Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

terça-feira, 8 de junho de 2010

O Gueto de Gaza

     Os fins justificam os meios, dizem aqueles que acham que podem tudo.
     Os meios condicionam o fim, dizem os mais sábios, que sabem que por caminhos errados não se chega a nada de bom.
     O sonho judeu de reconstrução de uma pátria começou errado, com os terroristas de Menahen Begin explodindo hotéis, com hóspedes dentro, para forçar a saída dos ingleses e do seu mandato sobre a Palestina e expulsando famílias inteiras de suas casas para explodi-las em seguida, criando milhões de refugiados e expulsando um povo inteiro de sua terra.
     O holocausto não foi só de judeus, mas também de ciganos, de comunistas, de homossexuais e teria se estendido aos negros e latinos, considerados raças inferiores pela loucura nazista. E hoje essa imensa tragédia serve de desculpa para as atrocidades cometidas pelo Estado de Israel contra os palestinos e contra todos que os apoiem.
     Israel pode tudo, protegido pela grande irmão Estados Unidos, que dá guarida aos seus crimes. Não respeita nenhuma resolução da ONU, ao contrário, debocha das Nações Unidas bombardeando suas escolas e usando seus funcionários como escudos humanos em Gaza. Não se submete a Agência Internacional de Energia Atômica e todos sabem que tem armas nucleares, mas exige cinicamente que o Irã se submeta, que respeite as ONU e a AIEA.
     Decretaram o bloqueio à Faixa de Gaza, porque não gostaram que os palestinos tenham eleito um governo do Hamas, como se eles pudessem decidir quem vai ganhar as eleições palestinas.
     Agora sequestraram embarcações que levavam ajuda humanitária para romper o cerco à Faixa de Gaza, transformada em um triste remake do Guetto de Varsóvia (onde os nazistas mataram milhares de judeus lentamente, de fome) e ao matarem nove civis desarmados, ainda afirmaram que eles mesmos foram os culpados, porque tiveram a audácia de resistir ao sequestro.
     O impressionante é a conivência da grande imprensa. Ao sequestro de navios em águas internacionais, estão chamando abordagem com mudança de rota. Imagine se isto fosse feito pelo Irã ou pela Venezuela, como não estaria sendo chamado pelos nossos jornalões e pelas TVs submissas aos interesses do decadente império americano.
     Tristes tempos. E são esses os que dizem defender a democracia.
     Duas grandes forças atuam hoje na cultura humana; uma quer a união dos povos e outra insiste em manter nações armadas, dominadoras e militaristas.
     Graças a Deus estamos no primeiro grupo, nós que somos descendentes dos navegadores lusos que há 600 anos abriram as portas de todos os mares; dos tupis, por sua vez descendentes dos que descobriram e conquistaram o continente americano há mais de 40.000 anos e dos reis africanos, que resistiram a 300 anos de escravidão nas américas e que descendem, eles mesmos, da raça fundadora da humanidade, dos primeiros homo-sapiens que saíram da África para conquistar o mundo há mais de 200.000 anos.
     Somos herdeiros de muitos impérios, muitas conquistas e muitas derrotas também. Herdeiros de sofrimentos e guerras, aprendemos que a melhor maneira de viver é a paz e que só na fraternidade é possível construir um futuro. Os que pensam em vencer escravizando, dominando, conquistando, não aprenderam nada.
     Israel apenas repete nos outros, o que sofreu. Aprendeu com seus algozes a oprimir, matar, negar o direito de povos inteiros à vida. Não tem futuro, assim como não terão futuro os descendentes dos bárbaros que conquistaram Roma e ainda sonham com novos impérios.
     Israel se encaminha novamente para um desfecho trágico, porque seu povo escolheu o caminho errado, porque se tornou apenas instrumento de um projeto de dominação imperialista.
     Muito sangue ainda correrá até que a justiça seja feita e as coisas voltem para o seu lugar, até que os próprios judeus se libertem desse projeto sionista, expansionista e opressor, mas já passa da hora do Brasil mudar sua posição em relação à Israel. Está na hora de repensar as relações com um governo que age como bandido.

     Abraço a todos
     Ricardo Stumpf