Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

sábado, 29 de outubro de 2011

Rapidinhas


O PT em Livramento

     Recebi de Alfredo Neto, ex-candidato a Prefeito de Rio de Contas, a notícia abaixo, que reproduzo aqui, na expectativa ainda de saber qual será a definição do PT para prefeito de Rio de Contas em 2012.


Foto: Blog do Anderson
Gerardo Júnior, o Júnior do PT, tem em seus planos a Prefeitura.
Por Alfredo Neto
Com uma folha de serviços prestados na administração pública nos três níveis de governo: Secretário de Saúde (municipal), Coordenador do DNOCS (federal), Consultor da SESAB e atualmente na Direção Geral do Hospital Geral de Vitória da Conquista (estadual), Gerardo Júnior, do PT, além de ter sido candidato a prefeito nas eleições de 2008, se tornou  o nome da vez para possíveis coligações para a eleição majoritária de 2012 em Livramento de Nossa Senhora.
Em recente entrevista, Júnior disse ao Mural de Noticias  que acredita ainda ser cedo para definir candidaturas, até porque essa é uma tarefa do partido, mas assegurou, por outro lado, estar à disposição da população para concorrer ao próximo pleito eleitoral no município. “Da minha parte não tem nada definido, posso sair candidato a prefeito se assim for o entendimento popular e das forças políticas de Livramento. Quero estar ao lado das pessoas e de lideranças comprometidas com uma nova ordem política para o município. Portanto, passa pela negociação política, dependendo dos companheiros e das companheiras do PT e dos partidos que, num primeiro momento, compõe a base de sustentação ao Governo Jaques Wagner”.
Júnior confirma as rodas de conversas que tem tido com representantes dos partidos políticos na cidade e fora dela. ”A gente é parte de um projeto político que tem como programa de governo a inversão de prioridades, o nosso partido é titular dos governos do estado e da união, além de gerir cidades importantes, inclusive na região, a exemplo de Vitória da Conquista, que está no quarto mandato do PT, vislumbrando a sua continuidade, como também é essa a perspectiva para o governo do Estado e da União, daí porque a importância de Livramento caminhar nessa mesma direção”,frisou Gerardo Júnior.
Só falta um


    Dizem as más línguas, que só falta cair um ministro da cota de Lula, dos que Dilma teve que engolir na composição inicial de seu governo. É Lupi, o ministro do trabalho pertencente ao PDT. Assim, nosso "Pereirão", segue fazendo a faxina na Esplanada dos Ministérios, montando aos poucos um governo com a sua cara.
     Em fevereiro de 2012, Dilma terá ainda a oportunidade de fazer uma reforma ministerial para substituir os ministros que sairão para se candidatar a Prefeitos. Talvez seja a chance para dar uma enxugada em tantos ministérios, criados para satisfazer a fome de cargos de partidos aliados.
     Ministérios como o da Pesca e o do Turismo, por exemplo, poderiam voltar a ser apenas Secretarias do Ministério da Industria e Comércio.
     Outra incoerência é separar em dois ministérios Agricultura e Desenvolvimento Agrário. Isso só reforça a distorção nos assentamentos de reforma agrária, que se preocupam apenas com a posse da terra, mas não tem um projeto de produção agrícola. Também poderia forçar os grandes produtores rurais a serem a se preocuparem com as questões sociais e ambientais.
     Desenvolvimento agrário deveria ser uma secretaria de agricultura, e a reforma agrária deveria estar articulada com os planos de produção agrícola, acabando com a contradição entre agronegócio e agricultura familiar, que são duas vertentes do mesmo propósito, o de produzir alimentos.
     As Secretarias de Portos e a de Aviação Civil, deveriam estar no Minstério dos Transportes, ao invés de terem status ministerial.
     Tudo isso economizaria o dinheiro do contribuinte e daria maior racionalidade às ações governamentais.
     Quem viver verá.

Sob o signo do câncer


     A notícia de que o ex- presidente Lula está com câncer, pegou todo mundo de surpresa.
     Impressionante a quantidade de pessoas que tem desenvolvido a doença, nos últimos tempos.
     Parece que a incidência desse mal está associada ao stress e à ingestão de substâncas tóxicas, presentes nos alimentos, assim como a vários tipos de radiação, presentes em aparelhos que povoam o nosso cotidiano, como os telefones celulares, os fornos de microondas e as redes elétricas, por exemplo.
     A notícia sempre serve como uma alerta, de que é preciso viver a vida no presente, sem ficar adiando eternamente os projetos que a gente quer realizar.
     Toda sorte e força para Lula. Que ele se recupere para "aprontar" muito na política ainda.
    
      Reirada na Libia?

     Engraçado o anúncio da retirada das tropas britânicas na Líbia. 
     Quem sabia que os ingleses tinham enviado tropas para lá? A ONU havia autorizado apenas um bloqueio aéreo, para impedir que as forças de Kadhafi massacrassem os civis. 
     Que moral que essa gente tem para exigir que países do terceiro mundo cumpram as resoluções da ONU, quando eles são os primeiros a desrespeita-las, como nos casos de Israel (que não cumpre nenhuma) e do Iraque, que não autorizou a invasão americana e inglesa em 2003?
      Faça o que digo e não faça o que eu faço.
 
Cidadania x Mundo Corporativo

     As manifestações que se sucedem pelo mundo rico, tem em comum a contestação do predomínio do mundo corporativo sobre o mundo dos cidadãos comuns, que não vivem para ganhar dinheiro, mas para produzir coisas, conhecimentos, vidas, e que fazem a riqueza do mundo dos negócios, com sua mão de obra, suas pesquisas científicas, suas invenções, suas criações artísticas.
    O que os indignados se perguntam, por toda parte, é porque os governos estão atrelados apenas aos interesses corporativos, deixando que eles ajam livremente e jogando a conta dos seus erros para os cidadãos?
     Marx, na sua contradição fundamental, previu dois finais para o capitalismo. Um através da revolução de operários e camponeses, dando origem às ditaduras do proletariado, que surgiriam nos países que estavam se industrializando. Era uma revolução dos pobres e famintos, contra a exploração da sua mão de obra.
     Outro foi a previsão de que nos países ricos, chegaria um momento em que as populações ricas e desenvolvidas, não aceitariam mais que a riqueza produzida ficasse nas mãos de uma minoria.
     A primeira previsão se cumpriu e teve fim, na medida em que os países socialistas enriqueceram e seus povos não aceitaram mais uma ditadura como governo. A segunda parece que está se cumprindo agora, quando populações desenvolvidas não aceitam mais terem de pagar a conta pelas aventuras empresariais de gente irresponsável e descomprometida com o bem comum.
     Parece que caminhamos para um novo tipo de democracia, onde a responsabilidade coletiva passa a ser a tônica, o que inclui além da boa governança econômica, também as questões ambientais e sociais. Falta a política refletir esse novo movimento, através de partidos políticos que expressem essa preocupação.
     Desde o fim do socialismo que nosso dia-a-dia foi invadido pela lógica corporativa, como se ela fosse a coisa mais natural do mundo.
     Os produtos oferecidos, principalmente pelas instituições financeiras, se destacam na utilização de termos típicos do mundo corporativo. Uma conta bancária diferenciada é prime, private, corporate, personnalité, estilo, uniclass, etc. Todos esses termos significam alguma forma de valorização individual do cliente, para que ele se sinta diferenciado, superior em relação aos outros seres humanos, ou seja, são uma mensagem de individualismo extremado que quer dizer; seja melhor, se preocupe apenas com você mesmo, se destaque em relação aos outros mortais, e outras bobagens do gênero, que escondem a grande sacanagem que os bancos fazem com todos nós, nos cobrando juros extorsivos pelo dinheiro que pegamos e pagando uma ninharia pelo empréstimo que fazemos a eles, quando depositamos lá o nosso dinheiro.
     Mas não são apenas os bancos. A lógica corporativa está em todo lugar. Quando abrimos o MSN, aparece uma janelinha chamada "Hoje", que só traz notícias idiotas, tipo; a vida íntima de gente famosa, receitinhas de comidas sofisticadas, os últimos lançamentos da indústria cinematográfica holywoodiana, tudo extremamente alienante.
     E as "missões" das empresas privadas, que elas fazem colocar em plaquinhas e obrigam seus funcionários a decorar. Por exemplo: Prover o cliente do melhor serviço de atendimento, com a mais alta tecnologia, otimizando custo e trazendo lucratividade para os acionistas e parceiros de negócio. 
     Quem acredita nisso? Quem acha que as empresas estão sendo sinceras quando criam essas "missões"?
     Deveriam escrever: Missão - auferir muitos lucros e enriquecer os proprietários. Afinal é para isso que se cria uma empresa privada, não é?
     O que eles pensam que nós somos, um bando de idiotas?
     Pois é, mas durante os últimos 20 anos, esta linguagem corporativa tomou conta de tudo, e quem a contestasse era um dinossauro comunista, um ultrapassado, que não aceitava a realidade da economia de mercado.
     Agora parece que o mundo está voltando a cair na real, e assim como a linguagem ideológica do socialismo ficou para trás, essa linguagem enganadora do capitalismo está caindo finalmente no descrédito da opinião pública.
     O mundo não aceita mais enganações, baseadas em mera propaganda. Os novos cidadãos do mundo querem uma economia voltada para o bem estar de toda a humanidade, sem utopias. Querem um mundo real, voltado para problemas reais, onde as pessoas possam viver em paz, terem acesso a todas as informações, a todas as tecnologias, sem miséria, sem ditaduras, sem enganações, com segurança e com governos e empresas responsáveis, que sejam fiscalizados e controlados pelos cidadãos que os sustentam.

     Não é à tôa que muitos manifestantes como estes da foto acima, em  Berlim, usam máscaras do personagem "V", do filme V de Vingança; na ficção, um sobrevivente de uma maquinação da direita britânica para implantar um regime onde as empresas sufocavam a democracia.
     Depois de tanta irresponsabilidade corporativa e de tantos sacrifícios impostos injustamente aos povos do mundo para pagar a conta, talvez seja chegada a hora de uma grande virada, num século que começou com muitas mudanças, como a derrocada da supremacia norte-americana, simbolizada na queda das torres gêmeas, com a moeda única na Europa, com a eleição de um operário no Brasil, de um índio na Bolívia, de um negro nos Estados Unidos, com a ascensão das mulheres em todas as partes do mundo, com o surgimento dos Foruns Sociais Mundiais, com o fim do G8 e o surgimento do G20, com a primavera árabe, com as redes sociais e seu grande poder de mobilização.
     Só o mundo corporativo parece não ter percebido que o seu predomínio global está chegando também ao fim. 
     Que venha a nova democracia mundial.

     Abraço a todos


    
 

domingo, 23 de outubro de 2011

Rapidinhas

As peneiras da vida 


     Pois é, amigos leitores, como dizia um amigo meu, a vida é uma série de peneiras e algumas pessoas vão passando nelas e estão sempre ao lado da gente, outras vão ficando para trás, provando que não eram amigos de verdade.
     Tem gente que se dizia minha amiga e agora me vira a cara na rua. O motivo? Política!
     Impressionante como a política divide as pessoas! E tem gente que não se dá conta que está sendo instrumentalizada por outros que gostam de aprontar na sombra, sem aparecer.
     Um dia vai se dar conta, quando a coisa pegar para o seu lado. Mas aí já vai ter ficado nas peneiras passadas. Uma pena.

Kadhafi e Bin Laden

     As fotos e videos sobre a captura de Kadhafi, sugerem que ele e seu filho foram presos vivos e executados, o que está sendo condenado pela ONU e pelos americanos. Engraçado é que os americanos fizeram a mesma coisa com Bin Laden, com o agravante de terem escondido o seu corpo e o jogado ao mar, sem respeitar nem seus parentes, e ninguém nem a ONU, nem os países "ocidentais", exigiu nenhuma investigação à respeito. 
     Isso que significa que os Estados Unidos, além do cinismo habitual do seu discurso sobre direitos humanos e defesa da democracia, gozam de uma impunidade à toda prova, podendo na prática fazerem o que bem entenderem no mundo, sem prestar contas a nenhum tribunal internacional.
     Mesmo na Líbia, a OTAN foi muito além do mandato conferido a ela pela ONU, para defender o povo líbio dos ataques do ex-ditador e infiltrou agentes na rebelião, bombardeando cidade cheias de civis e causando muitas mortes inúteis.
     Agora vem exigir investigações? Até quando vamos viver nesse mundo com dois pesos e duas medidas?
     A queda de um ditador é sempre benéfica para a humanidade, mas é preciso que as relações entre as nações se pautem pelas leis internacionais.
 


Mais um!

     Parece que lá se vai mais um ministro do governo Dilma. Orlando Silva, dos esportes, já está em pleno processo de fritura.
     O interessante é que a oposição, através da Veja, órgão de imprensa da extrema-direita, ainda não percebeu que está fazendo um favor ao governo Dilma, ao denunciar e provocar o expurgo de todos os ministros que Dilma teve que engolir na formação da grande colcha de retalhos que se costurou durante a sua candidatura.
       A cada ministro que cai, a Presidente tem a oportunidade de escolher um nome de sua preferência para compor um governo com a sua cara. Lula, o mentor do grande acordo eleitoral, lava as mãos, e os partidos da base não podem fazer nada. Assim vai surgindo o novo governo, purificado pelas mãos raivosas e inábeis da oposição.
     Enquanto as manobras servem para fortalecer o governo, Lula continua atuando nos bastidores, usando Gilberto Kassab e seu novo PSD para desidratar cada vez mais o DEM e o PSDB.
     Em relação aos esportes, agora só falta defenestrar Ricardo Teixeira, para que a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016 possam transorrer limpamente sob as ordens da grande faxineira Dilma Roussef.
Manifesto dos artistas riocontenses


     Transcrevo abaixo a carta manifesto elaborada por um grupo de artistas riocontenses e lida na última conferência Municipal de Cultura.
     A carta está aberta para receber adesões.
     Desde já, deixo explícita minha adesão a ela.

CARTA  MANIFESTO

       Somos muitos. Muitos os que fazem cultura, artistas e artesões, aqueles que aprenderam com os mais velhos ou que se aventuraram sozinhos a cantar, tocar um instrumento, encenar, dançar, esculpir, bordar, pintar, fotografar. Construímos com nossas próprias mãos tudo o que encontramos de cultura e outras tantas manifestações já esquecidas. No entanto somos poucos. Poucos os que conseguem sobreviver, tirar o sustento com sua habilidade artística ou artesanal.
         Somos músicos e pedreiros, cantoras e secretárias, artesões e motoristas, bordadeiras e professores... e talvez caiba em uma só mão a quantidade de pessoas que praticam e vivem de sua arte ou artesanato no município.
      Assim fica fácil entender por que muito da nossa cultura está morrendo, os jovens estão se desestimulando a percorrer este caminho atualmente árduo, e os que entram caem na armadilha de reproduzir o que a cultura de massa sem qualidade divulga nos meios de comunicação e infelizmente é quase que exclusivamente à essa cultura que o jovem está tendo acesso.
      Onde está a formação das crianças e jovens para o desenvolvimento de suas habilidades artísticas e de um olhar crítico sobre a sociedade?
      Aliás cursos esporádicos não são ações de formação, são ações que despertam para determinada atividade, mas não desenvolvem ou mesmo profissionalizam os jovens, crianças e adultos riocontenses.
      Cadê a produção artística que está cada dia menor em nosso município? Falta espaço, oportunidade e estímulo.
      É o povo quem faz a cultura, mas e qual é o papel do poder público? Esta resposta já sabemos: estimular, promover, apoiar, formar, mapear, registrar, tudo de forma clara e democrática, através de editais, licitações, oficinas para toda a população. E o que se tem feito?
      Queremos uma gestão que procure meios de colocar em prática o que há dois anos, na conferência municipal de 2009, foi apontado por todos nós agentes da cultura, como prioridades para o município. Muitas das ações não dependem de verbas para a sua realização, principal alegação da ausência de soluções para os problemas apresentados. E a falta de verba é a prova da incompetência dos gestores, pois não faltam editais e meios legais dentro da esfera estadual e federal para a captação de recursos financeiros, ainda mais a se tratar de uma cidade histórica, localizada na Chapada Diamantina, eleita cidade da cultura em 2010 e tombada pelo Iphan.
      Atualmente a maioria dos projetos, mostras, cursos, exposições, apresentações dentro do município acontecem pela ação dos seus cidadãos. Pessoas que fazem por que gostam ou com verbas oriundas do estado, da federação ou de empresas privadas.
      Esta é uma carta manifesto que, numa terra em que existe uma cultura do medo, que historicamente se traduz pelo coronelismo, onde ainda hoje, a população não aprendeu a exercer sua cidadania e emitir sua voz, estamos sim nos manifestando de forma não partidária ou pessoal, mas colocando a nossa opinião sobre a falta de ação da atual gestão de cultura do município.

domingo, 16 de outubro de 2011

     Rapidinhas



Desperta Rio de Contas!

     A situação do município de Rio de Contas é muito difícil. Um grupo domina a Prefeitura há décadas e mantém toda a cidade refém de suas politicagens. O atual governo está matando a cidade. Ninguém mais quer investir lá, por medo de represálias e perseguições políticas. As pessoas que podiam fazer a diferença estão indo embora, a economia parando, o comércio e a rede hoteleira tem sentido os efeitos de uma espécie de depressão coletiva que assola a cidade.
     A esperança dos partidários de um ex-prefeito, de que ele se lançasse em oposição ao atual, foi por terra, com a união das duas facções políticas, que haviam se dividido na última eleição.
     A maioria dos partidos políticos está sob controle desses grupos, inclusive legendas de esquerda como o PCdoB e o PSB. Na oposição só resta o PT, além da grande maioria da população riocontense.
     Está na hora do PT escolher um candidato para mostrar a cara, capitalizar toda essa insatisfação e fazer desabrochar todas as imensas potencialidades dessa jóia da Chapada Diamantina, que é Rio de Contas.
     É hora de ter fé e coragem para mudar o que ninguém aguenta mais.

Obama, Irã e eleições
      O presidente americano parece que está ressuscitando a velha tática de arranjar um inimigo externo para alavancar seu desempenho nas pesquisas eleitorais. A denúncia de complô iraniano para assassinar o embaixador da Arábia Saudita em Washington, não faz muito sentido.
     Para que os iranianos iriam querer fazer isso? O que eles ganhariam asassinando um embaixador dentro dos Estados Unidos? Não seria muito mais lógico esperar que ele viajasse a seu país de origem se quisessem matá-lo de verdade? 
     Além disso Obama subiu o tom das ameaças à Coréia do Norte, num aparente esforço para mobilizar a opinião conservadora americana a seu favor.  
     Será que os americanos já não tem guerras demais para enfrentar, com milhares de soldados ainda no Iraque e no Afeganistão e sua economia indo ladeira abaixo, justamente por causa das despesas militares? Será que eles tem condições de enfrentar mais duas?
     E os assassinatos de cientistas nucleares iranianos, supostamente cometidos pelos serviços israelenses em comum acordo com os Estados Unidos? Esses não contam?
     Sinceramente, quando a gente pensa que o mundo está melhorando, parece que o relógio volta a andar para trás.
     Cada vez gosto mais dos indignados de todo mundo, cansados de guerras e crises econômicas criadas por uma elite econômica corrupta, lutando para construir uma verdadeira democracia global.


O Homem do Futuro

    Fantástico o filme O Homem do Futuro, com Wagner Moura, Alinne Moraes e Maria Luiza Mendonça.
    Além da trama, muito bem urdida de volta no tempo, o desempenho dos atores é grandioso, a começar por Wagner Moura interpretando um mesmo personagem em três tempos, simultaneamnte.
     Apesar de ser um tema recorrente no cinema, a viagem no tempo nesse filme, dentro da realidade brasileira, nos leva a olhar para as mudanças ocorridas no últimos 20 anos no nosso país, nos permitindo refletir sobre nosso futuro.
     O filme tem lances muito divertidos e efeitos especiais muito interessante.
     Não percam!

Uma estranha visão do mundo de hoje

     Uma entrevista na TV Brasil com Daniel Cohn-Bendit, exibida no último final de semana, me fez pensar sobre as contradições do mundo de hoje.
     Falando sobre diversos assuntos com o jornalista brasileiro Roberto D'Ávila, o antigo líder revolucionario da revolta estudantil de maio de 1968 na França e hoje líder do Partido Verde no Parlamento Europeu, criticou o Brasil e os governos de Lula e Dilma, por não apoiarem a intervenção da OTAN na Libia.
     Fiquei com suas declarações me dando voltas na cabeça por mais de uma semana, pensando também sobre o que ele disse sobre o poder de mobilização do Facebook e das outras rede sociais, sua importância na chamada "Primavera Árabe", etc.
     Como todo mundo hoje, uso a internet como um meio de comunicação e de informação, inclusive através deste blog, cujo poder de influenciar as pessoas procuro usar com ética, ciente de que é apenas uma gota d'água num oceano de informações.
     Mas não posso deixar de observar uma supervalorização dessas redes por uma classe média que descobre que pode opinar e passar uma espécie de revolta conservadora através de campanhas individuais moralistas contra os políticos corruptos, contra os impostos, contra a violênca, contra tudo o que o "filtro" político das grandes redes de TV deixa passar em termos de crítica nos seus telejornais e novelas, e que vai contaminando essa crescente massa inerme de cidadãos-consumidores que se acham conscientes, mas que em sua maioria não passam de instrumentos de uma elite que controla os meios de comunicação do planeta em defesa dos seus próprios interesses.    
     Afinal, ainda é muito difícil encontrar opiniões independentes na rede, que não se alimentem das informações veiculadas pelos portais das grandes empresas de comunicação, tipo Globo.com, Terra ou UOL e que, queiramos ou não, fornecem o universo de informações de que dispomos para formar nosso pensamento a respeito das coisas.
     Tirando isso, a rede serve para se encontrar pessoas que conhecemos há muito tempo atrás, o que pode ser bom ou ruim, para reunir galeras, convidar para festinhas, e para toda sorte de perversões, sejam elas do tipo sórdido como pornografia infantil e outros crimes, ou simplesmente para estimular as taras sexuais ocultas pelos moralistas de plantão, que na calada da noite visitam sofregamente os sites de sexo e marcam seus encontros furtivos, dando vazão a suas fantasias reprimidas.
     Não vejo tanta libertação nisso.
     É claro que se hoje posso publicar o que bem entendo no meu blog, sem ter de passar pela aprovação de um editor de jornal, isso é um avanço em termos de liberdade de expressão, mas se experimento dizer algo que vá contra o senso comum dessa chamada "opinião pública" sofro logo uma enxurrada de críticas e agressões, que equivalem a uma censura do tipo "pense o que quiser desde que seja igual ao que a gente está pensando".
    É muito fácil dizer o que todo mundo pensa, o que todo mundo diz, o que todo mundo concorda, mas experimente dizer que você é à favor da legalização do aborto para não ter que ver tantas crianças recém-nascidas jogadas nas ruas em sacos de lixo, e o mundo cairá sobre você. Experimente dizer que as mulheres não são apenas vítimas de agressões, mas também podem ser agressivas e que muitas assassinam também os maridos (embora sejam uma minoria) e verá o que acontece. Experimente dizer que a rede está cheia de aposentados saudosistas, sem ter o que fazer, enchendo o saco e corra para não morrer atropelado pelas ofensas que virão.
     Então não acho que a internet seja essa revolução toda. Ao contrário, há muito de conservadorismo nela se disseminando como se fosse uma verdade absoluta, a começar pelas mensagens de fundo relgioso ou de auto-ajuda, divulgadas como correntes para te ajudar a ter um ótimo dia e outras coisas do gênero, sem falar nos virus e golpes para roubar suas senhas bancárias e coisas do tipo.
     Daniel Cohn-Bendit falou muitas coisas interessantes sobre o mundo, na entrevista que deu ao jornalista brasileiro, inclusive sobre o poder, positivo e negativo, da internet. Mas ao final da entrevista, quando criticou a posição do governo brasileiro na ONU sobre a Líbia, tive a impressão de que ele caiu nesse senso comum conservador, ao dizer que os povos árabes hoje encaram a OTAN como uma força libertadora.
     No fundo os europeus caem sempre no velho ranço colonalista.
     Como explicar a existência da OTAN, uma aliança militar criada para enfrentar a "ameaça comunista", num mundo em que o comunismo não existe mais? Porque a OTAN não foi extinta quando o muro de Berlim caiu? Certamente porque sua função era outra. Como esquecer os crimes de guerra cometidos pela aliança das velhas potências imperialistas contra tantos povos do mundo? Como vê-la de repente se transformar numa força libertadora, enquanto bombardeia a periferia do mundo rico, para manter esses povos afastados das suas fronteiras e subjugados na sua pobreza? 
     Como ele quer que a América Latina confie numa força liderada pelos Estados Unidos, depois de todos os crimes que os americanos cometeram contra nós, em nome da liberdade e da democracia?
      Por isso, as vezes, acho que estamos vivendo num mundo estranho, desconhecido, onde todos os valores estão se relativizando, onde tudo que estava oculto vai se revelando.   
     Talvez a internet tenha servido para isto, para libertar o desconhecido universo da mente humana, para o bem ou para o mal. E se ela serve para mobilizar os povos em favor de democracia e da liberdade, talvez nos ensine a ser tolerantes e éticos em nossas opiniões sobre os outros e, principalmente, a perceber o quanto nossas consciências são limitadas.
     

Abraço a todos
 


domingo, 9 de outubro de 2011

Rapidinhas
Im-Previdência

   Pois é, amigos leitores. Há dois anos que estou tentando obter uma tal Certidão de Tempo de Contribuição (CTC), do governo do Estado da Bahia, exigida pelo INSS, para averbar meu tempo de serviço como sub-gerente de obras na Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus.
     Apesar de já ter mostrado ao INSS meus contracheques da época, com os descontos previdenciários para o Instituto de Previdência do Estado da Bahia (IAPSEB na época) e toda a documentação que prova meu cargo, tempo de serviço e remuneração, o INSS exige o tal CTC, para incluir esse período na minha contagem de tempo para a aposentadoria.
     A UESC diz que quem tem que fornecer a certidão é o governo do estado através da FUNPREV (novo nome do IAPSEB). Já fui à Salvador, tentar resolver isso e me diseram que quem tinha que fornecer era o órgão onde eu prestei servço, ou seja, a UESC. Inclusive o funcionário de Salvador ligou para Ilhéus na minha frente e orientou o funcionário da universidade sobre o procedimento e me garantiu que o documento iria pelo correio para minha casa. Nunca recebi nada.
     Depois disso voltei a Ilhéus e me forneceram outro documento, que o INSS também não aceitou.
     Antes disso, entrei no site da FUNPREV, onde é possível solicitar esse documento on-line, e fiz o pedido - EM JULHO DE 2009 - e até agora, quando acesso meu protocolo só aparece o seguinte: status: solicitado.
     Não é ótimo? De que serve informatizar o serviço se ele não funciona? Enquanto isso estou pagando minha contribuição ao INSS sobre o tempo que me resta para conseguir a aposentadoria, sem poder ver reconhecido o meu direito. O INSS alega que a certidão tem que ser feita pelo governo do Estado para que eles possam fazer a cobrança do repasse das contribuições feitas. Mas os documentos que eu apresentei (contracheques e declarações ofciais de tempo de prestação de serviço) não são suficientes para que eles façam esta cobrança?
     Cabe ao contribuinte ficar intermediando essa pendência entre um órgão federal e outro estadual? O certo é que eles se resolvessem entre si, sem deixar o ônus para o servidor que prestou o serviço, contribuiu e agora não tem seu direito reconhecido.
     Revoltante.

Al Moody's 

     Pois é gente, estou suspeitando que a Al Qaeda está infiltrada na tal agência de classificação de risco Moody's. Nunca vi agência mais terrorista. Rebaixou a nota da Grécia e o país faliu. Depois foi a vez de Portugal, da Espanha e da Itália. Aí rebaixou a nota dos Estados Unidos, colocando Obama na maior encrenca, depois rebaixou a nota do maior banco da Bélgica, ontem rebaixou a nota de dez bancos ingleses e hoje disse que pode rebaixar a nota da dívida de longo prazo da Bélgica.
     Cada vez que a economia ocidental ensaia uma recuperação a Moody's ataca, causando perdas de bilhões de dólares no mundo inteiro.
     Caramba, isso é muito mais eficiente que carros bomba! Com é que ninguém tinha pensado nisso?
     Um rebaixamentozinho aqui, outro ali e lá se vão milhões de empregos e o ocidente patina, numa crise sem saída à vista. Sugiro aos serviços secretos das potências ocidentais fazerem uma investigação lá dentro. É capaz de encontrarem alguns discípulos de Bin Laden, muito bem instalados e ainda por cima ganhando milhões de dólares especulando com títulos dos países que eles vão destruindo, um a um.
      
Ainda não caiu a ficha

     Tem gente que não aceita virar a página e insiste em viver no passado.
     Vejam o caso de alguns líderes mundiais, como o venezuelano Hugo Chaves. Esta semana anunciou bombásticamente que estava fazendo um acordo comercial com a Rússia, o que incluiria a compra de armas, como se os Russos ainda fossem inimigos dos Estados Unidos.
     Na falta de uma política melhor para o seu país, Chaves quer restabelecer o clima da guerra fria, que acabou há 20 anos. Aliás não é só ele. O próprio Obama anuncia que só restabelecerá relações com Cuba depois que aquele país fizer progressos rumo à democracia, como se Cuba ainda fosse uma perigosa base soviética. O engraçado é que eles se relacionam com um monte de ditaduras pelo mundo, muitas sustentadas por eles mesmos, como as dos países árabes, que agora estão sendo derrubadas pelos seus próprios povos, sem nunca exigir nada em troca.
     E o pré-candidato a presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, Mitt Romney, que anunciou que Deus quer que os Estados Unidos governem o mundo? Pior ainda, disse que gostaria de estabelecer uma "relação privilegiada" com a América Latina. Sabemos muito bem o que isso quer dizer. Quando eles falam em relações privilegiadas estão falando em fazer alianças com o pior tipo de direita que existe por aqui, para promover golpes de estado e acabar com a nossa independência e democracia.
     Que Deus nos livre dessa gente.
    
Violência nas escolas 


     Estou cansado de ouvir as mesmas opiniões conservadoras sobre violência nas escolas.
     De que antigamente não era assim e sou do tempo em que os alunos respeitavam o professor e precisamos de mais disciplina, etc. Mas a verdade é que ninguém quer ver a falência de um sistema que se baseia justamente na disciplina e na imposição, para lidar com anseios e demandas de uma geração que não aceita mais ser reduzida a meros ouvintes e quer ser tratada com respeito.
     É incrível como os professores e as próprias escolas nunca assumem sua parte de culpa nos eventos. A responsabilidade é invariavelmente atribuída aos próprios alunos ou às suas famílias, além de outros fatores recorrentes, como a televisão, a internet, as drogas, o consumismo, etc.
     Não se trata de negar a violência que existe nas ruas, e que não poderia deixar de invadir o espaço das escolas (porque só a escola seria preservada desse fenômeno?), mas de perceber que a maioria dos professores não sabe lidar com seus alunos, não tem a menor noção de psicologia e nem de democracia e não faz questão de ter.
     A escola em si, seja ela pública ou privada, brasileira ou estrangeira, de todos os níveis, com honrosas excessões, se baseia no autoritarismo, onde um sujeito, professor ou professora, pretende ter um domínio absoluto sobre os outros, que são tratados como meros objetos, seres passivos, que tem que aceitar tudo o que o professor diz ou faz, como se ele fosse infalível, se sujeitando a vários tipos de punição caso não se submeta docilmemente.
     Quem já não teve um daqueles professores terríveis, que faz gato e sapato com seus indefesos alunos, descarregando suas frustrações e até mesmo suas taras sobre eles? E o que se faz para coibir tantos abusos? Nada.
     O professor tem sempre a razão, é sempre a vítima. Até parece que nenhum  de nós foi vítima desse tipo de coisa no nosso tempo de escola. A diferença é que agora a possibilidade de regir violentamente saiu das telas do cinema e chegou às nossas esquinas. A revolta e a humilhação do aluno, antes curtidas em silêncio raivoso e descontadas no colega mais fraco através do bulling, tomou coragem para revidar diretamente naquele que simboliza a opressão dentro da sala de aula: o professor.
     É incrível como as escolas, tão descuidadas no ensino do português e da matemática, são tão ciosas em colocar alunos em filas, como se fossem soldados, estabelecer proibições de todo tipo e fazê-los se sentirem tão inferiores diante da autoridade do professor.
     Para que isso? Porque não estabelecer uma regra de respeito mútuo entre professores e alunos dentro de sala de aula? Os alunos não são cidadãos? Não é isso que se apregoa aos quatro ventos, de que é preciso formar cidadãos críticos e conscientes? Mas como fazê-lo se eles são reduzidas a condição de seres-objetos?
     Não sei se é porque fui formado numa escola onde a democracia era a base do relacionamento entre professores, estudantes e funcionários, o antigo CIEM, da Universidade de Brasília, mas como professor nunca tive essa dificuldade em me relacionar com meus alunos.
     Existem alunos problemas? Existem, claro. Lidar com gente nunca é fácil. Mas isso existe também nas empresas, nas repartições públicas, nas associações de qualquer tipo. Faz parte da natureza humana ser contraditório e há uma maneira melhor de lidar com isso do que apenas com medidas disciplinares.
     Talvez seja chegada a hora de uma nova educação, mais libertária, com uma democracia verdadeira dentro das escolas, que vá além das meras eleições para diretor ou para escolher representantes estudantis, onde o aluno possa fazer seu próprio currículo, desenvolver livremente sua vocação, produzir conhecimentos, ao invés de apenas recebê-los empacotados (embolorados?), trabalhar junto com os profesores na construção desse conhecimento novo, sem a preocupação de ter de se manter sob a sombra de um mestre, que na maioria dos casos, nem tem competência para propor nada de novo.
     Enquanto os professores continuarem entricheirados em seus sindicatos, reivindicando apenas aumentos, sem discutirem uma nova educação e insistindo em se manter em seus pedestais, temo que a violência só vá aumentar.E enquanto a escola pública depender de prefeitos e governadores descompromissados e a escola particular continuar a ser um simples negócio visando lucros, nada vai mudar, a não ser para pior.

      

domingo, 2 de outubro de 2011

Rapidinhas

Dragão do mar

     Dentre as maiores alegrias de passar um final de semana em Fortaleza, está a de poder conhecer o Centro de Artes e Cultura Dragão do Mar.
     Além dos vários espaços culturais, alguns descobertos e outros fechados, interligados por uma passarela de aço, vários restaurantes com mesas ao ar livre, todos lotados, dão uma demonstração do que pode ser transformar velhos edifícios de um centro urbano, num espaço cheio de vida e arte.    
     Shows de rock, misturados com peças teatrais, exposições, museus, planetário e vários sons ao vivo se espalhavam por uma espécie de esplanada, transformada pelo burburinho de gente de todas as idades, no sábado, dia 01 de outubro, quando tive a oportunidade de visitar o Centro..
     No restaurante Dragão do Mar, tive o prazer de ouvir a dupla Djane Leão (à esquerda), cantando, e Ivar Luz ao violão, com um repertório fantástico de música brasileira, durante mais de três horas, sem interrupção.
    Se for a Fortaleza, não perca!
                                 A casa dos Budas ditosos

     Fantástico o livro de João Ubaldo Ribeiro.
     É o terceiro livro do autor baiano que tenho o prazer de ler. Depois de Diário do Farol e Viva o Povo Brasileiro, posso dizer que João Ubaldo não cansa de surpreender o leitor.
     Uma história contada à partir de um pacote deixado para ele, no Rio de Janeiro, onde uma mulher narra sua vida, se transforma numa reveladora sequência de experiências sexuais, que quebram (e questionam) todos os tabus morais de nossa sociedade.
     Divertido e profundo, como tudo que esse autor faz, A casa dos Budas Ditosos, publicado pela Editora Objetiva, do Rio, em 1999 foi levado ao teatro pela atriz Fernanda Torres (à esquerda), com grande sucesso.
     Não vi a peça e infelizmente, só agora li o livro. Não deixe de ler.




Os indignados chegam aos Estados Unidos


    
     Um movimento popular semelhante aos "indignados" da Espanha, que se espalhou pela Europa e que por sua vez se inspirou na "primavera árabe", chegou finalmente aos Estado Unidos.
     Lá nos Estados Unidos o movimento se chama "Occupy" (algo como "ocupemos"). Começou em Nova York, com o lema ocupemos a Wall Street, para protestar contra o sistema financeiro que causou toda a crise que começou em 2008 e se espalhou para a Europa. Depois o movimento se espalhou pelos Estados Unidos.
     Na verdade esses movimentos protestam contra a políitica econômica neoliberal (que acredita na capacidade do "mercado" de resolver todas as questões econômicas) que esses governos insistem em aplicar para sanar a crise e salvar os bancos, jogando milhões de pessoas na miséria e no desemprego.
     Até quando os povos civilizados vão aceitar ser sacrificados para salvarem os que causaram toda a crise? Parece que o tempo está se esgotando para o FMI e outras instituições financeiras internacionais que insistem nesse modelo, que levou à financeirização da economia daqueles países.  Parece que está na hora desses governos compreenderem que esse caminho não leva a lugar nenhum, coisa que os BRICS, e a Ásia em geral, já perceberam a muito tempo.
  

Testemunha do 11 de setembro contradiz versão oficial do governo americano

     Prezados amigos leitores. Transcrevo aqui matéria do site "Operamundi", na qual um repórter americano afirma ter sido perseguido por testemunhar coisas que o governo americano não queria que fossem divulgadas. Peço desculpas pela extensão do artigo, mas achei muito importante reproduzi-las.

O jornalista  Kurt Sonnenfeld, publicou o livro intitulado El perseguido (em espanhol), que pode ser adquirido através da Amazon.com, onde conta a sua história. Confira abaixo sua entrevista à Operamundi.



Testemunha inconveniente: cinegrafista do 11/09 vive refugiado na Argentina



Kurt Sonnenfeld foi o único cinegrafista autorizado a filmar as operações de resgate das vítimas do World Trade Center, em setembro de 2001. Com livre acesso ao perímetro de desabamento das Torres Gêmeas, conhecido como "Marco Zero", o norte-americano viu e registrou cenas que, segundo ele, contradizem a versão oficial dos Estados Unidos sobre os atentados.
Por ter visto o que viu e não entregar as imagens às autoridades, Kurt vive uma trama kafkiana. Acusado pelo assassinato da própria esposa, ficou 13 meses na prisão, tanto nos EUA como na Argentina, onde mora atualmente. O governo norte-americano, no entanto, alega que o cinegrafista é um fugitivo e pressiona a Argentina por sua extradição.
Novamente casado e pai de gêmeas de cinco anos, Kurt falou, em entrevistas ao Opera Mundi, sobre a perseguição que sofre até os dias atuais, que envolve ameaças, tortura, prisão em dois países, apreensão ilegal de bens e invasões a domicílio. "Tudo isso por coisas que eu nunca quis ver e que, para ser sincero, preferia não ter visto", lamenta.

11 de setembro de 2001

Minutos antes que os relógios de Denver marcassem as 07h daquela terça-feira, o telefone tocou. Ainda sonolento, Kurt reconheceu, do outro lado da linha, a voz de John perguntando se ele tinha visto a notícia de última hora transmitida pela televisão. Em tom mais carregado de ansiedade e adrenalina que de costume, o chefe ordenou:
- Ligue a televisão e coloque na CNN.
Foram segundos para que o controle-remoto, jogado no chão ao lado da cama, fosse localizado e Kurt que se deparasse com a manchete "Pequeno avião se incrusta no WTC" ao pé da imagem que se reproduziria tantas vezes depois.
- Estamos sendo atacados! – concluiu o chefe, enquanto as teorias ainda giravam em torno de um erro de cálculo da aeronave. Kurt não entendeu: um acidente com um pequeno avião não implicava em um ataque e, sim, em um desastre de proporções remediáveis pela polícia e pelo corpo de bombeiros.
A FEMA (Federal Emergency Managment Agency), órgão governamental para o qual Kurt trabalhava, somente entra em ação quando as catástrofes são de tamanha dimensão que excedem a capacidade do Estado. Enquanto ainda se perguntava sobre a constatação do chefe, a televisão mostrou um segundo avião avançando no sentido da torre Sul, até então intacta ao lado da que ardia em chamas. Uma explosão e o espontâneo “Oh my God” do apresentador do noticiário foram suficientes para que John rompesse o silêncio e decretasse:
- Estão nos atacando, eu já disse. Vá já pra Nova York.

Aldo Jofre Osorio/Opera Mundi
Kurt, a esposa, Paula, e as filhas gêmeas: recomeço de vida em Buenos Aires, na Argentina


Em menos de 15 minutos, Kurt chegou à sede da FEMA, no Colorado. Em Nova York passava das 10h e relatórios de inteligência já informavam sobre um atentado simultâneo ao Pentágono e a queda de um avião na Pensilvânia.
Como diretor de Operações de Transmissão e Difusão para Emergências Nacionais, seu trabalho consistia em monitorar o conteúdo transmitido pela televisão e divulgar a versão oficial das autoridades norte-americanas, evitando a propagação de possíveis rumores e retificando informações incorretas. Foi no desempenho desta tarefa que assistiu ao vivo, impotente e indignado, a queda das Torres Gêmeas.

Chegando ao Marco Zero

Com o tráfego aéreo suspenso e a autorização para que caças militares abatessem qualquer avião que sobrevoasse o território, Kurt se desdobrou para chegar à ilha de Manhattan, onde seu trabalho seria essencial: produzir a maior variedade possível de imagens dos escombros e operações de resgates.
Há nove anos na FEMA, o cotidiano profissional de Kurt se resumia a frequentar zonas afetadas por catástrofes. Kurt também foi a televisão durante os resgates do WTC, já que era o único que podia descumprir a mensagens de "proibido filmar" anunciadas nas dezenas de cartazes espalhados pelo local. A permissão teve que ser provada inúmeras vezes por ele, tanto para agentes do FBI que circulavam como para bombeiros, que reagiam indignados à presença da câmera.
No primeiro dia, enquanto filmava um carro de bombeiros deformado sob toneladas de escombros, um jovem vestindo um uniforme cheio de barro empurrou sua câmera violentamente. Após os esclarecimentos, o bombeiro afirmou, com tristeza e raiva:
- Dentro deste caminhão morreram muitos companheiros meus.
A frase foi concluída com uma cabeçada no nariz do cinegrafista, que não protestou. Kurt conhecia de perto a dor e os horrores sofridos pelas vítimas das catástrofes.

Dimensões do desastre

Apesar da experiência em zonas devastadas, o cinegrafista se impressionou com o que viu no Marco Zero. "Nada do que me mostraram antes me preparou para uma devastação tão massiva. Era enorme, surreal. Os escombros pareciam se estender por quilômetros, como uma vasta e pavorosa cadeia de montanhas", descreve.
O cenário apocalíptico, em meio a colunas de fumaça negra, estava conformado por destroços de vidro, concreto, metais retorcidos, quase incandescentes, que convertiam em vapor os jatos d’água saídos das mangueiras dos bombeiros, vigas de ferro cravadas no asfalto como lanças, carros (inclusive de bombeiros) soterrados pelas toneladas de escombros que vieram abaixo e restos de material de escritório cobertos por grossas camadas de cinza e pó. Abaixo de tudo, corpos soterrados.
Uma de suas principais tarefas era o registro do momento em que partes dos aviões fossem encontradas. "Filmei pedaços da fuselagem, do trem de aterrissagem, pneus e poltronas", explica ele, ressaltando que nenhuma das quatro caixas-pretas (duas de cada avião) foi localizada, apesar de serem feitas para suportar impacto e temperaturas extremas.

"O perseguido"

Kurt parecia contar com plena confiança das autoridades norte-americanas: além do registro de catástrofes, disse ter conhecido os mais herméticos segredos militares dos EUA em trabalhos para os departamentos de Defesa e de Energia, quando acompanhou de perto o transporte e armazenamento de armas químicas, nucleares e biológicas, com acesso a instalações desconhecidas pela maioria dos norte-americanos, por abrigar gás sarin e ogivas nucleares.
Os resgates do WTC, no entanto, seriam um irreversível divisor de águas em sua vida. Acostumado a ter suas fitas perdidas no desorganizado escritório da FEMA e com a falta de pedido oficial para que entregasse o material, segundo explica, Kurt guardou a gravações em casa, sem imaginar as consequências da decisão.

Gentileza de Kurt Sonnenfeld/ FEMA

Uma das imagens captadas por Kurt dias após a queda das Torres Gêmeas, em Nova York

"Quando voltei de Nova York a Denver, minha cidade no Colorado, fui recebido como um herói local. Todos os jornalistas queriam me entrevistar e as pessoas pediam para tirar foto comigo. Mas isso mudou muito rápido e para sempre. De herói, eu passei a ser um inimigo público", diz o cinegrafista.
Após o Réveillon de 2002, ao chegar em casa com a esposa, Nancy disse que queria dormir. Poucos minutos depois, o som de um disparo se propagou pelo corredor. "Corri até o quarto. Os cachorros saíram correndo, tropeçando um no outro, horrorizados. Nancy estava sentada no canto, como se estivesse em um sofá, com a arma no chão, o sangue, seus olhos ainda abertos", descreve ele, que conta ter chamado aos gritos o 911.
A morte da mulher, aparentemente um suicídio, foi apenas o início de um pesadelo, detalhadamente narrado pelo cinegrafista em seu livro publicado pela editora argentina Planeta, com o título El Perseguido, em 2009. Kurt foi acusado de assassinato de Nancy e diz ter sido colocado em cela fria e precária, sofrido torturas e maus tratos policiais.
A promotoria pedia pena de morte por assassinato, com o argumento de que Kurt não abriu a porta de casa para a entrada dos policiais e ofereceu resistência para o resgate de Nancy. "Eu estava atordoado e não encontrava as chaves, mas quando os agentes quebraram a janela, eu até os ajudei a entrar, afastando os móveis", defende-se o cinegrafista.
Segundo informações divulgadas pela imprensa dos EUA durante o julgamento, amigos e familiares de Nancy asseguraram que Kurt era viciado em heroína, o que levou o casamento a ruínas, e a polícia disse ter informações de que ele foi flagrado pela esposa consumindo a droga e dormindo com uma mulher durante uma viagem de férias à Tailândia, em 2001.
O cinegrafista, por sua vez, garante que a esposa vinha de uma família com um histórico de suicídios e que sofria, há meses, de depressão. A mãe de Nancy diz nunca ter acreditado na versão de suicídio: "Nós amávamos o Kurt, mas ele já não era a mesma pessoa", afirmou Eleanor Campbell. "De qualquer maneira, não sei por que razão a polícia de Denver não acreditou estar lidando com um caso de suicídio e o prenderam preventivamente por meses antes do julgamento", disse.
Um dia antes do julgamento, em junho de 2002, a advogada de defensa Carrie Thompson apresentou uma prova que a polícia não incluiu entre as evidências. "Nossos investigadores encontraram uma carta de Nancy, que consiste em uma mensagem de suicídio, que perguntava "o que é mais bonito que o amor e a morte? Kurt, por favor, procure ajuda".

Gentileza de Kurt Sonnenfeld/ FEMA

O cinegrafista (à direita), ao lado de um amigo, posa em meio aos escombros deixados após o atentado ao WTC

No julgamento, a Corte de Denver constatou que Nancy se suicidara e inocentou o cinegrafista. Durante os meses que passou na prisão, no entanto, Kurt diz ter tido sua casa invadida sem autorização judicial. Ao regressar, seu computador e algumas gravações tinham desaparecido. Os colegas da FEMA nunca mais entraram em contato. Seus sogros o trataram como um assassino. "Perdi tudo: casa, família, trabalho, reputação. Virei um pária no meu próprio país", conta.
Em liberdade, Kurt diz ter sido perseguido nas ruas, vigiado por agentes em cyber cafés e sofrido contínuas intimidações, novas tentativas de invasões a sua casa. Foi quando decidiu aceitar o convite de uma amiga para passar uma temporada no litoral argentino, em fevereiro de 2003. Durante a viagem, conheceu Paula, uma tradutora poliglota, com quem se casou e foi morar em um sobrado de um bairro portenho.
Em Buenos Aires, Kurt trabalhou como produtor áudio-visual e transmitia algumas imagens do WTC em programas da TV argentina. No fim de agosto de 2004, a promotoria dos EUA reabriu o caso de Kurt após receber "informações que surgiram com o depoimento de dois homens que passaram pela mesma prisão que ele em 2002".
Segundo a acusação, um dos companheiros de cela afirmou que Kurt disse ter colocado o dedo de Nancy no gatilho após ter efetuado o disparo. Outro deles, que diz ter conhecido o cinegrafista já em liberdade, afirmou que ele admitiu ter matado a esposa por não suportar a idéia de que ela o abandonasse.
Certo dia, Kurt foi abordado por agentes da Interpol em frente à sua casa. Ao ouvir a gritaria, Paula correu e tentou livrar o marido das mãos dos agentes. Kurt teve o rosto coberto com um casaco e foi empurrado para dentro de um carro. Ele foi levado a Devoto, a única e super-povoada penitenciária de Buenos Aires, com uma ordem de extradição pelo homicídio de Nancy, contradizendo a determinação da Corte de Denver. A ordem de prisão enviada às autoridades argentinas dizia que o cinegrafista era um fugitivo da justiça e solicitava que os bens de Kurt fossem confiscados e enviados aos EUA.
Nos sete meses em que Kurt permaneceu detido, Paula acionou todos os contatos e organizações de Direitos Humanos que conhecia para denunciar a situação do marido e recebeu apoio de entidades como as Mães e Avós da Praça de Maio, Familiares de Presos e Desaparecidos por Razões Políticas e do Serviço de Paz e Justiça (Separj), liderado pelo prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel.
A ação, no entanto, teve consequências: Paula denuncia ter sido perseguida, fotografada na rua, ameaçada por mensagens de texto no celular e nas ruas. Grávida durante a prisão de Kurt, Paula acabou perdendo o bebê. Na prisão, o cinegrafista conta ter sido visitado por uma diplomata norte-americana que afirmou as cortes argentinas "não diriam não" a um pedido de extradição dos EUA.
O juiz federal argentino Daniel Rafecas, porém, considerou pouco claras "algumas considerações" do pedido de extradição, afirmando que não havia garantias de que Kurt não seria condenado à pena morte – cuja aplicação é permitida no estado do Colorado e não prevista no código penal argentino -, e ordenou a liberação imediata do réu. O governo dos EUA, por sua vez, apelou à sentença e, em fevereiro de 2008, a Suprema Corte argentina rejeitou mais uma vez a extradição.
Hoje, Kurt conta com um refúgio provisório na Argentina e espera que as autoridades lhe concedam o status de refugiado político. Para a mãe de Nancy, a liberação de Kurt e a negativa à extradição pela Argentina se deve a um sentimento anti-imperialista no país vizinho. “Eu acho que ele foi [para lá] e encontrou pessoas que concordavam com o seu ódio pela ‘América’”, afirmou Eleanor Campbell à imprensa dos EUA.
Paula e Kurt, no entanto, ainda denunciam serem perseguidos e fotografados quando saem às ruas, mas se adequaram a uma rotina cautelosa, circulando somente durante o dia e em lugares frequentados por pessoas conhecidas, e trocando periodicamente o número de celular.

Versão dos atentados em cheque

Kurt revelou ao Opera Mundi que, nas semanas prévias aos ataques ao WTC, treinamentos incomuns de evacuação foram realizados nas torres e que um dia antes da catástrofe, agentes do governo se preparavam para uma simulação, prevista para o dia 12 de setembro naquele mesmo local. “Os oficiais da FEMA instalaram uma base de operações próxima às torres um dia antes do ataque”, diz ele.

Aldo Jofre Osorio/Opera Mundi

Kurt em sua casa, em Buenos Aires: para o norte-americano, os atentados de 11/09 foram mal explicados

Outro fato relevado por Kurt é sobre o edifício Sete do WTC, que sofreu poucos danos estruturais, mas acabou caindo. “Tenho imagens de como o edifício ficou, após uma queda vertical perfeita, reduzido a uma pequena e organizada pilha de escombros”, conta ele, sugerindo uma implosão. Posteriormente o governo norte-americano admitiu que este prédio abrigava a maior base clandestina da CIA fora de Washington.
O edifício Seis, onde funcionava a Alfândega do país, possuía uma abóbada subterrânea onde agências governamentais armazenavam documentação classificada. O edifício foi espremido por toneladas de escombros, mas uma  Força Especial de Resgate, acompanhada por Kurt, conseguiu chegar ao local secreto no subsolo.
Equipado com lanternas, o grupo encontrou um depósito cheio de estantes vazias. “Naquele momento, não dei atenção, porque estávamos no meio do caos e corríamos perigo. Depois, a gravidade do que descobrimos começou a me intrigar”, relata. “Quando a abóbada foi evacuada? O local só pode ter sido esvaziado antes dos ataques”, conclui ele, explicando que a evacuação durou poucos minutos e que seria impossível esvaziar o local após o ataque do primeiro avião.
“A CIA não parecia preocupada com as perdas. Um porta-voz afirmou que uma equipe enviada ao local constatou que todos os documentos se reduziram a cinzas”, ironiza Kurt, recordando que “meses depois, a agência anunciou o desbaratamento de uma quadrilha colombiana de lavagem de dinheiro, graças a fotos e gravações de escutas telefônicas recuperadas no local”.
Todas as imagens que foram gravadas por Kurt no Marco Zero foram entregues a “especialistas independentes e de confiança”. Com base nas análises feitas por eles até agora, no constatado durante seu trabalho e na perseguição que sofre há 10 anos, o cinegrafista afirma: “O governo dos EUA tinha tanta necessidade de iniciar uma guerra, que não só previa os atentados e permitiu que se concretizassem, como também colaborou para que acontecessem”.