Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

sábado, 3 de novembro de 2012

O Paiz
 
Um espectro ronda o Brasil
 
 
     Os novos depoimentos de Marcos Valério, o operador do mensalão, já condenado a quarenta anos de prisão, podem causar uma confusão política sem precedentes na história política do Brasil pós-redemocratização.
     Valério se ofereceu para dar mais informações à justiça sobre o esquema de corrupção no primeiro governo Lula, em troca de benefícios, como a redução de sentença. É a chamada delação premiada.
      Nos seus dois primeiros depoimentos, que já geraram reações indignadas por parte de alguns petistas e pedidos de proteção à sua vida, por parte do STF, Valério relaciona a morte do então prefeito de Campinas, Celso Daniel, ao esquema depois aplicado no governo federal, sob comando de José Dirceu.
     A relação entre os dois casos é simples e direta. Em Campinas o esquema foi experimentado, para depois ser aplicado no governo federal. Não se sabe ao certo o que houve em Campinas, mas as denúncias do irmão do prefeito assassinado sempre foram a de que Gilberto Carvalho, então assessor da prefeitura, sabia do esquema e que teria dito a ele que Celso foi morto por não concordar com a corrupção no seu governo.
     Se Lula sabia ou não do esquema, nunca ficou provado, mas agora os novos depoimentos de Valério incluem o nome do ex-presidente e do seu secretário durante os dois governos, Gilberto Carvalho.
     Lula nunca precisou de esquemas como esse para financiar suas campanhas. Sempre se soube, desde que ele era um líder metalúrgico, que ele recebia financiamento de sindicatos europeus, da Internacional Socialista, de cunho social-democrata. Suecos, alemães e italianos sempre colaboraram com seu movimento sindical, e mesmo com a fundação do PT, o que convinha também aos Estados Unidos e a sua agência secreta, a CIA, como forma de neutralizar a influência do Partido Comunista no movimento sindical brasileiro, que até então era muito forte
     A neutralização dos comunistas era necessária para que os americanos  e europeus pudessem patrocinar e permitir a redemocratização do Brasil, pois eles temiam que a continuação por mais tempo do regime militar acabaria por gerar um movimento armado de grandes proporções, capaz de levar os comunistas ao poder.
     Por isso nunca acreditei que Lula estivesse por trás do mensalão, porque ele sempre teve suas fontes de financiamento externas e não precisava de um esquema tão provinciano para sobreviver. Isso de comprar votos de deputados é coisa corriqueira em Câmaras de Vereadores, coisa de gente oportunista, aventureira, que queria achincalhar o Congresso Nacional. A cara de José Dirceu, como já ficou provado.
     As novas revelações de Valério, porém, podem mudar este panorama. Se é verdade o que ele diz, Lula não apenas sabia das estrepolias de Dirceu, mas permitiu que ele as cometesse em Campinas e depois em Brasília. Nesse caso, se não é o autor do crime, seria culpado por omissão. Pior ainda quando as estrepolias descambam num crime de sequestro seguido de morte, de uma autoridade que teria se rebelado contra esse tipo de prática.
     Talvez esteja chegando a hora de lavar a honra de Celso Daniel e jogar na prisão os responsáveis pela sua morte trágica.
     Qua a justiça seja feita.
 
    
     

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