AMOR VERDADEIRO
Crônica escrita originalmente para a rádio Rio de Contas FM, em 2007
Na pedra, na Curriola, o nome
está lá para quem quiser ver. A data, 1972.
Mais adiante, outra vez o mesmo
nome, com a mesma declaração de amor. A data: 1991. Quase 20 anos separam as
duas declarações, os dois apelos de um homem apaixonado.
Passeando por ali, onde a água
faz uma volta violenta, vi as inscrições e imaginei o rapaz apaixonado,
solitário, olhos fixos nas revoluções da água. Terá ele conseguido conquistar
sua amada, ou foi apenas um longo sofrimento de amor?
Tem gente que diz que os jovens
não sabem mais o que é amor verdadeiro e só pensam em sexo. Fiquei pensando
se isso pode ser verdade. Ninguém escolhe amar. Isso é uma coisa que acontece
de repente, às vezes só uma vez na vida. Como podem os jovens de hoje evitar que
o amor irrompa em seus corações?
Resolvi perguntar para pessoas
adultas se acreditam no amor e tomei um susto. A maioria não acredita, acha que
é só achar alguém pra se dar bem e levar uma vida boa ou mais ou menos e tudo
bem.
Mas afinal o que vale a pena na
vida? O trabalho, com certeza é uma coisa que vale a pena. Poder ter o sustento
sem viver de favores é muito bom. Fora isso é o amor, que mantém o coração
aquecido e nos dá ânimo para tudo, inclusive sonhar com o que queremos na vida
e trabalhar para alcançar.
É o amor que nos faz construir
uma família e cuidar dos filhos, dos pais na velhice, defender essa grande
família que é a nação brasileira, defender a terra, as plantas e a água, que
dão a vida a todos, bichos e gentes.
Sem amor não há vida. Sem amor só
haveria escuridão, frio e morte.
Sendo assim, como poderiam as
pessoas não amar mais? Estava pensando nisso quando ouvi a canção de amor no
rádio e pensei:
_A maioria das músicas fala de
amor, porque será?
Apesar do egoísmo, da violência,
das guerras, de todos os sentimentos primitivos que ainda habitam o coração do homem,
temos o sopro da criação divina, que nos leva para o lado bom. Os sinais estão
por toda a parte e aqueles que fingem não acreditar no amor, estão apenas se
enganando.
A mensagem na pedra da Curriola, reconstruiu em mim a certeza de
que o amor verdadeiro existe e de que, em cada um de nós, no meio dessa imensa
humanidade, está viva a capacidade de amar.
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