pela construção do seu Estado independente.
     A história caminha para a consagração da solução dos dois estados e o fim da hegemonia americana no Oriente Médio. As chantagens israelenses e americanas sobre suspensão do financiamento aos palestinos não assustam mais. China, Liga Árabe e os Brics, podem cobrir tranquilamente essas despesas e influenciar em um novo caminho que leve a uma paz duradoura.
     Viva a Palestina independente!
 
Adeus Joelmir
 


     Aos poucos vão sumindo os personagens que fizeram o século XX, especialmente na sua segunda metade. Joemir Beting, o comentarista econômico que falava pouco e dizia muito, numa linguagem que todos entendiam, se foi, e se foi cedo, com apenas 75 anos.
     Bem humorado, inteligente e sempre bem informado, Joelmir não ficava apenas no óbvio, mas sabia retirar da notícia seus aspectos mais importantes de forma resumida.
     Foi um personagem importante da redemocratização do país, principalmente no Jornal da Band, onde estreou ainda na década de 1970 e depois retornou em 2004. Lá sempre disse o que queria, fazendo um jornalismo muito diferente das notícias pasteurizadas da Globo.
     Vai fazer muita falta.
    
Dona Dalva
 

     Dalva Maria de Carvalho Mendes, se tornou a primeira mulher a assumir o posto de oficial-general nas forças armadas brasileiras. Nomeada para o posto de contra-almirante pela presidente Dilma Roussef, a médica de 56 anos vem confirmar a ascensão cada vez maior das mulheres na sociedade brasileira, inclusive aos cargos de maior responsabilidade.
     Apesar do alto posto, Dona Dalva deu declarações muito simpáticas à imprensa, destacando o poder agregador que as mulheres exercem e fazendo um paralelo entre os deveres de mãe e suas responsabilidades como médica e militar.
     Parabéns à nova oficial-general da Marinha do Brasil.

Dilma passa o rodo
 
     Mais uma vez a presidente Dilma Roussef se vê às voltas com um escândalo no governo federal, protagonizado por pessoas nomeadas na administração do presidente Lula, por influência de José Dirceu.
     A chamada Operação Porto Seguro, desencadeada pela Polícia Federal prendeu a chefe do Gabinete da Presidência da República em São Paulo e desmontou um esquema de tráfico de influência que se espalhava pelas agências federais de Transportes Aquaviários (Antaq), de Águas (ANA), de Aviação Civil (Anac), a Advocacia-Geral da União (AGU), a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), o Tribunal de Contas da União (TCU), a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e o Ministério da Educação (MEC).
     A presidente Dilma, no dia seguinte à operação da PF, exonerou ou afastou todos os funcionários envolvidos no esquema.
     Embora José Dirceu negue relação com o caso, é fato que a chefe do gabinete da presidência ligou para ele pedindo para ajudá-la, quando os policiais chegaram no seu escritório para executar um mandato de busca.
     Herança pesada que este herói do PT deixou para trás.

Quem vai pagar por isto?
 
Trecho de canal abandonado, já deteriorado, perto da cidade de Custódia, em Pernambuco.
 

     As explicações que a ministra do Planejamento Miriam Belchior deu para o Jornal Nacional, justificando o atraso na obras da transposição do Rio São Francisco, só serviram para expor mais o absurdo que ocorre naquela obra.
     Segundo ela, a licitação foi feita sobre um projeto básico e só depois, já com a obra em andamento, foi sendo feito o projeto específico de cada trecho, daí os constantes reajustes e o abandono de parte das empreiteiras por estimarem que não conseguirão realizar a obra pelo preço contratado.
     Ora, fazer uma licitação sem um projeto detalhado não faz o menor sentido, e só poderia gerar esse tipo de problemas. Não entendo como o Tribunal de Contas da União permitiu uma licitação deste tipo.
     Agora, além do custo de implantação dos canais, alguém terá de arcar com os custos da recuperação dos trechos que foram abandonados, pois sabe-se que concreto armado, feito para receber água, se deixado ao sol e à chuva, vai se contraindo e se expandindo até rachar, perdendo sua característica principal que seria a impermeabilidade.
     A ministra diz que as empresas vão ter que consertar o estrago, mas se elas recorrerem à justiça o processo pode levar anos e como se trata de um canal, se houver um trecho incompleto a obra toda não funciona. Melhor seria refazer a licitação desses trechos e, paralelamente, acionar as empresas na justiça pelos prejuízos causados.
     Mas a verdade é que não se pode obrigar uma empresa a fazer uma obra por um custo maior do que o contratado. O erro foi na licitação irresponsável.
     Isto é má gestão de recursos públicos e em países mais sérios, dá cadeia, afinal é dinheiro de impostos sendo jogado fora. Será que alguém vai ser responsabilizado?
 

Poesia da semana
 
 
Rio Sem Discurso
 
Quando um rio corta-se de vez
o discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água quebra-se em pedaços,
em poços de água, em água paralítica.
 
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária;
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por onde ele discorria.
 
O curso de um rio, seu discurso-rio,
chega raramente a se reatar de vez;
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
 
Salvo a grandiloquência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase e frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a seca, ele combate.
 
João Cabral de Melo Neto



domingo, 25 de novembro de 2012

O Paiz
 
Quincas

     Não há melhor comemoração na Semana Nacional da Consciência Negra, do que empossar o Ministro Joaquim Barbosa como novo presidente do STF.
     Não se trata apenas de um ministro negro. Não se trata também, apenas, do primeiro negro a presidir a mais alta corte da nação brasileira. Trata-se de ver chegar ao topo da carreira um dos melhores e mais contundentes ministros que o Brasil já teve, que ascendeu por méritos próprios e que tem se mostrado inflexível na condenação dos corruptos, sejam eles do grupo político que o indicou ou de qualquer outro.
     Quincas, como lhe chamavam seus ex-colegas quando era apenas um funcionário da gráfica do Senado, assume as funções no momento certo, quando o Brasil se vê desafiado por hordas de bandidos que acham que podem acuar o poder público, decretando a pena de morte de policiais ou de qualquer outro que estiver em seu caminho, transformando nossas grandes cidades num inferno.
     A grande queixa dos brasileiros, em relação à justiça, está na lentidão e moleza no trato com os bandidos. Os brasileiros queremos leis mais severas, julgamentos mais duros, que mostrem aos que pretendem desafiar a lei que a punição será muito dura e que o crime não pode compensar.
     Agora é hora do Congresso Nacional acabar de vez com essas leis que abrandam as punições, permitindo que criminosos com as mãos sujas de sangue de inocentes, passem o Natal em casa (para não voltarem e sairem matando mais). Que assassinos condenados cumpram apenas um sexto da pena, por bom comportamento. Que "criancinhas" de 17 anos não possam ser condenadas por estarem protegidas por um Estatuto da Criança e do Adolescente, que protege muito mais o criminoso do que as vítimas.
     Estamos cansados de ver pais, mães, irmãos, filhos e esposas chorando na televisão a perda de parentes. Estamos cansados de ver políticos corruptos como Paulo Maluf, circulando livremente por aí, insultando a sociedade com seu cinismo.
     Estamos cansados ministro. Queremos justiça. Rápida e dura. Sem pena dos criminosos.
     Mas queremos também prisões decentes, onde presos não sejam estuprados corriqueiramente. Sem celulares para que bandidos não continuem ordenando assassinatos e roubos lá de dentro. Prisões que respeitem a dignidade humana, separando bandidos perigosos de réus primários, como manda a lei.
     Sem superlotação, mas também sem privilégios para ricos ou gente com nível superior.  
     Especialmente queremos prisões que consigam dar um novo rumo à vida dos prisioneiros, que sejam transformadas em escolas, onde se possa aprender uma profissão e o respeito às leis, à vida e à democracia.
     Salve, Ministro Joaquim Barbosa! A nação agradecida o saúda.


Rapidinhas
 
 Vitória na série A

     Depois de um jogo sofrido contra o Ceará, o Esporte Clube Vitória, de Salvador, conseguiu voltar ao primeiro escalão do futebol brasileiro.
     Mas subir não é nada, o difícil é se manter lá em cima, como bem sabe o Bahia que sofre para confirmar sua permanência na série A, ficando agora na dependência de um empate com o Atlético de Goiás, na última rodada do campeonato.
     O Vitória precisa melhorar muito para ser um time de primeira divisão. Falta profissionalismo em alguns jogadores (como Willy se jogando para tentar conseguir um pênalti, nos primeiros segundos da partida), investimento e organização financeira, para que o time tenha sustentabilidade no seleto grupo dos melhores times do Brasil.
     De qualquer forma nosso Vitória está de parabéns. Que sua subida seja um bom presságio para o futebol baiano em 2013.
 
Um país suicida
 
 
     A política do Estado de Israel, de sobreviver aterrorizando todos os seus vizinhos através do seu poderio militar, enquanto vai ocupando o território da Palestina e dizimando aos poucos sua população, é uma política suicida.
       Nem os maiores impérios coloniais conseguiram ser vitoriosos sem um mínimo de consenso com os povos que dominavam. Simplesmente dominar pelas armas e pela intimidação, é uma política sem futuro e que só levará à própria destruição de Israel.
     Um dia a correlação de forças que hoje sustenta a arrogãncia do estado sionista, vai mudar, e os Estados Unidos não poderão mais respaldar essa loucura. Nesse dia então, Israel vai desaparecer do mapa, varrida pelos árabes que ela só hostiliza e despreza.
     As nações árabes estão se democratizando, se modernizando, e logo terão suas economias recuperadas. Então poderão fazer frente ao minúsculo estado judeu, que só se sustenta baseado no apoio norte-americano.
     O que eles fizeram mais uma vez na Faixa de Gaza, foi mais um capítulo de horror, na história da civilização humana. Seus crimes serão cobrados algum dia, dia este que pode não estar muito longe.
     O Hamas já percebeu isso e provoca Israel, lançando seus foguetinhos, esperando a reação desproporcional que horroriza o mundo. Sacrificam seu próprio povo para que o mundo veja a verdadeira política israelense. Só os israelenses ainda não perceberam que estão cavando sua própria sepultura.
    
 Bem-vinda Bolívia
 
     A Bolívia aceitou fazer parte do Mercosul, como membro pleno (até agora era apenas observadora). Os trâmites para a integração do nosso grande vizinho se iniciarão em breve. O Equador também já foi convidado, mas ainda não deu uma resposta definitiva.
     Aos poucos a grande nação latino-americana vai se unindo, somando forças nesse imenso mercado comum, que já é uma das maiores áreas de integração econômica do planeta.
A capital, La Paz, uma das cidades mais altas do mundo, a 3.360m.


     Quem sabe daqui a pouco tempo poderemos viajar para lá em confortáveis estradas e ferrovias, para visitar o altiplano e conhecer as belezas e os produtos deste país formado pelos descendentes do antigo império Inca.

Assassinatos na Chapada
 
     No sábado, 24 de novembro, um atentado bárbaro ocorreu na cidade de Jussiape, vizinha de Rio de Contas, (apenas 40 Km de distãncia) onde um pistoleiro de apelido Coló, surtou e saiu atirando contra políticos do município, matando o gerente local da EMBASA (Empresa de Águas e Saneamento), que tinha sido candidato a vereador no último pleito, a esposa do prefeito eleito do município, em seguida o próprio prefeito, Procópio Alencar, e na perseguição que lhe moveram policiais da região, ainda atingiu dois PMs, um deles na cabeça, antes de ser  morto pelos policiais.
     Uma tragédia que revela o grau de exacerbação da política na região, onde as diferenças de opinião não são aceitas com a naturalidade exigida pela democracia, mas passam ao campo das desavenças pessoais de modo muito intenso.
     
     Poesia da Semana
 




Tema e voltas

Mas para quê
Tanto sofrimento,
Se nos céus há o lento
Deslizar da noite?
 
Mas para quê
Tanto sofrimento,
Se lá fora o vento
É um canto na noite?
 
Mas para quê
Tanto sofrimento,
Se agora, ao relento,
Cheira a flor da noite?
 
Mas para quê
Tanto sofrimento,
Se o meu pensamento
É livre na noite?
 
Manuel Bandeira

 
Delícias de Rio de Contas
 
A arte de Pedro Souza
 
     Pedro Souza é um artista plástico de Rio de Contas, que trabalha com a técnica de papel-marché e faz bonecos e máscaras para o carnaval tradicional da cidade e também pinturas à óleo.
     Sua arte, que se iniciou com as máscaras de carnaval, evoluiu posteriormente para os bonecos gigantes, usados nos desfiles e depois passou à retratação da vida local, seja de tipos humanos ou de animais.
      À esquerda, máscaras usadas por foliões no carnaval tradicional de Rio de Contas. Os orifícios no pescoço são para que a pessoa que está portando a máscara possa enxergar e respirar. Abaixo, à direita, Pedro ao lado de um boneco gigante, representando uma mulher com seu filho no colo. Esses bonecos gigantes tem movimento de pálpebras, da cabeça (que se gira sobre o pescoço), olhos que se acendem, etc, tudo comandado pela pessoa que vai embaixo, através de cordas. Abaixo, á esquerda, a representação de um teiú, lagarto gigante muito comum na região

    
As origens históricas da cidade na impressionante figura do escravo
(à esquerda)
e do garimpeiro
(à direita)

 
 
 
Os tipos humanos característicos da região
À esquerda as figuras esguias das mulheres negras, originárias dos antigos quilombos existentes no município. À direita a mulher rendeira.
   À esquerda mulher com pilão. À direita, homem com cajado.

















 
     Abaixo, à esquerda, Pedro Souza com um boneco gigante usado no carnaval, representando mulher com filho no colo. À direita pintura á óleo retratando rua do centro histórico.
 















À esquerda, pintura retratando paisagem rural e a Igreja de Santana, na sede do município (à direita).
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pedro Souza já expôs seu trabalho em Salvador e em outras cidades da Chapada Diamantina.
Atualmente atende no seu próprio atelier, em sua casa no bairro do Sossego, na cidade de Rio de Contas (Atelier Raízes do Rio) e pode ser contactado pelo telefone (77) 8111-9538 ou pelo e-mail pedrosouza74@gmail.com.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O Paiz
 
 
Na Belém-Brasília
 
    Prezados amigos
 
    Na semana passada tive a oportunidade de viajar por um trecho da rodovia Belém-Brasília, entre Anápolis e Jaraguá, cidade para onde se mudou minha filha, com sua família.
     Eu já tinha percorrido esta rodovia duas vezes, em épocas distintas (em 1966, quando ainda era toda de terra e em 1991), e fiquei impressionado com a beleza da região, hoje cheia de fazendas, e com o progresso que alcançou uma cidade como Jaraguá, que se tornou um importante pólo de confecções.
Vista de uma avenida da cidade
 
      Algumas cidades situadas na Belém-Brasília, foram projetadas no tempo de Getúlio Vargas, que pretendia criar ali um cordão industrial para fornecer produtos para a nova Capital, que já estava prevista há muitos anos para o local onde foi construída, dentre as quais, Jaraguá, Ceres e Porto Nacional.
     Na época, os cordões industriais eram uma novidade no urbanismo mundial, introduzida pelos soviéticos, que planejavam cidades industriais ao longo de linhas férreas, juntando produção e transportes, dentro da logística de abastecimento de sua economia planejada.
     Ainda durante a construção de Brasília, realizada por Juscelino Kubistchek, a idéia de implantar ali as fábricas que abasteceriam a capital foi mantida e a construção da rodovia Belém-Brasília obedeceu ao planejamento anterior, passando pelas cidades fundadas no tempo de Getúlio.
     A idéia era de que a capital permanecesse uma cidade apenas administrativa, para funcionários públicos, e que a população de trabalhadores atraída para ela fosse alocada nessas outras cidades, evitando um crescimento desordenado.
     Mas depois de 1964 os governos militares abandonaram o plano e Brasília começou a inchar, acumulando os problemas que possui hoje em dia.
     Parece que só agora a lógica inicial vai sendo retomada e as cidades da região começam a desenvolver vocações industriais, levando contingentes populacionais a se deslocarem para lá.
     Mais ao norte, as cidades de Araguaína, no Tocantins, Açailandia e Imperatriz, no Maranhão, estão agora descobrindo também suas vocações industriais, sendo que nas duas últimas, grandes projetos siderúrgicos estão em fase de implantação, acompanhando a ferrovia norte-sul, que também segue aquele antigo projeto.
 
     Além do desenvolvimento econômico, cidades como Jaraguá ainda oferecem um ambiente preservado, que permite tomar um delicioso banho de rio, (na foto o Rio do Pau Amarelo) observando a fauna nativa pescando, como o paturi da foto abaixo que estava fazendo sua pescaria próximo a nós.
    
É engraçado, como depois de tantos anos de liberalismo econômico, que se baseava na fé na autoregulação dos mercados, o velho planejamento vai mostrando que tinha razão e comece a dar seus frutos.


Rapidinhas
E agora, onde vamos ?
     Fantástico o filme da atriz e realizadora libanesa Nadine Labaki.
       Uma co-produção franco-libanesa-italiana e egípcia, o filme se passa numa remota aldeia do Líbano, dividida entre cristãos e muçulmanos, onde as mulheres, cansadas de enterrar seus filhos, resolvem se unir para acabar com as hostilidades entre os homens.
      Uma mistura de comédia e tragédia, o filme tem momentos muito engraçados e bonitos, como quando elas se unem para fazer bolinhos de haxixe, para drogar os homens, enquanto escondem as armas da aldeia.
     Músicas e coreografias muito bonitas, como esta da foto acima, logo no início do filme, onde elas caminham rumo ao cemitério para ver seus mortos. 
     Um retrato da importância das mulheres para a paz mundial.
     Imperdível.
Encruzilhada para o PT


     As reações de alguns petistas, como Tarso Genro, ao mensalão, são simplesmente ridículas e colocam o partido numa encruzilhada. Ou repeitam a legalidade instituída ou seja, a democracia, ou vão ser algum tipo de partido revolucionário, que pode sair atropelando as leis pra fazer o que eles acham que precisa ser feito para combater a burguesia brasileira (ou roubar disfarçando suas ações de "revolução").
     O que não dá é pra fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
     O fato de não expulsarem os condenados pelo STF da legenda e ainda tentarem defendê-los é muito grave, pois significa que apóiam o que eles fizeram e pretendem continuar fazendo.
     Não é à tôa que a filha desse Tarso Genro, Luciana Genro, rompeu com o pai e foi para o PSOL, um partido muito mais coerente.
     O PT precisa decidir que caminho vai tomar, se vai continuar "aprontando" ou vai se tornar um partido sério, merecedor do respeito do eleitor brasileiro.
     Quando eu lancei o livro Contracorrenteza, em 1993, mostrando o que era esse partido, só faltaram me matar. Nada como o tempo para demonstrar quem está certo.
 
Papo Furado
 
     Pois é, meus amigos, tem partido que só alimenta a nossa descrença nosa políticos, não é?
     Em 2010, votei na deputada Alice Portugal, do PCdoB, que prometeu ajudar na implantação da escola família-agrícola no município de Rio de Contas. Depois de eleita, ela nunca mais me atendeu o telefone.
     Através de um filho, que é assessor parlamentar em Brasília, consegui marcar uma audiência com ela no seu gabinete. Ela não foi e colocou um assessor para me desestimular a continuar com o projeto. Tudo que era entusiasmo antes da eleição, virou obstáculo depois. Nada era possível, nada ia dar certo...
     É claro que nunca mais a procurei e nem voto mais nela.
     Na mesma eleição, um amigo, excelente cabo eleitoral, foi contratado para comandar a candidatura do improvável deputado Jean Fabrício, também do PCdoB, de Vitória da Conquista. A pedido dele, fiz campanha e votei para Fabrício, que nos prometeu enviar técnicos agrícolas para trabalhar com a Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Rio de Contas. O candidato prometeu ao meu amigo, chefe de sua campanha, um cargo no seu gabinete, caso fosse eleito.
     Meu amigo fez uma campanha sensacional e elegeu Fabrício, que se esqueceu dele, nos dois anos seguintes, deixando-o desempregado. Nem atendia seus telefonemas. Os técnicos agrícola vieram, mas só para trabalhar com o sindicato de trabalhadores rurais. Se lembraram depois que não podiam trabalhar com associações.
     Agora a história se repete. Meu amigo fez a campanha e elegeu Nelson de Vivi, do mesmo PCdoB, que lhe assegurou uma colocação no gabinete. Passado um mês da campanha, meu amigo está desempregado, deprimido, cheio de contas pra pagar, sem poder honrar seus compromissos, enquanto os políticos lhe garantem que não esquecerão dele.
     PCdoB nunca mais!
 
Música da Semana
 
     Deixo para vocês um antigo vals peruano (uma espécie de valsa popular), muito conhecido e deliciosamente ingênuo. A letra original está à esquerda e a tradução (feita por mim), à direita.
     Se alguém perceber algum erro na minha tradução, agradeço se me avisar.
     Para ouvir a música na interpretação de Maria Dolores Praderos (numa gravação de de 1969), é só clicar no link ao final.
 
Amarraditos
Chabuca Granda
 
Vamos amarraditos los dos                        Vamos agarradinhos os dois
espumas y terciopelos,                                espumas e veludos
yo con un recrujir de almidón                     eu com um ranger de engomados
y tú serio y altanero.                                   e tu sério e altaneiro

La gente nos mira                                      As pessoas nos olham
con envidia por la calle,                             com inveja pelas ruas
murmuran los vecinos,                              murmuram os vizinhos
los amigos y el alcalde.                             os amigos e o prefeito

Dicen que no se estila ya mas                  Dizem que já não se usa mais
ni mi peinetón ni mi pasador,                    nem meu prendedor nem meu camafeu
dicen que no se estila o no                       dizem que não se usa ou não
ni mi medallón, ni tu cinturón.                    nem meu medalhão, nem teu cinturão

Yo se que se estilan                                 Eu sei que tem estilo
tus ojazos y mi orgullo                            teus olhos grandes e meu orgulho
cuando voy de tu brazo                            quando vou de braço dado
por el sol y sin apuro.                               pelo sol e sem pressa.

Nos espera nuestro cochero                    Nos espera nosso cocheiro
frente a la iglesia mayor,                          em frente a catedral
y a trotecito lento recorremos el paseo,   e a trotezinho lento percorremos o passeio.
tu saludas tocando el ala                          tu saúdas tocando a aba
de tu sombrero mejor,                              do teu melhor chapéu.
y yo agito con donaire mi pañuelo            e eu agito com afetação meu lenço
No se estila, ya se que no se estila,         Não se usa, já sei que não se usa
que te pongas para cenar                         que ponhas para jantar
jazmines en el ojal.                                   jasmins na lapela

Desde luego parece un juego                   Desde logo, parece um jogo
pero no hay nada mejor                            mas não há nada melhor
que ser un señor de aquellos                   que ser um senhor daqueles
que vieron mis abuelos.                            que viram meus avós
Nos espera nuestro cochero                    Nos espera nosso cocheiro
frente a la iglesia mayor,                          em frente a catedral
y a trotecito lento recorremos el paseo     e a trotezinho lento percorremos o passeio.
tu saludas tocando el ala                          tu saúdas tocando a aba
de tu sombrero mejor,                              do teu melhor chapéu.
y yo agito con donaire mi pañuelo            e eu agito com afetação meu lenço
No se estila, ya se que no se estila,         Não se usa, já sei que não se usa
que te pongas para cenar                         que ponhas para jantar
jazmines en el ojal                                   jasmins na lapela

Desde luego parece un juego                   Desde logo, parece um jogo
pero no hay nada mejor                            mas não há nada melhor
que ser un señor de aquellos                   que ser um senhor daqueles
que fueron mis abuelos.                            que foram meus avós
 
Acreditar
 
 
     É impressionante como o cinismo está ganhando ares de coisa séria no nosso cotidiano.
     É incrível as barbaridades que se falam e são reproduzidas, como se fossem verdades.
     O Jornal Nacional chama o grupo Hamas de terrorista, enquanto Israel massacra os palestinos sem dó nem piedade, com o apoio dos Estados Unidos, como sempre. A notícia diz que já morreram 100 pessoas nos dois lados, durante os dias de conflito, mas omite que 97 eram palestinos e apenas 3 israelenses.
     E o advogado do goleiro Bruno e de seu namoradinho, o Macarrão, dizendo que Eliza Samúdio está viva e na Europa? Não é muita cara de pau?
     E o que dizer do PSDB elogiando o STF pelo julgamento do mensalão, enquanto torce para que o chamado mensalão mineiro, que envolve políticos deste partido, não vá a julgamento?
     E os petistas dizendo que o julgamento do mensalão é um complô da direita?
     E o anúncio da TIM que continua dizendo que vc pode fazer chamadas ilimitadas, enquanto sua rede não pára de cair o tempo todo?
     E a mulher que vendeu sua virgindade, dizendo que queria usar o dinheiro para construir casas populares? Caramba, qual será o nome deste programa habitacional? Minha xoxota minha vida?
     E o Rei da espanha, dizendo que quer mais turistas brasileiros, depois que a crise apertou? Antes mandava todo mundo de volta, depois de deixar nossos cidadãos passarem fome e sede vários dias no aeroporto de Madrid?
     E o Secretário de (in)Segurança do governo Alckmin, dizendo que os ataques contra policiais são uma coincidência, e que a imprensa está fazendo uma campanha contra São Paulo?
     E a socialite paulista que resolveu refundar a Arena, o partido da ditadura, em nome da democracia?
     Pior do que isso são essas mensagens de cunho religioso e de auto-ajuda que infestam o facebook. Que coisa mais sentimentalóide! Que pieguice! Que falta de senso de ridículo! Será que essas pessoas acham que são a consciência do mundo?
     Outro dia li uma notícia de que a inteligência humana está diminuindo. Estou começando a acreditar.

domingo, 11 de novembro de 2012

O Paiz
 
O Arco do Futuro
 


     A proposta de Fernando Haddad para São Paulo, batizada de Arco do Futuro, incorpora uma série de estudos e proposições, feitas pelos urbanistas nos últimos anos, em relação ao modelo de cidades que vem sendo praticado no Brasil.
     Quando terminei meu mestrado em urbanismo, em 1998, e escrevi a dissertação intitutalada A Cidade e Sua Sombra, cheguei a algumas conclusões inesperadas, que foram surgindo da pesquisa.
     Pesquisa é assim mesmo, a gente começa pensando que vai chegar a um lugar e de repente chega a outro completamente diferente.
     Quando comecei e escolhi como objeto de estudo o lugar dos pobres dentro das cidades, pensei que fosse demonstrar que as favelas estavam se expandindo, em função da exclusão social, e que em pouco tempo nossas cidades virariam grandes favelões, com pequenas ilhas de classe média.
     No entanto a pesquisa demonstrou exatamente o oposto, que a área ocupada por favelas e invasões estava diminuindo, embora a população favelada estivesse aumentando. Isso significava que a especulação imobiliária, ou o mercado, estava ganhando terreno em relação à cidade informal, que tendia a se comprimir em favelas cada vez mais densas e verticalizadas.
     Outra conclusão inesperada, que deu origem ao título da pesquisa, foi a lógica de localização das favelas. Ao contrário do que eu imaginava, elas não tendiam a se localizar apenas em terrenos baldios, em vazios urbanos, mas tendiam a estar próximas de áreas onde predominavam empregos no setor terciário da economia, ou seja, comércio e serviços, já que o emprego na indústria vem caindo historicamente, em função da automação.
     Então, a cada bairro de classe média que surge a tendência é que surja uma invasão próxima, onde se localizariam as moradias dos trabalhadores que ocupariam os empregos no comércio, nos serviços e também nas residências, como empregados domésticos.
     Era como se a favela, ou a cidade informal, onde vivem os trabalhadores, se comportasse como uma sombra da cidade formal. Para cada bairro formal novo, surgia uma sombra que o acompanhava, onde moravam os trabalhadores.
     A explicação deste fenômeno, além da exclusão das classes trabalhadoras do mercado imobiliário, causada pela especulação com terras urbanas, que no nosso país corre solta, está também na enorme deficiência nos transportes públicos, cuja lógica no Brasil sempre foi a de colocar o lucro das empresas em primeiro lugar, em detrimento da eficiência na mobilidade urbana.
     Por outro lado, o discurso tradicional dos urbanistas era o da setorização, que levava a um zoneamento que criava zonas habitacionais separadas das comerciais, como se elas não pudessem conviver harmonicamente. Isso levava a um deslocamento forçado das pessoas entre seus locais de moradia e de trabalho, a um custo muito alto, seja de passagens, seja de combustível, provocando engarrafamentos e poluição do ar.
 Daí a necessidade de invadir e criar favelas próximas aos empregos.
     O plano de Haddad parece ter conseguido  uma visão muito clara desse problema, prometendo fazer uma série de obras viárias ao longo deste arco, que engloba grandes avenidas já existentes, para agilizar a mobilidade, além de estimular o uso misto em zonas tradicionalmente habitacionais, acabando com as chamadas cidades dormitório e multiplicando os centros comerciais e financeiros (os industriais já foram removidas da cidade desde os anos 1970).
     Assim, reduz-se a necessidade de deslocamento. As pessoas podem morar e trabalhar no mesmo bairro, além de serem criadas facilidades (150 Km de corredores de ônibus, expansão de linhas de metrô, integração, bilhete único mensal, semanal, etc) para a mobilidade urbana.
     Só falta ter coragem de mexer no vespeiro da especulação imobiliária, tema tabú no Brasil.   
     Embora as cidades européias e norte-americanas já utilizem, há mais de um século, uma série de instrumentos legais para controlar a valorização dos preços dos terrenos, na chamada reforma urbana, no Brasil este termo ainda provoca arrepios e é considerado coisa de comunistas.
     Mas um dia a gente chega lá. Por enquanto, a proposta do Arco do Futuro é um passo importante para estabelecer novos parâmetros e melhorar a qualidade de vida nas nossas cidades. É um marco, que deve influenciar todo o planejamento urbano no Brasil.  
    



Rapidinhas
 
Mudanças no Chile
 
 
     As eleições municipais chilenas trouxeram mudanças importantes, que indicam a perda de popularidade da direita, atualmente no Poder. Algumas prefeituras emblemáticas da Grande Santiago, que estavam em mãos de ex-aliados de Pinochet desde 1973, finalmente passaram para mãos da oposição. Santiago, La Reina, Providencia e Ñuñoa, são algumas delas.
     O movimento dos estudantes chilenos, que reivindicam uma educação pública e gratuita (a educação no Chile foi privatizada pela ditadura), foi importante nessas vitórias, com muitos estudantes mudando seus domicílios eleitorais para votar em redutos de direita e derrubar velhos caudilhos que governavam há décadas.
     A popularidade da ex-presidente Bachelet, parece que saiu fortalecida do pleito e ela entra como favorita para as eleições presidenciais de 2013, pela Concertación, uma aliança de centro-esquerda que governou o país durante 20 anos, antes do atual presidente Piñera.
     O panorama político do país deve se alterar nos próximos anos com a ascensão de uma nova geração de lideranças de esquerda, oriunda dos movimentos populares.
 
Salvem o Teatro Goldoni
 
     O Governo do Distrito Federal, quer fechar um dos mais tradicionais teatros da cidade, simplesmente para vender seu terreno. Situado na Casa D'Itália, o Goldoni está em área pública, destinada a instituições culturais, na entrequadra 208/209 sul.
     O projeto do governo, não apenas quer derrubar o teatro e vender a área, mas mudar a destinação do lugar proibindo que se destine a atividades culturais.
     Será que esta é a política de cultura do Governador Agnelo, do PT de Brasília? 
     No dia 27 de outubro passado, artistas da capital realizaram um abraço simbólico para protestar contra a o fechamento do tradicional teatro. Veja link abaixo.

 
Mais do mesmo
 
     Barack Obama ganhou mais quatro anos para governar os Estados Unidos.
     Dos males o menor. Mitt Romney era um louco, que só queria se meter em novas confusões, enquanto Obama luta para tirar o país do atoleiro em que George W. Bush e os republicanos se meteram. Já conseguiu sair do Iraque e está tentando sair do atoleiro do Afeganistão, evitando se meter em novas guerras contra o Irã e a Síria, mas os lobbyes militaristas são fortíssimos e a indústria armamentista muito poderosa. Se ele simplesmente se retirar das guerras, causa um enorme desemprego.
     A economia americana chegou a um ponto tal, que depende de estar sempre em guerra para crescer. É claro que mudar isto não é fácil, introduzindo outros temas que interessam aos mais pobres, como o direito a um plano de saúde ou uma reforma na política migratória, ou ao meio ambiente, como a substituição da matriz energética do petróleo para energias limpas, mas ele podia andar um pouco mais depressa nas suas promessas, como por exemplo, fechar a prisão ilegal de Guantânamo e acabar com o embargo a Cuba.
     De qualquer forma, para nós, quanto mais tempo eles estiverem ocupados com o Oriente Médio e a China melhor, pelo menos não vem pro nosso lado. Enquanto isso vamos unindo nossa América Latina, que vai bem obrigado.
 
Derrota para Porto Rico
 
     E por falar em América Latina, a vitória dos que querem anexar Porto Rico aos Estados Unidos, no referendo realizado juntamente com as últimas eleições americanas, é uma derrota para os portoriquenhos e para todos o latinoamericanos. A colônia disfarçada de Estado Livre Associado, vai ser incorporada ao império.
     Muitos questionam a forma confusa como foi feita a pergunta no referendo, assim como a grande abstenção na votação. A Suprema Corte americana ainda deve se pronunciar sobre o resultado, decidindo se ele é válido para transformar este pedaço da América Latina no 51o Estado norte-americano.
     Era isso que os americanos queriam fazer com Cuba, invadida por eles várias vezes. A resistência dos cubanos impediu este triste destino e por isso as duas nações não se relacionam até hoje, embora os EUA mantenham um enclave colonial na ilha, onde está situada a base naval e a prisão de Guantânamo.
 
Grampinho tira a máscara
 
     O deputado ACM Neto, Prefeito eleito de Salvador, já mudou sua postura depois das eleições, tirando a máscara populista que vestiu durante o pleito e mostrando que sua cabeça não mudou nada.
     Suas primeiras declarações sobre o governo que pretende implantar na capital baiana, já falou em ajuste fiscal, velha bandeira do neoliberalismo, utilizada por todos os governos de direita e que atualmente está se aplicada na Europa, com resultados desastrosos na economia do velho continente.
     Trata-se de um eufemismo para corte de gastos, o que significa, paralisar obras, demitir funcionários, diminuir salários e benefícios, enfim, reduzir as despesas para ajustá-la à receita.
     É claro que isso aumenta o desemprego, prejudica o consumo, derruba o lucro das empresas, diminui a arrecadação de impostos e acaba criando uma crise enorme.
     O contrário desta política é estimular o crescimento, o que vem sendo feito pelos governos Lula e Dilma com muito sucesso. Ao invés de diminuir a economia para ajustá-la, criando estímulos, como corte de impostos e redução de tarifas, os investimentos aumentam, a arrecadação sobe e o Estado pode equilibrar suas finanças, sem sufocar a economia. Mas parece que os neoliberais não conseguem entender isto.
     Outra demonstração do seu atraso foi o voto contra os royaltes do petróleo, que o governo federal propôs que fossem destinados exclusivamente a educação. Seria uma revolução no Brasil. Mas, é claro, essa gente não quer que o pove se eduque, se não eles não seriam mais eleitos.
 

     Poesia da Semana
 
Desencanto
 
 
Murcharam as ervas dos campos,
das serras ruíram os flancos
e os miosótis de azuis,
esmaeceram, ficaram brancos.
Os girassóis sensíveis ao calor do sol,
recusaram seu morno abraço
e os anjos interromperam seus cânticos
românticos
para observar lá do céu,
através da cambraia do véu,
a folha de árvore que secou,
a água da fonte que esgotou,
o meu amor que não morreu:
desencantou.
 
Neuzamaria Kerner