Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 26 de setembro de 2010

   Renovação

     Qual a diferença enrtre votar em Dilma e Serra ou Marina?
     Dilma representa a continuidade do governo Lula. Isso é bom? A resposta é 80% sim é bom. Não é bom pra quem? Para os aposentados que Lula sacaneou no início do seu governo, apostando no esquecimento da população. Não é bom também para uma elite antiga, acostumada a mandar nos pobres e que agora perdeu seu status. Não é mais necessário ser um doutor pra governar. A democracia finalmente chegou e qualquer um pode ser presidente.
     Serra representa a volta da política do arrocho salarial, das privatizações, da submissão internacional aos Estados Unidos e seus interesses e da hegemonia dos doutores emplumados sobre os pobres, uma dominação condescendente, que tem pena dos pobres e procura ajudá-los, desde que eles continuem pobres enquanto a elite compreensiva continua rica e mandando. Isso é bom para quem? Só para eles mesmos. para o Brasil é péssimo. Por essa percepção é que a candidatura tucana afundou e Aécio Neves já fala em deixar o PSDB e sua elite paulista, doente de elitismo.
     Marina Silva podia representar um novo passo para a evolução do nosso país se propusesse um desenvolvimento com justiça social e preservação ambiental, a tal economia de baixo carbono, repensando a produção e o consumo no momento em que nossa economia começa a decolar e ainda pode ser redirecionada. Mas preferiu representar o atraso do fundamentalismo crente da Assembléia de Deus, contra as pesquisas com células tronco, contra a legalização do aborto e contra o casamento de pessoas do mesmo sexo. Misturou religião com política, se colocando contra a aquisição de novos direitos civis pelos brasuileiros, e pelo contrário, dando direito às igrejas de decidirem inclusive pelos que não seguem sua fé. Se colocou assim na contramão da história. Hoje ela representa mais o atraso do que um novo caminho.
     Dilma aparece como a menos ruim, aceita por ser a candidata de Lula, embora não se saiba bem o que esperar dela. Pelo seu histórico de administradora e, antes disso, guerrilheira, creio que terá muita determinação para implantar os programas que vier a escolher. Sua visão é de esquerda, mas não é propriamente petista, já que foi do PDT durante muitos anos. Isso quer dizer que tenha um compromisso maior com a educação, como tinham Brizola e Darcy Ribeiro? Não dá pra saber. Na verdade a dúvida em relação à Dilma é a sua capacidade de formulação de pólíticas próprias.
     O que me parece claro é que a política vai mudar daqui pra frente. O PT sozinho não consegue comandar o Brasil, até porque provoca muita rejeição no eleitorado, devido a algumas figuras nefastas (José Dirceu e cia) que continuam por lá e também devido à sua velha atitude mesquinha, de ficar chateando todo mundo com suas pretensões moralistas, como se fosse a consciência do mundo, num jacobinismo de classe média muito desagradável, enquanto a corrupção se desenvolve normalmente lá dentro. Ou seja, eles tem uma imagem ótima deles mesmos que não corresponde à realidade. O PT não é nem nunca foi um partido revolucionário, mas sempre se disfarçou como tal, para captar os militantes de esquerda e enfraquecer os partidos comunistas. Na verdade sempre foi social-democrata e só ultimamente pode admitir isso, embora alguns pentelhos internos continuem fazendo pose de revolucionários e tramando golpes contra a democracia (de novo José Dirceu, o revolucionário que nunca pegou em armas).
     Lula está articulando uma frente permanente, ao estilo da Unidade Popular do Chile de Allende, ou do Congresso Nacional Africano, que governa a África do Sul. São frentes onde os partidos mantém sua identidade mas se engajam num projeto político comum, dando mais homogeneidade às propostas.
     Isso pode sim, melhorar a qualidade da nossa política, permitindo que os programas de governo deixem de ser apenas peças de propaganda e passem a ter alguma seriedade.
     Do lado da direita, será preciso se reiventar. O udenismo golpista e elitista de Serra e FHC, está morrendo. O DEM (PFL-PDS-ARENA), parece que também está morrendo. O futuro da direita parece estar numa nova versão do antigo PSD mineiro, de Juscelino, capaz de negociar com todos, aberto ao diálogo e buscando o centro político. Aécio, pelo visto, já percebeu isto e trabalha nessa direção.
     A outra alternativa para a direita é se refugiar no fundamentalismo religioso, ao estilo dos republicanos nos Estados Unidos, dos homens-bomba islâmicos e dos judeus ortoxos em Israel. Mas tenho minhas dúvidas se  isso vai pegar por aqui. Marina, sem dúvida, deu o primeiro passo nessa direção.
     De qualquer forma um novo Brasil está nascendo e como diz a música de Milton nascimento: nada será como antes, amanhã.

Boa segunda-feira à todos

Ricardo Stumpf Alves de Souza

Um comentário:

Anônimo disse...

O golpe no Chile coincidentemente foi dia 11 de setembro, assim como o ataque às torres gêmeas. Assista a este vídeo e veja o depoimento de quem viveu este momento:

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