Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

 
POLUIÇÃO SONORA
  
  
  
 

      Prezados amigos

      Recebi este comentário sobre o carnaval de Rio de Contas (publicado em um site intitulado Mural 15 Soluções em mídia exterior), que me pareceu bem equilibrado.
Veio com muitas fotos, mas o arquivo ficou muito grande, razão pela qual reproduzo (acima) apenas algumas, relativas à poluição sonora.
      Com esta postagem, gostaria de encerrar este assunto.
      
      Abraço a todos.

      Ricardo Stumpf 


Fotografei alguns dos carros de sons que desfilaram suas potências tecnológicas e mau gosto geral no carnaval de Rio de Contas.
O bonecos, as caretas, as fanfarras, crianças e velhos nas ruas compõe o cenário.
Dois palcos: um menor das músicas velhas e das bandas de sopro e um maior, das bandas "modernas", com seus cantores malhados e suas bailarinas enfeitadas. Um " varre, varre, vassourinha" e o outro " enfia, enfia, a calcinha".
Contraditoriamente, mas, sinalizador da tendência, é no palco das fanfarras onde o público mais brinca e dança, mas é no palco grandioso onde a juventude se concentra e os "nativos da roça" fixam olhares indecifráveis.
A maioria dos "carnavais particulares" em áreas públicas ocorriam em frente às casas alugadas ou das barracas armadas. Nossa incapacidade de entender começa pela condição imposta a todos de não ter nenhum diálogo que não seja no "grito de pé de ouvido". A segunda é pela qualidade das músicas nos seus aspectos de letras e ritmo, sintetizando idiotia nos dos itens. A socialização da seleção de forma autoritária, impositiva e compulsória é a questão.
O desfile da baianas tinha mais "baianos fantasiados de mulher", como são muitos outros blocos. O concurso de fantasia, tinha seus participantes "identificados" para que os "juízes" pelo meio da rua fossem atribuindo-lhes nota, ao encontra-los dispersos, sem uma passarela ou participação popular.
Rio de Contas vive o dilema entre o velho e o novo. A cidade busca equilibrar-se entre a sua característica histórica / bucólica e repousante e o agito das ruas das grandes cidades em dias de carnaval. A palavra Carnaval encerra os sinônimos de muito álcool, pegação, aperto, suor, energia, hormônio, liberdade e liberalidade, sexo, droga, pouco sono, lixo, mijo na rua, barraca, churrasquinho, acarajé e zoada. Como compatibilizar isto em uma cidade Patrimônio ? Como fazem em Minas Gerais, as cidades de Diamantina, Tiradentes, Ouro Preto, Conceição do Mato Dentro.
Como aproveitar as oportunidades de aumento de fluxo turístico e renda para toda a população, sem descaracterizar e violentar a cidade ? Como agregar os novos visitantes sem afastar os velhos ? Qual o perfil do público do carnaval de Rio de Contas ? O que traz e deixa os distintos públicos visitantes ?
Rio de Contas tem seus desafios, suas questões, seus caminhos. Amor à cidade, respeito às suas tradições e história, responsabilidade patrimonial, civil e política deve ser a base do debate que não deve subordinar-se a interesses pessoais, de grupos ou setores econômicos. É claro e óbvio, que com seriedade e competência, sem corrupção e suborno, ninguém poderá atentar contra uma cidade sem ser punido e responsabilizado. Favelas existem por irresponsabilidade, negligência, incompetência, banditismo, desgoverno, corrupção, desmandos e as demais mazelas da natureza humana.
Rio de Contas vai fazer seu Plano Diretor Urbano. Ele não deve e não pode ser uma peça de ficção ou para prateleiras de Bibliotecas, não deve ser os "pacotes prontos" financiados pelo Banco Mundial para cumprir leis "me engana que eu te engano". Deve ser um plano que contemple os rumos presente e futuros, a vocação da cidade, sua arquitetura e urbanismo, sua cultura. Educação, educação, educação ! Deve ser um plano que norteie o dia a dia da cidade, seus vetores de crescimento, seu controle de solo, de possibilidades empresariais e econômicas. Não se pode permitir em Rio de Contas "qualquer" construção, indústrias poluidoras, galpões pré moldados sem estilo e padrão a exemplo do que já assistimos em Lençóis e até mesmo em Mucugê.
Rio de Contas deve fugir do tecnicismo, da burocracia desnecessária, da "chatice" do mofo de alguns funcionários públicos ou dos "bicho grilo" que só tem compromisso com seus umbigos e viagens. Tirar o melhor de todos, dos que podem e tem prá dar !
Turismo em Rio de Contas é real, existe, tem potencial mas é primitivo, pobre, jovem, amador, feito de boa vontade e boas intenções, até mesmo de sacrifico e abnegação de alguns, mas inseguro, sem sinalização, sem guias treinados e preparados, sem grupo de resgate, sem pontos de apoio.  
O Governo de Minas fez um forte investimento na "estrada real", com turismo solidário, sinalização, controle, permanentes treinamento e formação de mão de obra. Apoio de crédito real e justo, sem ganância e extorsão, pautado na condição verdadeira de pagamento e investimento dos empreendedores. Muito há a ser feito, e isto é muito, muito, bom !
O primeiro comentário e este segundo, são opiniões cidadãs, baseadas em experiências profissionais e políticas. São contribuições de um passageiro, de um andarilho, de um turista, naturista, nativista, viajante, trilheiro, praiano. montahista, apaixonado pela terra.
Todas as imagens são de livre uso.
Antônio Carlos Aquino de Oliveira
(71) 9975-4640