Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 26 de agosto de 2012

O Paiz
Eleições na Bahia
Pobre Salvador 

     Pobre cidade de Salvador. Tão abandonada, tão favelizada, tão suja, tão sofrida.
     Quando vejo os trabalhadores nas paradas de ônibus, sofridos, esperançosos, cansados...
     Quando vejo os motoristas nos seus carros financiados, desiludidos do sonho comprado à prestação, presos no trânsito parado, sem alternativa de transporte de qualidade...
     Quando vejo os olhares das vítimas da violência urbana, na sala de sutura do HGE, olhares calados, chocados, traumatizados, cheios de medo...
     Quando vejo a arrogância da polícia nas ruas, intimidando os cidadãos, ao invés de lhes passar um sentimento de proteção...
     Quando vejo a propaganda política, tão cheia de cinismo, de falsas verdades, de candidatos abraçando criancinhas e escondendo os interesses ocultos que os movem...
     Quando vejo a aridez do panorama político da cidade, da outrora orgulhosa e bela, cidade de São Salvador da Bahia.
     Penso em quanto este povo terá de sofrer ainda até encontrar seu caminho e se transformar numa sociedade próspera e justa.
     Pobre Salvador, sempre 20 anos atrás do resto do Brasil. Tão africana na sua alma e na sua incapacidade de resolver suas contradições.

Em Conquista, mais do mesmo


     As eleições em Vitória da Conquista, este ano, terão pela primeira vez um segundo turno, devido ao crescimento do eleitorado, que já ultrapassa 200.000 eleitores.
     Pena que as alternativas sejam as mesmas. Guilherme Menezes, do PT, tenta se eleger pela quarta vez, com o mesmo discurso, fazendo o tipo justiceiro humilde, que ninguém aguenta mais. A oposição, no entanto, não conseguiu apresentar um nome que mobilizasse a cidade em torno de um novo projeto. Seus candidatos ou representam coligações muito fracas, ou representam as velhas elites corruptas, afastadas do governo pelo PT há tantos anos.
     Portanto, devemos ter por lá mais quatro anos do mesmo feijão com arroz, sem os tão necessários projetos de reestruturação urbana que a cidade necessita.

Rio de Contas é 12


     Impressionante o crescimento da candidatura de Dr. Cristiano na histórica cidade de Rio de Contas, na Chapada Diamantina. No sábado, 25 de agosto, uma imensa carreata tomou conta da cidade. Nas casas só se vê o número 12.
     Gente de todas as tendências se uniu contra o despotismo do atual prefeito e seus assessores que só sabem perseguir e maltratar o povo. A cidade parece estar se aprontando para se levantar e dar um sonoro basta aos desmandos da velha classe política. 
     Como diz aquela antiga canção, levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!
Rapidinhas

Eleições municipais no Brasil

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Perdas

     Há muitos anos atrás, 37 para ser mais exato, no dia 27 de agosto de 1975, nascia meu filho José.
     Ele viveu apenas três dias, pois seus pequeninos pulmões ainda não estavam completamente formados, já que ele veio ao mundo prematuramente, com apenas 6 meses e meio de gestação.
     Os três dias de vida de José, a quem eu e minha companheira chamávamos carinhosamente de Zezinho, foram passados dentro de uma incubadora, em um hospital público de Porto Alegre. Um casal jovem e sem recursos, em plena ditadura militar, pouco podia fazer para valer seus direitos. José morreu no dia 30 e só pude carregá-lo nos braços dentro do seu pequeno caixão, para o cemitério João XXIII, numa manhã de sol.
     Uma vida de apenas três dias que deixou um vazio impossível de preencher.
     Hoje, 37 anos depois, ainda sinto sua ausência e me recordo sempre dele nesta data, lamentando que, se fosse hoje, possivelmente ele poderia ser salvo pelos avanços da medicina.
     Neste dia sinto por todos os pais do mundo que já perderam filhos que, pequenos ou grandes, não importa a idade, deixam uma dor incurável nas nossas vidas.

Poesia da semana


Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

Mário Quintana
Ainda a África

     Minha resenhas anteriores sobre a África deixaram passar muita coisa, como não poderia deixar de ser, em se tratando de um continente tão vasto e complexo e de uma obra tão grande e rica como a de Alberto da Costa e Silva. Por isso resolvi pontuar alguns aspectos que achei interessante e passei por cima.

A sublime porta

     Na exploração da costa africana do índico, que os portugueses chamavam de contracosta, ao contrário da costa atlântica, eles se deparam com cidades construídas de pedra e cal, um intenso tráfego marítimo e um mercado muito desenvolvido entre a Índia, a África, a Indonésia, eo Golfo Pérsico. 
     A potência dominante nessa área, então, era o Império Otomano, dominado pelos turcos, contra o qual Portugal travou uma disputa intensa Ao par da exploração comercial os turcos também usavam sua influência para difundir a religião islâmica, bastante desenvolvida naquela área.
     Quando Costa e Silva se refere ao Império Otomano, ele usa a expressão A Sublime Porta. Pesquisando a razão disso encontrei a explicação: O Sultão Otomano, quando recebia os embaixadores estrangeiros em Istambul, tinha o hábito de fazê-lo nos jardins internos, junto ao portão do palácio imperial, que os turcos chamavam assim.
      Por isso o governo turco passou a ser conhecido na diplomacia como a Sublime Porta. O portão foi preservado, após a queda do império em 1922, e hoje é a entrada da Prefeitura da cidade de Istambul.

Os Iorubás

     Estima-se que mais de 11 milhões de africanos foram vítimas do tráfico de escravos, entre 1450 e 1900. Desses, calcula- se que cerca de 4 milhões vieram para o Brasil, tornando-se um componente importante da matriz etnica da atual população brasileira. Dentre os que para cá vieram, sobrevivendo aos horrores da captura e da travessia oceânica, muitas etnias africanas estavam representadas, principalmente as que habitavam a costa Atlântica da África, ou suas imediações.  
     Mas de todas os povos da África que foram trazidos, quando se fala de cultura africana no Brasil, sobressai logo a cultura dos chamados Iorubás, originários da atual Nigéria. 
    Mas quem eram eles?
   Na verdade, vários povos da região onde hoje fica a Nigéria, falavam o idioma iorubá. Portanto, iorubá não era um reino, mas um grupo étnico-linguístico, que abrangia vários povos e cuja região também é conhecida como Yorubo (veja no mapa acima). 
     Algumas de suas cidades-estado eram Oyó, Ijexá e Lagos, dentre outras.
     Todos seguiam um líder espiritual que habitava a cidade sagrada de Ifé, líder este que vivia recluso e que consagrava os reis da região, chamados de Obás. Ifé era considerada o umbigo do Mundo, o centro do universo. 
     Só no século XIX um estudo feito por um linguista inglês, passou a considerar o termo iorubá, como se referindo a uma nação.
     Sua língua, aqui no Brasil, passou a se chamar nagô e está muito presente nos rituais das religiões de matriz africana, principalmente o candomblé. Ela também é falada em Cuba e em regiões dos Estados Unidos
     Mas nem todos os iorubás que vieram para o Brasil praticavam a religião tradicional africana. Muitos eram muçulmanos, que aqui eram chamados de malês.
     A história dos africanos islâmicos no Brasil ainda está para ser contada. Muitos deles eram alfabetizados e lideraram as principais rebeliões de escravos na Bahia.
     Para quem se interessar, existem dicionários português-iorubá, desenvolvidos no Brasil. 
     Pesquisando sobre os iorubás na internet, achei muitas informações desencontradas. O site que me pareceu mais sério foi este abaixo: 
     http://civilizacoesafricanas.blogspot.com.br/2009/10/civilizacao-ioruba.html
   Noz-de-cola


     No livro de Alberto da Costa e Silva sobre a África (A Manilha e o Libambo), ele fala muito na noz-de-cola, como um dos produtos mais procurados pelos portugueses, na época dos descobrimentos, mas não explica o que é.
     Pesquisando sobre o assunto, descobri que a noz-de-cola é um fruto, em forma de noz, usado como estimulante e afrodisíaco pelos africanos. E mais, que ele é a matéria prima dos refrigerantes cola.
     Para conferir, fui ver a tampinha da garrafa de Coca-Cola (aquela tampinha de plástico de rosca) e está lá escrito: refrigerante à base de noz-de-cola, entre outros ingredientes. 
     Mas então os refrigerantes cola não são tão artificiais assim como sempre nos fizeram crer. Eles também usam uma matéria prima natural, baseada no fruto africano.
     Mais informaçãos à respeito no site abaixo:
     http://www.criasaude.com.br/N4397/fitoterapia/noz-de-cola.html