Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Rapidinhas
     Viva Cristina

     A presidente Cristina Kirchner deu mais uma demonstração de que está disposta a enfrentar a ditadura dos mercados.
     A reestatização da YPF, a Petrobrás deles, corrige um crime histórico cometido pelo ex-presidente Menen, na época da privataria geral que ocorreu no mundo, após a queda do socialismo.
     Privatizações criminosas, sempre beneficiando interesses dos países hegemônicos, entregaram empresas lucrativas em toda a periferia do capitalismo aos tubarões europeus e norte-americanos.
     Depois vieram com essa história ridícula de que é preciso respeitar os contratos, defendidas pelos de sempre, tipo Rede Globo. Porque respeitar contratos fraudulentos que feriram interesses nacionais para beneficiar gente corrupta?
     Que bom que Cristina inaugurou essa prática entre nós (embora Chavez já tivesse revertido várias privatizações). Aqui também seria muito bom se o Brasil recuperasse a Embratel, a Vale do Rio Doce, e outras empresas estratégicas dadas de presente em troca de moedas podres, na época dos tucanos.
     Miriam Leitão ficou braba na Globo, atacando Cristina Kirchner. Eles morrem de medo que a moda pegue...

Gunter Grass e Israel
     O escritor alemão Gunter Grass, foi proibido de entrar em Israel por afirmar que aquele país é uma ameaça à paz no mundo, pela sua capacidade nuclear e sua agressividade em relação aos vizinhos islâmicos, especialmente o Irã.
     Democrático, não?
     Os israelenses consideram que toda crítica às políticas de Estado deles é um caso explícito de anti-semitismo.
     Na edição passada deste blog, analisei o livro de Jorge Querido sobre Cabo Verde, e nele, este autor comenta que um dos poucos países a apoiar a política colonial portuguesa na África até o final foi Israel. Todos se lembram também do apoio de Israel ao regime racista da África do Sul, em plena época do apartheid, e sabe-se que eles chegaram a oferecer aos sul-aficanos várias bombas atômicas para que fossem usadas em sua defesa, contra os "terroristas" que lutavam contra a discriminação racial.
     Israel não respeita nenhuma resolução da ONU, que desde 1967 manda eles se retirarem dos territórios ocupados da Palestina, e continua violando todos os direitos daquele povo, ocupado e massacrado por eles, sempre sob as bençãos protetoras da mão criminosa dos Estados Unidos.
     Não é, portanto, uma política do atual governo israelense, mas uma política de Estado, que vem desde a partilha da palestina em 1948.
     Desde o reconhecimento de Israel pelo Egito e Jordânia, na década de 1970, que as agressões de Israel não se justificam mais como uma "política de defesa" contra a intransigência árabe, passando apenas a ser uma política de ocupação de terras árabes e de genocídio do povo palestino.
     Até quando eles continuarão desempenhando o papel de vítimas baseados no holocausto nazista?
     Afinal eles não foram os únicos a sofrer. Os ciganos, os homossexuais e os comunistas também foram mortos pelos nazistas. O que eles fizeram com os judeus foi horrível, mas usar isso para justificar as políticas expansionistas e genocidas do Estado de Israel, já virou cinismo há muito tempo.
     É preciso ressaltar que Gunter Grass sempre foi um ardoroso defensor de Israel.
    
O golpe da recessão

     O debate final nas eleições francesas só comprova o que tem sido denunciado há muito na América latina, de que as políticas recessivas propostas opelo FMI, que nunca deram certo em lugar nenhum do mundo, só servem para concentrar riquezas, retirando direitos dos trabalhadores arduamente conquistados depois de séculos de lutas, para recompor as taxas de de acumulação do capital, que vem caindo historicamente.
    É, pois, muito mais um golpe político-econômico do que uma política que vise recuperar alguma economia, como vem denunciando o candidato da esquerda, Melenchon.
    Ninguém consegue se recuperar só cortando gastos, é preciso aumentar o consumo e os salários, na contramão do que vem sendo proposto, para que as economias cresçam, como vem fazendo a América Latina e a Ásia há muito tempo.


 Pedro Guerra

     Deixo aqui, hoje, para vocês a belíssima poesia e letra de música de Pedro Guerra, Tempo e Silêncio. Pra quem não conhece (eu não conhecia), Pedro Guerra nasceu nas ilhas Canárias, território espanhol no atlântico, em 1966. Fica também a gravação desta música por ele e Cesária Évora, a cantora dos pés descalços, de Cabo Verde, que faleceu há pouco tempo, aos 70 anos.
(Peguei o vídeo com a letra em espanhol e português, no Youtube e fiz umas modificações na tradução).


Tiempo y silencio 

      Tiempo y silencio        Tempo e silêncio
   Una casa en el cielo        Uma casa no céu
      Un jardín en el mar        Um jardim no mar
          Una alondra en tu pecho        Uma cotovia em teu peito
        Un volver a empezar        Um voltar a começar
         Un deseo de estrellas        Um desejo de estrelas
            Un latir de gorrión        Um gorjear de pardal
             Una isla en tu cama        Uma ilha em tua cama
  Una puesta de sol         Um pôr de sol
      Tiempo y silencio        Tempo e silêncio
       Gritos y cantos         Gritos e cantos
     Cielos y besos         Céus e beijos
       Voz y quebranto         Voz e quebranto
                 Nacer en tu risa        Nascer em teu sorriso
            Crecer en tu llanto        Crescer em teu pranto
          Vivir en tu espalda        Viver nas tuas costas
            Morir en tus brazos        Morrer em teus braços
       Tiempo y silencio       Tempo e silêncio   
     Gritos y cantos       Gritos e cantos
    Cielos y besos       Céus e beijos
     Voz y quebranto       Voz e quebranto
Una casa en el cielo       Uma casa no céu
   Un jardín en el mar       Um jardim no mar
       Una alondra en tu pecho       Uma cotovia em teu peito
     Un volver a empezar       Um voltar a começar
      Un deseo de estrellas       Um desejo de estrelas
         Un latir de gorrión       Um gorjear de pardal
         Una isla en tu cama       Uma ilha em tua cama
Una puesta de sol      Um pôr de sol
   Tiempo y silencio      Tempo e silêncio
    Gritos y cantos      Gritos e cantos
   Cielos y besos      Céus e beijos
    Voz y quebranto      Voz e quebranto
    Gritos y cantos      Gritos e cantos
   Cielos y besos      Céus e beijos
    Voz y quebranto     Voz e quebranto

Falem com eles



     Um dos maiores problemas das famílias que tem alguém com Alzheimer, é o isolamento social a que os doentes vão sendo submetidos, aos poucos, pois na medida em que as pessoas percebem os lapsos de memória e a confusão mental, se afastam por não saber como agir.
     Na verdade a maioria das pessoas não está praparada para enfrentar situações como esta e só sabe se relacionar dentro de padrões "normais" de comportamento social. Quando a pessoa entra em estado degenerativo e começa a perder sua capacidade de controlar uma conversa, ou de lembrar de fatos recentes, os interlocutores não sabem o que fazer e ficam se olhando constrangidos.
     No entanto, quem tem um parente numa situação dessas aprende logo que não se deve demonstrar surpresa com a confusão do paciente e procurar auxiliá-lo, quando no meio de uma frase, por exemplo, ele se esquece do que ia dizer.
     Ajuda muito também, ir lembrando nomes e fatos, com a maior naturalidade possível, de forma a ajudar a pessoa a manter viva sua relação com a realidade.
     É preciso compreender que o doente de Alzheimer, em geral não sabe que sofre da doença, e faz um esforço muito grande para se manter ligado ao mundo, com dificuldade crescente. Ele não entende porque as pessoas se afastam e fica muito mais constrangido do que quem está dialogando com ele, quando percebe sua incapacidade de manter uma conversação, sendo frequente cair em estado de depressão, numa situação dessas.
     Uma boa forma de lidar com isso, também, é levar tudo na brincadeira, procurando completar as frases que ficaram no ar, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo e introduzir o humor na conversação, para alegrar o doente, de forma que ele perceba que sua convivência pode ser agradável e divertida aos outros.
     A alegria sempre ajuda numa situação de doença, causando bem estar e a produção de substâncias que tem efeito positivo no corpo. Portanto, se você tem um parente com Alzheimer, ou conhece alguém assim, não deixe de visitá-lo, nem de conversar com ele. Isso será um ato de amor e de caridade que pode prolongar a vida dele, ou, o que é mais importante, dar a ele um pouco de alegria numa situação tão difícil como é a de sentir que seu cérebro está se apagando.
     Também é comum as próprias famílias ficarem envergonhadas de seus doentes e escondê-los de amigos e parentes, por medo do constrangimento, o que é outro erro.
     Fale para os outros sobre a doença, deixe que eles aprendam a lidar com ela e, principalmente, aceite o inevitável, sem fazer disso um drama maior do que já é.
     Não deixe seu paciente de alzheimer num quartinho isolado, saia com ele, vá pra rua, leve-o para passear e faça com que as outras pessoas tenham que encará-lo e aprendam também lidar com o problema, assim como você teve que aprender. Explique aos outros como se comportar e trate de alegrar o final da vida de quem você ama e teve a infelicidade de sofrer desses mal. Afinal de contas, todos nós estamos sujeitos a ele.