Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 23 de outubro de 2011

Manifesto dos artistas riocontenses


     Transcrevo abaixo a carta manifesto elaborada por um grupo de artistas riocontenses e lida na última conferência Municipal de Cultura.
     A carta está aberta para receber adesões.
     Desde já, deixo explícita minha adesão a ela.

CARTA  MANIFESTO

       Somos muitos. Muitos os que fazem cultura, artistas e artesões, aqueles que aprenderam com os mais velhos ou que se aventuraram sozinhos a cantar, tocar um instrumento, encenar, dançar, esculpir, bordar, pintar, fotografar. Construímos com nossas próprias mãos tudo o que encontramos de cultura e outras tantas manifestações já esquecidas. No entanto somos poucos. Poucos os que conseguem sobreviver, tirar o sustento com sua habilidade artística ou artesanal.
         Somos músicos e pedreiros, cantoras e secretárias, artesões e motoristas, bordadeiras e professores... e talvez caiba em uma só mão a quantidade de pessoas que praticam e vivem de sua arte ou artesanato no município.
      Assim fica fácil entender por que muito da nossa cultura está morrendo, os jovens estão se desestimulando a percorrer este caminho atualmente árduo, e os que entram caem na armadilha de reproduzir o que a cultura de massa sem qualidade divulga nos meios de comunicação e infelizmente é quase que exclusivamente à essa cultura que o jovem está tendo acesso.
      Onde está a formação das crianças e jovens para o desenvolvimento de suas habilidades artísticas e de um olhar crítico sobre a sociedade?
      Aliás cursos esporádicos não são ações de formação, são ações que despertam para determinada atividade, mas não desenvolvem ou mesmo profissionalizam os jovens, crianças e adultos riocontenses.
      Cadê a produção artística que está cada dia menor em nosso município? Falta espaço, oportunidade e estímulo.
      É o povo quem faz a cultura, mas e qual é o papel do poder público? Esta resposta já sabemos: estimular, promover, apoiar, formar, mapear, registrar, tudo de forma clara e democrática, através de editais, licitações, oficinas para toda a população. E o que se tem feito?
      Queremos uma gestão que procure meios de colocar em prática o que há dois anos, na conferência municipal de 2009, foi apontado por todos nós agentes da cultura, como prioridades para o município. Muitas das ações não dependem de verbas para a sua realização, principal alegação da ausência de soluções para os problemas apresentados. E a falta de verba é a prova da incompetência dos gestores, pois não faltam editais e meios legais dentro da esfera estadual e federal para a captação de recursos financeiros, ainda mais a se tratar de uma cidade histórica, localizada na Chapada Diamantina, eleita cidade da cultura em 2010 e tombada pelo Iphan.
      Atualmente a maioria dos projetos, mostras, cursos, exposições, apresentações dentro do município acontecem pela ação dos seus cidadãos. Pessoas que fazem por que gostam ou com verbas oriundas do estado, da federação ou de empresas privadas.
      Esta é uma carta manifesto que, numa terra em que existe uma cultura do medo, que historicamente se traduz pelo coronelismo, onde ainda hoje, a população não aprendeu a exercer sua cidadania e emitir sua voz, estamos sim nos manifestando de forma não partidária ou pessoal, mas colocando a nossa opinião sobre a falta de ação da atual gestão de cultura do município.

Nenhum comentário: