Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 21 de março de 2010

ARCA

Pois é, amigos leitores, ontem, dia 20 de março, aconteceu a segunda reunião da ARCA, quando discutimos o projeto de estatuto, que recebeu muitas contribuições e ficou de ser aprovado na próxima, quando será também eleita a diretoria.
Como destaque está a criação de diretorias artísticas de cada área, teatro, música, artes plásticas, literatura, etc., que correrão atrás dos editais e dos seus projetos, sempre prestando contas ao Conselho Diretor e à Tesouraria.
Recebemos também na reunião a visita de dois gestores da área da cultura, que vieram nos apresentar um projeto de circuito cultural da Chapada, que busca selecionar grupos tradicionais para se apresentarem em outras cidades da nossa região. Fizemos uma explanação à eles sobre a nossa diversidade cultural e a nossa fertilidade em talentos, para que eles possam fazer a seleção, apresentando-os a alguns grupos locais.
Como se vê, a decisão dos artistas locais de se organizarem já está atraindo propostas.

Cachorros de classe

Gente, vocês já começaram a receber aqueles e-mails eleitorais falando mal do Lula? Pois é. É o terrorismo eleitoral do PSDB na internet começando.
Parece que uma certa classe média brasileira não perdoa o operário por ter invadido a sua praia, estragado seus sonhos de passar a fazer parte da classe rica e menos ainda por ter sido um bom presidente. Não é de se estranhar que em um país (e antes numa colônia) governado há 500 anos por uma elite cruel e sanguinária, que achava a pobreza do povo a coisa mais natural do mundo, ver uma multidão saindo das favelas e começando a consumir, ver os miseráveis virando cidadãos, passando a ter direitos e opiniões...que coisa estranha, não?
Conheço gente que se enche de cachorros dentro de casa, até dorme na cama com eles, gastam fortunas com banhos, veterinários e cirurgias, e só sabe falar mal do povo.
Parece querer dizer: prefiro os cachorros ao povo. É um desprezo enorme e despeitado, porque eles não tem um futuro, não tem um horizonte que não seja o sonho de se tornar membros da classe que desprezou e maltratou o povo brasileiro tantos séculos.
Mas como dizia aquele antigo colunista: a caravana passa e os cães ladram.
Com Marina ou Dilma, a caravana do povo brasileiro vai passar.

                                                                                Isabel

Muito legal a trilogia de Isabel Allende, para jovens. Os livros A Cidade das Feras, O Reino do Dragão de Ouro e A Floresta dos Pigmeus (Editora Bertrand Brasil).
A escritora chilena, radicada nos Estados Unidos, criou três aventuras em sequência, primeiro na Amazônia, depois no Himalaia e finalmente na África.
As histórias, muito divertidas e cheias de ação, mostram as culturas dos povos de um ponto de vista espiritualizado e muito humano, embora façam algumas concessões ao gosto norte-americano, ao estilo Indiana Jones, principalmente no segundo.
Carregam também um pouco do preconceito que os povos de países frios tem contra os países tropicais.
Na Amazônia, por exemplo, Alex, o rapaz americano que é um dos heróis da trilogia, luta contra as sanguessugas o tempo todo, mesmo estando em um barco sobre o Rio Negro. Eu, que sou filho de paraense e fui muitas vezes à Amazônia, inclusive morei três anos em Manaus, nunca vi uma sanguessuga por lá.
Elas devem existir, mas na imaginação dos nossos friorentos vizinhos chilenos, viram um verdadeiro pesadelo. Nossa onça é chamada o tempo todo de jaguar, talvez um erro de tradução.
Mas o final da trilogia é muito bonito, e regata o forte de Isabel Allende que é sua espiritualidade, quando junta todas as culturas da Ásia, África e América, numa invasão de seres reais, mitológicos e espíritos iluminados:

     "Pelos quatro pontos cardeais entraram en Nagoubé as forças convocadas pela Águia.  O desfile era aberto pelos gorilas da floresta, negros e magníficos, os machos na frente, seguidos pelas fêmeas com suas crias. Vinha depois a rainha Nana-Asantê, soberba em sua quase nudez e seus escassos farrapos, os cabelos eriçados, formando uma espécie de halo de prata; montava um elefante tão idoso quanto ela, marcado por cicatrizes produzidas pelas lanças.
     A rainha era acompanhada por Tensing, o lama do Himalaia, que atendera ao chamado de Nádia e se apresentava em seu corpo astral; o mágico era seguido por uma banda de amendontradores iétis, com seus aparatos de guerra. Também surgiram na praça o xamã Walimai e o delicado espírito de sua esposa e, atrás do casal, a cabeça que reunia as feições de treze mitológicas e prodigiosas feras da Amazônia. O índio voltara à juventude e se apresentava como um guerreiro enfeitado com pinturas e adornos feitos de penas.
     Por fim entrou na aldeia a vasta e luminosa multidão da floresta: os antepassados e os espíritos de animais e de plantas, milhares e milhares de almas, que iluminavam o lugar como se fossem um sol de meio-dia e refrescavam o ar com uma brisa fria e límpida."

Um bom presente para a juventude

Abraço a todos

Ricardo Stumpf