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Delícias de Rio de Contas VII
Delícias de Rio de Contas VII
A fantástica obra de Zofir Brasil
Zofir Brasil foi um artista riocontense, nascido em 1926 e morto em 1990, que produziu uma extensa obra de arte, feita à partir de objetos do cotidiano, de papel marché e até de coisas consideradas como descartáveis, pela maioria das pessoas.
O que restou de sua obra está guardado em um casarão do Largo do Rosário, no centro histórico de Rio de Contas, esperando por uma restauração e por condições dignas de exposição, mas pode ser visitada, desde que se faça uma solicitação antecipada a Paulo Roberto, zelador do seu patrimônio. Para encontrá-lo, pergunte a pessoas da cidade e elas lhe fornecerão o telefone dele.
A família de Zofir Brasil adquiriu com recursos próprios um imóvel, localizado na mesma praça, para instalação de um museu, mas ainda espera pelo apoio de algum órgão público para concretizar este objetivo, pois sozinha não tem condições de montar o museu, o que ameaça a sobrevivência do acervo.
Seu trabalho poderia ser considerado precursor da obra de Vik Muniz feita com material reciclável e exposta no filme Lixo Extraordinário (ver comentário abaixo), indicado para o Oscar como melhor documentário em 2011, com a diferença de ter sido feita numa pequena cidade da Chapada Diamantina, no
interior da Bahia, longe dos olhos da grande imprensa.
O cineasta Walter Salles esteve em Rio de Contas no ano 2000, filmando seu Abril Despedaçado e se impressionou com sua obra, tendo escrito um artigo na Folha de São Paulo, em 01 de setembro de 2001, intitulado O fabuloso Zofir, mas que até hoje, quase 10 anos depois, só está acessível para assinantes da UOL ou da Folha de São Paulo.
Sua arte dialoga com o público, através de peças interativas, irônicas e críticas.
Se for a Rio de Contas, não deixe de visitar.
Lixo Extraordinário
O filme de Lucy Walker mostra o trabalho de Vik Muniz com os catadores de lixo (ou de material reciclável, como eles preferem classificar) do aterro sanitário de Gramacho, na baixada fluminense, periferia do Rio de Janeiro.
O artista brasileiro, radicado em Nova Iorque, trabalha à partir de fotos feitas por ele dos catadores, para depois remontá-las com o material descartado no aterro, contando para isso com o auxílio dos próprios catadores retratados.
O filme foi indicado para o Oscar de melhor documentário em 2011 e levanta a questão das condições de vida dos catadores de lixo nos aterros sanitários brasileiros.
Embora organizados em associações e alimentando toda uma indústria de reciclagem que se instala ao redor dos aterros, esses trabalhadores vivem em condições sub-humanas e revelam que esse discurso de institucionalização dos catadores de lixo, assumido inclusive pelo PT, não resolve o problema, mas o torna permanente. O certo seria tornar obrigatória a coleta seletiva de lixo em todo o Brasil e contratar, via prefeituras ou empresas de reciclagem, os trabalhadores que fazem a seleção do material reciclável, dando a eles todas as garantias trabalhistas, de saúde e de sindicalização.
Querer que os próprios trabalhadores arquem com essas obrigações através de organizações autônomas (cooperativas) de trabalho coletivo, é negar a eles um direito extendido a maioria dos trabalhadores brasileiros e uma forma muito cômoda de se livrar do problema.
O filme está sendo exibido no Espaço Ecco, no Setor Comercial Norte de Brasília, dentro de uma exposição do artista plástico. Assisti-lo é uma aventura emocionante por um universo desconhecido para a maioria dos brasileiros. Se puder, não deixe de ver.
O Brasil na Arte Popular
Esse é o nome da exposição que está aberta até 26 de junho no Museu Nacional, na esplanada dos Ministérios em Brasília (aquele museu que parece uma bola).
O acervo é do Museu Casa do Pontal fundado pelo artista plastico francês Jacques Van de Beuque, radicado no Brasil e descobridor da obra de Mestre Vitalino, em Pernambuco. Van de Beuque viajou durante 40 anos pelo Brasil, reunindo um mgrande acervo de arte popular, que deu origem ao Museu Casa do Pontal, no Rio de janeiro.(http://www.museucasadopontal.com.br/museucasadopontal/index.htm).
A maioria das obras é de artistas nordestinos, embora também hajam peças feitas por artistas do Rio de Janeiro e de Minas, influenciados pela escola nordestina. São peças em barro e madeira, algumas móveis, retratando os tipos e o cotidiano da vida popular brasileira, mostrando a riqueza do imaginário da nosso povo e as suas origens e mitos.
Vale a pena a visita pela exposição e também para conhecer o museu, mais uma obra de Oscar Niemeyer na Esplanada, que a meu ver, se tornou a maior concentração de obras arquitetônicas de um único arquiteto no mundo..