Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

sábado, 22 de setembro de 2012


De volta ao começo
 
Pois é, amigos leitores, depois de passar o ano de 2011 em Vitória da Conquista, apoiando minha filha e dando aulas numa Faculdade de Arquitetura, depois ficar entre Brasília e Fortaleza o primeiro semestre de 2012 e apenas em Fortaleza após o falecimento de minha mãe, no final de maio, finalmente retorno para minha casa na minha pequena e querida Rio de Contas.
É como se eu tivesse dado a volta ao mundo e voltasse para casa.
Amo as noites estreladas e serenas desta cidade. Amo suas montanhas, o vento que balança as árvores da minha rua e que me trazem recados de lugares distantes, amo a educação e gentileza das pessoas, a maneira como seus habitantes sabem aproveitar a vida, apesar dos pesares, o cheiro das madrugadas, que tantas vezes me fizeram abrir minha porta e me sentar no muro da escola em frente, às quatro horas da manhã.
Venho de muitos sofrimentos e muitos descobrimentos também. Sofrimentos de dores de amores desfeitos e descobrimentos que fiz em viagens por lugares nunca dantes navegados, dentre os quais a África, o Ceará e o interior do Piauí, todos eles fascinantes.
Cabo Verde foi uma escola. Sentir o cheiro da África, pisar os meus pés nas suas terras, ver com meus próprios olhos como vivem nossos irmãos de lá, foi como retirar um véu que distorcia minha visão e me fazia enxergar aquele continente como se estivessemos no século XVI. A nova África está lá, esperando por nós, brasileiros, com suas contradições e suas belezas.
Bobagem ir a Europa, muito mais longe. Vão à África, nossa mãe. É linda e vale a pena.
O Piauí tambem foi uma surpresa, já contada também neste blog, principalmente o Vale do Gurguéia e o Parque Nacional da Serra da Capivara. Vale a pena conhecer.
Fiz essas viagens para amenizar a tristeza que me ia pelo peito e, junto com meu amigo Adriano Araujo, fui renascendo aos poucos, juntando os pedaços e voltando a vida, reconstruindo a vontade de viver, de fazer planos e de ser feliz.
O Ceará também foi muito importante. Não só pelas suas linda praias, mas pelo interior magnífico, muito mais desenvolvido do que supomos pelas lentes comprometidas das televisões sudestinas (Globo, Record, SBT e Bandeirantes). Ótimas estradas e cidades bem estruturadas, que revelam um estado em pleno desenvolvimento. Como diziam os mineiros na década de 60, o Ceará trabalhou em silêncio e é uma surpresa muito boa conhecê-lo.
Ao contrário do Piauí, não se trata de um potencial ainda começando a se desenvolver, mas de uma sociedade já muito avançada no seu crescimento e desenvolvimento, embora as marcas de séculos de pobreza e atraso ainda sejam visíveis.
Tudo isso foi muito bom, mas melhor ainda é poder voltar para Rio de Contas, onde tenho minha casa e meu escritório (que prazer em reabri-lo!) e poder reencontrar velhos amigos e conhecidos.
Viajar é ótimo, mas voltar pra casa é o melhor da viagem.
Pra quem não sabe, Rio de Contas e uma pequena e linda cidade da Chapada Diamantina, na Bahia, onde enterrei meu coração.


Rapidinhas

Incêndios em favelas

    
     Não é estranha a sequência de incêndios em 34 favelas de São Paulo, a cidade governada pelos conservadores do PSDB de Serra, junto com o PSD (ex-DEM) de Kassab?
     Todas as favelas incendiadas se encontram em terrenos altamente valorizados, em áreas centrais da capital paulista. No último, no início da semana passada, a Prefeitura não forneceu nenhum apoio aos moradores, que passaram a noite ao relento. Uma empresa nas imediações foi quem abriu suas portas para acolher os que ficaram sem suas casas.
     Carlos Lacerda, quando incendiava as favelas do Rio de Janeiro na década de 60, pelo menos retirava os moradores. Agora parece que grupos ligados aos especuladores, com o silêncio cúmplice da direita que governa a cidade, decidiu queimar as favelas com os moradores dentro.
     Qualquer semelhança com os fornos crematórios nazistas não é mera coincidência.

Provocações
 

     E por falar em nazismo, o filme com críticas ao Islamismo, feito por um amador nos Estados Unidos, seguido da publicações de charges contra o Islã por um semanário francês, são manifestações explícitas de intolerância religiosa, que escondem o racismo contra árabes e até contra os judeus (no caso do semanário francês).
     Porque atacar assim uma religião que tem centenas de milhões de seguidores no mundo?
     Como nos sentiríamos se eles começassem a publicar charges ofensivas sobre Jesus Cristo?
     Isso é um absurdo, uma provocação fascista, que se esconde sob o manto da liberdade de opinião.
     Acho que o princípio da liberdade religiosa deve estar acima do suposto direito das pessoas dizerem o que querem. A liberdade de se expressar não pode servir para ameaçar a liberdade dos outros de professarem sua fé. 
     Por muito menos Julian Assange está preso numa embaixada em Londres e o soldado americano que revelou os telegramas ao site Wikileaks, está preso incomunicável, nos Estados Unidos, o que mostra que a tal liberdade de expressão pode ser restrita, quando incomoda os poderosos.
     E na França, a justiça proibiu manifestações de muçulmanos contra a publicação. Mas manifestar-se publicamente também não se enquadra no livre direito de expressão? Então existe liberdade para axincalhar uma religião e não há liberdade para manifestar o desagrado com isso?
     Todas as religiões unem a humanidade em torno da idéia de um ser divino e, como tal, merecem ser respeitadas. A liberdade de culto é um direito fundamental reconhecido na Declaração Universal dos Direitos Humanos. O ataque contra o islamismo é um ataque contra a liberdade religiosa de todos nós.

A Máfia da CBF


     Romário, mais uma vez, denunciou o técnico Mano Menezes e a CBF, pela prática de associação entre a convocação de jogadores  e a valorização de seus passes para venda ao exterior, que estaria beneficiando dirigentes brasileiros, em prejuízo da qualidade da nossa seleção.
     Nesta última denúncia ele pede a intervenção da Presidente Dilma Roussef na entidade que comanda o nosso futebol, para acabar com as negociatas que estão fazendo fortunas às custas da nossa seleção nacional.
     O estranho é que os grandes órgão de imprensa silenciaram sobre as denúncias do baixinho, como se estivessem participando do esquema.
     Está na hora de abrir essa caixa preta chamada CBF e fazer uma faxina lá dentro.
     A vitória da seleção por 2x1 contra a fraquíssima seleção argentina não convenceu ninguém, muito menos os torcedores que foram ao estádio Serra Dourada em Goiânia e pediam a volta de Felipão.

Poesia da Semana
 
Pus meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
depois abri o mar com as mãos,
para meu sonho naufragar.
 
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas.
 
O vento vem vindo de longe
a noite se curva de frio
debaixo da água vai morrendo
meu sonho dentro de um navio...
 
Chorarei quanto for preciso
para fazer com que o mar cresça
e o meu navio chegue ao fundo
e meu sonho desapareça.
 
Depois tudo estará perfeito:
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas
 
Cecília Meireles




O Paiz

A praça é do povo

     O comício do candidato do PDT, Cristiano, em Mato Grosso, distrito a 1.500 metros de altitude, no município de Rio de Contas, na Chapada Diamantina, mostrou que quando o povo quer, não há articulação ou manipulação eleitoreira que consiga impedir que ele tome as praças e expresse a sua vontade de mudança.
     O atual prefeito, e sua equipe inerte, que passaram quatro anos perseguindo os cidadãos riocontenses sem trazer nenhum benefício à cidade, usaram de todos os métodos lícitos e ilícitos para impedir a aliança entre todas as forças vivas da cidade para tirá-los do poder.
     Até a falsificação de atas da convenção do PT foi tentada, mas quanto mais eles querem obrigar o povo a votar no seu esquema falido e corrupto, mais o povo se revolta e apóia o 12, do candidato da oposição.
     A situação me lembra uma fábula árabe: o sol e o vento, ao observarem um homem caminhando com um grosso casaco, apostaram sobre quem seria capaz de fazê-lo tirar seu abrigo.
     O vento então soprou uma rajada traiçoeira, que quase levou o casaco do homem, mas este, se sentindo atingido pelo frio conseguiu segurar seu abrigo e apertá-lo em torno de seu corpo. E quanto mais o vento soprava, mais o homem apertava o casaco.
     Depois foi a vez do sol e bastou este aparecer com força para que o homem retirasse seu abrigo.
     Moral da história: não é com violência e força que se conseguem as coisas, mas com razões.
     A praça da pequena e histórica Mato grosso, onde ocorreu a primeira descoberta de ouro na Bahia, no início do século XIX, se encheu de alegria e esperança no domingo, na maior concentração de sua longa história.
     Foi uma festa bonita e uma linda prévia do que o povo está preparando para o dia 07 de outubro.