Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 19 de fevereiro de 2012


A arte da guerra


     O livro A Arte da Guerra, de Sun Tzu (pronuncia-se Sunzi), foi escrito provavelmente entre os anos 481 e 221 A.C. Tem, portanto, mais de 2.000 anos, mas continua muito atual, pois não trata apenas de estratégias militares e sim de como lidar com pessoas em situações de conflito.
     Talvez por isto tem servido de manual para empresários e políticos de todo o mundo, que o usam para conseguir suas vitórias nos ambientes competitivos em que vivem, especialmente no universo corporativo.
     O texto não é muito longo e não insiste muito em temas estritamente militares, mas é um verdadeiro manual de liderança, de como enfrentar situações adversas e, claro, de como vencer nessas circunstâncias.
     Apesar de curto, não é um livro que se deva ler rapidamente, pois exige reflexão, para poder ser absorvido. É como ler um livro de poesia. Lê-se uma e espera-se que as palavras tenham efeito sobre nós.
     Para quem tem o hábito da reflexão e da postura zen, é ler e esperar que o cérebro faça as ligações necessárias à partir das palavras de Sunzi, que vai abrindo caminhos novos para nosso pensamento através de seus ensinamentos simples e profundos.
     Ao ler pode-se achar que tudo é muito óbvio, mas ao final percebe-se que as questões de estratégia ficaram mais claras e mais fáceis, como se a gente fosse se tornando íntimo do assunto.
     A edição a que tive acesso, da Editora Jardim dos Livros, (São Paulo, 2011), tem uma tradução de André da Silva Bueno, direto do chinês, que nos brinda também com a história do livro, situando-o no contexto em que foi escrito.
     A obra original, que Bueno diz preservar na sua integridade, tem 13 capítulos: I- Avaliações,
II- O Combate, III- Estratégia de Ataque, IV- Preparação, V- Propensão, VI - O Cheio e o Vazio, VII - Manobras, VIII - As Nove Mudanças, IX - Sobre a Movimentação, X- O Terreno, XI - Os Nove territórios, XII - Ataque com fogo e XIII- O Uso de Espiões.
     Separei alguns trechos aqui, para que o leitor tenha uma idéia do tipo de ensinamentos que esse texto, tão antigo, nos traz:

     A Lei da Guerra se baseia no engano. Finja ser incapaz quando puder atacar e ser capaz quando não puder. Se está longe, pareça estar perto, se perto, pareça estar longe.
     Use iscas para atrair o inimigo.
     Ataque o inimigo quando ele está em desordem; evite-o quando ele está forte; irrite-o fazendo confusão, estimule sua arrogância simulando fraqueza.

     O que destrói o inimigo é a raiva.

     Os que são hábeis na Lei da Guerra fazem o inimigo se mover segundo sua vontade, criando situações desvantajosas para ele. Atraem-no com ilusões de vitória e o emboscam numa armadilha fatal.

     A perfeição de um exército occorre quando ele simplesmente parece não existir, e sua forma é incompreensível. Os espiões não o entenderão e os estrategistas não poderão fazer planos contra ele.

     Não suponha que o inimigo não virá, esteja pronto para recebê-lo. Torne-se invencível.

     Emissários inimigos com palavras doces e humildes estão se preparando para o ataque; emissários inimigos ríspidos e agressivos estão se preparando para fugir; emissários com justificativas razoáveis pretendem negociar.

     Um bom general avança sem desejar a glória, e se retira sem temer os castigos. Seu desejo é, apenas, o de proteger o povo e cuidar do soberano. Um general assim é um bem precioso para o Estado.

     A diferença desse texto para "O Príncipe", é que ele propõe uma estratégia que beneficie o Estado e o povo e não apenas o governante, como na obra de Maquiavel.
     Um livro para ler e refletir.



     

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