Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

segunda-feira, 25 de abril de 2011



Fundação     

     Nos anos 70, o grande debate político dentro da esquerda brasileira se dava entre as organizações armadas, que pregavam a tomada violenta do poder e a instalação imediata do socialismo no Brasil e o velho Partidão (Partido Comunista Brasileiro), que dizia que só um movimento de massas derrubaria a ditadura e que antes de se implantar o socialismo no Brasil seria preciso fazer a revolução burguesa por aqui, criando uma aliança anti-imperialista entre a burguesia nacional e o proletariado.
     Depois, nos anos 80, o movimento das diretas já veio dar razão ao Partido, que o liderava da clandestinidade. A partir do governo Lula, começamos a ter a construção do tal governo nacional-popular que o PCB falava, cujo modelo foi se espalhando pela América Latina e do qual o governo Dilma não é apenas a continuação, mas também a consolidação.
     A crise na oposição, prova que a proposta deles (PSDB e DEM) de desenvolver o Brasil à partir da submissão do Brasil à estratégia de dominação das grandes potências ocidentais, capitaneadas pelos Estados Unidos, está cada vez mais enfraquecida e dá força cada vez mais à velha tese do Partidão, que vai se consolidando.
     O paradoxo é que o Partido praticamente não sobreviveu para ver sua política triunfar. Afogado nas suas próprias contradições, legalmente o PCB ainda existe, mas ficou reduzido a um bando de velhinhos stalinistas que se reúnem para relembrar os velhos tempos, sonhando com a volta de uma ortodoxia que o vento dos tempos levou. Mas para quem conhece o famoso romance Fundação, de Isaac Asimov, parece que eles ainda estão na clandestinidade comandando nosso destino.

A arte antecipa a vida?

     Em A garota da Capa vermelha a Warner, grande estúdio Hollywoodiano de cinema, dá vazão mais uma vez à sua linhagem de violência e de militarismo, presente em todos os seus filmes, inclsuive nos infantis.
A velha história de Chapéuzinho Vermelho e o lobo mau, se transforma no primeiro filme de mais uma série do tipo Crepúsculo, só que desta vez em lugar de vampiros entram os lobisomens.
     O flerte da Warner com as criaturas do mal, típicas do imaginário dos países frios e obscuros do hemisfério norte, me faz lembrar o clássico do cinema alemão O Gabinete de Dr. Caligari, filme de terror produzido nos anos 20, que os críticos dizem ter precedido o surgimento do nazismo.
     Segundo esses críticos, o filme alemão expressava o que ia pela alma alemã, ainda de forma inconsciente, e que se expressaria na barbárie nazista, com suas atrocidades contra a humanidade, em nome da vontade de dominar o mundo e impor uma ditadura mundial, sujeitando todos os povos à uma pretensa superioridade de uma classe superior que se pretendia injustiçada por não ser reconhecida como tal pelo resto do mundo.
     Os filmes da Warner parecem seguir o mesmo caminho, sempre mostrando o poder másculo dos povos anglo-saxões, em contradição com as fraquezas de um mundo dominado por forças fracas e facilmente domináveis, mas que pode ser salvo desde que se faça determinadas alianças com os poderes do mal.
     Mostrar vampiros românticos e injustiçados, ou fazer a Chapeuzinho se apaixonar pelo lobo mau, solitário na sua maldição, não deixam de ser uma forma de preparar as pessoas para a violência que se pretende soltar sobre o mundo, em nome de uma pretensa superioridade norte-americana, cada vez mais desafiada pela emergência de outros povos e países que pretendem dividir a hegemonia sobre o planeta.
     Se é verdade que a arte antecipa a vida, podemos nos preparar para algo de muito ruim, segundo as mais sinistras predições, antes que o mundo alcance realmente um estágio civilizatório em que os povos consigam viver em paz, unidos pela ciência e pela consciência de que somos uma só espécie e que todos os sonhos de dominação se transformam apenas em pesadelos passageiros, que só causam destruição e sofrimento.
    
O Potencial de Rio de Contas II

     Continuando com as propostas para o desenvolvimento sustentável de Rio de Contas, nosso município tão bonito e ainda preservado, creio que poderíamos nos tornar um pólo produtor de produtos orgânicos, já que nossa agricultura ainda tem a sorte de se basear em pequenas propriedades, facilmente organizáveis em torno de Associações (que já existem), embora o grande capital já esteja começando a chegar.
     O clima temperado e de altitude favorecem a produção de quase tudo em termos de fruticultura, desde a manga, a laranja, passando pela maçã, a uva e inclusive a azeitona (que já está sendo plantada por um grupo francês). Além disso temos a cana de açúcar e a produção artesanal de cachaça no baixio, que no entanto precisa de irrigação, pois apesar de Rio de Contas fornecer água pra Livramento e Dom Basílio, sua parte baixa não é irrigada.
     Para isso precisaríamos contar com uma Secretaria de Agricultura que realmente se preocupasse em apoiar o pequeno produtor, prestando assistência técnica e levando suas reivindicações às instâncias mais altas de governo, mas os técnicos do governo atual só vivem em reuniões destinadas a elaborar "projetos" para agariar fundos que só beneficiam um pequeno grupo.
     Assistência técnica de verdade significa colocar um agrônomo para cada 100 pequenas propriedades, fazendo um giro mensal de visitações, ininterrupto, capaz de orientar e tirar dúvidas de agricultores que seguem às cegas, tentando produzir, mas mantendo uma produtividade baixíssima,      
     Como não podemos contar com o atual governo, poderíamos criar um grupo para entrar em contato com a Secretaria Estadual de Agricultura e elaborar um projeto que abrangesse as associações (tanto as associações de pequenos produtores quanto as de moradores dos povoados), de forma que os agricultores do município tivessem um rumo coletivo, sabendo o que plantar, como plantar, onde e para quem vender, como produzir sem a utilização de venenos e, quem sabe, criando uma espécie de selo verde, atestando a produção orgânica para todo o município.
    Da mesma forma que propus a formação de um grupo de pessoas influentes e lideranças da cidade para negociar a questão do curso superior junto a Uesb, esse mesmo grupo poderia fazer a gestão junto ao governo Wagner, já se constituindo na verdade numa espécie de governo paralelo, para obter os benefícios que o município precisa na área da agricultura, inclusive no sentido de conseguir a implantação da Escola Família Agrícola, cujo projeto se encontra em mãos da vereadora Magdalena Mafra, o que beneficiaria toda a região, incluindo os municípios vizinhos.
     É uma boa forma de lutar pelo progresso de Rio de Contas, sem se desgastar mais com brigas e denúncias, enquanto aguardamos o triste fim do governo atual.

Sabadão de Aleluia

     Tem coisa melhor do que reencontrar velhos amigos? Pois então, este sábado de Aleluia finalmente reencontrei uma amiga que eu estava procurando a tempos, em Brasília.
     A arquiteta Lúcia Borges, colega de colégio, personagem importante na minha vida por muitas vivências boêmias e amorosas. Que prazer encontrá-la tão viva, saudável e com o mesmo bom humor e alegria de viver de sempre. O sabadão de Aleluia que ela promoveu em sua deliciosa casa, num condomínio em meio a natureza foi ótimo.
     Obrigado Lúcia por você continuar sendo esta figura marailhosa.