Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 21 de fevereiro de 2010







A Necessidade da Arte


 
      Queridos leitores


      A arte é expressão da alma, do pensamento e do sentimento, mas diferentemente da ciência ou de outras atividades humanas, usa a poesia para se expressar.
      Há poesia nas artes plásticas, na literatura, na dança, na música, no teatro, em toda arte que reflete a experiência humana na terra, essa breve experiência da vida de cada um de nós. Mas arte é, antes de tudo, uma necessidade de expansão.
      O humano dentro de nós não se contenta com a rotina do dia a dia. Precisa de mais, precisa de amor, de sonho, precisa de um horizonte que o leve a prosseguir na sua jornada. Essa necessidade é que nos distingue dos outros animais, porque ela é, antes de tudo, aquilo a que chamamos inteligência.
      Sim, amigo leitor, inteligência não é apenas uma capacidade cerebral, medida por um Q.I. Inteligência é antes de tudo uma atitude, é estímulo ao cérebro e é o cérebro que registra e processa todas as nossas sensações, captadas por todos os nossos sentidos, que são muito mais do que os 5 ou 6 que a nossa educação, ainda tão escolástica, ensina.
      Alguns buscam essa expansão através das drogas, procurando tristemente, numa ilusão passageira, a expansão que suas mentes embotadas não conseguem realizar. Mas é na arte que essa expansão acontece verdadeiramente, é ela que nos liberta desse pequeno mundo material em que vivemos e nos permite voar, nos permite ir longe, muito longe, muito além da imaginação.
      E nesse voo da arte é que conseguimos enxergar as possibilidades de mudança, que conseguimos vislumbrar as utopias, que vem ao encontro dos desejos mais profundos e secretos das nossas almas, e assim vamos construindo novos mundos, num movimento incessante de crescimento da humanidade.
      Mas para que essa expansão aconteça, o artista precisa de duas condições fundamentais: liberdade de criar e condições de sobreviver com dignidade. A arte não é uma atividade econômica em si, embora em volta dela se crie um mercado e uma dinâmica comercial que permitam que muita gente viva dela. Mas o ato de criação, em si, não pode ser voltado para o ganhar dinheiro, sob pena de se corromper, de se degradar, sob pena de se tornar apenas um instrumento e não um objeto cujo maior valor está em si mesmo.
      Quantos artistas se perderam no comercialismo, procurando um caminho mais fácil e não encontrando nada além dos bens materiais que conseguem adquirir com seus lucros. Não há expansão nisso, não há inteligência, nem busca, nem sonho, nem crescimento.
      Por isso a arte precisa ser patrocinada, para que o artista possa criar sem se preocupar se vai ter o que comer amanhã, se vai poder sustentar sua família ou poder comprar os materiais que precisa. Depois, se muitos vão ganhar dinheiro com isso, se o próprio artista vai ganhar dinheiro, ótimo, não importa, desde que a arte não esteja condicionada a isso.
      Por outro lado, a liberdade é o oxigênio da criação. Não se pode criar andando pelas ruas estreitas de regulamentações, ordens, interesses de qualquer tipo, restrições políticas, ideológicas, religiosas ou morais.
O artista precisa de avenidas largas, para poder soltar sua criatividade, sem limitações, sem restrições, embora nada impeça que seu trabalho esteja atrelado a objetivos práticos.
      Um exemplo é o carnaval. Vejam como os carnavalescos das escolas de samba conseguem criar coisas fantásticas dentro dos objetivos e normas das escolas de samba. Nâo é isso que os tolhe. Delimitado o espaço prático para o exercício de sua arte, eles soltam a imaginação, sem censura, sem limites, e a cada ano aparecem novas expressões naquela incrível festa de alegorias e coreografia.
      Portanto, a arte para se desenvolver precisa de um ambiente de estímulo e liberdade. Sem ele não há espaço para o artista e para o desenvolvimento da cultura humana, pois os artistas, como já disse alguém, são as antenas da humanidade. São os precursores, os que advinham o futuro, os que abrem os caminhos.
Uma sociedade que não entende isso está condenada ao atraso e à decadência, aos egoísmos mesquinhos e à mediocridade.

Abraço a todos

Ricardo Stumpf