Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

terça-feira, 30 de março de 2010




Navegando

Prezados amigos

Agradeço a todos os que fizeram comentários sobre o assunto da premiação da cidade, mas acho que pouco adianta seguir comentando sobre isso, até porque a Prefeitura parece não se sensibilizar com críticas nem estar interessada em dialogar.
Eu tinha proposto uma negociação a eles (que depois foi aprovada pela ARCA) e estávamos nos preparando para receber Márcio para uma conversa  e em troca me foi pedido que eu parasse com as críticas à cultura, o que eu estava cumprindo. Aí eles aparecem com o prêmio, feito às escondidas  para mostrá-los como apoiadores da cultura, nos desacreditando e salvando as aparências.
Uma traição e uma boa lição para nós, de que não adiantar esperar muito dessa gente que aí está. Cabe a nós, artistas da cidade, traçar nosso próprio caminho e para isso foi fundada a ARCA, não para ser contra ninguém, mas para ser a favor da cultura.
Bom, eu não posso falar pela Associação mas creio que ela, pela sua própria natureza vai acabar dialogando com a Prefeitura, seja neste ou em outro governo, porque as parcerias serão sempre necessárias, dos dois lados. O que falta para isso é visão política (que nos liberte da politicagem) e uma verdadeira compreensão do que seja cultura. Mas logo a ARCA terá um rosto próprio, com a eleição de sua diretoria (da qual não farei parte por já pertencer à diretoria de outra associação), o que facilitará o diálogo.
Falando nisso, nosso estatuto foi aprovado e está marcada a reunião do dia 17 de abril para a eleição da primeira diretoria. Já existem indicações de nomes, mas na hora é que será composta a direção.
O mais interessante no estatuto foi a possibilidade de criação de diretorias artísticas, com autonomia para construirem seus próprios projetos.

Gostaria ainda de esclarecer que voltei a permitir a publicação de comentários anônimos, porque percebi que havia se tornado muito difícil postar um comentário. Isso não quer dizer que não haja um monitoramento para evitar baixarias (que não aconteceram mais). Acho que nessa cidade as pessoas ainda tem muito medo de se manifestar, até porque são perseguidas, e é preciso respeitar isso.

Abraço a todos

Ricardo Stumpf


domingo, 28 de março de 2010




Isabela

Muito interessante o julgamento do casal Nardoni, especialmente para estudantes de direito.
Com uma atuação impressionante da polícia técnica, praticamente foi a perícia que definiu os rumos do julgamento, de um crime sem testemunhas e sem confissões.
Me chamou muito a atenção a postura do pai de Alexandre Nardoni, advogado famoso, sempre ao lado da defesa, até o final.
Estaria ele realmente convicto da inocência do filho ou simplesmente tentando livrá-lo das consequências do que tinha feito?
Algumas reportagens da época do crime, davam conta de que Alexandre era o tipo do filho  superprotegido pela família e, por isso, de personalidade fraca e incerta.
Pode ser que essa postura do pai seja apenas a continuidade de uma educação falha, que estimula a irresponsabilidade, baseada na importância do pai e do nome da família, como se pessoas importantes pudessem estar acima da lei. Pode ser também que fosse convicção na inocência.
De qualquer forma é um bom augúrio ver gente importante sendo presa pelos seus crimes, como também o ex-governador do DF, preso enquanto ainda exercia o poder.
Estaria o Brasil mudando? Estaríamos nos libertando, finalmente da herança escravocrata e autocrática que tanto mal faz às nossas instituições?
Exemplo bom, mesmo, foi dado por um delegado de Brasília, cujo filho participou de um crime hediondo, o assassinato de um jovem. Após o crime, o rapaz correu para pedir auxílio ao pai, que deu-lhe voz de prisão e o entregou à justiça.
Uma justiça ágil e efetiva seria uma revolução no Brasil e acabaria com a impunidade dos corruptos que assolam nossos governos.




Marina

Marina Silva está subindo discretamente nas pesquisas, embora as grandes redes de TV, interessadas numa disputa PT x PSDB, finjam que não estão vendo.
Num cenário sem Ciro Gomes, que é o mais provável, ela começou com 6, passou para 8 e agora está com 11%.
Enquanto isso Dilma estacionou na casa dos 27 a 30% e Serra entre 32 e 38.
Considerando o pecentual de indecisos e flutuantes, Marina ainda tem um bom espaço para crescer, sem falar que ela é muito mais carismática que os outros dois.
Acredito que pode roubar mais votos de Serra do que de Dilma.
Já pensaram o que seria um segundo turno entre Marina e Dilma?
Mas essa simulação ninguém quer fazer.
Quem sabe ela não será nossa zebra, nosso Obama?



Lula x Irã x Israel

Muito boa a postura de Lula na intermediação entre Irã e Israel.
Ele declara que seu objetivo é evitar uma guerra, evitar que destruam o Irã como destruíram o Iraque, matando centenas de milhares de civis.
O governo Israelense, na sua irresponsabilidade, só quer guerra, só quer tomar terras dos palestinos, expulsá-los do seu próprio país para realizar o sonho dos fanáticos religiosos de construir a Grande Israel. E cada vez que, pressionado pelo lobby judeu nos Estados Unidos, o governo americano declara seu apoio incondicional a Israel, eles investem mais e mais contra os palestinos, sentido-se fortalecidos pelo guarda-chuva militar americano.
Como é que os Estados Unidos, totalmente comprometido com um dos lados, pode ser um mediador confiável?
O governo do Irã também não é santo. Desrespeita alguns direitos humanos fundamentais e vive falando em destruir Israel.
É preciso alguém que dialogue com todos, que não tenha preconceito contra ninguém, para ter a imparcialidade necessária à intermediação e, quem sabe, encaminhar esses países para uma cultura de paz e tolerância.
Quem sabe o Brasil pode desempenhar esse papel, ajudando a construir uma paz justa naquela região.
Com certeza, se a sanha fundamentalista dos judeus radicais for contida e eles se conformarem em viver em seu território, os outros fundamentalismos também perderão o sentido e haverá uma possibilidade para a paz.
Quem sabe o Brasil não será esse mensageiro, transformando-se naquilo que Chico Xavier predisse: a Pátria do Evangelho.

Abraço a todos

Ricardo Stumpf



sábado, 27 de março de 2010







Premiações

Prezados amigos

Hoje, dia 27 de março reebemos em Rio de Contas a comissão que vem entregar o prêmio de Cidade Baiana da Cultura à nossa prefeitura.
Num dia de festa como este, em que a produtora Gtres, patrocinadora do evento, vem entregar o prêmio a Fernando Pinto, nosso coordenador de curtura, digo cultura, aproveito a oportunidade para sugerir outras merecidas premiações à pessoas eminentes da cidade.

  • Para Sayonara Pinto, o prêmio Maquiavel de Ouro, pela sua extraordinária capacidade conspirativa.

  • Para nosso prefeito, Márcio Farias, o prêmio Poste do Ano, pela sua capacidade de diálogo com a população do seu município e, em especial, com os artistas que reivindicam uma verdadeira política cultural.

  • E finalmente para a própria produtora Gtres, o prêmio de empresa de visão 2010, pela fantástica idéia de avaliar a realidade de um município a partir de uma peça de propaganda.
Se alguém tiver outras idéias de prêmios, favor colaborar, para que continuemos levando nossa cidade aos mais altos píncaros da glória.

Abraço a todos

Ricardo Stumpf

sexta-feira, 26 de março de 2010




NUDH

Prezados amigos leitores

Estive ontem, dia 25 de março, em Vitória da Conquista para assistir a inauguração do Núcleo de Direitos Humanos - NUDH de prevenção e combate à homofobia, situado na Av. João Pessoa, 433, centro.
É o primeiro núcleo deste tipo no Estado da Bahia e, só para dar uma idéia da importância desse programa, estiveram presentes, o Prefeito Guilherme Menezes, o Secretário de Justiça e Direitos Humanos, Nelson Pelegrino, vários secretários municipais e um representante da câmara de vereadores, além de movimentos sociais organizados.
O Núcleo conta com um advogado e uma psicóloga, encarregados de acolher e encaminhar vítimas de preconceito ou violência contra o chamado segmento LGBTT (lésbicas, gays, bi-sexuais, travestis e transgêneros), ou seja, a psicóloga acolhe, orienta e ajuda a vítima a enfrentar a situação e depois o advogado acompanha à delegacia ou ao local onde houve a discriminação, dependendo do caso, prestando apoio legal.
É o primeiro programa voltado para os direitos humanos e cidadania deste grupo tão agredido e discriminado na nossa sociedade. Uma iniciativa corajosa e justa, por parte dos governos Wagner e Guilherme Menezes, que esperamos, se expanda, garantindo o direito à diversidade sexual da nossa população.
Parabéns a esses governos do Partido dos Trabalhadores.

Prêmio Ficção 2010

Recebi ontem um e-mail de uma senhora chamada Lúcia de Fátima, do Sebrae, me comunicando que Rio de Contas foi eleita Cidade Baiana da Cultura 2010. Vejam um trecho deste e-mail: 

A escolha da cidade considerou a qualidade e viabilidade do programa cultural apresentado, a contribuição para o fomento da inovação artística e a criação de novas formas de ação e de diálogo cultural, a participação das camadas sociais menos favorecidas economicamente em ações que contribuam para a sua inclusão social e cultural, o fomento ao turismo cultural de qualidade, o grau de coesão social (participação do poder público, iniciativa privada e sociedade civil) em torno da candidatura da cidade, entre outras questões.
Sobre a vencedora, destaca: “Rio de Contas é merecedora do título. Conferimos uma apresentação bastante técnica, objetiva e sensível”.

Agora eu pergunto aos leitores:
1) Qual o programa cultural de Rio de Contas? Vocês conhecem alguma programação cultural elaborada pela prefeitura, ou com apoio dela, na nossa cidade?
2) Fomento da inovação artística? Isso só pode ser piada.
3) Criação de novas formas de ação e de diálogo cultural...: gente, o diálogo não é o forte dos nossos governantes, concordam?
4) Participação de camadas sociais menos favorecidas...: deixo para os leitores opinarem.
5) Fomento ao turismo de qualidade cultural: será que eles se referem ao carnaval de João de Carlito?
6) Coesão social em torno da candidatura da cidade: alguém sabia que Rio de Contas era candidata? Os artistas da cidade foram consultados? Concordam com o prêmio?

Considerando tudo isso, só posso concluir que nosso projeto entrou na premiação errada. Devem ter se enganado e se inscrito num prêmio de literatura de ficção. Bom, se não for ficção o nome disto é fraude.

Abraço a todos

Ricardo Stumpf

terça-feira, 23 de março de 2010

Onze anos depois

Prezados amigos leitores

Recebi um longo e-mail, de pessoa da Prefeitura, a respeito do último artigo (Capital da Cultura?) dizendo que eu só sei criticar, que largo tudo pela metade (referência à minha demissão do IPHAN) e que não acredito em nada, principalmente em mim mesmo.
Fiquei pensando muito sobre tudo isso porque, como dizia D. Helder Câmara, os inimigos é que nos mostram nossos defeitos, e peço desculpas aos leitores se realmente me tornei muito negativo.
Mas pensando nisso me lembrei de episódio ocorrido em 1999, quando comprei a terra em Rio de Contas e vim passar o feriado de 15 de novembro na cidade, com meus filhos e alguns amigos.
Passeando pelo centro vi que estavam removendo o calçamento da praça e, estranhando por se tratar de cidade tombada, fui perguntar numa loja de lembranças para turistas do porque daquela agressão ao patrimônio, já que a cidade era tombada no seu conjunto, o que incluía as ruas.
A moça que me atendeu na loja me respondeu agressivamente e na hora eu não entendi porque. Disse que tinha que ser assim mesmo, que as árvores da praça tinham que ser retiradas para que os prédios históricos fossem vistos e que o projeto havia sido aprovado pelo IPHAN.
Depois fiquei sabendo que ela era tambhém funcionária do IPHAN, na cidade.
Achei tudo aquilo muito estranho e fotografei as obras. Chegando em Conquista, onde morava, entreguei algumas fotos para a sucursal de A Tarde que as publicou na primeira página,.
A partir daí comecei a receber telefonemas de ameaças no meu escritório em Conquista, que mais tarde vim a saber, partiam de pessoas daqui da cidade, ligadas ao então prefeito, um homem autoritário que não admitia críticas.
A mesma pessoa que me mandou o e-mail hoje, naquela ocasião fazia oposição ao Prefeito e me incentivou nas críticas, me contando depois que a mesma moça havia conseguido, junto à revista 4 rodas, que fosse atribuído um prêmio de preservação do patrimônio à Rio de Contas como forma de melhorar a imagem da administração, pelo estrago irreparável feito à praça, assim como pela reportagem n'A Tarde.
Em 2008 entrei no IPHAN e comecei a montar uma política de educação patrimonial que modificaria a relação do Instituto com a população e logo recomeçam os telefonemas com ameaças; vou te matar..., você vai morrer..., cuidado com a sua casa..., cuidado com a sua família..., etc.
Como não me amedrontei, montaram uma intriga infernal em Salvador, comigo e Claudete Eloy, até que conseguiram excluí-la e me ataram as mãos de modo que eu não poderia fazer mais nada.
Pedi demissão e depois, muitos meses depois, comecei a criticar a nova administração de Rio de Contas pelo abandono da cultura, liderando o movimento que fundou a ARCA, Associação Riocontense de Cultutra e Arte. 
Agora, onze anos depois, a mesma moça que estava e ainda está no IPHAN, consegue novamente um título para Rio de Contas, desta vez o de Capital Baiana da Cultura, como forma de melhorar a imagem da administração, que ela agora apóia.
Ou seja, a história se repete, quase igual, com os mesmo atores, a não ser um: a pessoa que me apoiava na época, agora está na Prefeitura e me mandou o e-mail dizendo que agora eu sou um chato, um perdedor, um reclamista.
Talvez eu esteja mesmo ficando velho e intolerante. Acho que de tanto ver se repetirem os mesmo erros, as mesmas desonestidades, a mesma manipulação, para benefício de poucos, a gente vai perdendo a paciência, vai ficando descrente de tudo.
Mas acho que esses anos em Rio de Contas me ensinaram muita coisa.
Saindo da vida corrida de Brasília pude olhar para dentro de mim e encontrar algumas verdades.
Descobri, por exemplo, que não gosto de trabalhos burocráticos e não acredito em governos. Que não acredito no gerencialismo que diz que tudo é uma questão de gestão, mas sim nos princípios das pessoas.
É isso que faz a diferença: pessoas boas fazem coisas boas, não importa se sabem gerir ou não. Pessoas egoístas trabalham para si e para poucos, montam esquemas, fundam grupos, e fazem bonitos discursos gerencialistas.
Uns são mais hábeis, sabem ser simpáticos, outros menos, mas com o tempo a gente vai aprendendo a reconhecê-los, perdendo a paciência com eles e tratando de se afastar deles.
De nada adianta permanecer dentro de órgãos públicos sem poder fazer alguma coisa digna, só para benefício próprio, em busca de prestígio e poder.
Melhor procurar seu caminho, redescobrir a fé em si mesmo e seguir com as pessoas que você ama e acredita.
Acho que isso eu consegui: não só manter, mas renovar a fé em mim mesmo, nas coisas que acredito e seguir o meu caminho, sem depender de Prefeituras e projetos políticos.
Por isso, amigos leitores, só peço que perdoem as minhas falhas e que compreendam as minhas verdades.

Abraço a todos

Ricardo Stumpf



Capital da Cultura?



Queridos leitores
Rio de Contas acaba de ser escolhida para ser a Capital Baiana da Cultura, em 2010.

Mas como?

Uma prefeitura que não tem sequer uma Secretaria de Cultura e que mantém como Coordenador de Cultura um despreparado, que despreza e ridiculariza os artistas da cidade, que não dialoga com eles, mas ao contrário os persegue, principalmente se forem da política anterior; uma prefeitura que deixa o acervo de um artista como Zofir Brasil abandonado, se desfazendo, que não dá um centavo de ajuda à centenária Lira da cidade, que não tomou uma providência sequer para instalar o Museu Arqueológico, criado pela Câmara Municipal, cujo acervo continua em Salvador, nas mãos salvadoras da Universidade Federal da Bahia, que não dá nenhum tipo de apoio às Pastorinhas, aos Ternos de Reis, ao Bendegó, manifestações tradicionais da cidade, que organizou um carnaval de baixarias, desmoralizando o carnaval tradicional de Rio de Contas, que mantém o Centro Cultural nas mãos de uma universidade particular e de um programa da secretaria de educação (pró-jovem), sem realizar um curso sequer na área da cultura, um evento, uma programação mínima; que mantém o Teatro Municipal fechado e só é capaz de fazer uma meia-sola para recuperá-lo, depois de intensa campanha nossa; enfim, uma prefeitura imobilista, que não está nem aí pra cultura e para a arte, consegue ser considerada Capital Cultural?

Era de se supor que para ser uma capital da cultura, não bastasse o povo ter a sua cultura, mas que existissem políticas públicas bem sucedidas nessa área, que promovessem e valorizassem as manifestações locais.

Gostaria de entender os critérios dessa escolha, que colocaram Rio de Contas à frente de Cachoeira, por exemplo, uma cidade cheia de museus e de manifestações culturais organizadas, sede de uma universidade (do Recôncavo) e de tantas tradições importantes.

Isso apenas demonstra que toda essa teia burocrática de projetos e editais em que se transformou a gestão pública no Brasil e que faz a alegria de ONGs e consultores, frequentemente perde o contato com a realidade e envereda pelos caminhos do absurdo.

Rio de Contas pelo seu potencial poderia ser uma capital da cultura desde que os governantes fizessem a sua parte, ao invés de, diante das críticas, procurarem títulos para salvar as aparências.
Abraço a todos

Ricardo Stumpf





domingo, 21 de março de 2010

ARCA

Pois é, amigos leitores, ontem, dia 20 de março, aconteceu a segunda reunião da ARCA, quando discutimos o projeto de estatuto, que recebeu muitas contribuições e ficou de ser aprovado na próxima, quando será também eleita a diretoria.
Como destaque está a criação de diretorias artísticas de cada área, teatro, música, artes plásticas, literatura, etc., que correrão atrás dos editais e dos seus projetos, sempre prestando contas ao Conselho Diretor e à Tesouraria.
Recebemos também na reunião a visita de dois gestores da área da cultura, que vieram nos apresentar um projeto de circuito cultural da Chapada, que busca selecionar grupos tradicionais para se apresentarem em outras cidades da nossa região. Fizemos uma explanação à eles sobre a nossa diversidade cultural e a nossa fertilidade em talentos, para que eles possam fazer a seleção, apresentando-os a alguns grupos locais.
Como se vê, a decisão dos artistas locais de se organizarem já está atraindo propostas.

Cachorros de classe

Gente, vocês já começaram a receber aqueles e-mails eleitorais falando mal do Lula? Pois é. É o terrorismo eleitoral do PSDB na internet começando.
Parece que uma certa classe média brasileira não perdoa o operário por ter invadido a sua praia, estragado seus sonhos de passar a fazer parte da classe rica e menos ainda por ter sido um bom presidente. Não é de se estranhar que em um país (e antes numa colônia) governado há 500 anos por uma elite cruel e sanguinária, que achava a pobreza do povo a coisa mais natural do mundo, ver uma multidão saindo das favelas e começando a consumir, ver os miseráveis virando cidadãos, passando a ter direitos e opiniões...que coisa estranha, não?
Conheço gente que se enche de cachorros dentro de casa, até dorme na cama com eles, gastam fortunas com banhos, veterinários e cirurgias, e só sabe falar mal do povo.
Parece querer dizer: prefiro os cachorros ao povo. É um desprezo enorme e despeitado, porque eles não tem um futuro, não tem um horizonte que não seja o sonho de se tornar membros da classe que desprezou e maltratou o povo brasileiro tantos séculos.
Mas como dizia aquele antigo colunista: a caravana passa e os cães ladram.
Com Marina ou Dilma, a caravana do povo brasileiro vai passar.

                                                                                Isabel

Muito legal a trilogia de Isabel Allende, para jovens. Os livros A Cidade das Feras, O Reino do Dragão de Ouro e A Floresta dos Pigmeus (Editora Bertrand Brasil).
A escritora chilena, radicada nos Estados Unidos, criou três aventuras em sequência, primeiro na Amazônia, depois no Himalaia e finalmente na África.
As histórias, muito divertidas e cheias de ação, mostram as culturas dos povos de um ponto de vista espiritualizado e muito humano, embora façam algumas concessões ao gosto norte-americano, ao estilo Indiana Jones, principalmente no segundo.
Carregam também um pouco do preconceito que os povos de países frios tem contra os países tropicais.
Na Amazônia, por exemplo, Alex, o rapaz americano que é um dos heróis da trilogia, luta contra as sanguessugas o tempo todo, mesmo estando em um barco sobre o Rio Negro. Eu, que sou filho de paraense e fui muitas vezes à Amazônia, inclusive morei três anos em Manaus, nunca vi uma sanguessuga por lá.
Elas devem existir, mas na imaginação dos nossos friorentos vizinhos chilenos, viram um verdadeiro pesadelo. Nossa onça é chamada o tempo todo de jaguar, talvez um erro de tradução.
Mas o final da trilogia é muito bonito, e regata o forte de Isabel Allende que é sua espiritualidade, quando junta todas as culturas da Ásia, África e América, numa invasão de seres reais, mitológicos e espíritos iluminados:

     "Pelos quatro pontos cardeais entraram en Nagoubé as forças convocadas pela Águia.  O desfile era aberto pelos gorilas da floresta, negros e magníficos, os machos na frente, seguidos pelas fêmeas com suas crias. Vinha depois a rainha Nana-Asantê, soberba em sua quase nudez e seus escassos farrapos, os cabelos eriçados, formando uma espécie de halo de prata; montava um elefante tão idoso quanto ela, marcado por cicatrizes produzidas pelas lanças.
     A rainha era acompanhada por Tensing, o lama do Himalaia, que atendera ao chamado de Nádia e se apresentava em seu corpo astral; o mágico era seguido por uma banda de amendontradores iétis, com seus aparatos de guerra. Também surgiram na praça o xamã Walimai e o delicado espírito de sua esposa e, atrás do casal, a cabeça que reunia as feições de treze mitológicas e prodigiosas feras da Amazônia. O índio voltara à juventude e se apresentava como um guerreiro enfeitado com pinturas e adornos feitos de penas.
     Por fim entrou na aldeia a vasta e luminosa multidão da floresta: os antepassados e os espíritos de animais e de plantas, milhares e milhares de almas, que iluminavam o lugar como se fossem um sol de meio-dia e refrescavam o ar com uma brisa fria e límpida."

Um bom presente para a juventude

Abraço a todos

Ricardo Stumpf







terça-feira, 16 de março de 2010



Visões da Cultura

Prezados amigos

     Segunda-feira, dia 15 de março, estive em Mucugê, para apresentar propostas ao prefeito Fernando Medrado, relacionadas à cultura. Um Centro de Artesanato (projeto de construção meu e proposta de funcionamento de Paula Soares, nossa

A Arte abandonada de Zofir Brasil Secretária de Meio Ambiente), projeto do levantamento arqueológico do município (pela arqueóloga Fabiana Comerlato, do Museu Arqueológico da UFBA), projeto do Teatro Municipal de Mucugê (meu e da colega arquiteta Nélia Paixão, de Mucugê) e projeto do I Festival Universitário de Teatro da Chapada Diamantina (pela nossa cenógrafa e figurinista, Claudete Eloy).
     Todos os projetos foram previamente discutidos e/ou solicitados pela Coordenadora de Cultura de Mucugê, Rebeca Serra.
     O Prefeito Fernando Medrado não apenas recebeu muito bem as propostas e deu sinal verde para que corramos atrás dos recursos, como solicitou um estudo sobre o aproveitamento de uma grande escavação feita na rocha, no tempo da construção de uma represa, para ser aproveitado como um centro de cultura ou de convenções.
     Se bem sucedidos, os 5 projetos significarão um investimento milionário no pequeno município, gerando muitos empregos na construção dos espaços físicos e na formação de uma geração inteira de artistas, cujo potencial servirá como importante dinamizador do turismo cultural, tornando Mucugê uma referência na região e dando poderoso impulso para criar um círculo virtuoso na sua economia.
     Porque isso está sendo possível em Mucugê e não em Rio de Contas?
     Certamente pela visão que seu prefeito, Fernando Medrado, tem da cultura.
     Seu primeiro acerto foi escolher uma coordenadora de cultura, digna deste nome. Rebeca Serra, sobrinha neta de Esther Trindade e sobrinha de Ordep Serra, honra os nome de família que carrega e, apesar da cegueira, adquirida através da diabetes já depois de graduada em história, tem uma ampla visão sobre o que seja a cultura, tanto em relação ao desenvolvimento das potencialidades do ser humano, beneficiando o povo do seu município, como dos benefícios econômicos que poderá trazer a Mucugê, através do incremento do turismo cultural baseado na promoção de eventos.
     Mucugê, que já é conhecida como cidade que preserva e valoriza o meio ambiente, poderá agora se tornar a capital cultural da Chapada, desbancando Lençóis, que continuará sendo apenas a meca dos trilheiros e dos turistas de fim de semana.
     Portanto, não se trata apenas de promover a economia do turismo, mas de apresentar um turismo com outra qualidade, com outro objetivo, que não seja vender pacotes de passeios, lembranças artesanais e cervejas aos visitantes. Não se trata, ainda, de elitizar o turismo mas de democratizar a cultura.
     Não me conformo que estejamos mais uma vez ficando para trás em Rio de Contas por conta da tacanhez de determinados dirigentes a quem, me desculpe mais uma vez o senhor Prefeito, são entregues as decisões na área da cultura em nosso município.
     Ainda há tempo de mudar isso e compreender que cultura não é apenas folclore e artesanato, nem festas religiosas, mas é o aproveitamento do potencial criativo dos nossos habitantes, para que expandam a sua alma, dando voz ao povo, dando forma à sua criatividade e transformando isso em desenvolvimento econômico.
     Não é possível que a arte de Zofir Brasil, continue abandonada, às custas apenas da própria família que não conta com apoio nenhum para restaurar suas obras e instalar o museu. Não é possível que os objetos arqueológicos encontrados na construção da estrada BA-148, já identificados, restaurados e catalogados, continuem em mãos do Museu da UFBA, aguardando que o Museu Arqueológico da Chapada Diamantina, criado por lei pela Câmara Municipal de Rio de Contas, se transforme em realidade concreta. Não é possível que a juventude riocontense não tenha onde ir e o que fazer à noite e nos fins de semana, se tornando presa fácil para os traficantes.
     E onde estão os vereadores deste município? Será que nenhum deles compreende a importância da questão cultural? Não entendem que estamos perdendo oportunidades de ouro?

     Abraço a todos

     Ricardo Stumpf

    

sábado, 13 de março de 2010



Doação de Medula

Olha aí, pessoal. Em resposta ao artigo anterior, comentando a morte do menino Miquéias, recebi este comentário direto do Ministério da Saúde:

Olá blogueiro,

Por isso é importante incentivar as pessoas a fazer o cadastro de doador voluntário de medula óssea. O candidato deve ter entre 18 e 55 anos, boa saúde e procurar um dos hemocentros do país ou o INCA. Apenas 5 ml do sangue é retirado.

Para mais informações: fernanda.scavacini@saude.gov.br

Ministério da Saúde
 
O comentário está no artigo anterior, para quem quiser conferir.
O incrível é que pessoas continuem morrendo por falta de doadores  de 5 ml de sangue.
Vamos nos cadastrar nos hemocentros como doadores voluntários de medula óssea e salvar milhares de vidas como a de Miqúéias. Onde fica o mais próximo?
Vejam abaixo a lista dos hemocentros, copiada do site do HEMOBA (Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia - Secretaria de Saúde - Estado da Bahia) http://www.hemoba.ba.gov.br/
 
Capital e Região Metropolitana

Hemocentro Coordenador
Hemocentro de Salvador
Av. Vasco da Gama, s/nº, Complexo HGE/Hemoba/Cican, Rio Vermelho, Salvador-BA, CEP: 40240-090
Unidades de Coleta e Transfusão

Hospital Santo Antônio
AV. Bomfim,161, Praça Irma Dulce, Largo de Roma, Salvador-BA

Hospital Geral de Camaçari
R. Francisco Dumond, 37, Limão Centro, Camaçari-BA


Interior do Estado
Unidades de Coleta e Transfusão


Alagoinhas
Rua Jardim América, Quadra 1, Casa 8, Centro

Brumado
Hospital Prof. Magalhães Neto, Rua Manoel F Dos Santos, 87, Jardim Brasil

Feira de Santana
Hospital Regional Cleriston Andrade, Av. Eduardo Froes Da Mota, S/N, Contorno

Guanambí
Hospital Regional de Guanambí, Rua Dr Jose Humberto Nunes, 1750, Paraiso

Irecê
Hospital Mario Dourado Sobrinho, Praça Teodoro Sampaio, S/N, Centro

Itaberaba
Santa Casa De Itaberaba, Av. Brigadeiro Eduardo Gomes, 600, Centro

Itapetinga
Hospital Cristo Redentor, Av. Luiz Viana Filho, 560, Jardim Morumbi

Jequié
Hospital Geral Prado Valadares, Rua São Cristóvão, S/N, Centro

Santo Antônio de Jesus
Hospital Luiz Argolo, Av. Luiz Argolo, 128, Centro

Teixeira Freitas
Hospital Municipal de Teixeira de Freitas, Av. Getulio Vargas, 4579, Pioneiros

Vitoria da Conquista
Hospital Regional de Vitória da Conquista, Av. Filipinas, S/N, Jardim Guanabara

O mais próximo de Rio de Contas é o de Brumado, havendo também em Vitória da Conquista e Guanambi. Portanto vamos nos cadastrar e salvar com um pequeno gesto, a vida de muitas pessoas, adultos e crianças, que precisam apenas de um pouco de solidariedade para continuarem existindo.
Para quem está em outros Estados ou em outros países, procurem se informar sobre como se cadastrar para se tornar doadores de medula, doadores de vida.

Abraço a todos

Ricardo Stumpf

sexta-feira, 12 de março de 2010




Miquéias

Ele tinha apenas 5 anos, era um garoto alegre e morreu ontem de leucemia, em São Paulo.
Nascido em Itabuna, filho de pais muito jovens, esteve em Rio de Contas com dois meses de idade e passou mal. Miquéias à esquerda com o brinquedo 
Levado ao hospital de Livramento o  médico diagnosticou rápida e corretamente a leucemia, o que levou seus pais a se mudarem para São Paulo em busca de tratamento.
Seu pai, funcionário das Casas Bahia, recebeu todo apoio da empresa, que conseguiu sua transferência e colaborou com o tratamento. Ano passado vieram a Ilhéus e estive com eles. Com uma sonda, por onde eram constantemente injetados os medicamentos, corria na areia e brincava como um garoto qualquer, mas se ressentia de não poder entrar na água, como os outros.
Na fila do transplante, não conseguiu um doador de medula a tempo.
Quando morre uma criança assim, acho que todos nós morremos um pouco com ele, por não termos conseguido salvá-lo, por não haver solidariedade suficiente para uma doação como essa, que pode ser feita em vida.
Adeus Miquéias, sua alegria estará para sempre comigo. E a dor de sua partida também.

Territórios

Estive na quarta-feira em Seabra, para a reunião do Colegiado do Território.
O Território da Cidadania é um programa do governo federal, cujo objetivo é levar cidadania aonde ela não existe ainda, principalmente ao homem do campo.
Considera, corretamente, que pessoas que não tem acesso a benefícios da modernidade como água, luz, segurança alimentar, técnicas adequadas de plantio, insumos, educação, saúde, amparo na velhice, aposentadoria e outras conquistas da humanidade, não conseguem se tornar cidadãos, porque acabam vivendo de favores e, portanto, não são livres para expressar seus pensamentos e influir nas decisões democráticas que regem as nossas vidas em sociedade.
É, então, um programa de forte significado social e que envolve ações muito diferenciadas, em vários âmbitos, desde infra-estrutura até ações de saúde e educação.
É também complicado porque além de abranger muitas coisas procura ser participativo e para isso acolhe representantes do poder público e da sociedade civil, nas áreas que eles denominam de territórios e que abrangem vários municípios do IDH baixo (índice de desenvolvimento humano).
A Chapada Diamantina foi identificada como um desses territórios e Rio de Contas faz parte dele.
Representando nosso município está a Prefeitura Municipal e a Citrus, nossa Associação de Pequenos Produtores Rurais, em cuja presidencia estou eu, e por isso participei da reunião, junto com a professora Sara que representou o poder público local.
Uma funcionária nos apresentou a tal matriz, que é uma loucura de tão complicada. Mas aos poucos a gente vai entendendo como a coisa funciona e também descobrindo onde estão os recursos, que podem beneficiar nosso município, e como podemos lutar para obtê-los.
A matriz é uma lista de todos os programas desenvolvidos pelo Território, com todos os detalhes sobre quem propõe (são 22 ministérios envolvidos), quem executa, quem se beneficia, como se tem acesso aos recursos e qual o papel do tal colegiado nessa definição.
A maioria dos programas tem seu próprio conselho, como é o caso do programa Bolsa Família, por exemplo. Nesses casos, o Colegiado apenas observa de longe, fazendo o que eles chamam de Controle Social.
No caso de haver algum absurdo, aí o Colegiado pode intervir, mas em geral os conselhos do Bolsa Família de cada município, conseguem administrar tudo.
Em outros programas o colegiado pode propor ações e solicitar recursos, que vêm diretamente para o município. Rio de Contas nunca havia participado e conseguimos solicitar algumas coisas. Pela prefeitura, uma Escola Família Agrícola e pela Citrus, que as cadeias produtivas de cítricos e da cana de açúcar sejam objeto de pesquisas da Embrapa, voltadas para nossa região.
Agora vai ser preciso fazer o acompanhamento desses processos por um sistema do governo, via internet, chamado SICONV, que é outra coisa muito complicada. Vão dar inclusive (a Caixa Econômica Federal) um cursos de capacitação para que pessoas dos municípios aprendam a mexer com isso, de forma que os recursos não se percam por falta de acompanhamento.
É uma outra forma de conseguir verbas e recursos federais, sem passar pelos caminhos tradicionais de pedir aos deputados e pessoas influentes na política.
Creio que ainda é uma coisa incipiente e tenho minhas dúvidas se isso vai valer mesmo na hora em que a política pesar, mas como envolve muitos recursos, acho que temos a obrigação de lutar por eles, participando e brigando por tudo que temos direito.

Abraço a todos

Ricardo Stumpf

Aproveito para avisar que a partir de agora o blog não estará mais recebendo comentários anônimos, como forma de evitar dar espaço para a irresponsabilidade.
Críticas e comentários continuarão a ser benvindos, desde que identificados.



terça-feira, 9 de março de 2010




O que está acontecendo?

Prezados amigos

Não dá pra deixar de comentar os terremotos e inundações que se sucedem pelo mundo.
Quanto aos terremotos, é matéria especializada, da qual não entendo, mas sem dúvida a sucessão deles está muito intensa. O Chile já teve muitos grandes terremotos, mas um desta magnitude seguido de um tsunami arrasador, acho que não se tem notícia.
Algum cientista poderia nos explicar o que está acontecendo?
O noticiário das TVs segue a mesma mediocridade de sempre, mostrando e repetindo as imagens óbvias de sofrimento e destruição que aumentam a audiência, mas não vi nenhuma investigação mais séria sobre o assunto a não ser daqueles "especialistas" que a Globo arranja, completamente desconhecidos, pagos para dizerem o que a emissora quer.
Nisto tudo há um dado que ninguém levantou.
Se os grandes terremotos se dão nas chamadas falhas geológicas, principalmente no encontro das placas tectônicas, que seriam uma espécie de bandejas colocadas sobre a terra flutuando sobre o magma (aquela massa quente de lava que existe no interior da Terra) e, se a placa sul-americana sobre a qual está o Brasil, encontra-se com a placa africana no meio do oceano atlântico formando a cadeia de montanhas submarina conhecida como cordilheira meso-atlântica,  então nesse encontro podem surgir grandes terremotos.
A pergunta é: um terremoto no meio do oceano Atlântico poderia gerar um tsunami que atingisse a nossa costa? Aparentemente a resposta é sim. Então porque ninguém fala nisso se 70% da nossa população vive no litoral?
Se no Chile as vítimas foram muito menos numerosas do que no Haiti, sem dúvida é porque eles estão acostumados e preparados para os terremotos, enquanto no Haiti o povo foi pego de surpresa.
O que aconteceria no Brasil se um tsunami devastador atingisse nossa costa?

O mesmo ocorre em relação às inundações que se repetem.
Já dá para identificar um padrão. São trombas d'água que caem em pontos concentrados, despejando verdadeiros baldes gigantes de água sobre cidades que não estão preparadas para isso.
Quando se planejam redes de águas pluviais para as cidades, são levadas em conta as maiores precipitações históricas e calculada ainda uma margem de segurança, de forma que o sistema seja capaz de receber e dar passagem a grandes quantidades de água.
Mas essas trombas d'água estão muito acima das médias calculadas e não há sistema de esgotamento que consiga captá-las e dar vazão a elas.
As imagens da Ilha da Madeira foram impressionantes. Um rio invadiu as cidades repentinamente, com uma violência nunca vista, arrastando tudo.
Essas chuvas concentradas, que se repetem por toda parte, só podem ser resultado de um fenômeno: o degelo.
O aquecimento global derrete as geleiras e joga uma quantidade imensa de água no ciclo das águas, criando essas nuvens gigantescas que passeiam por aí e despejam seu conteúdo de uma só vez em cima de cidades indefesas.
Conversando com uma aeromoça da Varig, em viagem recente, ela me disse que os voos estão muito mais turbulentos de uns dois anos para cá e que em alguns casos elas não conseguem nem mesmo iniciar o serviço de bordo.
Nós que vivemos aqui em cima é que sabemos como o clima está mudando, me disse ela.

Meia-sola

Gente, estão fazendo obras de manutenção no Teatro São Carlos, em Rio de Contas.
Viva!
Trata-se de uma meia-sola, enquanto as verbas do PAC das cidades históricas não vem. A secretária do Iphan, me disse também que foram compradas cadeiras (soltas) para o Teatro.
Melhor que nada. Pelo menos alguma ação para preservar nossa única casa de espetáculos, tão maltratada.
Ela me disse também que a partir de agora os grupos de teatro não poderão mais ficar com a chave do teatro, para evitar a bagunça.
Mas não são os grupos amadores que fazem bagunça. Quem faz é a própria Coordenação de Cultura, que empresta o espaço para servir de marcenaria, para festinhas cívicas e coisas do gênero, de gente que usa e nem limpa.
Falta discutir esse critério de utilização do São Carlos de forma a garantir acesso democrático aos que praticam as artes cênicas.
A ARCA deve se pronunciar a respeito e buscar um entendimento sobre isso. O ideal seria ter alguém responsável pelo Teatro, inclusive para montar uma programação anual com grupos amadores e profissionais.

Abraço a todos

Ricardo Stumpf

quinta-feira, 4 de março de 2010






VIVA O POVO BRASILEIRO


Prezados leitores

Não é fácil fazer uma resenha deste livro de João Ubaldo Ribeiro (Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro – 1984), tão complexo e simples ao mesmo tempo.
Trata-se de um painel da história brasileira, de 1827 a 1977, durante 150 anos, portanto, visto a partir de personagens originalmente da ilha de Itaparica, na Bahia, e que aos poucos vão se espalhando por outras partes do Brasil.
O Brasil logo após a sua independência, com sua sociedade arcaica e escravocrata, que perdura até o final do século XIX, passando para uma república também elitista e aristocrática, vai sendo mostrado sempre pelos discursos de uma elite colonizada, envergonhada de ser brasileira, que presta vassalagem à Europa, querendo antes de tudo negar sua ascendência racial mestiça, comparado ao discurso confuso de um povo que vive na ignorância e vai construindo aos poucos sua identidade nacional.

João Ubaldo Ribeiro, usando um recurso muito comum na época em que a obra foi escrita, mistura os tempos, o que a princípio confunde o leitor, já um pouco confuso com a narrativa que assume os discursos de cada personagem, deixando ao leitor a tarefa de compreendê-los dentro do seu contexto histórico.

Mas aos poucos esse estranho caleidoscópio vai formando um sentido, que se torna cada vez mais claro ao longo da narrativa entrecortada, na medida em que os tempos e os discursos de cada época vão se submetendo a duas situações básicas, que se repetem: o desprezo constante pelo povo, por parte das elites e a tentativa desse mesmo povo de encontrar sua identidade nacional e traçar um rumo para si próprio, que o salve do abandono à própria sorte.

A mistura dessas expectativas tão distintas, com a religiosidade popular, em especial a dos afro-brasileiros, e uma visão espiritualizada muito bonita e delicada das vidas que se sucedem, torna o livro especialmente belo e cativante, fazendo com que as idéias e os fatos sejam sentidos pelo leitor, não apenas como histórias distantes, mas como vidas vividas e sentidas, cujas dores e alegrias podemos sentir e nos apaixonar por elas.

A leitura ganha velocidade na medida em que começamos a enxergar o painel que a história vai compondo e nos prendemos aos personagens extremamente humanos, cujas dúvidas e sonhos, ódios e amores, nos refletem tão bem.

Como não se apaixonar por Maria da Fé e sua luta, meia cega, mas cheia de fé? Como não se render a bravura de Patrício Macário, o militar, herói da guerra do Paraguai, que descobre em Maria da Fé as explicações para tudo que não entendia (se não as respostas, pelo menos as perguntas certas) e ao amor que nasce entre eles, abençoado pelas almas ancestrais, que já haviam se encontrado antes nas areias da Ilha, em Amoreiras, de onde as almas dos mortos se recusam a sair.

Mas nem tudo são surpresas nesta narrativa. Na verdade há uma estranha e real permanência no fundo de tudo isso, quando chegamos a 1977, em plena ditadura militar e encontramos o mesmo discurso dos escravocratas na boca dos seus descendentes, empresários e políticos do século XX, que utilizando os mesmos expedientes, continuam vivendo às custas da corrupção e do desvio do dinheiro público, fazendo fortuna sobre o suor de um povo que continuam desprezando.

Encontramos também a mesma luta do povo em busca de sua identidade e da construção de uma nação digna para todos.

O autor nos fala de uma certa irmandade, uma espécie de sociedade secreta informal, dos que acreditavam e lutavam por essa identidade e por essa dignidade do povo brasileiro. As pessoas que pertenceriam a essa irmandade não precisavam ser iniciadas, nem aceitas, elas simplesmente saberiam se pertenciam ou não a ela, pela maneira de sentir e pensar, principalmente pela compreensão de que o povo é que constrói tudo, que faz tudo e, portanto, é o dono de tudo, o dono da vida, mesmo que uma casta de parasitas viva às suas custas.

Maria da Fé, quando fala ao oficial do exército aprisionado na guerra de Canudos, explica:

“O povo brasileiro não deve nada a ninguém, tenente _ disse ela. _ Ao povo é que devem, sempre deveram, querem continuar devendo.”

Lourenço, o filho de Patrício Macário e Maria da Fé, explica ao pai, já envelhecido, falando sobre a existência da irmandade:

“Existe a Irmandade do Povo Brasileiro e a Irmandade do Homem,...bastava... lembrar que há um espírito do homem e que esse espírito do homem tem como vontade mais nobre e mais forte não só sobreviver como prevalecer, pois o fracasso do mundo que herdou não será de Deus, mas do Espírito do Homem, e esse fracasso é a única forma de um espírito degradar-se, é a única forma de morte.”

Talvez o Brasil seja assim mesmo, uma gestação longa e sofrida de um povo novo, que aos poucos vai traçando seu rumo e se libertando dos parasitas que o dominam. E com certeza, cada um de nós sabe muito bem, se pertence ou não a essa irmandade.

Viva João Ubaldo Ribeiro!

Viva o povo brasileiro!



Abraço a todos



Ricardo Stumpf

segunda-feira, 1 de março de 2010




Terremoto

Prezados amigos

Antes de falar sobre esse artista fantástico da nossa cidade, gostaria de recomendar a todos a leitura do depoimento de Glória Cruz Concha, no blog historias en pedazos, cujo link adicionei neste blog.
Trata-se de uma amiga chilena que conta o que foi o terremoto de sábado, em Santiago do Chile: é impressionante.


A arte de Pedro Souza

       As fotos abaixo, ilustram um pouco do trabalho de Pedro Souza, escultor que utiliza o papel como suporte.

       Pedro trabalha com suas esculturas desde 1987 e dá aulas de escultura em papel para  crianças riocontenses no seu atelier Raízes do Rio, situado na Rua Cachoeirinha, 336, Bairro Sossego, em Rio de Contas. Iniciou esse trabalho com crianças, por conta própria, em 2008.
       No começo com doze crianças que agora se reduziram a quatro, já que ele não cobra pelas aulas


e não tem recursos para colocar o material que os alunos necessitam em sala de aula, pois não conta com nenhum apoio do poder público.
       Sua escultura do sanfoneiro tirou segundo lugar no concurso de bonecos do carnaval 2010.
       Pedro consegue viver de sua arte, embora com dificuldade, mas afirma que não é de desistir por pouca coisa e que apóia a criação de uma Secretaria Municipal de Cultura.
Não é fantástico? Êh Rio de Contas, celeiro de artistas!
Quem quiser entrar em contato, ele tem um site: www.raizesdorioatelie.com/ e um e-mail: pedrosouza74@gmail.com  O telefone é (77) 3475-2438. Para quem estiver no exterior é preciso colocar o 55 na frente, que é o código do Brasil.
  
Abraço a todos

Ricardo Stumpf