Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 9 de outubro de 2011

Rapidinhas
Im-Previdência

   Pois é, amigos leitores. Há dois anos que estou tentando obter uma tal Certidão de Tempo de Contribuição (CTC), do governo do Estado da Bahia, exigida pelo INSS, para averbar meu tempo de serviço como sub-gerente de obras na Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus.
     Apesar de já ter mostrado ao INSS meus contracheques da época, com os descontos previdenciários para o Instituto de Previdência do Estado da Bahia (IAPSEB na época) e toda a documentação que prova meu cargo, tempo de serviço e remuneração, o INSS exige o tal CTC, para incluir esse período na minha contagem de tempo para a aposentadoria.
     A UESC diz que quem tem que fornecer a certidão é o governo do estado através da FUNPREV (novo nome do IAPSEB). Já fui à Salvador, tentar resolver isso e me diseram que quem tinha que fornecer era o órgão onde eu prestei servço, ou seja, a UESC. Inclusive o funcionário de Salvador ligou para Ilhéus na minha frente e orientou o funcionário da universidade sobre o procedimento e me garantiu que o documento iria pelo correio para minha casa. Nunca recebi nada.
     Depois disso voltei a Ilhéus e me forneceram outro documento, que o INSS também não aceitou.
     Antes disso, entrei no site da FUNPREV, onde é possível solicitar esse documento on-line, e fiz o pedido - EM JULHO DE 2009 - e até agora, quando acesso meu protocolo só aparece o seguinte: status: solicitado.
     Não é ótimo? De que serve informatizar o serviço se ele não funciona? Enquanto isso estou pagando minha contribuição ao INSS sobre o tempo que me resta para conseguir a aposentadoria, sem poder ver reconhecido o meu direito. O INSS alega que a certidão tem que ser feita pelo governo do Estado para que eles possam fazer a cobrança do repasse das contribuições feitas. Mas os documentos que eu apresentei (contracheques e declarações ofciais de tempo de prestação de serviço) não são suficientes para que eles façam esta cobrança?
     Cabe ao contribuinte ficar intermediando essa pendência entre um órgão federal e outro estadual? O certo é que eles se resolvessem entre si, sem deixar o ônus para o servidor que prestou o serviço, contribuiu e agora não tem seu direito reconhecido.
     Revoltante.

Al Moody's 

     Pois é gente, estou suspeitando que a Al Qaeda está infiltrada na tal agência de classificação de risco Moody's. Nunca vi agência mais terrorista. Rebaixou a nota da Grécia e o país faliu. Depois foi a vez de Portugal, da Espanha e da Itália. Aí rebaixou a nota dos Estados Unidos, colocando Obama na maior encrenca, depois rebaixou a nota do maior banco da Bélgica, ontem rebaixou a nota de dez bancos ingleses e hoje disse que pode rebaixar a nota da dívida de longo prazo da Bélgica.
     Cada vez que a economia ocidental ensaia uma recuperação a Moody's ataca, causando perdas de bilhões de dólares no mundo inteiro.
     Caramba, isso é muito mais eficiente que carros bomba! Com é que ninguém tinha pensado nisso?
     Um rebaixamentozinho aqui, outro ali e lá se vão milhões de empregos e o ocidente patina, numa crise sem saída à vista. Sugiro aos serviços secretos das potências ocidentais fazerem uma investigação lá dentro. É capaz de encontrarem alguns discípulos de Bin Laden, muito bem instalados e ainda por cima ganhando milhões de dólares especulando com títulos dos países que eles vão destruindo, um a um.
      
Ainda não caiu a ficha

     Tem gente que não aceita virar a página e insiste em viver no passado.
     Vejam o caso de alguns líderes mundiais, como o venezuelano Hugo Chaves. Esta semana anunciou bombásticamente que estava fazendo um acordo comercial com a Rússia, o que incluiria a compra de armas, como se os Russos ainda fossem inimigos dos Estados Unidos.
     Na falta de uma política melhor para o seu país, Chaves quer restabelecer o clima da guerra fria, que acabou há 20 anos. Aliás não é só ele. O próprio Obama anuncia que só restabelecerá relações com Cuba depois que aquele país fizer progressos rumo à democracia, como se Cuba ainda fosse uma perigosa base soviética. O engraçado é que eles se relacionam com um monte de ditaduras pelo mundo, muitas sustentadas por eles mesmos, como as dos países árabes, que agora estão sendo derrubadas pelos seus próprios povos, sem nunca exigir nada em troca.
     E o pré-candidato a presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, Mitt Romney, que anunciou que Deus quer que os Estados Unidos governem o mundo? Pior ainda, disse que gostaria de estabelecer uma "relação privilegiada" com a América Latina. Sabemos muito bem o que isso quer dizer. Quando eles falam em relações privilegiadas estão falando em fazer alianças com o pior tipo de direita que existe por aqui, para promover golpes de estado e acabar com a nossa independência e democracia.
     Que Deus nos livre dessa gente.
    
Violência nas escolas 


     Estou cansado de ouvir as mesmas opiniões conservadoras sobre violência nas escolas.
     De que antigamente não era assim e sou do tempo em que os alunos respeitavam o professor e precisamos de mais disciplina, etc. Mas a verdade é que ninguém quer ver a falência de um sistema que se baseia justamente na disciplina e na imposição, para lidar com anseios e demandas de uma geração que não aceita mais ser reduzida a meros ouvintes e quer ser tratada com respeito.
     É incrível como os professores e as próprias escolas nunca assumem sua parte de culpa nos eventos. A responsabilidade é invariavelmente atribuída aos próprios alunos ou às suas famílias, além de outros fatores recorrentes, como a televisão, a internet, as drogas, o consumismo, etc.
     Não se trata de negar a violência que existe nas ruas, e que não poderia deixar de invadir o espaço das escolas (porque só a escola seria preservada desse fenômeno?), mas de perceber que a maioria dos professores não sabe lidar com seus alunos, não tem a menor noção de psicologia e nem de democracia e não faz questão de ter.
     A escola em si, seja ela pública ou privada, brasileira ou estrangeira, de todos os níveis, com honrosas excessões, se baseia no autoritarismo, onde um sujeito, professor ou professora, pretende ter um domínio absoluto sobre os outros, que são tratados como meros objetos, seres passivos, que tem que aceitar tudo o que o professor diz ou faz, como se ele fosse infalível, se sujeitando a vários tipos de punição caso não se submeta docilmemente.
     Quem já não teve um daqueles professores terríveis, que faz gato e sapato com seus indefesos alunos, descarregando suas frustrações e até mesmo suas taras sobre eles? E o que se faz para coibir tantos abusos? Nada.
     O professor tem sempre a razão, é sempre a vítima. Até parece que nenhum  de nós foi vítima desse tipo de coisa no nosso tempo de escola. A diferença é que agora a possibilidade de regir violentamente saiu das telas do cinema e chegou às nossas esquinas. A revolta e a humilhação do aluno, antes curtidas em silêncio raivoso e descontadas no colega mais fraco através do bulling, tomou coragem para revidar diretamente naquele que simboliza a opressão dentro da sala de aula: o professor.
     É incrível como as escolas, tão descuidadas no ensino do português e da matemática, são tão ciosas em colocar alunos em filas, como se fossem soldados, estabelecer proibições de todo tipo e fazê-los se sentirem tão inferiores diante da autoridade do professor.
     Para que isso? Porque não estabelecer uma regra de respeito mútuo entre professores e alunos dentro de sala de aula? Os alunos não são cidadãos? Não é isso que se apregoa aos quatro ventos, de que é preciso formar cidadãos críticos e conscientes? Mas como fazê-lo se eles são reduzidas a condição de seres-objetos?
     Não sei se é porque fui formado numa escola onde a democracia era a base do relacionamento entre professores, estudantes e funcionários, o antigo CIEM, da Universidade de Brasília, mas como professor nunca tive essa dificuldade em me relacionar com meus alunos.
     Existem alunos problemas? Existem, claro. Lidar com gente nunca é fácil. Mas isso existe também nas empresas, nas repartições públicas, nas associações de qualquer tipo. Faz parte da natureza humana ser contraditório e há uma maneira melhor de lidar com isso do que apenas com medidas disciplinares.
     Talvez seja chegada a hora de uma nova educação, mais libertária, com uma democracia verdadeira dentro das escolas, que vá além das meras eleições para diretor ou para escolher representantes estudantis, onde o aluno possa fazer seu próprio currículo, desenvolver livremente sua vocação, produzir conhecimentos, ao invés de apenas recebê-los empacotados (embolorados?), trabalhar junto com os profesores na construção desse conhecimento novo, sem a preocupação de ter de se manter sob a sombra de um mestre, que na maioria dos casos, nem tem competência para propor nada de novo.
     Enquanto os professores continuarem entricheirados em seus sindicatos, reivindicando apenas aumentos, sem discutirem uma nova educação e insistindo em se manter em seus pedestais, temo que a violência só vá aumentar.E enquanto a escola pública depender de prefeitos e governadores descompromissados e a escola particular continuar a ser um simples negócio visando lucros, nada vai mudar, a não ser para pior.