Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 13 de novembro de 2011

A polícia do PSDB

     Prezados amigos, esta semana o PSDB deu mais uma demonstração do seu ódio visceral pelo povo brasileiro, ao tratar estudantes da maior e mais importante universidade do Brasil, a USP, como se fossem bandidos.

     Nao é de agora que o PSDB trata os movimentos sociais como se fossem casos de polícia, com apoio da direita nacional, é claro, capitaneada como sempre pela TV Globo, que trata qualquer manifestação como "baderna".

     Eles também taxavam de "baderna" as manifestações contra as privatizações criminosas promovidas pelo governo Fernando Henrique, as manifestações contra a governadora corrupta do PSDB do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, e os manifestantes sem terra do Pará (Eldorado de Carajás) que o também governador do PSDB, Almir Gabriel, mandou fuzilar, assim como tratam qualquer greve com aquela má vontade de sempre. Morrem de saudades da ditadura militar, o único governo que realmente expressava suas vocações políticas, que poderiam ser expressas mais ou menos assim: deixem as decisões com os ricos e tratem de trabalhar que é pra isso que vocês servem.

     Desde que o PSDB começou a governar São Paulo, os programas sociais do antigo governo do PMDB foram extintos (havia um excelente programa para tirar crianças da rua, implantado por Alda Marcantonio) e em seu lugar entrou a repressão pura e simples. Até quando isto vai continuar? E porque o PSDB governa aquele Estado tão importante há tanto tempo?

Sobre isso resolvi transcrever artigo do jornalista Gustavo Alves de Souza,  que é paulistano e ligado ao PCdoB que, diga-se de passagem, não apoiou a ocupação da reitoria pelos estudantes. Acho que sua análise tem muito a nos dizer. 

A USP e seus maconheiros

Esta semana, o Facebook foi inundado pelos brilhantes comentários a favor da prisão dos estudantes da USP que ocuparam a Reitoria da Universidade e foram presos pela Polícia Militar de SP.
Ouvi e li de tudo.
Que os estudantes deveriam ser processados, apanhar, levar "borracha" e outras pérolas. Inclusive de gente que eu respeito e conheço. Gente que individualmente é tranquila e democrática, mas que na hora do estouro da boiada fascista assume posições deploráveis.
Só para esclarecer, não sou nem fui a favor da tal ocupação. Nem eu, nem a maioria dos estudantes que decidiram não realizar este tipo de protesto na sua própria assembleia. Mas daí a se "empolgar" com a criminalização dos movimentos sociais vai uma larga distância.
A presença da Polícia Militar dentro do Campus da USP é apenas mais um capítulo da postura intransigente e antidemocrática que assola a Reitoria. Mas é também fruto da postura mesquinha, conservadora e provinciana que conduz governadores do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes há muitos anos.
O senso comum, que elegeu Ademar de Barros, criou o Janismo e o Malufismo continua entranhado na sociedade paulista.
Uma postura que aceita o autoritarismo, que espera que os governantes eleitos com bandeiras morais possam aplacar esta angústia e revolta que ninguém sabe direito de onde vem, que acredita que os problemas são os outros: baianos, negros, gays ou simplesmente os pobres.
É gritante para quem mora em outras regiões do país, como um estado construído à base de migrantes e imigrantes seja berço de tanta xenofobia.
Tenho conhecidos que nasceram em outros estados, ou são filhos de migrantes que gritam contra a invasão de SP por "nordestinos".
Esta intolerância vai contaminando tudo e todos. Ela justifica os ataques na Paulista, justifica a execução pela polícia, justifica as mensagens carregadas de preconceito contra o ex-presidente Lula, e justifica também o desrespeito pela decisão soberana de uma assembleia estudantil.
É preciso retomar o prumo e a razão.
Não é aceitável que o debate sobre o consumo de drogas se concentre apenas nos usuários, isso foi tentado há anos e só alimentou os barões do tráfico.
Não é aceitável que não haja debate democrático dentro de um ambiente universitário, afinal de contas é o contraditório que alavanca nossa democracia.
Não é aceitável que a destruição de patrimônio público seja justificada pela ausência de diálogo. Protesto é outra coisa bem diferente.
Não é aceitável que a intolerância e o fascismo se entranhem na nossa sociedade, que a democracia seja relativizada e permitida apenas aos "cidadãos de bem".
Acho que a exposição desta nuvem abjeta de preconceitos, exposta de forma exemplar pelo vídeo feito na reunião de socialites de SP, ao contrário do que parece, é uma virtude das redes sociais.
O sentimento existia antes da internet e continua existindo, só que agora é mais explícito e passível de responsabilização, como foi o caso da garota que tuitou "a morte aos nordestinos".
Se não fossem as redes, não haveria a exposição dos que destilam ódio e preconceito por trás de uma roupagem gentil e moderna.
Defendem o "novo", mas exalam o cheiro fétido do velho autoritarismo.

Em tempo: sou nascido e criado na cidade de São Paulo.

Nenhum comentário: