Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

sexta-feira, 17 de agosto de 2012


O Paiz
Pancadões

     A TV Record, fez, na semana passada, uma reportagem sobre os bailes funks conhecidos como pancadões na periferia de São Paulo.
     Destacou a origem desse tipo de música, nos Estados Unidos, sua chegada ao Rio de Janeiro e depois a São Paulo, ressaltando o aspecto de exaltação à violência e ao sexo fácil, que tem encontrado grande aceitação nos jovens dessas regiões.
     Mostrou também as políticas públicas do governo paulista para esses bairros: basicamente a repressão às festas, com sua dispersão forçada.
     Faltou analisar o porquê da adesão dos jovens a esse apelo de sexo e violência: a total falta de opções de lazer nesses bairros.
     Não se pode analisar uma política pública sem compreender o que está por trás dela. Neste caso o conservadorismo de uma classe dominante, que se revesa no poder há 20 anos na cidade, e que acha que os pobres tem de se conformar em ficar quietinhos nos seus bairros e não atrapalhar a festa da burguesia nos seus bairros nobres.
     Pois é exatamente disso que se trata. Os "pobres" não aceitam mais serem jogados em conjuntos habitacionais, que são verdadeiros guetos, e passarem o final de semana vendo televisão. Eles querem se divertir, querem participar da cultura, querem ver e serem vistos, querem cidadania.
     Como dizia aquela música do Gonzaguinha, feita há tantos atrás: A gente não quer só comida..."
     A dificuldade está na falta de compreensão do problema pelas elites conservadoras que governam a cidade e o Estado de São paulo, para a qual cada classe tem que ficar no seu lugar e se conformar com o que tem. Leia-se PSDB, o partido mais elitista que já surgiu na cena política brasileira.
     Muitas cidades do Brasil já enfrentaram problemas semelhantes, e conseguiram pelo menos reduzir a criminalidade com programas de esporte e lazer nos bairros. São conhecidas várias iniciativas no Rio de Janeiro e em Salvador, que dão alternativa aos jovens da periferia, para que eles consigam se expressar e dar sua contribuição à cultura da cidade. O pancadão é para agredir mesmo, para chocar, para dizer não adianta tentar nos calar porque nós estamos aqui e vamos nos manifestar.
     Ficar em casa vendo televisão, é ficar apenas recebendo uma cultura pronta e enlatada que as empresas de mídia nos fornecem. Se o cidadão ficar restrito aos canais abertos, como a maioria, terá que assistir, Faustão, Gugu, Silvio Santos e Fantástico, programas abaixo da crítica pela sua mediocridade, e que se repetem há décadas. Se possuir uma antena parabólica, ainda terá como alternativa de consumo cultural, as TVs públicas, cujo conteúdo também é bastante elitizado. Se tiver uma TV por assinatura, poderá ver filminhos americanos, que repetem sempre a mesma mensagem conformista, e que também estão cheios de violência e sexo (como os pancadões).
     Ninguém aguenta isso, ainda mais quando se repete por uma vida inteira.
     A solução é democratizar a sociedade, dando acesso a cultura, esporte e lazer a todos, não apenas como receptores e consumidores culturais, mas também como produtores dessa expressão.
     Mas como fazer essa mudança? Mudando a mentalidade dos governantes, o que significa em síntese, mudar os governantes.
     Mas será que os candidatos a Prefeitura de São Paulo estão se dando conta disso? Ou será que ficam apenas repetindo aquela velha lista de problemas (e não de soluções): educação, saúde, transporte...
     Será que os partidos que se dizem de esquerda estão atentos a essa realidade ou também fazem parte da mesma elite dirigente?
     Porque se não estiverem, não vai demorar muito até que os pancadões virem quebra-quebras, como ocorreu nos subúrbios parisienses e londrinos há algum tempo atrás.
     É muita energia represada, querendo se libertar. Muita energia criativa querendo participar. É preciso dar canais para que essa energia flua, porque senão ela vai arrebentar, explodir.
     

Rapidinhas
O Ideb e a educação no Brasil

     Os resultados do Ideb 2011, divulgados pelo MEC, provam o que todo mundo já sabe: que o sistema educacional brasileiro não funciona.
     As melhores escolas públicas continuam sendo as federais e as militares, enquanto as piores continuam sendo municipais.
     E não é por falta de financiamento, pois o governo federal aloca dinheiro até para reforma de prédios tanto nos sistemas estaduais quanto nos municipais. É por falta de interesse mesmo.
     A prova disto são as pequenas escolas de pequenos municípios que conseguiram ótimas pontuações. Escolas onde alguns (poucos) prefeitos interessados colocaram gente competente à frente das unidades de ensino, gente com criatividade suficiente para vencer o marasmo de professores e alunos desmotivados e transformar uma obrigação constitucional, em uma verdadeira prioridade.
     O erro está no sistema, que confunde descentralização com municipalização. Na esmagadora maioria dos municípios as escolas não gozam de autonomia nenhuma. São centralizados por prefeitos que fazem delas objeto de negociação política e temem que os alunos se conscientizem.
     Isso é muito antigo, vem desde a colônia portuguesa, continuando pelo império e entrando pela República. No meu livro Escola, Espaço e Discurso, consegui ter uma visão panorâmica sobre este assunto. A única política pública constante nos mais de 500 anos de história do Brasil tem sido a decisão inabalável das nossas elites, principalmente no interior, em vedar o acesso do povo à escola de qualidade.
     A solução para isso é federalizar todo o sistema, dando real autonomia às escolas e impedir que os prefeitos se imiscuam nos problemas educacionais dos municípios, que deveriam ser considerados como assunto de interesse nacional. Dizer que os indicadores estão melhorando lentamente é conversa fiada. O que precisamos é de melhorias rápidas, de uma revolução na educação.
     A lei de Diretrizes e bases já prevê esta solução, mas falta interesse em resolver o problema.
Viva Assange
     A histeria inglesa com a concessão de asilo diplomático, pelo governo do Equador, a Julian Assange, o australiano que criou o site Wikileaks, que divulgou informaçõs confidenciais dos Estados Unidos, mostrando ao mundo seus crimes de guerra, prova que o governo inglês continua sendo um cachorrinho (como dizem os ingleses) dos americanos.
     A alegação de que ele é um criminoso porque teria cometido um crime sexual na Suécia não convence ninguém. A acusação é a de que ele fez sexo não permitido com duas mulheres suecas.
     Não é estranho? Elas eram maiores e consentiram no ato sexual. Logo na Suécia, país conhecido pela liberdade sexual?´
     É claro que o governo conservador da Suécia vai extraditá-lo para os Estados Unidos onde Assange pode até ser condenado à morte.
     A ameaça dos ingleses de invadir a embaixada equatoriana para prender Assange, desrespeitando leis internacionais, prova que o assunto não está restrito a problemas sexuais, mas virou uma perseguição contra uma pessoa que escancarou verdades indigestas para os Estados Unidos e seus cúmplices, e que precisa ser calada a qualquer preço.


Noite

     Deixo para os leitores mais uma poesia de minha autoria, que achei nos meus alfarrábios, escrita numa noite silenciosa, em um sítio na Fazendola, distrito da maravilhosa e querida cidade de Rio de Contas.

Lume da Consciência
Vaga
Pela noite quieta
Enluarada
Nessa terra desabitada
Vaga lume
Ao som do riacho
À luz do lampião
E deixa o sentir
Brotar na alma
Deixe que aflorem
As coisas assustadoras
Que se escondem em si
Sepultadas por urgências
Cotidianas e urbanas
A consciência do mal
Da terrível descoberta
De que o mal existe
E está à nossa volta
E que é possível senti-lo
De que é preciso elevar-se
Para se libertar e aprender
E aprendendo ensinar
Que só a elevação é ensinamento
E aprendizado, ao mesmo tempo
De que há um tempo
Para nós na terra
E que é preciso realizar
O sentido da vida
Dentro desse tempo
De que o amor vale a pena
Mesmo que seja ingrato
E que não há derrota
Para quem ama
E se dedica
De que o lume
Da consciência
Se torna chama brilhante
Quando sintonizado
à imensa sensibilidade humana
Normalmente abafada
Natimorta
Ou simplesmente atrofiada
Pelas mesquinharias
E dificuldades deste mundo
Mas que cresce aos poucos
Se deixada flutuar
Como vagalume
Na imensa noite escura
E silenciosa.
Ricardo Stumpf / 2002


A Manilha e o Libambo IV
(final)
A contracosta, Madagascar e o Reino da Etiópia
     Na continuação da nossa viagem pela África, acompanhando o desbravamento do continente pelos portugueses, seguindo a narrativa de Alberto da Costa e Silva, vou inverter a ordem que ele segue no livro, quando passa para o oceano ìndico e começa a descrever a parte norte primeiro.
     Então continuaremos descendo para o sul e depois iremos subindo pela costa do índico, que os portugueses chamavam de contracosta.
Os Hotentotes


     Ao dobrar o Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África, em 1488, Bartolomeu Dias avistou uma baía amena, com gado pastando e seus pastores. Eram o povo Cói, ou Koenas ou Hotentotes.
     Esse povo tinha características distintas dos que vimos até agora. Embora se organizassem de forma semelhante aos demais povos africanos, com seus reis, suseranos e vassalos, e a já conhecida sucessão real patrilenear e matrilinear ao mesmo tempo, (reis que se casavam com várias mulheres de clãs diferentes, cujos filhos eram candidatos a sucessão real, onde cada mãe representava um clã, que assim se revezavam no poder), os hotentotes tinham uma grande diferença: não conheciam a escravidão.
     Seus reis, como os demais, seguiam a religião tradicional, na qual o rei tinha características divinas ou mágicas, que lhe permitiam entrar em contato com os antepassados e regular as chuvas, a fertilidade das mulheres e dos animais.
     Porém, ao contrário dos demais, os reis hotentotes não eram respeitados pela sua ferocidade e truculência, mas pela sua habilidade em conciliar interesses. As decisões nas aldeias eram tomadas em assembléias, onde todos podiam falar e discordar do rei e até criticá-lo. O rei não estava acima da lei e tinha que cumpri-la. Se um indivíduo se sentisse perseguido ou prejudicado, podia se mudar para outra aldeia, levando sua família e seus bois, que eram o símbolo da riqueza.
     O trato com o gado era muito afetuoso e eles aproveitavam o leite, usavam os bois como montaria e só matavam algum gado como complemento alimentar, procurando mantê-los inclusive como moeda de troca. Sua alimentação incluía carneiros, lobos marinhos, mel, mariscos, peixes, baleias e pinguins.
     O gado era treinado para obedecer a assovios e obedecia aos donos, reconhecendo-os.
     Os portugueses tiveram alguns choques com esse povo, talvez pela incapacidade de compreender como eles eram apegados a seus bois, que as naus que ali aportavam queriam comprar para alimentar os marinheiros. O mar violento e as tempestades constantes também devem ter sido causa para o desinteresse dos portugueses por aquele território, que só foi ocupado muito mais tarde pelos holandeses, que ali fundaram uma colônia de fazendeiros (bôers), que daria origem a atual República Sul Africana.

A contracosta

     Ao explorar a contracosta os portugueses deram com o canal de Moçambique e a ilha de Madagascar e se surpreenderam ao encontrar ali cidades de pedra e cal, com casas pintadas de branco, com vários andares e terraços, que lembravam as de Portugal e do Marrocos.
     Ao contrário dos povos da costa atlântica, para quem o oceano era o limite do mundo conhecido, os povos do índico já estavam habituados a comerciar com chineses, indianos, indonésios, persas e árabes, que para ali se deslocavam em grandes barcos.
     As principais cidades eram Sofala (na ilustração abaixo), Angoche, Moçambique, Quíloa,  (na ilustração à direita), Mafia, Zanzibar, Pemba, Mombaça, Gedi, Melinde, Manda, Lamu, Pate, Faza, Brava, Merca e Mogadixo, que integravam a grande rede comercial do índico, comandada pelos muçulmanos.
     Apesar de ficarem admirados com as cidades, os portugueses se lançaram contra elas como verdadeiros bárbaros, pilhando, saqueando e destruindo tudo que encontraram pela frente.
     Essas cidades da região costeira, também conhecida como Azânia, eram habitadas por povos conhecidos como suaílis, (ou swaílis), e competiam entre si pelo controle do comércio com o Iemen, o Egito, o golfo pérsico, as ilhas Maldivas, Comores, o golfo de Cambaia, na costa ocidental da ìndia, para os quais forneciam madeira, carne, tecidos de algodão, instrumentos de ferro, marfim, ouro, e outras mercadorias, além de escravos, provenientes dos sertões africanos, trazidos por uma rede de comerciantes locais, quase todos muçulmanos, que os portugueses chamavam de mussambazes.
     Os barcos que vinham do oriente, não se arriscavam a descer ao extremo sul do continente, devido ao regime de monções, que condicionava os ventos a uma determinada época do ano. Se fossem muito para o sul perderiam a época certa de retornar e teriam que esperar até o ano seguinte. Por isto os hotentotes permaneceram isolados no que hoje é a África do Sul, até a chegada dos portugueses, que buscavam o caminho para a Índia.
     Portugal, e as nações européias que vieram em seu encalço (Holanda, França e Inglaterra), tentaram controlar esse rico mercado, fundando feitorias, tomando cidades e praticando a velha política de explorar as rivalidades locais, apoiando reis que precisassem de apoio militar para combater outros, e assim se imiscuindo nos assuntos deles, tentando submetê-los aos seus interesses.
     Nem sempre conseguiram, mas deixaram muitas fortalezas construídas no litoral africano do oceano índico, como o Forte de Jesus, (foto à direita) em Mombaça, na costa do que hoje é o Quênia.
Madagascar
     A grande ilha ao largo da contracosta era habitada por muitos povos, alguns de origem indonésia e outros provenientes do continente africano. No norte e noroeste da ilha havia cidades muçulmanas, como Nosy Langany, Nosy Manja, Mahilaka, Nosy Mamoko, Sada, Nosy Boina ou Iharana na costa nordeste. Todas eram cidades-estado que faziam parte da grande rede comercial do índico e mantinham ligações com as ilhas Comores, ao norte, com as cidades Suaílis, do continente, com o golfo Pérsico, a península Arábica, a Índia e a Indonésia.
     No planalto interior do sul da ilha, predominavam povos dedicados ao pastoreio, como os Baras, e os Maroseranas. No sudeste viviam, entre outros, os Antemoros, que escreviam na língua malgaxe, porém com caracteres árabes.
     Os povos da ilha, assim como os de Comores, conheciam e praticavam a escravidão, entre si e traficavam com os mouros e europeus.
     Os franceses e holandeses construíram feitorias no sul, para abastecer os barcos que vinham da Europa e precisavam de descanso, para prosseguir rumo à Índia, mas depois da descoberta das ilhas hoje conhecidas como Maurício e Reunião, até então desabitadas, passaram a preferi-las como ponto de parada, abandonando Madasgacar.
     Muitos piratas usavam a grande ilha como refúgio, devido ao seu litoral recortado e cheio de pequenas baías e enseadas.
Os sertões
     Muitos povos viviam nos sertões, cujos rios desembocavam na contracosta, especialmente os rios Zambeze, Save, Limpopo e outros. Os reinos tinham estrutura semelhante, baseada na suserania e na sucessão patrilenear e matrilinear, baseada em clãs, como já vimos, enquanto a religião cumpria papel importante, já que ao soberano eram conferidos poderes mágicos para se comunicar com seus antepassados e influenciar na fertilidade das terras, dos animais, das mulheres e no regime de chuvas.  Um dos maiores reinos da região foi o Monotapa, (no mapa à esquerda)responsável pela construção dos zimbabués, (nas fotos à direita) ou fortificações de pedra, com muralhas muito altas, de forma circular, que deram nome ao atual Zimbabwe. Os reinos de Barue, Manica, Quiteve, Quissanga e Butua, eram tributários do rei Monotapa. Havia também os Lundus, o reino Tonga, os Tsongas e os Vendas. Esses reinos viviam em guerra, suas fronteiras mudavam constantemente e todos praticavam a escravidão, como sistema econômico e participavam do tráfico.
     Na região dos grandes lagos, especialmente o grande lago Vitória (ao centro da foto de satélite à esquerda), o lago Alberto (acima á esquerda), o lago Tanganika (o comprido, abaixo à esquerda) e o lago Malaui (que não aparece na foto, mais ao sul), povos cuxitas, sudânicos, nilóticos e bantos, formavam vários pequenos reinos. A noroeste, logo ao sul do Nilo Vitória (o Rio Nilo se forma no lago Vitória e inicia seu percurso com este nome) ficava Bugungu. A nordeste, Buruli. A leste, Bugerere. A sudeste, na beira do lago Vitória, Buganda e logo adiante Busoga, que se compunha de vários micro-estados: Bukoli, Bulamogi, Bukono, Bugabula e Bugueri. Ao sul Buddu e Bwera. A sudoeste, Kitakwenda e Kiala.Todos eles eram tributários do reino do Bunioro, cujo rei tinha o título de Omukama.
     Observem no mapa à direita que atualmente Uganda, Quênia e Tanzânia dividem o grande lago Vitória, enquanto Tanzânia e Congo (antigo Zaire), dividem o lago Tanganika e o Malawi e Moçambique o Lago Malaui. Observem também os nomes: Rwanda, que hoje é um pequeno país, a esquerda da Tanzânia no mapa, já era um reino naquela época. Também a coincidência de nomes entre a atual Uganda e o antigo reino de Buganda, situados no mesmo lugar, mostra que estão relacionados.
Etiópia


    Mais ao norte, no chamado Chifre da África, estava o reino da Etiópia, uma das civilizações mais antigas do mundo. Os gregos já se referiam à Etiópia, no século IV A.C. Conta a tradição oral, que o país teria se originado do antigo reino de Sabá (da lendária Rainha de Sabá), que já abrangia o chifre da África e parte da península Arábica. Os etíopes são oficialmente cristãos desde o século IV, sempre resistiram às investidas muçulmanas, na suas tentativas de expansão e são o único país da África que não se tornou cristão por influência européia. Sua religião está ligada à igreja Coopta, que reconhece como líder espiritual o Papa de Alexandria, no Egito, embora exista um papa Coopta etíope também.
       Seus primeiros contatos com os europeus datam do século XV, com os portugueses. Estes por várias vezes socorreram militarmente o Negus, título do sobreano etíope, que significava rei dos reis, contra as tentativas expansionistas islâmicas. Inclusive o filho de Vasco da Gama, Estevão da Gama, foi morto numa batalha contra os turcos, quando combatia ao lado dos etíopes.Porém a cooperação não frutificou, devido à falta de interesse dos portugueses, sempre em busca de riqueza fácil.
     Os etíopes também conhecim a escravidão e a praticavam corriqueiramente, tanto no interior do seu país, quanto comprando e vendendo escravos nos mercados do Mar Vermelho.
     O país está situado, na sua maior parte sobre um planalto úmido e fértil, e tem apenas um pequeno pedaço desértico (o deserto de Ogaden). No planalto estão algumas das maiores montanhas do continente africano (acima á esquerda), algumas com mais de 4.000 metros de altitude.
     Lá se encontram as famosas igrejas escavadas na pedra, (na foto a igreja de São Jorge em Lalibela, acima à direita)
    
Conclusão
  
     Como se pode ver pela detalhada obra de Alberto da Costa e Silva, da qual procurei fazer uma resenha em quatro partes, a escravidão não vitimou apenas os africanos, mas era uma prática generalizada no mundo antigo, até o século XV, quando ele começa sua narrativa.
     Os próprios africanos a utilizavam largamente, inclusive os hauçás e Iorubás, nações a que pertenciam muitos escravos que vieram para o Brasil.
     Tampouco eram selvagens, como querem descrever os colonialistas para justificar a posterior partilha da África pelos europeus, mas senhores de muitos reinos, em estágios civilizatório diferentes.
     Haviam reinos muito antigos e civilizados, outros mais primitivos e ainda povos desenraizados que se comportavam como hostes militarizadas. Todos, no entanto, conheciam a fundição dos metais, ferro, cobre, ouro e até o aço, a indústria textil, que fabricava panos de qualidade e a agricultura.
     A colonização européia veio interagir com essas civilizações, ajudando a desestruturar algumas e a desenvolver outras, mas não logrou destruir a cultura africana, que continua viva.
Máscara Iorubá