Rapidinhas
Carmem
Foi com prazer que assisti, na terça-feira passada, dia 30 de agosto, em Salvador, à banca de doutorado em Artes Cênicas, da diretora teatral Carmen Pasternostro Schaffner, intitulada: "Da dança expressionista alemã ao teatro coreografado da Bahia: aspectos interculturais e pós dramáticos em Dendê e Dengo e Merlin."
A autora fez um histórico do surgimento da dança expressionista na Alemanha, mostrando como essa escola influenciou o teatro baiano, através de profesores alemães que vieram para cá após a guerra, e a repercussão disso nos espetáculos montados por ela, intitulados Dendê e Dengo e Merlin, na década de 1990.
Além da belíssima exposição da doutoranda (agora já doutora), a banca de altíssimo nível a arguiu durante mais de duas horas, demonstrando conhecimento profundo do seu trabalho e dos temas por ela abordados, resultando numa verdadeira aula para os assistentes.
Um dos aspectos mais intrigantes, levantados pelo trabalho, foi a relação proposta por ela entre a dança expressionista alemã e o nazismo, que teria se apropriado de muitos elementos presentes no imaginário dessa escola para criar o mito da raça superior, do corpo perfeito, etc.
Muitos desses mitos, que surgiram no início do século na Alemanha, como o naturismo, o vegetarianismo, a busca pela saúde, perfeição e beleza do corpo, ainda estão presentes na sociedade atual, sem que essa relação nunca tivesse se revelado para mim.
Também a questão da colaboração entre artistas da época e o regime nazista provocou celeumas muito interessantes, fazendo eco a situações contemporãneas, como a possibilidade de que artistas brasileiros tenham também colaborado com a nossa ditadura militar e a espécie de censura que o neoliberalismo exerce hoje em dia sobre as artes, através de sua lógica mercadológica.
Valeu a viagem.
Chega de Corrupção
Não dá mais.
A absolvição de Jaqueline Roriz, em votação secreta, pela Câmara dos Deputados, foi um tapa na cara dos cidadãos brasileiros.
Não podemos nem saber quem votou a favor de tal vergonha.
Está na hora de mudar um sistema que permite essas coisas e que mantém uma presidente, que está disposta a fazer uma faxina ética, como refém de grupos de ladrões, escondidos dento do Congresso Nacional.
Não dá mais pra aguentar prefeitos roubando ou permitindo que seus protegidos roubem, e fazendo o que bem entendem, enquanto uma justiça lerda não consegue impedir que merenda escolar seja desviada e crianças fiquem passando fome na escola, porque a lei permite sempre mais um recurso, mais um adiamento, mais uma forma de enganação, e nosso dinheiro continua indo para o bolso dos ladrões.
O Brasil precisa de duas reformas urgentes: uma na justiça e outra na política. Na justiça pra que ela se desburocratize e possa ser fiscalizada pelos cidadãos e na política para que se formem maiorias estáveis no Congresso Nacional, que não dependam de apoios de patidos de aluguel, onde se alojam a maioria dos corruptos.
Uma solução seria o parlamentarismo, onde a maioria governa e pronto. Mas isso á foi rejeitado duas vezes, em plebiscito, no Brasil. Quem sabe adotamos a solção francesa, que mistura os dois sistemas, dividindo poderes entre o presidente e o parlamento.
Nada a ver com a tal reforma política que gente do PT, ligada à José Dirceu, quer aprovar, que é o tal voto em lista, que na prática significa a cassação do nosso direito de escolher e a consagração dos grupinhos corruptos, que ficariam livres para montar seus esqueminhas no Congresso, amarrando as eleições aos seus interesses.
Ao contrário, o que precisamos é acabar com as listas e coligações eleitorais, para que os mais votados entrem, sejam eles do partido que forem, acabando com essa prática de transferir votos de um candidato para outro.
Só assim pequenas minorias conseguirão ser representadas.
Depois, dentro do Congreso, baseado em interesses coletivos claros e explícitos, poderão se formar coligações.
Está na hora do Brasil se levantar contra tudo isso, caso contrário nunca seremos um país forte e desenvolvido e permaneceremos para sempre reféns desses bandidos engravatados.
O ovo da serpente
Quando Ingmar Bergmann fez o filme O ovo da serpente, em 1977, expôs o nervo mais frágil do sistema capitalista: o fascismo adormecido, intrínseco ao sistema, que poderia ressurgir à qualquer momento, como um ovo deixado por uma serpente dentro do guarda-roupa de uma casa, depois de uma reforma.
A terrível revelação das experiências médicas realizadas pelos americanos na Guatemala, nos anos 1940, e no próprio território americano, em cidadõas negros do sul, revela que ele tinha razão.
Médicos americanos inocularam virus de doenças venéreas em pessoas saudáveis na Guatemala, inclusive crianças, simplesmente para usá-las como cobaias, observando o avanço de doenças como sífilis, gonorréia e outras, de modo a poder desenvolver medicamentos contra essas doenças.
Essas pessoas não sabiam que estavam sendo usadas, mas antes, achavam que estavam sendo cuidadas pelos médicos. A comparação com as experiêncas nazistas em seres humanos não é mera coincidêcia.
Observem o conteúdo racista das "experiências", feitas em latinos-americanos e negros e nunca em caucasianos brancos.
Nos Estados Unidos, as experiências prosseguiram, pasmem, até 1972.
Como reação às revelações devastadoras, o presidente americano pediu "desculpas". Só isso? Ninguém vai ser preso? Ninguém vai ser indenizado? Não haverão investigações para saber se as indústrias farmacêuticas, agora mesmo não estarão fazendo outras experiências em países da África ou da América Latina (como no filme O jardineiro fiel de Fernando Meireles)?
Essa é a pátria da democracia e dos direitos humanos?
Adiós Piñera
O presidente do Chile Sebástian Piñera já provou que não tem nada a dizer ao povo.
Continua insistindo em manter a educação privatizada, modelito implantado pelos americanos, adeptos do ultra neoliberal Milton Friedman, nos anos 90, durante a ditadura de Pinochet, quando tentaram transformar o Chile numa vitrine do neoliberalismo na América Latina.
Aliás nossos colonizados meios de comunicação continuam repetindo essas besteiras, de que o Chile é um país desenvolvido, o país mais civilizado da América do Sul e outros coisas do gênero.
Estive lá em 2009 e, tirando alguns espigões de muito mal gosto construídos no centro, encontrei a mesma pobreza de quando eu vivi por lá, há quase 40 anos atrás, com a diferença de que naquela época havia muita esperança de transformação e agora o povo não aguenta mais uma transição para a democracia que não acaba nunca.
O que o Chile precisa é de uma Assembléia Constituinte, livre e soberana, para reconstruir suas instituições destruídas pela direita e retirar o que no Brasil chamávamos de "entulho autoritário", ou seja, um monte de leis feitas pela ditadura e que impediam o livre exercício da democracia.
Os estudantes querem educação pública e gratuita em escolas públicas. Não é uma coisa lógica?
Ao se negar a dialogar, Piñera assina seu atestado de óbito político e prepara o terreno para uma renovação das esquerdas chilenas. Entre as novas lideranças que surgem está a belíssima líder estudantil, Camila Vallejos, de 23 anos.
Adiós señor Piñera. Viva Chile!
10.000 acessos
Esta semana atingimos a marca de 10.000 acessos, nos dois anos do blog.
Para um blog de opiniões, creio que é uma marca expressiva e agradeço aos leitores eventuais e aos meus 28 seguidores pelo interesse e participação.