Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 25 de março de 2012

Rapidinhas

A Invenção de Hugo Cabret

     Muito bonito o filme de Martin Scorsese, premiado no Oscar 2012 (efeitos visuais, fotografia, direção de arte, mixagem e edição de som).
     Com uma fotografia noir (sombria), o filme, adaptado do livro de Brian Selznick, conta a história de um órfão, (interpretado por Asa Buterfield) filho de um relojoeiro, que vive dentro do enorme relógio de uma estação de trem e acaba se envolvendo com um antigo cineasta e sua sobrinha.
     Embora marcado pelo velho sentimentalismo das produções de holywood, inclusive com seu previsível final feliz, o filme acerta na homenagem ao grande pioneiro do cinema e inventor dos efeitos especiais, o mágico francês Georges Méliès (1861-1938).
     Apesar de ser uma homenagem a um gênio francês, o filme não deixa de fazer referências constantes a autores e cineastas ingleses e americanos, como querendo nos dizer que apesar de homenagear um francês, seu diretor acredita que o mundo vive à sombra da cultura anglo-saxã, numa demonstração de provincianismo da parte de Scorsese.
     Mas apesar de tudo, o filme consegue sair do lugar-comum das produções norte-americanas e proporciona bons momentos ao espectador, principalmente pela sua bonita fotografia e pelos efeitos especiais. Vale a pena conferir.

Dia mundial da água

     O Dia Mundial da Água, transcorrido em 22 de março, nos traz a triste realidade dos rios urbanos brasileiros, a maioria deles transformados em esgotos.
     Não há uma política pública nacional para obrigar as cidades a tratar seus efleuntes de esgotos e convivemos com este absurdo que é a morte lenta dos rios que cruzam nossas cidades.
     Um exemplo deste descaso é o Rio Verruga, em Vitória da Conquista, Bahia, considerado o rio mais poluído do Brasil, sob a indiferença de Prefeitos e Vereadores que se sucedem no poder sem nada fazerem para recuperá-lo.
     Uma vergonha!

90 anos do velho Partido

     O Partido Comunista Brasileiro, comemorou 90 anos de fundação e de existência contínua, apesar das inúmeras tentativas de acabarem com ele. É o partido político mais antigo do Brasil.
     Do PCB saíram vários partidos, formados através de dissidências, como o PSB nos anos 40, o PCdoB em 1962 e o PPS em 1990. Mas o partido sempre conseguiu sobreviver, reformulando seus conceitos, num mundo em eterna mutação.
     O PCB está na base de muitas conquistas importantes do povo brasileiro, como o direito de voto das mulheres, dos soldados e analfabetos, as leis trabalhistas, a criação da Petrobrás, a luta contra o fascismo e a ditadura militar e a defesa dos direitos constitucionais.
     Muitas idéias que hoje são comuns, foram objeto de muita luta para se tornarem aceitas pelas classes dirigentes brasileiras, interessadas em manter o povo na miséria e na ignorância. O PCB sempre esteve à frente dessas batalhas.
     Esperamos que o velho partido consiga se relançar com ideais renovados para continuar sua luta.

 
Adeus Chico

     O Brasil, e especialmente o Ceará, ficam mais tristes com a morte de Chico Anísio.
     Me lembro dele na praia do Leme, no Rio, com seus quatro pequenos filhos, na década de 1960, tomando sol no meio dos banhistas. E ele já era famoso.

Chico é dessas pessoas que acompanham a gente a vida toda. Impossível esquecê-lo. Alguém já disse que ninguém é insubstituível, exceto um humorista. Chico Anísio com certeza é um deles.

Decadência

     A novela Fina Estampa , que começou com a personagem Pereirão, de Lilan Cabral, dando aulas de dignidade feminina, chegou ao fim com o triste record de ser uma das piores, senão a pior, da história da emissora.
     Apesar de fabuloso elenco global, a novela pecou por falta de dramaturgia mesmo. Os textos eram muito ruins, o enredo como um todo não tinha pé nem cabeça e a direção deixou que uma grande atriz como Cristiane Torloni se transformasse numa histérica ridícula, sem nenhum propósito que não fosse tentar alavancar os índices de audiência com cenas de violência.
     A caricatura construída em torno do personagem Crô, só reforça o estereótipo do homossexual como irresponsável e desprovido de princípios, aumentando o preconceito contra os gays.
     Faltam novos autores, faltam novos diretores, faltam novos rumos. A Globo só consegue se repetir de forma cada vez mais patética.

Cruz e Sousa e o racismo

     Nesta semana, em que a horrenda serpente do racismo mostrou seus dentes na França, com o assassinato de crianças numa escola judaica e de soldados franceses, descendentes de africanos, nos Estados Unidos, com o assassinato de um jovem negro considerado suspeito por um vigilante, assim como no Brasil onde um homem que passeava com sua namorada foi espancado quase até a morte por dois jovens de classe média, apenas por ser negro, deixo a fantástica poesia de Cruz e Sousa, que nos lembra que por baixo da cor da nossa pele e dos nossos olhos, somos todos apenas pobres mortais.

Caveira
I
Olhos que foram olhos, dois buracos
Agora, fundos, no ondular da poeira...
Nem negros, nem azuis e nem opacos.
Caveira!
II
Nariz de linhas, correções audazes,
De expressão aquilina e feiticeira,
Onde os olfatos virginais, falazes?!
Caveira! Caveira!!
III
Boca de dentes límpidos e finos,
De curve leve, original, ligeira,
Que é feito dos teus risos cristalinos?!
Caveira! Caveira!! Caveira!!! 

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