Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

sábado, 21 de janeiro de 2012

Transmissão de consciência

     Prezados amigos leitores.
     No mês passado, completaram-se 20 anos do fim da União Soviética, que era uma federação de países socialistas e comandava uma luta mundial contra o capitalismo.
     A antiga URSS, não foi derrotada pelos Estados Unidos e seu liberalismo econômico, mas caiu por conta de suas próprias contradições. Era uma ditadura que praticava uma espécie de capitalismo de estado, que já havia se afastado há tempos do sonho socialista de um governo de autogestão dos trabalhadores, mas era quem mantinha uma crítica constante e pertinente contra o capitalismo e o imperialismo.
     Com o seu fim, o capitalismo se espalhou pelo globo e os Estados Unidos viraram a potência dominante, com suas guerras, seu consumismo que vai destruindo o planeta e com o neoliberalismo, um sistema antigo que voltou com força, propondo o fim dos controles sobre o capital, causa das constantes crises econômicas, cuja lógica é a mesma das guerras: destruir tudo para depois reconstruir de novo, de forma a ter mercado novos para seus produtos.
     Mas o que fazer para impedir que a memória do socialismo ou da luta contra o capitalismo, se mantivesse viva nas mentes da espécie humana? 
     Esse era um problema para os donos do capital que precisam controlar os corações e as mentes dos habitantes do planeta para que seu injusto sistema econômico continue prevalecendo. Como eles controlam toda a mídia (a internet também, através dos provedores), resolveram simplesmente passar uma esponja no passado, nunca se referindo ao socialismo a não ser pejorativamente, como se aquilo fosse um pesadelo que precisasse ser esquecido.
     Também apostaram pesado na alienação da juventude, antes muito interessada em soluções coletivas para os problemas do mundo e agora estimulada a pensar apenas em si própria, em consumir e andar na moda.
     Mas o que aconteceu com a memória dos bilhões de seres humanos que apoiavam o socialismo, ela simplesmente despareceu? A estratégia de silenciar sobre as teses socialistas parece voltada para o esquecimento, apostando em que as gerações mais velhas vão morrendo e as novas não tenham contato com o debate sobre as injustiças do capitalismo.
     Como explicar, entretanto, o renascimento do debate sobre o socialismo em países ricos como os Estados Unidos e a União Européia? Como explicar que os movimentos do tipo Occupy Wall Street tenham tanto vigor e sejam capazes de se articular globalmente para protestar?
     Me parece que a estratégia do capital esqueceu a importância das famílias, como instrumento de transmissão de conhecimentos. Os pais continuaram ensinando os filhos, continuaram formando suas consciências e mostrando a eles onde está a verdade.
     Assim, a consciência do bem e do mal vai passando através das gerações e a luta por um sistema mais justo vai tomando novas formas, aprendendo com a experiência histórica e abrindo novas portas para propostas transformadoras.
     As crises das economias capitalistas avançadas, paralelamente ao sucesso da economia mista chinesa, onde o capital é controlado pelo Estado, mostra a relação direta e clara entre planificação e crescimento econômico, sem deixar que grupos privados provoquem a chamada destruição criativa, tão comum no capitalismo e que atinge apenas os mais pobres, ajudando a enriquecer mais ainda os ricos.
     A crise das ditaduras árabes também tem ajudado a refletir sobre que democracia queremos e com que mundo é possível sonhar: um mundo integrado, onde a cidadania controle não apenas os governos, mas também as empresas e a economia, através de democracias que não sejam encenações, mas que signifiquem um controle efetivo do povo sobre seu destino.
     Como diz o lema dos Fóruns Sociais Mundiais: um outro mundo é possível!
    
    

Nenhum comentário: