Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

segunda-feira, 21 de junho de 2010


Segunda-feira

     Prezados amigos

     Devido a algumas observações de leitores deste blog de que eu estava enchendo suas caixas de mensagens de tanto escrever e de que não estava sendo possível acompanhar direito o blog, com a leitura e posteriores comentários, resolvi publicar somente às segundas-feiras, e por isso mesmo, resolvi mudar o nome do blog para Segunda-feira.
     Passei também a usar meu nome inteiro Ricardo Stumpf Alves de Souza, ao invés de apenas Ricardo Stumpf pois, por incrível que pareça, existem vários Ricardos Stumpf na internet brasileira (procurando rapidamente achei seis).
     Espero que os leitores gostem e continuem mandando críticas e sugestões.


Trevas e meio-ambiente

     Viajando pela chapada neste final de semana, pude observar a grande transformação que a pavimentação de uma estrada pode causar. Povoados antes isolados, servidos por caminhos de terra, se transformam com a chegada do asfalto.
     Tudo muda e com a estrada chegam inúmeros outros benefícios, trazidos pelo trânsito de veículos e pessoas que vão passando, interagindo com aquelas povoações antes esquecidas, comprando, vendendo, trazendo novas idéias.
     O asfalto vai acabando com uma civilização antiga, que estava ali há séculos, parada, evoluindo muito lentamente e dá lugar ao choque do progresso. Sem dúvida pode-se dizer que o progresso é uma coisa boa na vida das pessoas que estavam longe dele. Mas junto com ele chega um novo padrão civilizatório que no Brasil é muito descuidado com o meio-ambiente e possui padrões culturais e estéticos muito precários.
     Se os antigos povoados e vilas se caracterizam pelas casas de adobe, com seus beirais, seus quintais, sua simplicidade digna, que dialoga muito bem com a rua ou caminho que lhe passa defronte, formando um conjunto harmônico, cujos signos principais, baseados em tradições antigas, são a base para o reconhecimento mútuo dos seus cidadãos, no novo padrão desaparece a harmonia, substituída por uma estética oportunista, feita de caixotes sem nenhuma beleza, surgem os muros, os portões de garagem, que vão bloqueando o visual do interior das propriedades, e a rua vai se tornando isolada das casas e as pessoas isoladas umas das outras, e vem o lixo, o descuido com o que está do lado de fora e o egoísmo, que só se importa com o que é de cada um, deixando o coletivo para o poder público, incapaz de substituir com seus poucos recursos, a responsabilidade comunitária que havia antes, sobre tudo e todos.
     Se é preciso vencer as trevas com o progresso, é preciso também estabelecer novos padrões de civilização e urbanização, com normas muito mais rigorosas a respeito das construções e também implementando iniciativas que reforcem o espírito coletivo das comunidades, evitando que as famílias se isolem e passem a agir de forma predatória, prejudicando o meio-ambiente natural e social de onde vivem.

     Abraço a todos

     Ricardo Stumpf