Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

 
Corte Raso
 

     O debate sobre o novo código florestal, pode parecer besteira para quem não acompanha a devastação promovida pelo agronegócio em grandes áreas do território brasileiro.
     Uma das práticas mais comuns e nocivas ao meio ambiente, é o chamado corte raso, quando toda a vegetação de uma propriedade é removida para o plantio, não restando nada da flora nativa e nem da fauna.
     Além do corte, após o plantio, aplicam-se os chamados defensivos agrícolas, eufemismo para venenos, com o objetivo de impedir que insetos prejudiquem a colheita. O resultado disso é uma terra devastada e envenenada, à perder de vista, onde a única forma de vida que resta é a da cultura que está sendo plantada. Pior do que isso, a produção que chega à nossa mesa também vem envenenada, aumentando em muito os casos de enfermidades na nossa população, dentre as quais o câncer, cuja incidência vem aumentando de forma alarmante.
     A foto acima foi tomada na estrada entre Correntina e a BR-020, no oeste baiano, área onde outrora havia uma imenso cerrado, famoso pelos pássaros e pela diversidade vegetal. Agora nada resta, senão um deserto, preparado para receber plantações de soja ou de algodão.
     A insistência dos ecologistas e da presidente Dilma em vetar as modificações que os grandes plantadores querem introduzir no código, é para prevenir situações como esta, onde a mata natural foi exterminada e a vida animal completamente extinta.
     O certo é que, para uma área devastada como esta, existissem outras, interligadas, de mata nativa preservada, de forma a manter a biodiversidade e a passagem de animais, nos chamados corredores, que permitem aos bichos passar de uma mata para a outra, continuamente, sem ficarem ilhados, sem água e sem condições de conseguir seu alimento.
     Além das consequências nefastas para a flora, a fauna e a nossa saúde, este tipo de devastação também afeta o clima, acabando com a evapo-transpiração das plantas e tornando o ambiente cada vez mais seco, o que acaba se traduzindo em secas catastróficas, que vão prejudicar os próprios produtores.
     Mas os que insistem nessas práticas só pensam no lucro rápido e não em uma atividade agrícola sustentável.
     Por isto é melhor não ter pressa na aprovação deste código, e insistir no seu aperfeiçoamento, até que esses predadores do meio ambiente se convençam de que o planeta não pertence apenas a eles, mas é um patrimônio de todos os seres vivos, formando um conjunto que funciona harmonicamente e que não resiste a essa mentalidade que pensa apenas em tirar proveito da natureza.





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