Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 25 de dezembro de 2011

Rapidinhas



     Prezados amigos leitores

     Quero agradecer a todos que tem prestigiado este espaço de comunicação, que está completando seu quarto ano, pelo interesse, pela participação, pela paciência com meus erros e por partilhar também os meus acertos, sempre em busca de defender o que considero posições justas, que possam colaborar para formar uma consciência que leve o Brasil e o mundo pelo caminho do progresso e da paz.
     Quero agradecer, inclusive aos leitores desconhecidos, que me acessam de lugares longínquos, como a Rússia, a China, a Tailândia, Angola, a Eslováquia, os Estados Uidos ou a Alemanha. Fico curioso por saber algo sobre esses leitores. Quem são eles? Serão brasileiros residentes no exterior? Serão naturais desses países interessados no nosso dia-a-dia, serão simples cidadãos de um mundo globalizado?
     Gostaria de enviar uma mensagem especial a eles para que, se quiserem, se identifiquem de forma a trocarmos experiências e até citá-los no blog. Quem sabe até possam nos mandar alguma notícia da sua realidade para que comentemos aqui.
     De qualquer forma, agradeço muito a todos e desejo sinceramente que nos aproximemos cada vez mais, todos os cidadãos do mundo, na direção de uma vida de paz e prosperidade. Que 2012 que seja o início das mudanças pelas quais o mundo precisa passar para se libertar dos egoísmos e avarezas.
     Agradeço especialmente aos meus filhos, Mário, Micaele, Gustavo e Gisa, pela amizade e apoio, à minha mãe pelo carinho de sempre, aos meus melhores amigos de Rio de Contas (alô Angela), de Conquista (a lista é grande: Zé Mário, Alberto, Sidney, Nai, Mercês, Olguinha e tantos outros),  de Itabuna (alô João Vitor e Matheus),  de Salvador (Valeu Claudete), do Rio (Oi Eliane), de Santiago do Chile (Hola Lucho), de Porto Alegre (minha amiga Hanne e a família Porto inteira), de São Paulo (Oi Regina, você ainda está em São Paulo?), aos meus alunos da Faculdade de Arquitetura que dividiram este ano comigo na luta pelo conhecimento, aos meus colegas professores, aos jovens Anne e Alisson, que dividiram nossa casa conosco em Conquista durante 2011 e especialmente ao novo amor que veio dar novo sentido à minha vida, me resgatando da tristeza e da solidão.
     A todos vocês muito obrigado.

Autópsia

Silvia Paes e Ricardo Brunswick em Navalha na Carne

     Assisti à peça Autópsia, da mostra Dulcina de Teatro, no dia 20 dezembro aqui em Brasília.
     Trata-de se uma colagem dos textos de Plínio Marcos: Navalha na carne (na foto acima); Querô; Quando as máquinas param (abaixo); Dois perdidos numa noite suja e Abajur lilás.

                                                       Mário Luz e Sami Maia em Quando as máquinas param
Para mim, que nunca tinha assistido a nenhuma das peças, foi uma viagem impressionante ao submundo do povo brasileiro. Com atuações fantásticas de atores ainda estudantes, com excessão de uma atriz convidada (Silvia paes, professora da Faculdade Dulcina de Teatro) a peça mostra que a Dulcina continua sendo uma usina de grandes atores. Segundo minha amiga Regina Reis, atriz e diretora formada lá, essa pequena faculdade, que está sempre em dificuldades financeiras e vive para a arte, se mantém assim tão viva e importante pela presença espiritual de Dulcina de Moraes.
     Ela está lá Ricardo, pude sentir a presença dela!, me disse Regina quando foi visitar o local no ano passado.
     Quando é que o governo do Distrito Federal vai intervir ali e transformar a Dulcina em uma instituição pública e gratuita? Aliás aquele decadente centro comercial, conhecido como CONIC, é o lugar perfeito para sediar uma Universidade do Distrito Federal. Bem no meio da cidade, ao lado da rodoviária, com acesso fácil à todos, poderia se transformar num campus urbano compensando a distância da elitizada UnB, tão distante de tudo e de todos, com suas aulas ainda diurnas, impedindo que o povo tenha acesso aos seus cursos.
     Além disso, desapropriar e restaurar aqueles prédios seria um favor para Brasília e poderia dinamizar mais ainda aquela área da cidade.
     Por favor governador Agnelo Queiroz, faça alguma coisa pela Dulcina. Tenha coragem de criar a Universidade pública do Distrito Federal!
     A ficha completa do espetáculo já foi publicada na edição passada do blog.

Lançamento
Recebi da professora Esther Lígia, incansável batalhadora pela cultura de Livramento e de todo alto sertão da Bahia, o convite para lançamento do seu livro de cordel; Oasis do sertão baiano.
     Fica aí o comvite, para o dia 29 de dezembro, às 20,30, na Praça Dom Hélio Pascal.

Um conto chinês



     Este novo filme dá sequência a uma história de sucessos do novo cinema argentino.
     Dirigido por Sebastián Borensztein e tendo como principais intérpretes,  Ricardo Darín (de O segredo de seus olhos) como Roberto, Muriel Santa Ana como Mari, e Huang Sheng Huang como Jun, o filme começa com um fato absurdo.Na China, uma vaca cai do ceú sobre um barco, matando uma jovem que ia ser pedida em casamento pelo seu namorado.
     A partir daí a história se desenvolve em Buenos Aires, na loja de ferragens de um ex-combatente da guerra das Malvinas, Roberto, que vive recluso e solitário, colcecionando coisas, entre elas recortes de jornais com notícias de fatos absurdos que acontecem pelo mundo.


     O encontro de Roberto com o noivo da moça, que parte para a Argentina a procura de um tio, seu único parente vivo, cria uma situação cômica, pois o chinês não fala espanhol e o argentino não fala chinês.
     A convivência entre eles vai revelando o mundo dos dois e a interação possível entre pessoas tão diferentes, mostra que a dimensão humana cria pontes entre universos tão distintos e é capaz de mudar a vida das pessoas, mesmo daquelas que acham que a vida não faz sentido e que não há mais esperença.
     É uma ótima oportunidade para sair da mesmice dos filmes americanos. Se puder não perca esse conto moderno, muito bem narrado.
     Vale a pena conferir.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Rapidinhas 
Três é demais...
     Semana passada três grandes nomes nos deixaram: Sergio Brito, um dos maiores atores do teatro brasileiro, Joãosinho Trinta, o carnavalesco que revolucionou os desfiles do carnaval carioca e Cesária Évora, a grande cantora caboverdiana, um dos maiores talentos musicais da língua portuguesa.
     Para eles, o fim desta vida chegou antes de 2012 e para nós que aqui continuamos, restará o muito que seus talentos nos deram em forma de arte, de poesia e daquele tipo de alegria que nos faz refletir e evoluir.
     Perder três talentos como esses de uma vez só é demais. Que seu legado nos inspire na construção de um mundo melhor.
  Mostra Dulcina de Teatro

     Recebi o convite para a peça Autópsia, como parte da Mostra Dulcina de Teatro que acontece todos os finais de ano, na Faculdade Dulcina de Teatro, em Brasília, que repasso a todos os leitores junto com a ficha técnica.


A falta. O limite. O excesso. A infinitude de sonhos que disputam,
irremediavelmente, o desejo de sobreviver uma rinha de cotidiano
precário. Tudo vale ou tudo se justifica para continuar vivendo.
A montagem compõem-se a partir das peças “Navalha na Carne”,
“Abajur Lilás”, “Dois perdidos numa noite suja”, “Querô” e “Quando
as Máquinas Param”, de Plínio Marcos.
Dias: 20 e 21 de dezembro
Local: Teatro Dulcina
Sessões: 19h (parte 1) e 21h (parte 2)
Elenco: Adriana Heilmann, Flávio Monteiro, Jeferson Alves, Mário Luz, Paulo
Carpino, Pedro Ribeiro, Ricardo Brunswick, Roberta Albuquerque, Sami Maia e
Sérgio Dhubrann
Atriz convidada: Núbia Karollyna
                                                 Figurino: Jonathan Andrade e Valéria Rocha
                                     Cenografia, Sonoplastia e Iluminação: Jonathan Andrade
                                                       Preparação Vocal: Dianete Ângela
                                                   Preparação Musical: Gislene Rodrigues
                          Colaboração no processo: Francis Wilker, Glauber Coradesqui, Lívia Bennet,
                                                Micheli Santini, Nei Cirqueira e Valéria Lehmann

 Gasolina cartelizada

     Da noite para o dia, todos os postos de combustível de Vitória da Conquista passaram a praticar o mesmo preço nas bombas: R$2,669, numa evidente cartelização dos preços.
     O Ministério Público e o PROCOM do município deveriam investigar o caso, para garantir o direito dos consumidores, que ficam privados de uma real e saudávelconcorrência.

sábado, 17 de dezembro de 2011



Corrupção endêmica

     Finalmente vem à tona o caso dos dossiês contra a filha de José Serra, Verônica, e seu marido Alexandre Borgeois, levantados pelo PSDB durante a campanha eleitoral de 2010, como sendo uma armação do PT para destruir a candidatura do tucano paulista.
     O livro, A Privataria Tucana, de Amaury Ribeiro Junior (Geração Editorial), pretende esclarecer tudo a respeito da corrupção nos dois governos de FHC, na época das privatizações e o esquema de lavagem de dinheiro montado para encobrir tudo.
     A reportagem da edição da revista Carta Capital de 14 de dezembro, traz uma matéria de capa sobre o assunto, entrevistando o autor do livro. Já há até um site oferecendo download gratuito do livro antes que ele seja censurado  no endereço http://bolaearte.wordpress.com/..
    .Por outro lado, a revista Isto é, de 9 de dezembro, traz ampla reportagem sobre o esquema de fraudes montado no Ministério dos Esportes, ainda no tempo em que Agnelo Queiroz era ministro, à partir da história de Miguel Santos Souza, cujo papel seria o de fraudar convênios através de empresas-fantasma, para desviar dinheiro para o então partido do ex-ministro, o PCdoB.
     Na mesma edição a revista traz a acusação do Ministério Público contra o senador Cícero Lucena, PSDB da Paraíba, sobre fraudes em licitações no tempo em que era Prefeito de João Pessoa. Hoje Lucena é Primeiro-Secretário do Senado.
     Na UOL, esta semana, um ministro do Supremo Tribunal Federal, avisava que os crimes do mensalão poderiam prescrever, devido à demora do processo. Enquanto isso, seguem as denúncias contra o ministro Pimentel, do PT de Minas, que teria recebido um milhão de reais de uma empresa para passar um dia "conversando" com eles. Ele que é assessor pessoal da presidente Dilma desde a campanha eleitoral, imagine-se o que teria para contar nessa conversa que valesse tanto dinheiro.
     Se aparecer um partido comprometido com transparência de verdade, que mantenha as contas dos seus parlamentares abertas o tempo todo, que renuncie aos salários e benefícios parlamentares, periga ser um sucesso nas eleições. Hoje essa parece ser a maior urgência para o eleitor brasileiro. Acabar com a corrupção endêmica que compromete o esforço do povo brasileiro para melhorar de vida.
     Quanto às "vestais" do PSDB, sempre tão empenhadas em acusar a esquerda, cai a máscara, principalmente de José Serra, um indivíduo insidioso, rancoroso e cheio de truques sujos.
     ..
     Golpe


     Por falar em corrupção, uma empresa fantasma, chamada Proseg, está enviando correspondências aos aposentados de todo o Brasil, avisando que depois de 13 anos de batalhas judiciais a pessoa ganhou um processo para receber um pecúlio de R$66.500,00 e mais um benefício em forma de aposentadoria e para recebê-lo precisa pagar as custas dos advogados, no valor de R$3.327,50 A correspondência vem com um número de telefone para esclarecimentos (11)7855-8800 e quando a pessoa liga uma mulher que se diz advogada atende e indica como fazer o depósito para liberação do benefício.
     Minha mãe recebeu a correspondência e resolvemos ligar para saber o que era. Claro que suspeitamos logo de um golpe. Mas bastou fazer uma busca na internet para encontrar uma enxurrada de reclamações.  
     Será que só a polícia não está sabendo do golpe?

Um mundo novo

    Estamos encerrando 2011, um ano longo mas promissor.
    Já repararam, amigos leitores, quantas mudanças ocorreram neste ano?
     As revoluções democráticas nos países árabes, os indignados pelo mundo lutando contra o capitalismo selvagem e o predomínio do setor financeiro (e suas crises cíclicas que arruinam países inteiros), as guerras do Iraque e do Afeganistão chegando ao fim, a ascenção dos emergentes, BRICS à frente, com o Brasil começando a ter voz no mundo e apesar da corrupção e dos problemas, melhorando nossas vidas.
     Mesmo neste aspecto,  a faxina de Dilma colocando o combate a corrupção em primeiro plano e, apesar dos pesares, a aliança de esquerda capitaneada pelo PT, acabando com a hegemonia secular da direita no Brasil e se preparando para derrubar seus últimos baluartes em 2012, seja em grandes cidades como São Paulo, seja nos últimos pequenos currais, pelo interior do Brasil. 
     A copa de 2014 e as olimpíadas, forçando nossas cidades a uma reciclagem geral, o povo saindo aos poucos da pobreza e começando a consumir, a vida mudando, tudo ficando informatizado com TVs digitais, 3D, tablets e outros aparelhos novos integrando as mídias, a internet tomando conta de tudo e a vida, apesar de tudo melhorando.
     A consciência planetária sobre o meio ambiente avançando rapidamente e até os países mais poluidores do mundo aceitando um acordo de limitação de emissões de carbono para controlar o aquecimento global.
     Não é pouca coisa. esperamos que 2012 não seja o anunciado fim do mundo, das previsões maias, mas o começo do fim de um mundo antigo, atormentado por guerras e nacionalismos anacrônicos e o início de outro, onde as nações se integrem cada vez mais e construam finalmente um mundo de paz e riqueza para todos, onde a fé dos homens não seja fruto da necessidade, da pobreza ou do desespero, mas da gratidão por uma vida plena e segura para todos.
    .
      
O Cemitério de Praga


     Este é o novo livro de Umberto Eco (Editora Record, Rio de janeiro e São Paulo - 2011) , o grande linguista e escritor italiano, autor de O Nome da Rosa, entre outros títulos. 
     Eu já tinha lido, recentemente, O Pendulo de Foucault, também de sua autoria, em que o autor cria uma trama entre editores que vão em busca de mistérios esotéricos, para depois se darem conta de que tudo não passava de uma grotesca falsificação. Mais do que isso, uma espécie de histeria coletiva de gente que se excita com teorias conspiratórias e fazem a fortuna de oportunistas que escrevem obras para esse público, procurando atender seus desejos de descobertas sensacionais e ocultas.
     Em O Cemitério de Praga, Eco vai mais longe e entra no mundo dos falsários, que criam documentos autênticos sobre histórias estapafúrdias, em torno de interesses de ocasião, seja de grupos políticos, seja de governos, seja de preconceitos raciais e religiosos.
     Tudo se passa na segunda metade do século XIX, quando as potências européias faziam seus joguinhos de espionagem, sempre contratando os serviços do personagem principal, que não hesita em desgraçar a vida de inocentes em troca de um bom pagamento, fazendo os serviços mais sujos para atender interesses escusos.
     Durante a trama, Eco nos leva por um passeio em meio a fatos históricos reais, como a luta de Garibaldi pela unificação da Itália, a Comuna de Paris, a guerra franco-prussiana e as conspirações que precederam a revolução russa de 1917, passando por personagens muito conhecidos que viveram naquela época, como Freud, por exemplo.
    Aliás, personagens é o que não falta no livro. A cada capítulo somos apresentados a dois ou três novos, que acompanham o principal, o capitão Simonini, e seu Alter-ego, o abade Dalla Picolla, que são a mesma pessoa. Simonini e Dalla Picolla se revezam nas páginas de um diário em que vão contando tudo que fizeram ao longo de suas vidas, enquanto estranham profundamente morarem na mesma casa sem nunca se verem e não entendem como, quando termina a narrativa de um começa a do outro, já que nem se lembram de se conhecerem.
     Mas o pano de fundo da história é a falsificação de um episódio, criado por Simonini e que ele considera a sua obra prima de falsário, destinado a acirrar o ódio contra os judeus na Europa, numa época em que os governos usavam o anti-semitismo como uma forma de atemorizar seus povos para mantê-los sob controle, usando a velha tática do inimigo comum.
     Este documento, que vai tomando forma ao longo da narrativa, sendo apresentado várias vezes ao longo do tempo a vários clientes diferentes, acaba se transformando nos famosos Protocolos dos Sábios do Sião, usados inclusive por Hitler como argumento para denunciar uma suposta conspiração judaica para dominar o mundo e implementar a sua terrível solução final, ou seja, o simples extermínio do povo judeu.
     A figura amoral de Simonini deve fazer refletir os que ainda se excitam com o esoterismo e as promessas de verdades ocultas a serem reveladas, sobre o fim do mundo e outras bobagens que circulam por aí.
      O pior é que Eco nos revela ao final, que, com excessão de Simonini, todos os personagens de sua obra realmente existiram, mostrando como foi possível manipular a opinião pública por tanto tempo, criando fatos inexistentes, pondo a perder a vida de muitos inocentes, para incrementar crendices e fantasias que visavam atingir, ora a Igreja Católica, ora a maçonaria, ora os judeus, ora os republicanos, ora os comunistas, numa sucessão de sujeiras de deixar tonto o leitor.
     Vejam esse diálogo de Simonini com um dos seus clientes, potencial comprador, para justificar a importância política de um documento falso que ele criara:
     "A multidão é bárbara, e age brutalmente em todas as ocasiões. Observem aqueles brutos alcoolizados, reduzidos à imbecilidade pelas bebidas, cujo consumo ilimitado é tolerado pela liberdade! Deveremos permitir-nos, e aos nossos semelhantes, fazer o mesmo? Os povos da cristandade estão desencaminhados pelo alcool; a juventude deles foi enlouquecida pelas orgias prematuras às quais nossos agentes instigaram... Na política, vence apenas a força genuína; a violência deve ser o princípio, a astúcia e a hipocrisia devem ser a regra. O mal é o único meio para alcançar o bem. Não devemos deter-nos diante da corrupção, do engano e da traição; o fim justifica os meios."
     Algo nesse discurso nos soa familiar?
     Pense nisso, meu caro leitor, e se puder leia o livro: vale a pena.
  


domingo, 11 de dezembro de 2011

Rapidinhas

Estrada da morte

     A BR-116, no trecho entre Vitória da Conquista e Feira de Santana se tornou uma sentença de morte para centenas de brasileiros que precisam trafegar por ela, simplesmente porque não suporta mais o tráfego pesadíssimo de carretas que transportam grande parte das meradorias que circulam entre o sul-sudeste e o nordeste.
     Este trecho da maior rodovia do Brasil já deveria ter sido duplicado há mais de 20 anos, no entanto, não entendo porque, nunca entra nos planos do governo, que já duplicou várias partes da mesma rodovia, mais ao norte e mais ao sul.
     No último domingo, dia 04, voltei de carro de Salvador para Vitória da Conquista, no dia seguinte ao acidente que vitimou 34 pessoas em Brejões. Denecessário dizer que viajei assustado, embora sempre que viaje pela Rio-Bahia me previna muito. São milhares de carretas enfileiradas, coladas umas às outras, rodando a mais de 100 km por hora, enquanto automóveis e ônibus ficam espremidos entre elas.
     Passar no local do acidente foi muito triste.
     Já vi muita gente morrer nesta estrada, por absoluto descaso das autoridades. Até quando vamos assistir a isso? Feira de Santana se tornou um importante pólo industrial, Vitória da Conquista também está crescendo rapidamente. Entre as duas, Jequié já desponta como uma importante cidade do sertão baiano.
     Mas o tráfego de carretas vem de muitas partes do Brasil, já que a116 liga o Rio Grande do Sul à Fortaleza.
     Caberia aos prefeitos da região uma mobilização para incluir no PAC a obra de duplicação desta rodovia tão importante para o Brasil.
     Aliás, o gigantesco tráfego de mercadorias já viabilizaria uma ferrovia, que cobrisse o mesmo trajeto, tirando milhares de carretas das estradas. Ferrovia e duplicação, seria a solução adequada. Será que dá pra gente sonhar com isso ou vamos continuar assistindo a cada vez mais gente morrer tragicamente?


Empreendedorismo?

     
Gente, não existe coisa mais chata do que o discurso dos administradores de empresa, desses que endeusam o SEBRAE e ficam dando aulinhas de capitalismo para os desempregados.
     Um horror!
     Acho que foram eles que inventaram os livros de autoajuda. Só pode! Ficam repetindo aquelas frases de efeito, tentando motivar as pessoas a só pensar em sucesso, em ganhar dinheiro, "vender" sua imagem pessoal, como se a pessoa fosse um produto de consumo.
     Depois reclamam que o mundo está violento, que os valores humanos estão desaparecendo...
O resultado dessa mentalidade gerencialista é esse mesmo. Se o que importa é ser bem sucedido na vida, então vale tudo, traficar, matar, roubar, desde que a pessoa consiga "atingir seus objetivos".
     Os heróis dessa gente são a Miriam Leitão (Arghh!), o Henry Ford, o Walt Disney e o dono da Wall Mart.   
     Mas será que empreendedorismo é isso? Eles dizem que empreender é inovar e criar, mas levam tudo para o lado do capitalismo mais selvagem. Será que não dá pra empreender em outras áreas que não seja só a busca de lucros? Para mim empreender é ter iniciativa. Em qualquer área.
     Lula foi um empreendedor na política. Mudou o Brasil. Gandhi também e mudou a humanidade. Irmã Dulce, o Marcehal Rondon, Juscelino Kubitschek, os grandes cientistas como Pasteur com sua penicilina e outros que fazem avançar a medicina. todos foram empreendedores. 
     Empreender não é só saber ganhar dinheiro, nem transformar tudo em mercadoria. Isso está errado. E o SEBRAE está impregnado desta mentalidade mesquinha horrível. Por isso as empresas brasileiras não duram nada. Empreender é ser criativo, mas sobretudo pensar no ser humano, na natureza, no que pode ser melhorado, no que é justo. Tanta criatividade neste país, perdida na mesquinharia de querer apenas auferir lucros, lucros e mais lucros.
     O lucro sustenta a empresa, mas se ela não tiver outro objetivo além desse, não passa de um projeto pessoal de acumulação de riqueza. A empresa precisa ter outro objetivo além da acumulação, algo que beneficie realmente a humanidade, seja uma invenção que facilite a vida, uma forma nova de se comuicar, um remédio para velhas doenças... Só querer lucro não leva à nada.
     Os protestos pelo mundo afora, mostram que esse modelinho está pra lá de falido. Chega desse velho capitalismo sórdido, disfarçado de coisa moderna.

Patrimônio Ameaçado

      O centenário Teatro São Carlos, de Rio de Contas, um dos teatros mais antigos do Brasil, está ameaçado de ruir, por descaso da Prefeitura Municipal, proprietária do prédio, que não lhe dá a manutenção adequada.
     O prédio é tombado pelo IPHAN, mas o Secretário de Cultura local não entende o que é isto. Casado com a funconária administrativa do escritório local do Instituto, os dois, não deixam que nenhum arquiteto permaneça na cidade à frente do órgão, tecendo intrigas e ameaças a todo profissional designado para lá.
     A funcionária usa o cargo para perseguir pessoas que são contra o Prefeito e o Secretário, transformando uma repartição pública Federal, num ninho de intrigas e usando o pequeno cargo que conquistou sem concurso, para fazer política.
     Enquanto isso, o teto do histórico São Carlos ameaça desabar.
    
Projeto de Arquitetura

     
 Estou terminando um ano de ensino de Projeto em uma faculdade recém criada, em Vitória da Conquista, Bahia. Peguei as quatro primeiras turmas que ingressaram em março e segui com três delas no semestre seguinte, ensinando Projeto I, no primeiro semestre e Projeto II no segundo semestre.
     Quando ingressei na Faculdade de Arquitetura, no distante ano de 1976, em Porto Alegre, os alunos só tinham aulas de projeto à partir do quinto semestre. Os quatro primeiros eram tomados com matérias preparatórias, como composição, desenho técnico, matérias teóricas de história, cálculo, etc.
     No primeiro seminário sobre currículo de arquitetura que fizemos em 1978, na UFRGS, uma das reivindicações foi que os alunos tivessem contato com projeto desde o primeiro semestre. De lá pra cá esta passou a ser uma prática comum nas faculdades de arquitetura brasileiras.
     Mas mesmo quando dei aulas de projeto na UnB, na década de 90, eram ainda apenas seis semestres de projeto. Agora são dez.
     Mas como ensinar projeto para alunos que acabaram de entrar no curso, sem a menor noção de desenho ou de metodologia de projeto? Ainda mais numa faculdade que estava abrindo suas portas e não tinha ainda nenhuma experiência acumulada?
     A ementa do curso de projeto I colocava a composição em primeiro lugar, muito corretamente.
     Nos lançamos ao primeiro mês, às aulas de composição, primeiro no plano, valorizando, movimento, ritmo, repetição, direção, sentido, cor e harmonia. Trabalhamos primeiro com pintura sobre papel, colagens e depois passamos aos trabalhos com volumetria. Tentamos trabalhar com Lego, o joguinho de armar, mas a experiência foi um pouco problemática, em função da dificuldade em achar peças adequadas à escala necessária (o Lego original é muito pequeno) e o preço. Como o original é muito caro, os alunos começaram a comprar umas cópias baratas que não se encaixavam bem. Mas mesmo assim conseguiram produzir alguns volumes bem interessantes e puderam sentir a forma, pela primeira vez, brotando das suas mãos e da sua capacidade de criar.
     Para encerrar a primeira unidade, propus aos alunos que escolhessem prédios na cidade e fizessem uma proposta de requalificação de fachadas, em forma de maquetes, ainda sem escala definida, (eles já estavam tendo aulas de maquete na disciplina de Plástica I e de expressão gráfica em Desenho I), desde que não houvesse mudanças na estrutura da edificação. A proposta era fazer maquetes em que uma face representava o edifício como é hoje e a outra a fachada requalificada.
     Uma surpresa. No final do primeiro mês de curso, recebi maquetes muito interessantes.
(nas fotos, a fachada original à esquerda e a modificada à direita)
     A seguir passamos à noção de planta baixa e escala, num rudimento de desenho técnico, que ainda estava sendo ministrado na disciplina de Desenho I, para que eles sentissem como era "entrar" numa edificação.
     Depois de um pequeno exercício, passamos a um seminário sobre condicionantes legais, para que eles entendessem o que era um Plano Diretor e um Código de obras, o que nos levou a tomar contato com a situação de extrema poluição do único córrego da cidade, o Rio Verruga, e resultou num movimento público denominado Abrace o Rio Verruga, que chamou a atenção da opinião pública local.. À partir daí fomos para um segundo exercício de projeto, uma pequena casa acoplada a um barzinho, num bairro popular da cidade, já com terreno definido e noções sobre orientação solar e divisão da planta em áreas; social, íntima e de trabalho.
     Por último passamos à um exercício de requalificação de um construção em final de obra. Eram três sobradinhos geminados, e aí já foi exigida uma primeira noção de apresentação de projeto, com pranchas com margem e carimbo, plantas, cortes e fachadas.
     Os resultados foram animadores e já pudemos observar os prmeiros talentos brotando das turmas.
     Em projeto II, começamos o semestre com um longo seminário sobre "Correntes contemporâneas da Arquitetura", que serviu para que os alunos aprendessem a identificar o que era um projeto moderno, um pós-moderno, uma arquitetura tradicional, vernacular, etc.
     Depois iniciamos nosso projeto do semestre, que era uma residência unifamiliar em uma área nobre da cidade, permitindo a eles grande liberdade criativa, já que o terreno era extenso (756m2) e o uso dos conhecimentos adquiridos até então.
     Novamente resultados muito animadores, com a reafirmação dos novos talentos que vão surgindo em Vitória da Conquista.
     No encerramento, com a apresentação das maquetes (nas fotos acima), além dos desenhos e um pequeno memorial descritivo, pudemos verificar o acerto da linha implementada pelo curso de arquitetura da FAINOR, o primeiro na região sudoeste da Bahia.
     Como profissional me senti realizado por poder coduzir estes jovens a bom termo, com resultados muitos promissores.
     





       

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Rapidinhas
 Semana da consciência negra

 
     A Semana da Consciência Negra ocupou grande espaço na mídia, na semana passada, mas ainda foi grande o viés de vitimização dos negros no Brasil. Escravidão, quilombos, cultura afro com predominância de referências ao candomblé e ao carnaval, ainda são temas majoritários nos debates, embora outras questões tenham ganhado espaço, principalmente às ligadas a equidade no trabalho, o que é muito positivo.
     Acho importante que os negros brasileiros se libertem desse passado terrível de escravidão e injustiças e ingressem numa agenda positiva, para que possam ocupar cada vez mais espaços na sociedade brasileira.
     Outros grupos marginalizados, como os gays, tem sabido reagir de forma mais positiva ao preconceito, aliando sua imagem à alegria das paradas gays. As mulheres tratam de ocupar todos os espaços possíveis na sociedade, chegando inclusive à Presidência da República e lutando contra a violência através de leis como a Maria da Penha.
     Creio que os negros deveriam criar uma imagem coletiva desligada do passado, mais voltada para a África atual e suas economias bem sucedidas, como a África do Sul, para os sucessos dos excelentes profissionais negros que contribuem para o desenvolvimento do Brasil (Milton Santos, na foto à esquerda é um grande exemplo) e para seus expoentes internacionais, como o presidente Obama, por exemplo.
     Ficar remoendo as injustiças do passado não vai levar a nada, embora seja necessária a política de reparações que o governo federal tem implementado através de leis, seja de cotas raciais, seja o Estatuto da Igualdade Racial, leis que apóio plenamente, como forma de dar a comunidade negra brasileira as garantias necessárias para que possa superar os obstáculos que ainda atrapalham seu desenvolvimento, dentre eles um racismo disfarçado abominável.
     Aliás, uma coisa que sempre me intrigou nessa questão é a omissão da história dos africanos muçulmanos que vieram para o Brasil, em meio ao holocausto da escravidão. Eram os mais instruídos e lideraram várias revoltas, como a dos Malês, na Bahia. No entanto seu legado desapareceu e, quando se fala em religião africana, só o Candomblé é lembrado.
     Fica aí uma sugestão para os historiadores que pesquisam a cultura negra no Brasil.     
      Outra coisa muito importante que precisa ser feita na direção de criar uma nova imagem da comunidade negra no Brasil é desligá-la da imagem de pobreza e marginalidade, constantes na mídia brasileira. É impressionante a constância nas TVs quando mostram crianças pobres, sempre negras (nas campanhas do Criança Esperança...), ou as entrevistas recorrentes com atletas negros bem-sucedidos, falando do seu passado de pobreza, entrevistas que nunca acontecem quando o atleta é branco.
     Isso sem falar nas imagens dos negros nas favelas do Rio, dançando samba, como se não houvessem expoentes negros em outras áreas da música e das artes (como o excelente ator Lázaro Ramos, na foto ao lado).
     A mídia forma muito a opinião da população e é importante mostrar negros em situações de sucesso, desligadas de história de pobreza. Cabe aos movimentos negros fiscalizar essa recorrência na mídia.


Um novo mercado árabe?

O vinho árabe começa a conquistar os consumidores europeus.

     As revoluções democráticas nos países árabes já começam a dar os primeiros frutos, com eleições na Tunísia e no Egito, no rumo da criação de sociedades modernas e prósperas. 
     Nós brasileiros sabemos das dificuldades de superação de um período de ditadura, mas sabemos também que a reconciliação nacional, encontrada na democracia, é o caminho certo para a construção de um futuro de justiça e desenvolvimento.
     A médio prazo, Egito, Tunísia, Líbia, Marrocos, Argélia, juntamente com o Líbano e a Síria (que ainda vai custar um pouco para se libertar), e ainda o Iraque e a Palestina independente, devem formar um novo bloco comercial formado por centenas de milhões de consumidores. Eles serão os novos emergentes da década que se inicia, ou quando muito da próxima, relegando a política de guerra de Estados Unidos e Israel à superação e ao esquecimento.
     A integração dos países árabes democratizados, principalmente na zona do mediterrâneo, vai transformar os países feudais como Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes em coisas obsoletas, últimos aliados do decadente imperialismo numa região que deve encontrar sua verdadeira vocação para a prosperidade, junto com o Irã e a Turquia, dentro de regimes islâmicos democráticos.
     Um Mercado Comum Árabe ao estilo do Mercosul seria uma consequência natural. Aliás, o desenvolvimento dos países islâmicos do Mediterrâneo deve ajudar a tirar a Europa da aual crise, fornecendo mão de obra, trocas comerciais e novos consumidores e dinamizando toda a região.

Inovação e Tecnologia

     O desenvolvimento brasileiro tem uma barreira a enfrentar, que é a capacidade de criar novas tecnologias e inovações na sua indústria, sob pena de continuarmos à reboque dos países do norte.
     Em termos de energia, nossa Petrobrás foi capaz de desenvolver tecnologias de exploração de petróleo em águas profundas. Também fomos pioneiros no desenvolvimento de motores à alcool (etanol) e biodiesel, mas em relação às chamadas energias limpas estamos marcando passo.
     Em 1983 visitei o primeiro laboratório brasileiro de energia solar, na Universidade da Paraíba. Na época era uma novidade. As décadas perdidas de 80 e 90 nos fizeram perder a oportunidade de sair na frente nessas tecnologias. Continuamos importando painéis solares, com células fotovoltaicas feitas à base de silício, e agora precisamos que empresas européias venham se instalar no Brasil para produzir os gigantescos aerogeradores que produzem energia eólica.
     Quanto tempo perdido. Já poderíamos estar obrigando as construções urbanas a usarem painéis solares e até aerogeradores em edifícios, adotando políticas públicas para o aproveitamento da gigantesca energia que o sol derrama sobre nosso país o ano inteiro.
     Nesse aspecto o programa de governo de Marina Silva dava alguns passos importantes, desprezados pelo desenvolvimentismo do PT, como por exemplo, a isenção de impostos para táxis elétricos, a obrigatoriedade de incluir elementos sustentáveis nas edificações, coisas que as prefeituras podem adotar em seus códigos de obras e que incentivariam a criação de um mercado interno forte para os produtores de equipamentos do gênero.
     Para ter condições de inovar, é preciso olhar o mundo com curiosidade e se sentir capaz de criar, libertando-se da necessidade de copiar o que os outros fazem, para provar a eles que somos civilizados. O velho complexo de vira-latas.
O Brasil não precisa mais provar nada a ninguém, precisa ter coragem de seguir um caminho novo, próprio.
Futebol e idiotices

     Como vascaíno lamento a perda do título do campeonato brasileiro de 2011, embora o Vasco tenha feito uma campanha fantástica, saindo campeão da série B, conquistando a Copa do Brasil e chegando à final do brasileirão e às semifinais da copa sul-americana.
     Não foi apenas uma boa campanha, foi uma autêntica ressurreição, em grande estilo. Pena que o time não aguentou o estirão e chegou à final cansado. Mesmo assim brilhou pela garra e pelo espírito de equipe que demonstrou, sem nenhuma estrela de sapato alto e chuteiras douradas.
     Foi garra mesmo.
     Mas a mídia já estava toda preparada para comemorar a vitória do Corinthians, dono do estádio que vai abrir a copa do mundo de 2014. Os interesses empresariais que estão afundando o futebol brasileiro se fizeram presentes e a  má vontade com a nação vascaína era evidente. Além disso tinha o brilho de Neymar a ofuscar uma equipe guerreira como a do vasco.
     Interessante o que o nosso futebol se tornou. Ronaldão, que agencia jogadores para o exterior, vai ser o responsável brasileiro no comitê organizador da Fifa, indicado pelo suspeitíssimo Ricardo Teixeira.
     Viva a bola!
     João Havelange pede demissão, para não ser processado por corrupção, depois de 48 anos de mandato na Fifa.
     Ufa!
     Jogadores retornados, ricos e em fim de carreira, como Adriano e Ronaldinho, são incorporados aos times mais importantes em troca de gordos patrocínios. Jogadores novos, a caminho da Europa, são incensados pela mídia o tempo todo, de olho no faturamento que eles ainda vão produzir, principalmente se conseguirem o título de melhor do mundo.
     Viva Neymar!
     Em meio a tanto dinheiro rolando nos gramados, quem se importa com uma equipe guerreira, não é mesmo? Que chatos esses vascaínos, querendo jogar futebol e atrapalhando os negócios...
     Enquanto isso a idiotice toma conta das ruas brasileiras na última rodada, transformando os duelos em brigas fenomenais de torcidas, com episódios absurdos de agressão, principalmente de torcedores fanáticos do Flamengo, no Rio, contra torcedores do Vasco. Fascismo puro.
     Mas quem se importa com isso?
     Lamento dizer, mas a conquista do campeonato pelo Corinthians não teve nenhum brilho. Nem a final conseguiram vencer. O verdadeiro campeão de 2011 se chama Vasco da Gama, pela sua luta heróica, traduzida também pela recuperação espetacular do seu técnico Ricardo Gomes. Não é aquela velha história de campeão moral não, é futebol, no seu melhor estilo, aliás, no velho estilo do fantástico futebol brasileiro.
    Quem sabe um dia teremos nosso futebol de volta.
    

domingo, 27 de novembro de 2011

Rapidinhas

Neto prefeito? 


     Parece que o PT de Rio de Contas se encaminha para lançar mais uma vez a candidatura de Alfredo Neto, desta vez com o apoio da família Mafra, decisivo para eleição de qualquer prefeito na cidade.
     A união do velho grupo político, em torno do atual prefeito, parece estar facilitando a decisão do PT.
     Além da péssima administração, o atual mandatário juntou em torno de si tudo que há de pior na política riocontense e que ninguém aguenta mais. Na última eleição, Marcio Farias foi eleito justamente para romper com o velho grupo, com o qual acabou se unindo posteriormente. Seu governo, além de imobilista e incompetente, se destacou pelas perseguições políticas a todos que não votaram nele, perseguição personificada principalmente pela figura de seu braço direito, João Souto, que se comporta como um verdadeiro comissário político, fiscalizando tudo e todos na cidade, o tempo todo e discriminando até peões nas obras da Prefeitura, se tiverem votado com a oposição, num desrespeito completo aos princípios republicanos.
     Na área da cultura, o governo de Márcio tem sido um desastre, mantendo à frente da Secretaria uma pessoa completamente desqualificada e descompromissada com seus objetivos.
     No turismo a mesma coisa. Na agricultura, a Secretaria está entregue a um atravessador.
     A saúde continua abandonada, assim como a educação municipal.
     Nada foi feito pelo desenvolvimento do município nesses três anos de governo e o prefeito se mostra completamente avesso a qualquer diálogo com a população, se mantendo inerte, justificando o apelido de poste, que lhe dei no início do seu mandato devido à sua imobilidade.
     Nas atuais circunstâncias, a candidatura de Neto aparece como uma luz no fim do túnel. 
     Depois de três tentativas, parece que a população de Rio de Contas está se convencendo de que o município estaria em boas mãos com Neto e seu jeito tranquilo e responsável de conduzir as coisas. 
     Como Lula, Neto pode finalmente vencer as últimas resistências na sua quarta tentativa e transformar essa pérola da Chapada Dimantina que é Rio de Contas, no centro de cultura, turismo e agricultura orgânica que são suas vocações naturais, libertando a cidade da corrupção e do atraso, governando para todos e levando paz e prosperidade aos riocontenses.
     Que os anjos digam amém.  
   
      
     Caramba, a Som Livre está cada vez pior. Não lança nada que preste, só lixo!
     Impressionante o desserviço que esta empresa está prestando à cultura brasileira. Há muito tempo eles vem decaindo na qualidade mas agora chegou a um ponto absurdo. Os anúncios na TV Globo são de cantores da pior qualidade. Aliás a programação da Globo, em geral, está horrível. Eles só mantém a liderança porque as outras emissoras conseguem ser piores. Tirando a TV Brasil, as outras só pensam em copiar a Globo e nenhuma delas encara seriamente a possibilidade de construir uma nova grade de programação, com outros tipos de programas. Aos sábados e domingos não se consegue mais ver um filme que preste, só tem Luciano Huck, Gugu, Faustão e outras porcarias. Será possível que ninguem pode fazer algo melhorzinho? Será que só porcaria dá lucro?

Festival de Música e Talentos

      Por falar em música, excelente a iniciativa da rádio Rio de Contas FM, em, promover o Festival de Música e Talentos de Rio de Contas.
     No último sábado assisti à final do festival, sendo premiada como melhor intérprete de música popular, a jovem Julia Farias, que cantou "Tiro ao Álvaro", canção do velho e saudoso Adoniram Barbosa.
     Julia tem uma voz magnífica , que sustenta sem grande esforço e sem se preocupar em fazer volteios.
     O festival também comemorou os 288 anos do município de Rio de Contas.
     Parabéns a Kal da rádio, sempre batalhando pela cultura da cidade.

 Novamente a cultura do eucalipto

     Recebi o folder do seminário que está sendo realizado neste final de semana em Itarantim e Maiquinique, para discutir a intenção da empresa sueco-finlandesa, Veracel, de implantar uma gigantesca área de cultivo de eucalipto no sudoeste baiano, área que já sofre com a falta de chuvas sazonais e que pode ter seus poucos rios condenados ao desaparecimento por essa monocultura predatória.
  
     É preciso ficar atentos para impedir mais este atentado ao nosso meio ambiente natural, além do próprio meio social, sempre muito prejudicado por monoculturas, especialmente esta, que expulsa os agricultores do campo, gerando pouquíssimos empregos e provocando levas de migrantes para as cidades.    
     Tive oportunidade de visitar uma dessas áreas, na divisa de São Paulo com o Paraná (município de Itararé) e pude verificar a existência de um fenômeno que eu não conhecia, as favelas rurais, compostas por agricultores que ficaram sem terras e sem condições de se estabelecerem nas cidades.
     Esperamos que os prefeitos e vereadores dos municípios do sudoeste baiano fiquem bem atentos para impedir a consumação de mais este crime sócio-ambiental.
  

Os últimos soldados da guerra fria

     Este é o título do mais recente livro do escritor Fernando Morais (Companhia das Letras, São Paulo - 2011), autor de vários livros biográficos de grande sucesso, como Olga, sobre a esposa de Luis Carlos Prestes extraditada para a Alemanha nazista pelo governo Vargas e Chatô, sobre Assis Chateaubriand, o primeiro magnata da mídia brasileira, introdutor da televisão no Brasil.
     Em "Os últimos soldados..." Morais faz uma descrição detalhada da ação dos espiões cubanos infiltrados em organizações anticastristas em Miami, para prevenir ações terroristas contra Cuba. Mais do que isto, ele traça um perfil desconcertante da sociedade de Miami, povoada por exilados cubanos, chegados em sucessivas levas, que ele descreve no tempo e no espaço.
    É impressionante a desenvoltura com que as organizações anticastristas organizam atos de terrorismo com a complascência do governo americano, que resultam em mortes de civis inocentes dentro e fora da ilha.   
    Impressionante também é o sentimento de derrota que assola essa comunidade, que espera há 52 anos pela queda da ditadura comunista e a influência que ela exerce sobre a política norte-americana, pesando fortemente na eleição até de presidentes da república e contando com um lobby fortíssimo no Congresso americano.
     O livro desnuda a contradição entre o discurso oficial de guerra ao terrorismo do governo americano, largamente utilizado desde o ataque às torres gêmeas em 2001, e o apoio mal-disfarçado às atividades terroristas desses grupos.
     Tenho dois depoimentos pessoais a respeito do assunto, de épocas muito diversas, mas cuja compreensão só alcancei com a leitura deste livro.
     O primeiro de 1968, quando fui aos Estados Unidos, com apenas 16 anos. Era um desses programas de intercâmbio cultural em que a gente fica hospedado na casa de uma família americana. Passei 13 dias em Miami, mas precisamente em Highleah, uma espécie de bairro de Miami, com uma típica família americana. O pai era funcionário da antiga Pan American e a mãe enfermeira. Eles tinham dois filhos, Jimmy, da minha idade e Billy, que deveria ter uns 14 anos.
     O grupo de brasileiros de classe média começou frequentando as aulas de uma High School, ou seja, uma escola de ensino médio. Mas duramos apenas 3 dias. Em plenas férias de janeiro, ninguém queria saber de aulas. Demos um jeito de nos livrar da escola e passamos a frequentar as casas uns dos outros, conhecer a juventude local, ir a festinhas, etc.
     Um dia resolvi sair a pé, coisa que sempre gostei de fazer para conhecer lugares novos. Estávamos reunidos em algum lugar, uma espécie de clube, acho, e resolvi dar uma volta no quarteirão para sentir o clima da cidade. Saí caminhando por uma calçada e ia distraído olhando as coisas, tomando cuidado para não perder o caminho de volta, quando de repente um fusca passou por mim com dois jovens com cara de latinos. Um deles colocou meio corpo pra fora da janela e me jogou um ovo, acertando a perna da minha calça. Depois aceleraram e saíram rindo.
     Fiquei surpreso com a agressão gratuita e tratei de voltar ao grupo. Comentei o que havia acontecido e a americana que estava conosco comentou que "deviam ser cubanos".
     Depois disso conhecemos muitos jovens cubanos, principalmente umas cubanas muito bonitas que se entrosaram com a agente.
     A revolução na ilha tinha apenas 9 anos, mas Miami já estava cheia deles.
     Era estranho. Embora fossem latinos como nós, não tínhamos a familiaridade que temos com argentinos, uruguaios e outros sul-americanos. Alguns nem sabiam onde ficava o Brasil. Eram uma espécie de latinos americanizados, que pareciam ter perdido sua identidade depois da imigração, embora continuassem falando espanhol e dançando salsa.
     Quase trinta anos depois, em 1997, fui a Cuba, passar uma semana como turista.
     Já não havia a União Soviética e a guerra fria já era passado, mas em Cuba as coisas não estavam muito boas. Eles estavam vivendo o chamado período especial, em que a ilha teve que se virar para substituir os vínculos econômicos com o exinto campo socialista.  
     É justamente o período descrito no livro de Fernando Morais, quando os grupos anticastristas de Miami, vendo que o turismo trazia a Cuba os recursos que a ilha havia perdido, resolveram promover ações terroristas para prejudicar o fluxo de turistas.
     Eu e o amigo que viajou comigo percebemos a vigilância nas ruas e no hotel e muitas vezes ficamos irritados com isso, mas só agora entendi o que se passava e a necessidade de todos aqueles cuidados que muitas vezes nos provocavam um certo mal estar.
     Na véspera da nossa viagem de volta, um telefonema misterioso para o nosso quarto no Hotel Presidente, pediu para que levássemos um encomenda ao Brasil. Uma voz masculina ao telefone dizia que era um CD de um músico cubano que tinha acertado com uma gravadora em São Paulo e que alguém iria buscar no aeroporto.
     Meu amigo ainda titubeou: você acha que devemos levar?
     Tomei o telefone e falei firmemente que não iríamos levar encomenda nenhuma e ponto final.
     No fim sair de Cuba foi um alívio, nos libertando daquele clima tenso. E hoje, lendo o depoimento de Morais, percebi o perigo que passamos. Os terroristas usavam um explosivo chamado C-4, que ligado a um pequeno detonador pode ser programado para explodir algum tempo depois. Quem nos garante que a tal encomenda não seria uma bomba que explodiria nosso avião no ar, como aconteceu alguns anos antes com um voo da Cubana de Aviación, que ia da Guiana para Cuba, matando mais de 70 passageiros?
     O pior é que o terrorista número um, chamado Posada Carriles, autor deste e de inúmeros outros atentados terroristas, circula livremente por Miami, sob as bençãos da justiça americana que se recusa a extraditá-lo.
     Falando sério, não gosto dos Estados Unidos por todo mal que fizeram e fazem à humanidade, mas também não gostei nada dos cubanos. Nem dos exilados americanizados, agressivos, nem do regime da Ilha, com sua ditadura com discursos muito eloquentes e resultados econômicos muito decepcionantes.
     Parece que se acham mais importantes do que são e também que tem uma ligação umbilical com os Estados Unidos que os fazem ser uma espécie de reverso deles. Deveriam esquece-los e se integrarem mais na América Latina, da qual fazem parte, dar uma reformada geral naquele modelo econômico, se democratizarem e começar a olhar para o futuro.
     Os espiões cubanos cumprem longas penas de prisão nos Estados Unidos enquanto os terroristas de Miami circulam livremente. Quando isso vai acabar? Até quando os políticos de Washington vão continuar reféns desse lobby de criminosos? E até quando Cuba vai continuar querendo ser a líder ideológica de uma América Latina que já soube virar a página e está se livrando rapidamente da influência americana e dos resquícios da guerra fria?
      Enquanto o mundo muda, no estreito da Flórida, como diz o título do livro de Fernando Morais, uma velha história tenta sobreviver.