Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Falem com eles



     Um dos maiores problemas das famílias que tem alguém com Alzheimer, é o isolamento social a que os doentes vão sendo submetidos, aos poucos, pois na medida em que as pessoas percebem os lapsos de memória e a confusão mental, se afastam por não saber como agir.
     Na verdade a maioria das pessoas não está praparada para enfrentar situações como esta e só sabe se relacionar dentro de padrões "normais" de comportamento social. Quando a pessoa entra em estado degenerativo e começa a perder sua capacidade de controlar uma conversa, ou de lembrar de fatos recentes, os interlocutores não sabem o que fazer e ficam se olhando constrangidos.
     No entanto, quem tem um parente numa situação dessas aprende logo que não se deve demonstrar surpresa com a confusão do paciente e procurar auxiliá-lo, quando no meio de uma frase, por exemplo, ele se esquece do que ia dizer.
     Ajuda muito também, ir lembrando nomes e fatos, com a maior naturalidade possível, de forma a ajudar a pessoa a manter viva sua relação com a realidade.
     É preciso compreender que o doente de Alzheimer, em geral não sabe que sofre da doença, e faz um esforço muito grande para se manter ligado ao mundo, com dificuldade crescente. Ele não entende porque as pessoas se afastam e fica muito mais constrangido do que quem está dialogando com ele, quando percebe sua incapacidade de manter uma conversação, sendo frequente cair em estado de depressão, numa situação dessas.
     Uma boa forma de lidar com isso, também, é levar tudo na brincadeira, procurando completar as frases que ficaram no ar, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo e introduzir o humor na conversação, para alegrar o doente, de forma que ele perceba que sua convivência pode ser agradável e divertida aos outros.
     A alegria sempre ajuda numa situação de doença, causando bem estar e a produção de substâncias que tem efeito positivo no corpo. Portanto, se você tem um parente com Alzheimer, ou conhece alguém assim, não deixe de visitá-lo, nem de conversar com ele. Isso será um ato de amor e de caridade que pode prolongar a vida dele, ou, o que é mais importante, dar a ele um pouco de alegria numa situação tão difícil como é a de sentir que seu cérebro está se apagando.
     Também é comum as próprias famílias ficarem envergonhadas de seus doentes e escondê-los de amigos e parentes, por medo do constrangimento, o que é outro erro.
     Fale para os outros sobre a doença, deixe que eles aprendam a lidar com ela e, principalmente, aceite o inevitável, sem fazer disso um drama maior do que já é.
     Não deixe seu paciente de alzheimer num quartinho isolado, saia com ele, vá pra rua, leve-o para passear e faça com que as outras pessoas tenham que encará-lo e aprendam também lidar com o problema, assim como você teve que aprender. Explique aos outros como se comportar e trate de alegrar o final da vida de quem você ama e teve a infelicidade de sofrer desses mal. Afinal de contas, todos nós estamos sujeitos a ele.

Nenhum comentário: