Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O Paiz

Rio de Contas é Rapa Cuia
 

     A campanha eleitoral em Rio de Contas chega ao final com uma manifestação apoteótica de apoio à candidatura de Cristiano, 12, e em repúdio à atual administração e suas práticas coronelistas.
     Cansados das perseguições políticas aos que não votaram no atual prefeito nas últimas eleições, a cidade em peso apoiou a mudança e demonstrou isto no último domingo, 30 de setembro, com a maior carreata da história deste pequeno município da Chapada Diamantina. e um magnífico comício que lotou a praça da cidade, como só se vê em época de carnaval.
     Os apoiadores do atual prefeito, para denegrir a imagem dos apoiadores de Cristiano, 12, apelidaram-nos de Rapa Cuia, querendo dizer que eram pobres.
     O pessoal de Cristiano aproveitou o apelido para se reafirmar como Rapa Cuia, com muita honra, e apelidou a equipe do atual prefeito de Rapa Cofre, referindo-se aos vários processos por licitações fraudulentas que o nosso triste prefeito sofre atualmente na justiça.
     A cuia (pra quem não conhece, fruto de uma planta, também conhecida como cabaça), utilizada pelos índios e também, em alguns lugares do interior, como prato, virou o símbolo da campanha da mudança.
     E assim, com muito humor, determinação e alegria, Rio de Contas deu seu grito de liberdade, para se livrar da opressão do que restou do Carlismo na Bahia e prepara-se para, no dia 07 de outubro, mandar para casa definitivamente esse restolho da ditadura militar que ainda infesta nossa política e comemorar uma nova era de progresso e bem estar.
     Abaixo, minha foto com minha candidata a vereadora, Angela Guedes, amiga, irmã, e grande batalhadora pela libertação de Rio de Contas.
    Dia 07 de outubro é Cristiano 12 para prefeito e Angela Guedes, 13130, para vereadora!

Rapidinhas
 
Formatura
 
     Foi com muito orgulho que compareci à formatura de meu filho Mário Luz Alves de Souza, em Brasília, no dia 28 de setembro.
     A turma de Mário, se graduou com o título de  Bacharel em Artes Cênicas, junto com outras duas turmas, uma em Licenciatura em Artes Cênicas e outra em Licenciatura em Artes Plásticas.
     O paraninfo da turma foi o ator global, Murilo Grossi, (à esquerda)também oriundo de Brasília e da mesma Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. A semente que Dulcina (à direita) plantou em Brasília, continua frutificando e a faculdade, apesar de todas as dificuldades financeiras, continua sendo o centro do movimento teatral da cidade.
     Parabéns Brasília, parabéns Mário, parabéns ao teatro brasileiro.
 
 
Casa de Anísio Teixeira
 
 
 
     Na viagem para Brasília, passei em Caetité e fui visitar a Fundação Casa de Anísio Teixeira, que eu já conhecia. Na verdade fui fazer uma visita à sua diretora, Maria Auxiliadora Ledo, que me deu grande ajuda na pesquisa para a realização do livro Escola, Espaço e Discurso, lançado recentemente.
     Mara, como é conhecida, é uma grande batalhadora pela cultura do muncípio e da região sudoeste da Bahia, além de ter a responsabilidade de guardar o acervo de Anísio.
     Pra quem não conhece, a Fundação Casa de Anísio Teixeira, está sediada na antiga casa deste famoso educador brasileiro e dispõe de biblioteca, auditório, salas para cursos de arte, teatro, terceira idade, biblioteca móvel e ainda um museu que conta com uma magnífica coleção de móveis antigos brasileiros.
     Vale a pena conhecer.
     É importante lembrar, que a recém estabelecida Comissão da Verdade, formada para investigar os crimes da ditadura militar, acaba de declarar como prioridade a reabertura da investigação sobre a morte de Anísio, falecido em um nunca explicado acidente, num poço de elevador, no Rio de Janeiro, no dia 11 de março de 1971.
     Anísio, que introduziu no Brasil as teorias do educador americano John Dewey, era acusado de comunista pelos militares, por se opor à ditadura e morreu quando fazia campanha pela sua eleição para a Academia Brasileira de Letras.
    
Adeus Hebe
 
 
     O Brasil perdeu a pioneira da televisão, apresentadora, cantora e atriz, Hebe Camargo.
     Famosa pela sua alegria e pela coragem com que denunciava alguns políticos, apesar de sua tendência conservadora, Hebe foi uma das poucas unanimidades da TV brasileira a não ser seduzida pelo poder da TV Globo.
     Durante mais de 60 anos fez rir e pensar o Brasil, com suas entrevistas, seus selinhos e sua forma engraçada de abordar temas e entrevistados.
     Perdemos aquela que chamava a todos a quem admirava de gracinha.
     Obrigado Hebe,
 
Eric Hobsbawn
 
     O mundo perdeu também nesta segunda-feira este brilhante historiador britânico (nascido no Egito), autor, entre outras obras, de Era dos Extremos: o Breve Século XX: 1914 - 1991, que marcou profundamente a minha geração ao explicar do ponto de vista marxista, o que foi o século XX, com suas guerras, suas revoluções e grandes transformações da sociedade humana e do qual ele foi parte importante.
    
     Poesia da Semana
 

Para os que virão


Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.


Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.


Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular - foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
- muito mais sofridamente - 
na primeira e profunda pessoa
do plural.


Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.


É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
(Dura no peito, arde a lí­mpida
verdade dos nossos erros. )
Se trata de abrir o rumo.


Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.
 

Thiago de Mello




 
Corte Raso
 

     O debate sobre o novo código florestal, pode parecer besteira para quem não acompanha a devastação promovida pelo agronegócio em grandes áreas do território brasileiro.
     Uma das práticas mais comuns e nocivas ao meio ambiente, é o chamado corte raso, quando toda a vegetação de uma propriedade é removida para o plantio, não restando nada da flora nativa e nem da fauna.
     Além do corte, após o plantio, aplicam-se os chamados defensivos agrícolas, eufemismo para venenos, com o objetivo de impedir que insetos prejudiquem a colheita. O resultado disso é uma terra devastada e envenenada, à perder de vista, onde a única forma de vida que resta é a da cultura que está sendo plantada. Pior do que isso, a produção que chega à nossa mesa também vem envenenada, aumentando em muito os casos de enfermidades na nossa população, dentre as quais o câncer, cuja incidência vem aumentando de forma alarmante.
     A foto acima foi tomada na estrada entre Correntina e a BR-020, no oeste baiano, área onde outrora havia uma imenso cerrado, famoso pelos pássaros e pela diversidade vegetal. Agora nada resta, senão um deserto, preparado para receber plantações de soja ou de algodão.
     A insistência dos ecologistas e da presidente Dilma em vetar as modificações que os grandes plantadores querem introduzir no código, é para prevenir situações como esta, onde a mata natural foi exterminada e a vida animal completamente extinta.
     O certo é que, para uma área devastada como esta, existissem outras, interligadas, de mata nativa preservada, de forma a manter a biodiversidade e a passagem de animais, nos chamados corredores, que permitem aos bichos passar de uma mata para a outra, continuamente, sem ficarem ilhados, sem água e sem condições de conseguir seu alimento.
     Além das consequências nefastas para a flora, a fauna e a nossa saúde, este tipo de devastação também afeta o clima, acabando com a evapo-transpiração das plantas e tornando o ambiente cada vez mais seco, o que acaba se traduzindo em secas catastróficas, que vão prejudicar os próprios produtores.
     Mas os que insistem nessas práticas só pensam no lucro rápido e não em uma atividade agrícola sustentável.
     Por isto é melhor não ter pressa na aprovação deste código, e insistir no seu aperfeiçoamento, até que esses predadores do meio ambiente se convençam de que o planeta não pertence apenas a eles, mas é um patrimônio de todos os seres vivos, formando um conjunto que funciona harmonicamente e que não resiste a essa mentalidade que pensa apenas em tirar proveito da natureza.