Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 27 de novembro de 2011

Rapidinhas

Neto prefeito? 


     Parece que o PT de Rio de Contas se encaminha para lançar mais uma vez a candidatura de Alfredo Neto, desta vez com o apoio da família Mafra, decisivo para eleição de qualquer prefeito na cidade.
     A união do velho grupo político, em torno do atual prefeito, parece estar facilitando a decisão do PT.
     Além da péssima administração, o atual mandatário juntou em torno de si tudo que há de pior na política riocontense e que ninguém aguenta mais. Na última eleição, Marcio Farias foi eleito justamente para romper com o velho grupo, com o qual acabou se unindo posteriormente. Seu governo, além de imobilista e incompetente, se destacou pelas perseguições políticas a todos que não votaram nele, perseguição personificada principalmente pela figura de seu braço direito, João Souto, que se comporta como um verdadeiro comissário político, fiscalizando tudo e todos na cidade, o tempo todo e discriminando até peões nas obras da Prefeitura, se tiverem votado com a oposição, num desrespeito completo aos princípios republicanos.
     Na área da cultura, o governo de Márcio tem sido um desastre, mantendo à frente da Secretaria uma pessoa completamente desqualificada e descompromissada com seus objetivos.
     No turismo a mesma coisa. Na agricultura, a Secretaria está entregue a um atravessador.
     A saúde continua abandonada, assim como a educação municipal.
     Nada foi feito pelo desenvolvimento do município nesses três anos de governo e o prefeito se mostra completamente avesso a qualquer diálogo com a população, se mantendo inerte, justificando o apelido de poste, que lhe dei no início do seu mandato devido à sua imobilidade.
     Nas atuais circunstâncias, a candidatura de Neto aparece como uma luz no fim do túnel. 
     Depois de três tentativas, parece que a população de Rio de Contas está se convencendo de que o município estaria em boas mãos com Neto e seu jeito tranquilo e responsável de conduzir as coisas. 
     Como Lula, Neto pode finalmente vencer as últimas resistências na sua quarta tentativa e transformar essa pérola da Chapada Dimantina que é Rio de Contas, no centro de cultura, turismo e agricultura orgânica que são suas vocações naturais, libertando a cidade da corrupção e do atraso, governando para todos e levando paz e prosperidade aos riocontenses.
     Que os anjos digam amém.  
   
      
     Caramba, a Som Livre está cada vez pior. Não lança nada que preste, só lixo!
     Impressionante o desserviço que esta empresa está prestando à cultura brasileira. Há muito tempo eles vem decaindo na qualidade mas agora chegou a um ponto absurdo. Os anúncios na TV Globo são de cantores da pior qualidade. Aliás a programação da Globo, em geral, está horrível. Eles só mantém a liderança porque as outras emissoras conseguem ser piores. Tirando a TV Brasil, as outras só pensam em copiar a Globo e nenhuma delas encara seriamente a possibilidade de construir uma nova grade de programação, com outros tipos de programas. Aos sábados e domingos não se consegue mais ver um filme que preste, só tem Luciano Huck, Gugu, Faustão e outras porcarias. Será possível que ninguem pode fazer algo melhorzinho? Será que só porcaria dá lucro?

Festival de Música e Talentos

      Por falar em música, excelente a iniciativa da rádio Rio de Contas FM, em, promover o Festival de Música e Talentos de Rio de Contas.
     No último sábado assisti à final do festival, sendo premiada como melhor intérprete de música popular, a jovem Julia Farias, que cantou "Tiro ao Álvaro", canção do velho e saudoso Adoniram Barbosa.
     Julia tem uma voz magnífica , que sustenta sem grande esforço e sem se preocupar em fazer volteios.
     O festival também comemorou os 288 anos do município de Rio de Contas.
     Parabéns a Kal da rádio, sempre batalhando pela cultura da cidade.

 Novamente a cultura do eucalipto

     Recebi o folder do seminário que está sendo realizado neste final de semana em Itarantim e Maiquinique, para discutir a intenção da empresa sueco-finlandesa, Veracel, de implantar uma gigantesca área de cultivo de eucalipto no sudoeste baiano, área que já sofre com a falta de chuvas sazonais e que pode ter seus poucos rios condenados ao desaparecimento por essa monocultura predatória.
  
     É preciso ficar atentos para impedir mais este atentado ao nosso meio ambiente natural, além do próprio meio social, sempre muito prejudicado por monoculturas, especialmente esta, que expulsa os agricultores do campo, gerando pouquíssimos empregos e provocando levas de migrantes para as cidades.    
     Tive oportunidade de visitar uma dessas áreas, na divisa de São Paulo com o Paraná (município de Itararé) e pude verificar a existência de um fenômeno que eu não conhecia, as favelas rurais, compostas por agricultores que ficaram sem terras e sem condições de se estabelecerem nas cidades.
     Esperamos que os prefeitos e vereadores dos municípios do sudoeste baiano fiquem bem atentos para impedir a consumação de mais este crime sócio-ambiental.
  

Os últimos soldados da guerra fria

     Este é o título do mais recente livro do escritor Fernando Morais (Companhia das Letras, São Paulo - 2011), autor de vários livros biográficos de grande sucesso, como Olga, sobre a esposa de Luis Carlos Prestes extraditada para a Alemanha nazista pelo governo Vargas e Chatô, sobre Assis Chateaubriand, o primeiro magnata da mídia brasileira, introdutor da televisão no Brasil.
     Em "Os últimos soldados..." Morais faz uma descrição detalhada da ação dos espiões cubanos infiltrados em organizações anticastristas em Miami, para prevenir ações terroristas contra Cuba. Mais do que isto, ele traça um perfil desconcertante da sociedade de Miami, povoada por exilados cubanos, chegados em sucessivas levas, que ele descreve no tempo e no espaço.
    É impressionante a desenvoltura com que as organizações anticastristas organizam atos de terrorismo com a complascência do governo americano, que resultam em mortes de civis inocentes dentro e fora da ilha.   
    Impressionante também é o sentimento de derrota que assola essa comunidade, que espera há 52 anos pela queda da ditadura comunista e a influência que ela exerce sobre a política norte-americana, pesando fortemente na eleição até de presidentes da república e contando com um lobby fortíssimo no Congresso americano.
     O livro desnuda a contradição entre o discurso oficial de guerra ao terrorismo do governo americano, largamente utilizado desde o ataque às torres gêmeas em 2001, e o apoio mal-disfarçado às atividades terroristas desses grupos.
     Tenho dois depoimentos pessoais a respeito do assunto, de épocas muito diversas, mas cuja compreensão só alcancei com a leitura deste livro.
     O primeiro de 1968, quando fui aos Estados Unidos, com apenas 16 anos. Era um desses programas de intercâmbio cultural em que a gente fica hospedado na casa de uma família americana. Passei 13 dias em Miami, mas precisamente em Highleah, uma espécie de bairro de Miami, com uma típica família americana. O pai era funcionário da antiga Pan American e a mãe enfermeira. Eles tinham dois filhos, Jimmy, da minha idade e Billy, que deveria ter uns 14 anos.
     O grupo de brasileiros de classe média começou frequentando as aulas de uma High School, ou seja, uma escola de ensino médio. Mas duramos apenas 3 dias. Em plenas férias de janeiro, ninguém queria saber de aulas. Demos um jeito de nos livrar da escola e passamos a frequentar as casas uns dos outros, conhecer a juventude local, ir a festinhas, etc.
     Um dia resolvi sair a pé, coisa que sempre gostei de fazer para conhecer lugares novos. Estávamos reunidos em algum lugar, uma espécie de clube, acho, e resolvi dar uma volta no quarteirão para sentir o clima da cidade. Saí caminhando por uma calçada e ia distraído olhando as coisas, tomando cuidado para não perder o caminho de volta, quando de repente um fusca passou por mim com dois jovens com cara de latinos. Um deles colocou meio corpo pra fora da janela e me jogou um ovo, acertando a perna da minha calça. Depois aceleraram e saíram rindo.
     Fiquei surpreso com a agressão gratuita e tratei de voltar ao grupo. Comentei o que havia acontecido e a americana que estava conosco comentou que "deviam ser cubanos".
     Depois disso conhecemos muitos jovens cubanos, principalmente umas cubanas muito bonitas que se entrosaram com a agente.
     A revolução na ilha tinha apenas 9 anos, mas Miami já estava cheia deles.
     Era estranho. Embora fossem latinos como nós, não tínhamos a familiaridade que temos com argentinos, uruguaios e outros sul-americanos. Alguns nem sabiam onde ficava o Brasil. Eram uma espécie de latinos americanizados, que pareciam ter perdido sua identidade depois da imigração, embora continuassem falando espanhol e dançando salsa.
     Quase trinta anos depois, em 1997, fui a Cuba, passar uma semana como turista.
     Já não havia a União Soviética e a guerra fria já era passado, mas em Cuba as coisas não estavam muito boas. Eles estavam vivendo o chamado período especial, em que a ilha teve que se virar para substituir os vínculos econômicos com o exinto campo socialista.  
     É justamente o período descrito no livro de Fernando Morais, quando os grupos anticastristas de Miami, vendo que o turismo trazia a Cuba os recursos que a ilha havia perdido, resolveram promover ações terroristas para prejudicar o fluxo de turistas.
     Eu e o amigo que viajou comigo percebemos a vigilância nas ruas e no hotel e muitas vezes ficamos irritados com isso, mas só agora entendi o que se passava e a necessidade de todos aqueles cuidados que muitas vezes nos provocavam um certo mal estar.
     Na véspera da nossa viagem de volta, um telefonema misterioso para o nosso quarto no Hotel Presidente, pediu para que levássemos um encomenda ao Brasil. Uma voz masculina ao telefone dizia que era um CD de um músico cubano que tinha acertado com uma gravadora em São Paulo e que alguém iria buscar no aeroporto.
     Meu amigo ainda titubeou: você acha que devemos levar?
     Tomei o telefone e falei firmemente que não iríamos levar encomenda nenhuma e ponto final.
     No fim sair de Cuba foi um alívio, nos libertando daquele clima tenso. E hoje, lendo o depoimento de Morais, percebi o perigo que passamos. Os terroristas usavam um explosivo chamado C-4, que ligado a um pequeno detonador pode ser programado para explodir algum tempo depois. Quem nos garante que a tal encomenda não seria uma bomba que explodiria nosso avião no ar, como aconteceu alguns anos antes com um voo da Cubana de Aviación, que ia da Guiana para Cuba, matando mais de 70 passageiros?
     O pior é que o terrorista número um, chamado Posada Carriles, autor deste e de inúmeros outros atentados terroristas, circula livremente por Miami, sob as bençãos da justiça americana que se recusa a extraditá-lo.
     Falando sério, não gosto dos Estados Unidos por todo mal que fizeram e fazem à humanidade, mas também não gostei nada dos cubanos. Nem dos exilados americanizados, agressivos, nem do regime da Ilha, com sua ditadura com discursos muito eloquentes e resultados econômicos muito decepcionantes.
     Parece que se acham mais importantes do que são e também que tem uma ligação umbilical com os Estados Unidos que os fazem ser uma espécie de reverso deles. Deveriam esquece-los e se integrarem mais na América Latina, da qual fazem parte, dar uma reformada geral naquele modelo econômico, se democratizarem e começar a olhar para o futuro.
     Os espiões cubanos cumprem longas penas de prisão nos Estados Unidos enquanto os terroristas de Miami circulam livremente. Quando isso vai acabar? Até quando os políticos de Washington vão continuar reféns desse lobby de criminosos? E até quando Cuba vai continuar querendo ser a líder ideológica de uma América Latina que já soube virar a página e está se livrando rapidamente da influência americana e dos resquícios da guerra fria?
      Enquanto o mundo muda, no estreito da Flórida, como diz o título do livro de Fernando Morais, uma velha história tenta sobreviver.
    
    
   
     
    

domingo, 20 de novembro de 2011

Rapidinhas

Novo livro

     Depois de quatro anos na gaveta, tempo de depuração para que fossem realizadas várias revisões, finalmente vem a público meu novo livro intitulado, Escola, Espaço e Discurso.
     O trabalho é fruto de uma especialização em linguística feita na Uneb, Universidade do Estado da Bahia, entre 2005 e 2007, com ênfase em análise do discurso, onde procurei comparar os diversos discursos sobre educação, feitos ao longo da história do Brasil, com os prédios escolares que corresponderam a eles, no que seria um discurso arquitetônico paralelo.
     A idéia foi tentar dar uma visão ampla da evolução da educação e dos prédios escolares no Brasil, desde a colônia até o final do primeiro governo Lula.
    Neste tempo, entre a apresentação da monografia e sua transformação em livro, procurei despojar a linguagem do rigor acadêmico para aproximá-lo mais do público.
     O livro já se encontra à disposição dos interessados no site www.biblioteca24horas.com, já que é um livro eletrônico, ou um E-book. Aqui mesmo no blog é possível acessá-lo, bastando clicar sobre sua capa.
     Os E-books, podem ser comprados na versão digital, alugados por tempo determinado, ou encomendados na versão em papel.
     Serão feitas também sessões de autógrafos para venda do livro impresso à partir do mês de dezembro, em locais e datas a serem ainda determinados.
     Espero que agrade ao público e venha preencher uma lacuna na literatura existente sobre prédios escolares, em geral produzida por arquitetos sem maiores conhecimentos sobre educação ou por educadores sem grandes conhecimentos sobre arquitetura. A pesquisa procurou, justamente, suprir essa deficiência.
     Gostaria muito de receber um retorno do público interessado.
   
Equador


     Excelente a minisserie Equador, que está sendo exibida na TV Brasil de segunda a quinta-feira às 23,00h.
     Produção portuguesa, a série conta a história de um governador progressista na antiga colônia portuguesa de São Tomé e Príncipe e sua luta contra o trabalho escravo disfarçado que era praticado pelos fazendeiros locais, ainda no início do século XX.
     A história tem lances dramáticos muito interessantes, como o envolvimento amoroso do governador portugues com a esposa do consul inglês, além de mostrar as paisagens e os costumes locais.
     Composta de 30 episódios, a história foi rodada em cinco países, envolvendo 120 atores, quase 500 técnicos, milhares de figurantes e produzida pela TVI – Televisão Independente de Portugal. A mistura de imagens em alta definição e grafismo 3D recriam os bailes do São Carlos, a Rua Garret e o Largo de São Paulo, do inicio do século passado. O projeto foi coordenado por André Cerqueira.
      Muito melhor assistir Equador do que às novelas da Globo, Record ou SBT. 
     Pena que nossa TV pública não faça propaganda da sua programação, cada dia melhor, com medo ainda de fazer concorrência às Tvs comerciais com seu baixíssimo nível.
     
Casamento
     Na segunda-feira, dia 14 de novembro, celebrou-se a cerimônia oficial de união estável entre José Mário Barbosa e Alberto Magno Alves Santos, no que está sendo considerado o primeiro casamento entre dois homens realizado em Vitória da Conquista.
     O evento realizado na residência do casal, que vive junto há 14 anos, foi prestigiado por amigos, parentes e colegas de José Mário, que trabalha na Secretaria de Saúde do Município e de Alberto Magno, funcionário do Fórum de Conquista.
     No dia 15 a festa teve continuação, com um concorrido churrasco para os amigos, animado com som ao vivo.
     Sem dúvida um avanço na luta pelos direitos civis do povo brasileiro. Cabe agora ao Congresso Nacional vencer a resistência das bancadas religiosas e conservadoras e oficializar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Tribunal Popular

     Recebi o convite abaixo, para instalação do Tribunal Popular do Judiciário da Bahia. A iniciativa, muito interessante, visa discutir as ações do juduciário brasileiro em relação às demandas populares.
  




O Fórum de Luta por Terra, Trabalho e Cidadania da Região Cacaueira encabeçados pelo CIMI, CPT, CEBs, OCA, CÁRITAS DE ILHÉUS e com a contribuição dos companheiros (as) da FASE, Caritas regional, AATR, EACMA convocam os companheiros (as) da Região sul, extremo sul e sudoeste da Bahia a construirmos as bases para a concretização do Tribunal Popular do Judiciário da Bahia.  Com a realização da OFICINA REGIONAL  DE CAPACITAÇÃO DO TPJ.
O Poder Judiciário da Bahia vive um contexto de imensa descrença da população na instituição. Esta tem se mostrado como uma das estruturas mais conservadoras, marcada por uma cultura positivista e elitista, ignorando  por completo a dinâmica social e aplicando o Direito ao belo sabor de suas influências formais e legalistas,normalmente assegurando o direito de propriedade; garantindo a permanência de prefeitos corruptos; criminalizando as ações dos movimentos sociais e suas lideranças,  ao tempo que se omite dos julgamentos de atos que desrespeitam os direitos fundamentais garantidos na Constituição.
Diante deste quadro a realização da OFICINA REGIONAL  DE CAPACITAÇÃO DO TPJ, terá como objetivos: Socializar informações sobre o processo de construção do TPJ, com entidades e movimentos dos diversos municípios situados no sul, extremo sul e sudoeste da Bahia. É o momento para multiplicar as informações e reflexões recebidas e feitas nos eventos de formação. Durante essas visitas, os multiplicadores vão aprofundar o debate sobre as origens e modo de funcionamento do Poder Judiciário no Brasil e na Bahia.  Outro objetivo da Oficina será o de buscar descobrir, e investigar, casos de desrespeito aos direitos humanos, e/ou de abusos, feitos ou apoiados pelo Poder (Sistema) Judiciário. Tal investigação consiste em estimular as pessoas e entidades dos municípios que estarão sendo visitados, para que apontem os casos. A equipe do TPJ vai ouvir os casos, reunir testemunhas, coletar dados, fotos, documentos, realizar entrevistas, a fim de selecionar os casos mais graves e emblemáticos para serem popularizados e debatidos na realização dos tribunais regionais previstos para 2012.
A OFICINA REGIONAL  DE CAPACITAÇÃO DO TPJ será realizada nos dias 10 e 11 de dezembro de 2011, no Instituto de Teologia de Ilhéus, ITI,  localizado na Rodovia Ilhéus x Itabuna, Km 0 (Bem na entrada de Ilhéus, antes da Ponte do Fundão, na entrada do Bairro Teotônio Vilela).
Pedimos a confirmação da sua  participação até o dia 28/11, para que possamos organizar a infra estrutura necessária para a realização do evento. Para aqueles que vêm de fora e tem parentes ou amig@s em Ilhéus, pedimos a compreensão para ver possibilidades de hospedagem com estes, para aqueles que têm barracas de camping pedimos também o apoio. A alimentação, Assessoria, Material Didáticos  e algumas hospedagem já estão acertadas. O ITI tem um espaço bem legal, para aqueles que puderem trazer colchonetes ou redes também ajuda. Enfim, a Oficina também será uma construção coletiva de tod@s.
“Juntos construiremos um Judiciário mais transparente, acessível, contemporâneo, aberto e justo”. Aguardamos VOCÊ!.
Telefones e e-mail para contatos e confirmações:
Cimi/CPT: (73) 3212-1171 – cimiita@veloxmail.com.br    cptsulsudoeste@cptba.org.br  (Haroldo,Jenário, Valderly)
Cáritas Ilhéus: (73)3086-2153   caritasilheus@yahoo.com.br  (D’Ajuda)


  


 A situação se agrava na Europa

     A insistência do setor financeiro em impor um modelo econômico neoliberal que destrua as conquistas políticas e sociais dos povos da União Européia, como solução para os problemas da moeda única, está levando o velho continente a um beco sem saída.
     Enquanto as soluções impostas pelo Banco Central Europeu e o FMI jogam a zona do Euro numa forte recessão, os políticos de esquerda não tem um modelo econômico alternativo a oferecer, deixando a insatisfação das massas populares crescer de forma desordenada.
     O movimento dos indignados, que começou na Espanha, se espalha por todo o continente, demonstrando o esgotamento de um ciclo de idéias que permanece prisioneiro das políticas ligadas ao mercado.
     Sobre isso, transcrevemos a entrevista do filósofo italiano Franco Berardi ao site Opera Mundi.
 
Monti e Papademos representam a cultura predatória do mercado, diz intelectual italiano

     Mario Monti e Lucas Papademos, economistas renomados, ex-funcionários de organismos financeiros da União Europeia, porta-vozes da ditadura financeira neoliberal. Para o filósofo e ativista político italiano Franco Berardi, conhecido como “Bifo”, esse é o perfil dos novos premiês da Itália e da Grécia, nomeados após a derrubada de seus antecessores pela pressão dos mercados e dos países mais ricos da União Europeia. A missão de ambos é aplicar uma receita familiar aos países latinoamericanos, que nos anos 1980 e 1990 estiveram à mercê do FMI (Fundo Monetário Internacional): corte de gastos públicos e sociais, privatização de estatais, demissão e redução de salários e pensões. Tudo com a desculpa do resgate do equilíbrio fiscal.
     “Na Europa, existe há anos um diretório financeiro que atua para um grupo hiperliberal e dogmático do Banco Central Europeu. Agora estão colocando seus homens na cúpula dos governos nacionais. A ditadura financeira fecha-se como uma corda no pescoço da democracia europeia e, o que é ainda pior, fecha-se no pescoço da sociedade europeia”, critica Berardi, em entrevista ao Opera Mundi.
     Sobre Mario Monti e o futuro da Itália, o filósofo não se mostra nada otimista. Para  ele, apesar de Monti parecer um homem sério e bem intencionado, seu governo pode ser ainda pior que o de Silvio Berlusconi. Berardi acredita que a esquerda italiana caiu em uma armadilha ao assumir a execução do pacote de austeridade europeu, que causará desemprego e arrocho na economia do país, enquanto a direita vai para a oposição.
     “Esta é a obra-prima de Berlusconi. Ele impôs o programa devastador do BCE sem nem sequer precisar assumir a responsabilidade. Ele decide, mas a centro-esquerda governa. Dentro de alguns meses, Berlusconi fará oposição contra as medidas que ele mesmo impôs e que a centro-esquerda terá de implementar”, ironiza.

Como se situa Mario Monti no cenário político italiano? Quanto pesa seu papel de primeiro plano no Goldman Sachs e no Clube  Bilderberg?      
                                                                                                       
                                                                                                                                 
                                                                      Mario Monti
                                                                                                               
     Mario Monti é o homem que encarna o dogma financeiro neoliberal. Seu papel é impor o diktat do Banco Central Europeu: sua formação pessoal (Goldman Sachs, vetores financeiros da Europa) o torna o intérprete perfeito dos interesses superiores das finanças.

Quais são as decisões que poderiam levar Monti a "salvar a Itália", e por que ele deveria ser capaz de fazer um milagre?

     O milagre já está sendo feito: em cada país europeu, a classe financeira está saqueando os recursos da sociedade, privatizando os serviços públicos, reduzindo os salários e as pensões. Este é o conteúdo das cartas ameaçadoras do Banco Central Europeu, e este era o programa do governo Berlusconi. Mas Berlusconi já não pode realizar nada, porque, como se diz hoje, ele já não tem credibilidade. Mesmo que Berlusconi fosse o representante dos interesses da máfia e da evasão fiscal, os centros de poder capitalista ainda podiam tolerá-lo e usá-lo. No entanto, agora que ele se mostra incapaz de manejar o golpe contra a sociedade e a carnificina social, tiram-no de cena. Mas o programa de Mario Monti é o programa de Berlusconi. Na Itália, nada mudou além do fato de que os novos governantes terão uma força para impor suas políticas muito maior que a do governo Berlusconi. A situação italiana está destinada a piorar do ponto de vista das condições da sociedade.

A nomeação de personagens como Papademos na Grécia e Mario Monti na Itália, além de não parecer casual, significa o quê para estas democracias?

     Monti e Papademos são dois homens dos bancos de investimento, dois representantes perfeitos da classe financeira. Na Europa existe há anos um diretório financeiro que atua para um grupo hiperliberal e dogmático do BCE. Agora estão colocando seus homens na cúpula dos governos nacionais. A ditadura financeira fecha-se como uma corda no pescoço da democracia europeia e, o que é ainda pior, fecha-se no pescoço da sociedade europeia. Democracia e capitalismo são incompatíveis, já é evidente. A civilização social é incompatível com o capitalismo.

O que torna Mario Monti e Lucas Papademos tão profundamente parecidos?

     São dois homens que representam a cultura predatória das finanças. Como pessoa, Mario Monti é provavelmente um homem discreto que deseja o bem comum. Quem sabe, na melhor das hipóteses, é isso. O problema é que sua cultura identifica os princípios da economia de mercado e da desregulação financeira como uma verdade revelada indiscutível, como o dogma central.
Ele está pronto para devastar a sociedade italiana como Papandreou    devastou a sociedade grega (colapso de 7% da produção, empobrecimento social) em nome da verdade indiscutível dos parâmetros de Maastricht.
                                                                   Lucas papademos

Como a opinião pública e os meios de comunicação italianos reagiram à notícia de um "governo técnico" de Mario Monti? E uma eventual reação positiva pode estar relacionada à escassa informação sobre sua trajetória?

     O nome de Mario Monti está rodeado por uma aura de santidade. É o homem que está acima das partes e que unicamente aplica a dura lei da economia financeira. O senhor Monti é a matemática personificada. O problema é que a sociedade não é feita de uma só matemática. A matemática dos economistas neoliberais, incorporada como automatismo nas interfaces tecnolinguísticas e nos dispositivos sociais, não é a matemática do bem comum, da redistribuição dos recursos, não é a matemática da inteligência coletiva que começa a se organizar de maneira autônoma.

Então o governo de Mario Monti será de continuidade das políticas econômicas de Berlusconi?

     Berlusconi não se foi. Ele disse: "Vou renunciar quando o plano de estabilidade estiver realizado", ou seja, quando o diktat europeu tiver sido imposto. Todo mundo está contente porque ele então irá embora. Mas esta é a obra-prima de Berlusconi. Ele impôs o programa devastador do BCE sem nem sequer precisar assumir a responsabilidade. Ele decide, mas a centro-esquerda governa. Dentro de alguns meses, Berlusconi fará oposição contra as medidas que ele mesmo impôs e que a centro-esquerda terá de implementar. A Liga Norte [partido de direita separatista e xenófobo aliado de Berlusconi] já disse que é bom ir para a oposição, pois assim pode-se reconstruir a virgindade atacando o diktat europeu e recolhendo os protestos populares. Uma obra-prima de astúcia da direita e uma obra-prima de imbecilidade da esquerda, que terá de manejar a devastação social e depois perderá as eleições.

Pode-se pensar em uma conscientização dos movimentos sociais ou do povo italiano em geral para opor-se à ditadura dos grupos financeiros globais?


     Enquanto respondo a essa pergunta, neste momento, há manifestações e ocupações em todas as cidades do país. Milhares de estudantes já demonstraram sua oposição em Bolonha em 11 de novembro, assim como em cada outra cidade nestes dias. Os estudantes ocupam lugares públicos e privados. Monti se pinta como o salvador da pátria só na imprensa subjugada pelo partido democrático, mas as pessoas não estão festejando o fim do regime de Berlusconi. Ao contrário, espera-se o pior. Agora as pensões serão atacadas, os dependentes públicos, demitidos, o gasto com saúde será reduzido e na oposição estarão Berlusconi, a máfia e os racistas da Liga Norte unidos em uma frente populista. A verdadeira tragédia italiana ainda está por vir.

domingo, 13 de novembro de 2011

Rapidinhas


Cinco anos sem Willefort

      Nesta segunda-feira, dia 14 de novembro, completam-se cinco anos da morte de Willefort Leão, designer, filósofo, poeta, viajante, cidadão do mundo e de Rio de Contas.
     Sua presença na vida dos amigos continua viva. A pequena muda de murta que ele gentilmente colheu e me ofertou, continua viva e crescendo na minha casa de Rio de Contas.
     Outras sementes que ele plantou em sua vida, por certo, também continuam vicejando e distribuindo novas sementes.
     Para lembrar a data, publico aqui uma das 300 poesias dele, que encontrei em nosso escritório após a sua morte.

Guardião do sonho
 
Espero o desabrochar
Das margaridas
Que carrego
Dentro de mim

Não há mais esperança
Toda esta força
Brotará

Da minha garganta
Sairão sombras calmas
Para o meu repouso

Dos meus olhos
Sairão raios que
Iluminarão meus dias

Dos meus pés
Sairão veredas
Por onde passarei

Da minha mente
Sairá apenas
A percepção fugaz
De um momento feliz.

(Paris, 21 / 09 / 1982)
      Espero que ele, de onde está, possa ter essa percepção de que sua passagem na Terra foi um momento feliz.

Exposição de Silvio Jessé
     Em homenagem aos 171 anos de fundação de Vitória da Conquista, completados no dia 09 de novembro, a Prefeitura Municipal está promovendo, entre 10 e 30 de novembro, a Exposição Cores de Conquista, com pinturas do artista plástico Silvio Jessé.
     Jessé, que também é professor de desenho da Faculdade de Arquitetura da Fainor, expõe trabalhos que contam um pouco da história da cidade.
      A exposição é na Casa memorial Regis Pacheco ao lado da catedral
da cidade.
     Vale a pena conferir.

Um casamento especial

     Depois de 14 anos de convivência, meus amigos José Mário e Alberto Magno finalmente vão poder selar oficialmente sua união, no que será a primeira celebração de uma união estável entre pessoas do mesmo sexo em Vitória da Conquista.
     Me sinto muito honrado em ser o padrinho de José Mário.
     O casamento será realizado na residência do casal, em cerimônia reservada. Quem levará as alianças será a filha deles (minha afilhada), que sempre teve o maior orgulhos dos pais.
     Uma família de verdade, dando exemplo de harmonia e cumprimento dos deveres paternos a muitos casais héteros que existem por aí.
     Toda felicidade aos meus queridos amigos e que eles possam prolongar essa convivência por muitos anos. 

Pra quem ama os animais
      
Pra quem ama os animais, vai aqui uma frase atribuída a Chico Xavier, que recebi do meu amigo Esmeraldo Filho, de Vitória da Conquista.
"Nós seres humanos, estamos na

natureza para auxiliar o progresso

dos animais, na mesma proporção

que os anjos estão para nos auxiliar.

Portanto quem chuta ou maltrata um

animal é alguém que não aprendeu a

amar"
Chico Xavier


A polícia do PSDB

     Prezados amigos, esta semana o PSDB deu mais uma demonstração do seu ódio visceral pelo povo brasileiro, ao tratar estudantes da maior e mais importante universidade do Brasil, a USP, como se fossem bandidos.

     Nao é de agora que o PSDB trata os movimentos sociais como se fossem casos de polícia, com apoio da direita nacional, é claro, capitaneada como sempre pela TV Globo, que trata qualquer manifestação como "baderna".

     Eles também taxavam de "baderna" as manifestações contra as privatizações criminosas promovidas pelo governo Fernando Henrique, as manifestações contra a governadora corrupta do PSDB do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, e os manifestantes sem terra do Pará (Eldorado de Carajás) que o também governador do PSDB, Almir Gabriel, mandou fuzilar, assim como tratam qualquer greve com aquela má vontade de sempre. Morrem de saudades da ditadura militar, o único governo que realmente expressava suas vocações políticas, que poderiam ser expressas mais ou menos assim: deixem as decisões com os ricos e tratem de trabalhar que é pra isso que vocês servem.

     Desde que o PSDB começou a governar São Paulo, os programas sociais do antigo governo do PMDB foram extintos (havia um excelente programa para tirar crianças da rua, implantado por Alda Marcantonio) e em seu lugar entrou a repressão pura e simples. Até quando isto vai continuar? E porque o PSDB governa aquele Estado tão importante há tanto tempo?

Sobre isso resolvi transcrever artigo do jornalista Gustavo Alves de Souza,  que é paulistano e ligado ao PCdoB que, diga-se de passagem, não apoiou a ocupação da reitoria pelos estudantes. Acho que sua análise tem muito a nos dizer. 

A USP e seus maconheiros

Esta semana, o Facebook foi inundado pelos brilhantes comentários a favor da prisão dos estudantes da USP que ocuparam a Reitoria da Universidade e foram presos pela Polícia Militar de SP.
Ouvi e li de tudo.
Que os estudantes deveriam ser processados, apanhar, levar "borracha" e outras pérolas. Inclusive de gente que eu respeito e conheço. Gente que individualmente é tranquila e democrática, mas que na hora do estouro da boiada fascista assume posições deploráveis.
Só para esclarecer, não sou nem fui a favor da tal ocupação. Nem eu, nem a maioria dos estudantes que decidiram não realizar este tipo de protesto na sua própria assembleia. Mas daí a se "empolgar" com a criminalização dos movimentos sociais vai uma larga distância.
A presença da Polícia Militar dentro do Campus da USP é apenas mais um capítulo da postura intransigente e antidemocrática que assola a Reitoria. Mas é também fruto da postura mesquinha, conservadora e provinciana que conduz governadores do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes há muitos anos.
O senso comum, que elegeu Ademar de Barros, criou o Janismo e o Malufismo continua entranhado na sociedade paulista.
Uma postura que aceita o autoritarismo, que espera que os governantes eleitos com bandeiras morais possam aplacar esta angústia e revolta que ninguém sabe direito de onde vem, que acredita que os problemas são os outros: baianos, negros, gays ou simplesmente os pobres.
É gritante para quem mora em outras regiões do país, como um estado construído à base de migrantes e imigrantes seja berço de tanta xenofobia.
Tenho conhecidos que nasceram em outros estados, ou são filhos de migrantes que gritam contra a invasão de SP por "nordestinos".
Esta intolerância vai contaminando tudo e todos. Ela justifica os ataques na Paulista, justifica a execução pela polícia, justifica as mensagens carregadas de preconceito contra o ex-presidente Lula, e justifica também o desrespeito pela decisão soberana de uma assembleia estudantil.
É preciso retomar o prumo e a razão.
Não é aceitável que o debate sobre o consumo de drogas se concentre apenas nos usuários, isso foi tentado há anos e só alimentou os barões do tráfico.
Não é aceitável que não haja debate democrático dentro de um ambiente universitário, afinal de contas é o contraditório que alavanca nossa democracia.
Não é aceitável que a destruição de patrimônio público seja justificada pela ausência de diálogo. Protesto é outra coisa bem diferente.
Não é aceitável que a intolerância e o fascismo se entranhem na nossa sociedade, que a democracia seja relativizada e permitida apenas aos "cidadãos de bem".
Acho que a exposição desta nuvem abjeta de preconceitos, exposta de forma exemplar pelo vídeo feito na reunião de socialites de SP, ao contrário do que parece, é uma virtude das redes sociais.
O sentimento existia antes da internet e continua existindo, só que agora é mais explícito e passível de responsabilização, como foi o caso da garota que tuitou "a morte aos nordestinos".
Se não fossem as redes, não haveria a exposição dos que destilam ódio e preconceito por trás de uma roupagem gentil e moderna.
Defendem o "novo", mas exalam o cheiro fétido do velho autoritarismo.

Em tempo: sou nascido e criado na cidade de São Paulo.

sábado, 5 de novembro de 2011

Rapidinhas

Mensagem divina

     Recebi de minha prima Lúcia, lá do Rio, esta foto fantástica.
     Fiquei pensando se em meio a tantas iniquidades por que passa a humanidade, esta não seria uma mensagem de esperança para nós, brasileiros.
     Deixo aqui a mensagem em forma de imagem, para que todos possamos iniciar a semana com o espírito mais elevado.

Bons ventos sopram na Colômbia
     
Gustavo Petro, ex-guerrilheiro do extinto grupo de esquerda M-19, que abandonou a luta armada para participar da vida política democrática na Colômbia, foi eleito prefeito da capital, Bogotá.
     A Colômbia é o último país da América do Sul ainda alinhado aos Estados Unidos e a possibilidade que um governo independente assuma o controle é muito importante para nós, brasileiros, pois colocaria fim a 50 anos de guerrilha, assim como à possibilidade de ter tropas norte-americanas na nossa fronteira amazônica.
     Gustavo Petro é, desde já, um forte candidato à presidência na próximas eleições, a depender do seu desempenho a frente da Prefeitura de Bogotá.
     Não será fácil para ele enfrentar o desafio, num país governado por uma elite fascista, aferrada ao poder e aliada ao narcotráfico, sustentado pelos paramilitares infiltrados nas forças armadas. Além disso terá o desafio de desarmar as FARC, que já foram um grupo de esquerda e descambaram para o banditismo.
     Toda a sorte para ele.

  Ongs e dinheiro público


      O escândalo das ONGs no Ministério dos Esportes, é só a pontinha do iceberg. Não se trata de mais corrupção nos ministérios, mas nas próprias ONGs, que proliferaram nos últimos anos com as mais diversas finalidades e servem de fachada para um monte de negócios escusos e também para sustentar muita gente que não gosta de trabalhar.
      Imagina o que não acontece no Ministério da Cultura, com todos aqueles pontos de cultura espalhados pelo Brasil? A verdade é que o chamado terceiro setor foi uma invenção dos neoliberais, interessados em desmontar o Estado e transferir suas responsabilidades para pequenas comunidades, principalmente na área social, enquanto aos governos restava a tarefa de reprimir o povo e ajudar o capital.
     A falência do modelo neoliberal agora mostra sua cara também nesse setor, que ao invés de substituir o Estado, serviu para criminosos e oportunistas de toda espécie se aproveitarem das carências do povo..

Mundo cão
 
     Os Estados Unidos suspenderam a contribuição que davam à Unesco, depois que esta aceitou o ingresso da Palestina omo membro pleno. Eles não são democráticos? Ou todo mundo vota de acordo com a vontade deles ou partem para a retaliação.
     Mas a Unesco nem deu bola, aprovou mesmo e pronto. Foi-se o tempo que os americanos eram tão ricos que podiam chantagear o mundo. Agora outros países podem facilmente substituí-los no financiamento de uma agência como a Unesco, enquanto eles se afundam na sua crise econômica e política.
     Israel também anunciou retaliações. Vai se aproveitar para roubar mais um pouquinho de terras palestinas, com o apoio do Tio Sam, é claro. Aliás, Israel anunciou que está desenvolvendo submarinos nucleares, para poder aterrorizar o oriente médio com suas conhecidas bombas atômicas. Enquanto isso o ocidente pressiona o Irã, para que suspenda seu programa nuclear, inclusive com ameaças de um ataque aéreo por parte de Israel.
     Que mundo!
    
 

Cidades Sustentáveis
      Fala-se muito de sustentabilidade no Brasil, mas o que seria uma cidade sustentável?
       Quais seriam os caminhos que nossos municípios teriam que trilhar para alcançar este estágio de harmonia com o meio ambiente?
      Sustentabilidade é um termo usado para definir ações e atividades humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações. Ou seja, sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro.
      Quando discutimos o tema cidades sustentáveis, temos que entender primeiro qual é o impacto que uma cidade causa ao meio ambiente no seu entorno, visto que a cidade é um ambiente criado pelo ser humano, uma colônia de humanos, assim como as abelhas criam colméias, as formigas os formigueiros e os cupins seus cupinzeiros.
     Todas essas colônias causam impactos ao meio ambiente e é interessante que o ser humano, um mamífero, tenha começado a se comportar como um inseto, agrupando-se em gigantescas colônias. Em geral os mamíferos não se comportam assim, mas vivem em pequenos grupos.
     Durante milhões de anos, os humanos e seus ancestrais (hominídeos) também viveram em bandos, depois em pequenas aldeias, espalhadas na natureza. Só recentemente, após a revolução industrial, surgiram as imensas cidades, o formigueiros humanos, onde vivemos estressados, apertados, engarrafados nos nossos veículos fumacentos, como se isso fosse uma coisa muito boa e moderna.
     Todos sabemos das dificuldades de viver em cidades, mas também sabemos que viver isolados hoje, significa estar distante dos benefícios que o progresso científico e tecnológico trouxe. As boas escolas, os serviços de saúde, os empregos bem remunerados, estão todos nas cidades. O campo virou sinônimo de atraso e nostalgia.
     O primeiro impacto que uma cidade causa ao ambiente natural é a produção de calor. Uma grande cidade, como São Paulo, cria um halo de calor que avança por dezenas de quilômetros sobre as áreas rurais ao seu redor, agravando o aquecimento global e modificando os ecossistemas que, ao se adaptarem, provocam uma seleção natural eliminando muitas espécies animais e vegetais que não se adaptam à temperatura mais elevada. É a chamada Ilha de Calor Urbano (ICU). (sobre isto ver o trabalho Características das ilhas de calor em cidades de porte médio: exemplos de Presidente Prudente (Brasil) e Rennes (França) - http://confins.revues.org/6070).
     Como no Brasil quase não utilizamos sistemas de aquecimento, o calor produzido pelas cidades é proveniente, em sua maioria, da reflexão do sol no solo pavimentado, das edificações e das fontes autônomas de calor, como automóveis e indústrias.
     Então uma primeira preocupação que os municípios devem ter é a de minimizar este efeito, através da criação de parques, arborização nas ruas, evitando a pavimentação excessiva do solo, tanto nas áreas públicas, como ruas e avenidas, quanto em áreas privadas, como estacionamentos ou mesmo dentro dos lotes residenciais.
     Outras consequências mais sérias, são os resíduos produzidos na forma de esgotos, lixo e gás carbônico.
     O tratamento de esgotos não é nenhuma novidade, mas no Brasil ele praticamente não existe. Poucas cidades tem Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs), capazes de tratar todos os seus efluentes de forma a não poluir seus cursos d'água. Na verdade, nossos rios urbanos se transformaram em verdadeiros esgotos, recebendo tanto efluentes domésticos sem tratamento algum, quanto resíduos industriais, muitas vezes sem cheiro ou odor, mas contendo metais pesados extremamente perigosos para a saúde e capazes de envenenar o meio ambiente e contaminar a produção dos alimentos, feita no meio rural, e que se serve da água contaminada .  
     O mercúrio, o chumbo e o cádmio são os metais mais perigosos. Os pulmões ficam inflamados em contato com o cádmio. Fígado e rins são os órgãos mais danificados pelo cádmio. As articulações das mãos- até as dos dedos e do pulso - ficam paralisadas por contaminação de chumbo. Ingerido em peixes contaminados, o mercúrio debilita as funções cerebrais e seu vapor causa distúrbios psíquicos, como depressão. O aparelho digestivo é atacado pelo chumbo e pelo cádmio
     O lixo virou um tormento, numa sociedade capitalista de consumo, onde a mercadoria virou uma espécie de bezerro de ouro, adorada por todos e promovida incessantemente pela mídia, tendo um ciclo de vida útil cada vez menor, hoje estimado em 6 meses em média, entre a aquisição e o descarte. Assim a produção de lixo aumenta rapidamente exigindo das cidades uma resposta adequada, que passa pela reciclagem dos produtos industrializados e pela compostagem do lixo orgânico, que pode ser transformado em adubo. Mesmo assim ainda existe uma parte do lixo que não pode ser aproveitada (papel higiênico, fraldas descartáveis, lixo hospitalar, etc.) e que precisa ser disposta em aterros sanitários adequados para não poluir o solo.
     Quantas cidades brasileiras dispõem de usinas de reciclagem e compostagem de lixo, que dependem da implantação de coleta seletiva e campanhas de conscientização da população? Pouquíssimas. A maioria dos municípios, infelizmente, dispõe os seus resíduos sólidos em lixões a céu aberto, comprometendo a qualidade do solo e dos lençóis freáticos.
Tudo isso resulta no aumento da incidência de doenças e na piora da qualidade de vida para todos.
     A produção de gás carbônico está relacionada principalmente aos veículos, movidos a petróleo e às queimadas nas áreas rurais. A poluição industrial (fumaça de fábricas) tem sido combatida há muitos anos no Brasil e já mostra uma grande melhora. Leis ambientais exigem filtros em chaminés, reduzindo muito o problema.
     A forma de combater esse problema está na conscientização dos agricultores e na implantação de transportes coletivos eficientes e baratos, capazes de desestimular o uso de veículos particulares. O uso de veículos movidos a eletricidade pode ser estimulado pelos municípios, por exemplo, para uso em táxis, através de incentivos fiscais, ambulâncias e serviços públicos, .
     Outros problemas ambientais provocados pelas cidades, estão relacionados ao consumo de energia e de água. Com a intensa utilização de energia elétrica muitas usinas precisam ser construídas para produzi-la.
     O problema pode ser encarado tanto do lado da produção, buscando formas sustentáveis de produção de energia como a eólica e a solar, como pelo lado da economia, estimulando alternativas ao uso da energia produzida pelas concessionárias. Um bom exemplo são os aquecedores solares para água, de tecnologia simples e barata, que podem se tornar obrigatórios para aprovação de projetos de casas e edifícios, uma providência simples que pode ser tomada por qualquer prefeitura. O aquecedor solar desativa o grande vilão do consumo doméstico de energia, o chuveiro elétrico, reduzindo em muito o consumo e a conta a ser paga pelos usuários.
     Já o consumo de água é mais difícil de ser reduzido por ser uma necessidade básica do ser humano, cujo corpo é composto por 70% deste líquido. O aproveitamento da água da chuva e o reaproveitamento das águas servidas são formas de economia viáveis. Para coletar água de chuva dos telhados é necessário fazer calhas ou bicas e armazená-las em cisternas. Existem várias técnicas desenvolvidas para isto, disponíveis no Brasil. Pode-se usar água da chuva, não tratada, em caixas de descarga de vasos sanitários, para molhar jardins, lavar calçadas, etc. Além disso, pode-se armazenar águas servidas de pias e ralos, após uma filtragem, para reutilizá-las também e para essas mesmas finalidades.
     Normas dos código de obras municipais podem exigir que as residências utilizem esses recursos, como forma de economizar água, mas é preciso salientar que o consumo de água doméstico representa apenas 30% do consumo de água humano. O restante é usado na indústria e na agricultura. A irrigação agrícola precisa ser controlada para não esgotar os cursos d'água, mas retorna à natureza em forma de evapo-transpiração. Já a utilizada pelas indústrias é a que mais polui, justamente com os metais pesados. Esta precisa ser controlada com mais rigor, exigindo criatividade tecnológica para reduzir seu uso e para filtrá-la das impurezas depois de usada.
     Por fim a sustentabilidade das cidades passa pela sua própria organização interna. O maior inimigo do planejamento urbano é a especulação imobiliária, cujo controle no Brasil é praticamente inexistente, causando imensas distorções e desastres ambientais intra-urbanos, principalmente inundações e desabamentos.
     A especulação imobiliária provoca uma contínua valorização dos imóveis, fazendo com que a população de baixa renda seja constantemente expulsa das áreas urbanizadas para periferias sem infraestrutura ou encostas, inadequadas para ocupação. A indústria da construção civil é a maior beneficiada pela valorização imobiliária e por isso resiste à regulações que possam diminuir seus lucros, argumentando que sua atividade gera emprego e renda. Mas os prejuízos causados pela especulação atingem a todos, dividindo a cidade em áreas regulares e invasões, onde as condições de vida são muito ruins.
     Muitas famílias sofrem com desabamentos de encostas, com muitas mortes, principalmente de crianças.
     A falta de drenagem pluvial, aliada ao lixo que vai parar nas ruas por falta de coleta seletiva e políticas de reciclagem, e também à ocupação de encostas e morros que provocam desabamentos e carregamento de terra das encostas para as ruas, tudo isso provoca inundações (já agravadas pelo aquecimento global e o derretimento dos pólos) que causam doenças e agravam os problemas de saúde.
     Para controlar a especulação são necessárias políticas que impeçam a formação de estoques de terras no meio da cidade, que desestimulem o acúmulo de propriedades por uma mesma pessoa e estimulem a construção em áreas que já disponham de infraestrutura urbana. Isso pode ser feito através de leis municipais e políticas fiscais, através do IPTU.
     Uma cidade sustentável é, portanto, uma cidade regulada pelo poder público, que precisa desenvolver constantemente políticas públicas  para corrigir distorções e estimular um crescimento planejado, e que mantenha uma relação saudável com seu entorno natural.
     De nada adianta implantar pequenas medidas de sustentabilidade, se não houver uma visão do todo, um acompanhamento constante das tendências de expansão e de concentração urbana, o que pode ser feito por um Conselho que monitore a implantação do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, legislação obrigatória para cidades com mais de 20.000 habitantes, desde 1998.
     É no plano diretor que todos os interesses conflitantes na cidade se encontram e podem construir um consenso que permita o desenvolvimento equilibrado. Cabe aos prefeitos e vereadores compreenderem esta dinâmica e implementarem as leis necessárias.
     Cabe à sociedade como um todo, se informar sobre essas questões e transformá-las em reivindicações que levem seus representantes a se comprometer com elas.