Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Rapidinhas

O ocaso das ditaduras árabes
     
     Síria segue os passos da Tunísia, do Egito, do Iemen e da Líbia.
     Ditadores (ou seus sucessores) que derrubaram antigas dinastias e tinham apoio de grande parte da população, baseados em partidos políticos de inspiração nacionalista e esquerdista, começam a ser contestados por uma juventude sedenta de democracia e de melhoria de vida, já que o espectro do colonialismo não os assombra mais.
     Os governos, desacostumados a lidar com aspirações legítimas da população, passam à repressão violenta, o que os leva a perder rapidamente apoio entre aqueles que eram a sua própria base de sustentação e a revolta se espalha, como fogo no canavial em dia de vento: incontrolável.
     Quanto mais reprimem, mais perdem apoio e, perdidos, acabam tendo que ceder e se retirar do poder.
     Uma situação que revela que os nacionalismos perderam seu sentido e que caminhamos para a criação de uma só grande nação humana na face deste sofrido planeta.


Notícia de incidente racista em Rio de Contas

     Recebi de uma amiga, pedido para divulgar denúncia de incidente de racismo ocorrido em Rio de Contas, durante uma festa em um restaurante da cidade. Como se trata de crime inafiançável, e como um blog deve se manter dentro da responsabilidade jornalística se quiser preservar sua credibilidade, optei por não divulgar a carta, em função de não haver conseguido ouvir a versão da pessoa acusada.
      Além disso, a pessoa que me pediu a divulgação tem um conflito de interesses com a família da denunciada, e temi que o blog pudesse estar sendo usado com fins políticos e pessoais. 
     Isso não me impede, no entanto, de deixar aqui registrada a minha indignação com este tipo de incidente, recorrente naquela sociedade ainda arcaica, e com a preocupação com que as autoridades competentes façam cumprir a lei.  
      Creio que o Movimento Negro local, tão incisivo em outras ocasiões, deveria se manifestar sobre o caso, até para que os meios de divulgação tenham uma base jurídica mais sólida para divulgar este tipo de desrespeito aos direitos humanos. 

Estranha comemoração

      Ninguém gostava desse sujeito, mentor do assassinato de milhares de pessoas inocentes ao redor do mundo, inclusive de muitos muçulmanos. Mas sair às ruas para comemorar a morte de uma pessoa, por pior que ela tenha sido, não me parece uma coisa muito cristã.
     A foto acima ilustra, no entanto, a comemoração pela morte de Osama Bin Laden, em frente à Casa Branca, em Washington, na noite de domingo, como se fosse um campeonato de futebol no Brasil.
     Será que os americanos não tem consciência de quantas pessoas eles mataram ao redor do mundo, inclusive milhões de civis inocentes, como no Japão e no Iraque?
     Se existe mesmo a tal Lei do Retorno, de que nos falava Chico Xavier, esse pobre espírito primitivo que em vida se chamou Osama Bin Laden terá de pagar caro por todas as atrocidades que cometeu, assim como George Bush, que matou muito mais e hoje se vangloria de ter começado a guerra ao terror.
     Isso vale também para a própria nação americana, que deverá receber de volta todo o mal que infligiu ao mundo "em nome da liberdade".
     Vale o comentário de que o corpo foi jogado ao mar, o que alimenta boatos de que tudo não passaria de um golpe publicitário para alavancar a popularidade Obama.
     Triste espetáculo.

Paula Fernandes

     Está interessante o novo CD de Paula Fernandes, gravado ao vivo. Ela dá um passeio por vários gêneros musicais, sem fazer concessões à qualidade, sempre destilando aquele timbre especial de voz.
     Divulgada numa novela global, Paula Fernandes vem trazer um sopro de vida à música regional brasileira,  sufocada pelo tsunami de porcarias que a própria Rede Globo lança sem parar, transformando nossos ouvidos em pinicos globais.
     Embora algumas faixas caiam na mesmice da música sertaneja, no geral ela dá um salto de qualidade no gênero.
     Vale a pena conferir.

3 comentários:

Elaine Novais disse...

Ricardo boa tarde!!



Acabei de ler a sua declaração sobre o meu texto, sinceramente não esperava, visto que acompanhei seu blog diversas vezes e achei que poderia contar com seu apoio. Quero que saiba que não se trata de uma questão política, eu não me envolvo em política partidaria de quem quer que seja. Eu pedi a minha amiga ( a quem vc se referi em seu blog) que enviasse o texto para pessoas que pudessem contribuir de alguma forma com a divulgação, da mesma forma que pedi para outros amigos e enviamos para outros blogs. O fato de você não querer divulgar o meu texto, por achar que existe justificativa para uma agressão física seguida de discriminação racial, é lamentável, mas está no seu direito, a comunidade Rio de Contas teve a mesma posição, afinal não é qualquer pessoa que está disposta a se indispor com as familias tradicionais de Rio de Contas, isso sim te digo que é por questões políticas.
Após ter feito o B.O., escrevi o texto, divulguei e estou tomando as devidas providências e contando com apoio de amigos, ongs e do movimento negro da Bahia e de pessoas que foram solidárias comigo após o acontecido, visto que em Rio de Contas, não tem e nunca teve um movimento negro e sim pessoas que sempre lutaram pela causa, mas que não conseguem se organizar enquanto movimento. Respeito o fato de não ter publicado o meu texto, agora não atrele meu caso a politicagem local, não me misture nessa lambança!! Sempre procurei desenvolver meu trabalho independente de questões políticas, nunca deixei de lutar contra essa visão preconceituosa predominante em Rio de Contas!!


Atenciosamente


Elaine Novais

Anônimo disse...

Mentira! A única verdade é que o ser humano mente muito. Mente pra se defender, jura que não está envolvido, mas sabe-se claramente que as pessoas que uma ora não se dizem envolvidas em outros momentos se envolveram e muito, sobretudo quando se trata de "arranjar" emprego. Acho louvável a postura do responsável por este blog, se envolver pra quê, não parece ser nada sério vindo de alguém que há bem pouco tempo fazia todos os esforços para ascender entre essas mesmas famílias que hoje critica. Concordo plenamente com o que Gil disse em sua canção "Ter cabelo duro é preciso, que pra ser vocÊ crioulo", reconhecer-se como se é e ir mais além esquecer sua cor, entender-se humano, é o que todos somos, humanos.
E para Elaine, quero dizer, minha filha cultive o perdão, aonde realmente você quer chegar?
O que espera conseguir com isso?
Parece-me um estardalhaço tão exagerado que cheira a politicagem como disse Ricardo.
Eu não me me meto, por que no fundo acho que é briga de branco, uma por que se acha no direito de ofender uma pessoa do jeito que ofendeu, outra por que usando cabelo que está moda acha que assume sua negritude, mas age como se tivesse outra cor, será que a ofensa não seria por que não foi aceita?
A outra Iracema é uma pobreza só, a família toda é assim, fofoqueiros, fazem uma política suja, de empreguismo, mas quem mais apoia a menina Elaine é igualzinha, essa Paula, quem pode confiar num pessoal desse, é tudo farinha do mesmo saco.
Parece até novela.
É tudo igualzinho.
Recrimino tudo, a politicagem, o racismo, o desejo de mudar de cor, mas penso que a gente deve perdoar, eu mesma perdoo essa pobreza de espírito, uma cidade tão bonita e um pessoal tão pobre.
Já vi tantas situações de racismo aqui, ninguém fala nada, agora deram pra se indignar, pimenta no do outro né, quando era lá não importava, mas agora, isso é verdadeiro?
Alguém perdeu o emprego foi?
Não vou colocar meu nome nesse comentário por que sei que vou sofrer perseguição, dessa gente que morre de vontade de tomar o poder.
Cuidado!!!!!

Ricardo Stumpf disse...

Prezada Elaine

Em nenhum momento eu disse que justificava uma agressão física seguida de discriminação racial.
Apenas me reservei o direito de não divulgar sua carta sem conhecer a versão da pessoa acusada.
Não tenho, tampouco, nenhum compromisso com as famílias tradicionais de Rio de Contas. Tenho filhos negros e sou muito sensível a esta questão, mas me pauto pelo limite imposto pela responsabilidade ética.

Ricardo