Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

sábado, 20 de fevereiro de 2010





Comentários



Prezados amigos leitores.

No artigo anterior (Carnaval) fiz alguns comentários sobre a festa e sobre seus organizadores.

Recebi resposta irada do Sr. João Carlos Souto, mais conhecido como João de Carlito, alegando que eu estava fazendo insinuações maldosas a seu respeito e dizendo que não recebeu nenhuma propina sobre o evento.

Gostaria que os leitores voltassem atrás e relessem o artigo (e o comentário) para constatar que não falei em propinas ou nada do gênero. Na verdade não sou eu quem fala essas coisas. Disse e repito, que os organizadores do carnaval não dialogam com ninguém e impõem um modelo de festa que, ao contrário do que ele afirma, não leva em conta a opinião dos riocontenses, enquanto gera muito lucro para poucos.

Vejam bem, lucro é uma coisa e comissões ilegais outra, completamente diferentes.

Depois vem com aquele velho discurso, de que eu não sou daqui e por isso não poderia criticar nada e deixar tudo por conta de quem é nativo, sugerindo inclusive que eu deveria ir embora da cidade.

Democrático não?

Imagine se as pessoas da minha cidade, o Rio de Janeiro, resolvessem mandar embora todos os baianos e inclusive os riocontenses que se mudaram para lá, caso eles resolvessem criticar alguma coisa? Então quem nasce aqui pode ir pra lá, participar, criticar, exercer sua cidadania, e quem é de lá não pode vir pra cá fazer a mesma coisa? Porque?

Talvez ele se baseie na suposição de quem nasceu aqui tem mais direitos, principalmente se pertencer a algumas dessas famílias tradicionais que vieram para cá há centenas de anos. Mas o fato é que todos vieram de fora. Só quem é da terra é o pessoal da Panelada, esses sim descendentes dos primeiros habitantes, que estão aqui desde tempos imemoriais e, no entanto são a parcela mais discriminada da sociedade, principalmente por essas famílias tradicionais, que com todo respeito a todos os bons cidadãos que delas fazem parte, só servem para atrasar a cidade, na medida em que deixam que alguns de seus membros, em nome de uma tradição, se achem donos de tudo e pensem que podem fazer o que querem sem poder sequer serem criticados.

Pela Constituição Brasileira de 1988, todos temos o direito de ir e vir, de morar em qualquer ponto do território nacional e lá exercer sua cidadania, o que inclui o direito a livre expressão do pensamento.

Quem tem vida pública está sujeito a críticas. O problema é que o Sr. João de Carlito não está acostumado a isso. Talvez não tenha percebido que o carlismo acabou e com ele, o mandonismo que atrasou tanto a vida da Bahia.

Não sou eu quem está deslocado, João, é sua política que está esgotada. Você não vai conseguir impedir por muito tempo que o povo de Rio de Contas se manifeste contra seu controle sobre a cultura, para que você continue controlando a contratação dos grupos musicais para todas as festas desta cidade.

De qualquer forma agradeço pelo seu comentário no blog. Já é uma evolução que você aceite rebater críticas publicamente. Melhor isso do que o que outros fizeram para calar Beto, não é?

Gostaria de chamar a atenção dos leitores que o que está em discussão não são disputas pessoais, mas que por trás disso se joga o futuro da cultura no nosso município, prisioneira desses esquemas que beneficiam interesses de grupos em detrimento de toda a comunidade.


Abraço a todos
Ricardo Stumpf