Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 8 de maio de 2011

As 7 faces da política riocontense

     Como no antigo filme de George Pal, de 1964, as 7 faces do Dr. Lao, onde o circo de um chinês, o Dr. Lao, chega a uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos e através de ilusões começa a mostrar aos moradores suas próprias contradições, a política riocontense parece que é uma coisa, mais é outra.
     Fazendo um paralelo com o título do filme, poderíamos encontrar também as sete faces ilusórias que jogam na cena política, confundindo os eleitores.
     A face mais visível é a do lado conservador, coronelista, dos grupos herdeiros da ditadura militar, ex-integrantes da ARENA/PDS/PFL/DEM, que hoje correm para debaixo da asa do PT, integrando a base aliada através do PP ou do novo PSD.
     A segunda face, que se percebe depois de conviver um pouco na cidade, é a do grupismo de gente que se articula em pequenos grupos de interesse para garantir privilégios pessoais, se infiltrando em todos os partidos disponíveis, tomando legendas, buscando apoio de igrejas, clubes de futebol, associações de moradores, etc. e cuja lógica é muito simples: quando tomarmos o poder distribuiremos os benefícios entre nós e os que nos apoiarem, o que inclui promessas de emprego na pequena burocracia municipal.
     A terceira face é o PT local, que poderia ser um vetor de transformação, mas está preso nas malhas do interesse eleitoral de Guilherme Menezes, Prefeito de Vitória da Conquista, que ainda sonha em ser governador da Bahia e por isso quer controlar o máximo possível de diretórios do interior para garantir uma possível (mas muito pouco provável) indicação em convenção partidária.
      A quarta face é formada pelos dissidentes do PT, que tentam romper com a hegemonia do grupo de Guilherme, mas que não tem coragem de mostrar a cara e praticam o denuncismo clandestino, usando as redes sociais e todo tipo de boatos e insinuações, com vistas a atingir seus adversários, sejam do próprio PT ou das outras formações políticas.
     A quinta face é a da burguesia local, composta principalmente por comerciantes, que financia as campanhas, promovendo churrascadas e cervejadas milionárias, tentando influenciar os resultados das eleições (e com isso incentivando a corrupção eleitoral), mas que não conseguiu ainda um candidato que a represente, permanecendo oscilante entre os diversos grupos que se aventuram na política local. 
     A sexta é a corrupção dos próprios eleitores, que entram num estado de autêntico frenesi, quando as eleições se aproximam, numa excitação quase sexual, antevendo os prazeres e benefícios que obterão das disputas entre todos os que disputam os cargos, sejam em cargos públicos, sejam em pequenos presentes e favores, como telhas, filtros, consultas médicas, exames, cirurgias, etc.(e os candidatos médicos são os mais pródigos nisso), tudo pago com dinheiro das campanhas eleitorais.
     E a sétima é a de uma pequena classe média de extração urbana, consciente, que se desespera por não conseguir mudar nada disso e parte para campanhas moralistas que não surtem absolutamente nenhum efeito.
     É claro que isso nem sempre se mostra assim tão separadinho e evidente, mas tudo anda junto e misturado.
     O resultado desse quadro é o atraso, a corrupção e a pobreza renitente, que teimam em se manter num município de tantas potencialidades. Nada muda em Rio de Contas e nada vai mudar, enquanto seus cidadãos não mudarem suas práticas, num círculo vicioso que se retroalimenta.
     Como no filme, onde o Dr. Lao fazia as pessoas se darem conta das suas próprias idiossincrasias, as eleições em Rio de Contas se transformaram num triste circo de ilusões.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ricardo, penso que a atua avaliação está correta do ponto de vista do jornalista.
Supondo que vc ainda fosse filiado ao PT e fosse chamado a opinar em relação às investidas dos lados. Qual seria a posição?

Ricardo Stumpf disse...

Prezado Anônimo

Eu gostaria muito que o PT lançasse uma candidatura que realmente se preocupasse com o futuro de Rio de Contas.
Se o pessoal de Guilherme abrisse mão do controle do diretório local em benefício da unidade partidária, promovendo uma nova direção que representasse todas as facções internas e procurasse alianças com os setores progressistas da cidade, isolando os corruptos e oportunistas, creio que teríamos a chance de construir uma coalizão com boas chances de sucesso, que poderia tirar o município deste impasse em que se encontra.
O nome do candidato a prefeito teria que ser tirado por consenso de todas essas forças, e teria que ser alguém confiável, com reais chances de sucesso.
Os nomes dos vereadores também precisariam ser tirados com mais critério, para evitar as infifelidades tão constantes.

Vitor disse...

De todas as faces relatado por você, que não novidades alguma pra ninguém, ficou uma perguntar no ar. Qual a sua verdadeira face na política ou na sociedade de Rio de Contas? Pois vejo você atacando todos os lados, vem depois com um texto, sobre potencial de Rio de Contas, vejo que essa duvida não seja só minha.

Ricardo Stumpf disse...

Preado Vitor

Obrigado pelo seu comentário.
Creio que eu me enquadrava na classe média de extração urbana que se desespera com toda essa situação e faz campanhas de conteúdo moral, do tipo "não venda seu voto", etc.
Mas depois de ver que isso não adianta, me retirei totalmente da política e tento ser apenas um espectador, que passa sua análise através deste blog, na esperança de que isto possa levar as pessoas a mudarem sus atitudes, enquanto tento mostrar o potencial que o município tem, sem a pretensão de ter soluções prontas.