Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

terça-feira, 23 de março de 2010


Capital da Cultura?



Queridos leitores
Rio de Contas acaba de ser escolhida para ser a Capital Baiana da Cultura, em 2010.

Mas como?

Uma prefeitura que não tem sequer uma Secretaria de Cultura e que mantém como Coordenador de Cultura um despreparado, que despreza e ridiculariza os artistas da cidade, que não dialoga com eles, mas ao contrário os persegue, principalmente se forem da política anterior; uma prefeitura que deixa o acervo de um artista como Zofir Brasil abandonado, se desfazendo, que não dá um centavo de ajuda à centenária Lira da cidade, que não tomou uma providência sequer para instalar o Museu Arqueológico, criado pela Câmara Municipal, cujo acervo continua em Salvador, nas mãos salvadoras da Universidade Federal da Bahia, que não dá nenhum tipo de apoio às Pastorinhas, aos Ternos de Reis, ao Bendegó, manifestações tradicionais da cidade, que organizou um carnaval de baixarias, desmoralizando o carnaval tradicional de Rio de Contas, que mantém o Centro Cultural nas mãos de uma universidade particular e de um programa da secretaria de educação (pró-jovem), sem realizar um curso sequer na área da cultura, um evento, uma programação mínima; que mantém o Teatro Municipal fechado e só é capaz de fazer uma meia-sola para recuperá-lo, depois de intensa campanha nossa; enfim, uma prefeitura imobilista, que não está nem aí pra cultura e para a arte, consegue ser considerada Capital Cultural?

Era de se supor que para ser uma capital da cultura, não bastasse o povo ter a sua cultura, mas que existissem políticas públicas bem sucedidas nessa área, que promovessem e valorizassem as manifestações locais.

Gostaria de entender os critérios dessa escolha, que colocaram Rio de Contas à frente de Cachoeira, por exemplo, uma cidade cheia de museus e de manifestações culturais organizadas, sede de uma universidade (do Recôncavo) e de tantas tradições importantes.

Isso apenas demonstra que toda essa teia burocrática de projetos e editais em que se transformou a gestão pública no Brasil e que faz a alegria de ONGs e consultores, frequentemente perde o contato com a realidade e envereda pelos caminhos do absurdo.

Rio de Contas pelo seu potencial poderia ser uma capital da cultura desde que os governantes fizessem a sua parte, ao invés de, diante das críticas, procurarem títulos para salvar as aparências.
Abraço a todos

Ricardo Stumpf





2 comentários:

claudete Eloy disse...

nosAmigo Ricardo,
Eu estou boquiaberta e sem crer no que li. Que cultura temos aqui? Temos grupos populares que se mantem heróicamente por esforço próprio, e nada mais. Será que essa gente da prefeitura sabe o que é cultura? Será que tem alguem que tenha de fato cultura no meio dessa gente? Sim querido amigo, porque ter diploma de letras, direito, medicina ou qualquer outra graduação não tornam o sujeito culto. Para ter cultura é preciso ler de tudo e analizar o que se lê com espírito crítico. É preciso ter criatividade, e acima de tudo, tem que ter senso de ridículo que é a condição fundamental para se poder intitular "culto". Ter boa memória e saber de cor livros inteiros não é cultura, é boa memória e só. Se não se sabe ligar fatos, analisar seus antecedentes e o que tal fato gerou ou gerará a posteriori, o sujeito tem boa memória, mas é um idiota(usando a classificação Freudiana para sujeitos com Q.I. abaixo de 35 (pontos).
É amigo... Vamos torcer para que um dia o Pinto vire galo.

Altemar disse...

Parabéns Ricardo pelo artigo.
A cada dia que passa vejo porque Rio de Contas se encontra neste atraso!
As pessoas são "desprovidas de inteligência",para não ter que usar outro termo. Outro dia comentava exatemente isso com um colega.
As pessoas ao ouvir as críticas ao invés de revertê-las a seu favor preferem encará-las como briga pessoal.
Sendo assim preferem não utilizar as boas idéias que as pessoas teem.
Mas sou um otimista graças a Deus e acredito que um dia teremos uma cidade melhor do que a que ai está.