Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 22 de novembro de 2009

Rio de Contas: a cultura abandonada


O Teatro São Carlos

Pois é, amigos leitores, parece que nessas plagas do sudoeste baiano, a cultura não vale mesmo nada.
Vejam o caso de Rio de Contas, cidade-monumento nacional, onde a cultura foi relegada, não digo nem ao segundo plano, mas ao décimo-quinto plano.
Não existe uma política de cultura para a cidade, muito menos uma agenda cultural.
E vejam o estado em que se encontra o Teatro São Carlos, uma jóia da arquitetura do século XIX, exemplo de pequena casa de espetáculos do interior, no tempo em que muita gente prosperava com o ouro e os diamantes aqui na região.
Hoje serve como local de experimentação para grupos amadores, para festinhas do dia das mães e coisas do gênero, sem falar nos dias em que é utilizado como oficina de carpintaria para fazer palanques ou cartazes para os dias de festa.
Sem cadeiras, com sua pintura descascada, paredes rachadas, portas carcomidas, é o retrato do abandono e do desprezo pela cultura.
Não é compreensível que a prefeitura, proprietária do imóvel, tenha pintado tantas casa na cidade, onde instalou suas secretarias e até mesmo o muro do colégio que a Igreja Católica tomou dos cidadãos, e não tenha sobrado uma mãozinha de tinta para este local fantástico.
A coordenação de cultura foi usada para acomodar aliados políticos, na campanha eleitoral, sem a menor preocupação em colocar alguém realmente vinculado à cultura. Ficou como uma espécie de resto, atribuído a quem não sabiam onde colocar.
Isso é uma afronta à uma cidade cuja maior patrimônio é justamente sua cultura.
Que me perdoe meu amigo Márcio, mas isso é uma vergonha!


Teatro São Carlos: retrato do abandono


Onde estão as cadeiras? E a cortina do palco?


A porta lateral da fachada e o muro ao fundo, apoiado por um pedaço de pau para não desabar.

Um dos banheiros destinados ao público

Por iniciativa de um diretor de teatro radicado na cidade, foram feitos apelos pela recuperação do prédio, ainda na gestão passada. Me ofereci para fazer o projeto gratuitamente, o que foi feito e junto com um relato sobre a história do Teatro foi enviado ao Governador Jaques Wagner, que se comprometeu.
Quando eu estava chefiando o escritório local do Iphan, elaborei um plano de ação, para executar a obra, que resultou na inclusão do prédio no PAC das cidades históricas.
Enquanto isso, de parte da Prefeitura, nada. Absolutamente nenhuma iniciativa. Nem mesmo uma obrinha de conservação para maquiar o abandono.
Mas o abandono da cultura não se restringe apenas ao teatro. Na verdade não há nenhuma iniciativa sobre o tema. Há apenas o imobilismo, de quem não tem nenhum compromisso com a cultura de Rio de Contas.

Abraço a todos

Ricardo Stumpf