Sementes
Pois é, amigos leitores
Confesso meu cansaço.
Tenho transformado este blog numa trincheira, de onde luto pelas coisas que acredito e me protejo das tristezas deste mundo. Também é aqui que lavo minha alma e reflito sobre as coisas da vida. Mas o que mais me derrota é a traição e a covardia, disfarçadas de ingenuidade e de esperteza. O espírito mesquinho triunfa em meio à mediocridade, que é o seu mar, são as águas por onde navega, e precisa deste meio para sobreviver, mas neste mundo não lhe falta oxigênio.
No fundo é uma luta entre amor e incapacidade de amar, entre a criação e aqueles que odeiam os criadores, porque se sentem incapazes de criar. É uma luta entre os que fazem e os que roubam as suas idéias para se sentirem importantes, numa forma de mentir para eles mesmos e ocultar sua miséria interior.
Mas a criação e o amor sempre se impõe, como o capim que nasce na terra calcinada pelo fogo. É a vida com toda a sua força, que teima em renascer nos nossos corações, das sementes plantadas pelo vento e pela força divina que existe em cada um de nós.
Então, quando vejo só tristeza à minha volta, olha para as montanhas, procuro me alimentar de natureza e de sonhos, ouço a algazarra dos jovens e o latido dos cães, vejo a paixão nos olhos dos namorados, sinto a força da vida na criança que chora e no pássaro que pousa no fio e percebo que meu mundo é apenas uma gota no oceano do universo e que a tristeza não tem importância, porque a vida seguirá e as coisas que os criadores fizerem permanecerão e a história dos mesquinhos desaparecerá e que eles não conseguirão deter a marcha da vida transbordante.
Recupero então minha esperança e volto a olhar para a frente, traçando meu rumo, dentro das poucas possibilidades que temos de escolher rumos, e aceitando os fardos que escolhemos carregar.
E assim me conecto novamente à vida e volto a semear e a colher, mesmo sabendo que lá atrás alguns virão tentando destruir as sementes lançadas à terra. Não conseguirão extirpar todas e, como sempre acontece na história humana, algumas florescerão e abençoarão com seus frutos a existência dos que virão.
E é nesse renascer que lavo meu cansaço, como quem lava roupa suja, e renasço das cinzas da descrença, me lançando com alegria na vida e no dia que começa.
Abraço a todos
Ricardo Stumpf