Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 26 de agosto de 2012

Ainda a África

     Minha resenhas anteriores sobre a África deixaram passar muita coisa, como não poderia deixar de ser, em se tratando de um continente tão vasto e complexo e de uma obra tão grande e rica como a de Alberto da Costa e Silva. Por isso resolvi pontuar alguns aspectos que achei interessante e passei por cima.

A sublime porta

     Na exploração da costa africana do índico, que os portugueses chamavam de contracosta, ao contrário da costa atlântica, eles se deparam com cidades construídas de pedra e cal, um intenso tráfego marítimo e um mercado muito desenvolvido entre a Índia, a África, a Indonésia, eo Golfo Pérsico. 
     A potência dominante nessa área, então, era o Império Otomano, dominado pelos turcos, contra o qual Portugal travou uma disputa intensa Ao par da exploração comercial os turcos também usavam sua influência para difundir a religião islâmica, bastante desenvolvida naquela área.
     Quando Costa e Silva se refere ao Império Otomano, ele usa a expressão A Sublime Porta. Pesquisando a razão disso encontrei a explicação: O Sultão Otomano, quando recebia os embaixadores estrangeiros em Istambul, tinha o hábito de fazê-lo nos jardins internos, junto ao portão do palácio imperial, que os turcos chamavam assim.
      Por isso o governo turco passou a ser conhecido na diplomacia como a Sublime Porta. O portão foi preservado, após a queda do império em 1922, e hoje é a entrada da Prefeitura da cidade de Istambul.

Os Iorubás

     Estima-se que mais de 11 milhões de africanos foram vítimas do tráfico de escravos, entre 1450 e 1900. Desses, calcula- se que cerca de 4 milhões vieram para o Brasil, tornando-se um componente importante da matriz etnica da atual população brasileira. Dentre os que para cá vieram, sobrevivendo aos horrores da captura e da travessia oceânica, muitas etnias africanas estavam representadas, principalmente as que habitavam a costa Atlântica da África, ou suas imediações.  
     Mas de todas os povos da África que foram trazidos, quando se fala de cultura africana no Brasil, sobressai logo a cultura dos chamados Iorubás, originários da atual Nigéria. 
    Mas quem eram eles?
   Na verdade, vários povos da região onde hoje fica a Nigéria, falavam o idioma iorubá. Portanto, iorubá não era um reino, mas um grupo étnico-linguístico, que abrangia vários povos e cuja região também é conhecida como Yorubo (veja no mapa acima). 
     Algumas de suas cidades-estado eram Oyó, Ijexá e Lagos, dentre outras.
     Todos seguiam um líder espiritual que habitava a cidade sagrada de Ifé, líder este que vivia recluso e que consagrava os reis da região, chamados de Obás. Ifé era considerada o umbigo do Mundo, o centro do universo. 
     Só no século XIX um estudo feito por um linguista inglês, passou a considerar o termo iorubá, como se referindo a uma nação.
     Sua língua, aqui no Brasil, passou a se chamar nagô e está muito presente nos rituais das religiões de matriz africana, principalmente o candomblé. Ela também é falada em Cuba e em regiões dos Estados Unidos
     Mas nem todos os iorubás que vieram para o Brasil praticavam a religião tradicional africana. Muitos eram muçulmanos, que aqui eram chamados de malês.
     A história dos africanos islâmicos no Brasil ainda está para ser contada. Muitos deles eram alfabetizados e lideraram as principais rebeliões de escravos na Bahia.
     Para quem se interessar, existem dicionários português-iorubá, desenvolvidos no Brasil. 
     Pesquisando sobre os iorubás na internet, achei muitas informações desencontradas. O site que me pareceu mais sério foi este abaixo: 
     http://civilizacoesafricanas.blogspot.com.br/2009/10/civilizacao-ioruba.html
   Noz-de-cola


     No livro de Alberto da Costa e Silva sobre a África (A Manilha e o Libambo), ele fala muito na noz-de-cola, como um dos produtos mais procurados pelos portugueses, na época dos descobrimentos, mas não explica o que é.
     Pesquisando sobre o assunto, descobri que a noz-de-cola é um fruto, em forma de noz, usado como estimulante e afrodisíaco pelos africanos. E mais, que ele é a matéria prima dos refrigerantes cola.
     Para conferir, fui ver a tampinha da garrafa de Coca-Cola (aquela tampinha de plástico de rosca) e está lá escrito: refrigerante à base de noz-de-cola, entre outros ingredientes. 
     Mas então os refrigerantes cola não são tão artificiais assim como sempre nos fizeram crer. Eles também usam uma matéria prima natural, baseada no fruto africano.
     Mais informaçãos à respeito no site abaixo:
     http://www.criasaude.com.br/N4397/fitoterapia/noz-de-cola.html
  
   

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