Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

terça-feira, 16 de março de 2010



Visões da Cultura

Prezados amigos

     Segunda-feira, dia 15 de março, estive em Mucugê, para apresentar propostas ao prefeito Fernando Medrado, relacionadas à cultura. Um Centro de Artesanato (projeto de construção meu e proposta de funcionamento de Paula Soares, nossa

A Arte abandonada de Zofir Brasil Secretária de Meio Ambiente), projeto do levantamento arqueológico do município (pela arqueóloga Fabiana Comerlato, do Museu Arqueológico da UFBA), projeto do Teatro Municipal de Mucugê (meu e da colega arquiteta Nélia Paixão, de Mucugê) e projeto do I Festival Universitário de Teatro da Chapada Diamantina (pela nossa cenógrafa e figurinista, Claudete Eloy).
     Todos os projetos foram previamente discutidos e/ou solicitados pela Coordenadora de Cultura de Mucugê, Rebeca Serra.
     O Prefeito Fernando Medrado não apenas recebeu muito bem as propostas e deu sinal verde para que corramos atrás dos recursos, como solicitou um estudo sobre o aproveitamento de uma grande escavação feita na rocha, no tempo da construção de uma represa, para ser aproveitado como um centro de cultura ou de convenções.
     Se bem sucedidos, os 5 projetos significarão um investimento milionário no pequeno município, gerando muitos empregos na construção dos espaços físicos e na formação de uma geração inteira de artistas, cujo potencial servirá como importante dinamizador do turismo cultural, tornando Mucugê uma referência na região e dando poderoso impulso para criar um círculo virtuoso na sua economia.
     Porque isso está sendo possível em Mucugê e não em Rio de Contas?
     Certamente pela visão que seu prefeito, Fernando Medrado, tem da cultura.
     Seu primeiro acerto foi escolher uma coordenadora de cultura, digna deste nome. Rebeca Serra, sobrinha neta de Esther Trindade e sobrinha de Ordep Serra, honra os nome de família que carrega e, apesar da cegueira, adquirida através da diabetes já depois de graduada em história, tem uma ampla visão sobre o que seja a cultura, tanto em relação ao desenvolvimento das potencialidades do ser humano, beneficiando o povo do seu município, como dos benefícios econômicos que poderá trazer a Mucugê, através do incremento do turismo cultural baseado na promoção de eventos.
     Mucugê, que já é conhecida como cidade que preserva e valoriza o meio ambiente, poderá agora se tornar a capital cultural da Chapada, desbancando Lençóis, que continuará sendo apenas a meca dos trilheiros e dos turistas de fim de semana.
     Portanto, não se trata apenas de promover a economia do turismo, mas de apresentar um turismo com outra qualidade, com outro objetivo, que não seja vender pacotes de passeios, lembranças artesanais e cervejas aos visitantes. Não se trata, ainda, de elitizar o turismo mas de democratizar a cultura.
     Não me conformo que estejamos mais uma vez ficando para trás em Rio de Contas por conta da tacanhez de determinados dirigentes a quem, me desculpe mais uma vez o senhor Prefeito, são entregues as decisões na área da cultura em nosso município.
     Ainda há tempo de mudar isso e compreender que cultura não é apenas folclore e artesanato, nem festas religiosas, mas é o aproveitamento do potencial criativo dos nossos habitantes, para que expandam a sua alma, dando voz ao povo, dando forma à sua criatividade e transformando isso em desenvolvimento econômico.
     Não é possível que a arte de Zofir Brasil, continue abandonada, às custas apenas da própria família que não conta com apoio nenhum para restaurar suas obras e instalar o museu. Não é possível que os objetos arqueológicos encontrados na construção da estrada BA-148, já identificados, restaurados e catalogados, continuem em mãos do Museu da UFBA, aguardando que o Museu Arqueológico da Chapada Diamantina, criado por lei pela Câmara Municipal de Rio de Contas, se transforme em realidade concreta. Não é possível que a juventude riocontense não tenha onde ir e o que fazer à noite e nos fins de semana, se tornando presa fácil para os traficantes.
     E onde estão os vereadores deste município? Será que nenhum deles compreende a importância da questão cultural? Não entendem que estamos perdendo oportunidades de ouro?

     Abraço a todos

     Ricardo Stumpf