Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

segunda-feira, 19 de julho de 2010

DULCINA

     A Mostra Dulcina de artes cênicas e artes plásticas, que ocorre a cada final de semestre em Brasília, é um exemplo de interação entre uma instituição de ensino e sua cidade.Todo semestre são muitas peças de teatro e exposições de artes plásticas, com entrada grátis para o público braziliense. Este mês de julho pude assistir a duas peças, Aurora da Minha Vida (foto acima) de Naum Alves de Souza e Anjo Negro (abaixo), adaptação da obra de Nelson Rodrigues. O talento de atores e diretores e a seriedade da mostra, garantem a qualidade dos espetáculos.
      O interessante é que a Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, funciona em lugar precário, é particular, não recebe nenhuma ajuda do governo do Distrito Federal e apesar de viver em eternas dificuldades financeiras, cobra relativamente barato, atendendo uma faixa da população que não consegue entrar na elitizada UnB.
     Mas é lá que se sente a vibração da arte, talvez por ter sido fundada por artistas, com a finalidade de desenvolver e difundir as artes cênicas e plásticas, está muito distante das universidades caça-níqueis particulares que povoam nosso país, com a única finalidade de obter lucros (o site é http://dulcina.art.br/fadm/site/).
     A Dulcina é realmente um templo da arte e da cultura, de onde saem os principais atores que militam no cena cultural braziliense. Falta o GDF fazer alguma coisa por ela, ajudando a fazer crescer a semente plantada pela saudosa atriz Dulcina de Moraes, que abandonou o Rio de Janeiro, depois de uma carreira consagrada para semear no solo de Brasília seu amor pelo teatro e pelas artes em geral.
     Quem sabe Agnelo Queiroz, uma esperança de renovação para Brasília nas próximas eleições para governador, ajude a fazer crescer esse sonho, desapropriando parte do decadente conjunto conhecido como CONIC (inclusive o antigo Cine Atlântida, um dos melhores cinemas de Brasília, perdido para Igreja Universal), para que a faculdade possa se expandir sem precisar pagar aluguel, com verbas também para reforma do prédio que ocupa atualmente.
     Brasília merece.