Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Delícias de Rio de Contas VI
  
     Manhãzinha de inverno em Rio de Contas, com a Serra das Almas encoberta pelas nuvens e o casario colonial do Centro Histórico, visto do Largo do Rosário.
     Só quem vive nesta jóia da arquitetura colonial brasileira, considerada monumento nacional pelo Instituto do Patrimônio Histório e Artístico Nacional - IPHAN, sabe a delícia que é acordar cedo e caminhar pelas ruas ainda silenciosas, podendo curtir esse patrimônio natural fantástico que envolve a cidade.
     Nem parece que a gente está na Bahia, e no meio da região semiárida brasileira, com temperaturas por volta de 15 graus, neste oásis gigantesco que é a Chapada Diamantina, berço de todos os rios baianos e verdadeiro orquidário natural.


Filhos

     O Faustão deste domingo fez a apologia de um homem pernambucano que tem 32 filhos com três mulheres. Incrível a apologia ao machismo do polígamo. Que eu saiba poligamia é crime no Brasil.
     Um sujeito desses deveria ser preso por atentado ao meio ambiente. Imagine se a moda pega? Anos e anos tentando fazer as famílias reduzirem o número de filhos e agora um sujeito irresponsável deste é considerado herói pelo horroroso programa dominical da Globo.
     Até quando vamos ter que ouvir a voz de Faustão nos nossos domingos? Até quando nossos finais de semana vão ser dominados por estes programas de auditório tão baixo nível?
     Alguém precisa tomar uma providência sobre este tipo de programação.TV é cultura e a cultura do nosso povo não pode ficar eternamente refém dos lucros das famílias que controlam essas concessões.

Viva a pátria Palestina


     Avança celeremente o movimento mundial para reconhecer a Palestina como país independente, como manda a partilha realizada pela ONU em 1948.
     O governo sionista de Israel ainda tenta consolidar sua ocupação, construindo mais e mais colônias em território palestino, na esperança de criar um fato consumado irreversível, mas parece que o mundo se cansou das eternas negativas israelenses para chegar a um acordo. Se cansou também de ver os palestinos sempre massacrados, perseguidos na sua própria terra por um invasor que não aceita nem cumpre nenhuma resolução da ONU, protegido pela sombra imperial dos Estados Unidos. Cansou de ver tanta injustiça e arrogância sobre um povo que pede apenas o direito de viver livremente em seu próprio país.
     Mais de 140 países já reconhecem a Palestina como um estado soberano, fato que deverá ser confirmado pela Assembléia Geral das Nações Unidas em setembro. Não há política nacionalista de Israel capaz de impedir esse movimento mundial de reconhecimento. Falta o povo israelense eleger um governo que respeite os direitos humanos e as resoluções internacionais para que a paz e a democracia se estabeleçam definitivamente na região, onde já sopram os ventos da chamada primavera árabe, que vai derrubando todos os ditadores que ajudaram israel a conter as legítimas aspirações do povo palestino ao longo das últimas décadas.

O amor

     Amar é difícil, mas é fundamental.
     Ninguém vive sem amor, nem mesmo uma planta, cujas raízes se beneficiam da umidade das outras ao seu lado, da chuva que cai, dos ventos, pássaros e insetos que espalham suas sementes. Nem os animais sobrevivem sem amor, seja o de uma cadela pelos seus cachorrinhos, seja de um ser humano pelo seu gato de estimação.
     O amor move a terra, tanto quanto a competição entre os que aqui habitam. Solidariedade e competição convivem nesse estranho mundo em que precisamos daqueles com os quais competimos. Sem um ou outro, perecemos.
     Mas o convívio amoroso entre os seres humanos é mais complicado pois nele interfere aquilo que nos diferencia dos outros animais: a nossa inteligência.
     Reagimos às atitudes do outro através da observação e do processamento das mensagens que suas atitudes vão nos passando. Assim podemos perceber padrões de comportamento, atos de egoísmo ou de desprendimento, que fazem a gente se afastar ou aproximar do ser amado.
     Depois de uma longa convivência, então, já conhecendo defeitos e virtudes, conseguimos fazer um balanço daquilo que é positivo e negativo no outro, tomando isso como base para decidir a continuidade ou não da convivência.
     Casamentos não são mais para sempre, mas duram enquanto o saldo do relcionamento for positivo para ambos, a não ser que haja uma sujeição de um pelo outro, que leve à submissão e à dominação, fazendo a parte dominada aceitar uma relação que lhe é prejudicial, por medo das consequências de uma separação.
     Em geral isso ocorre após um longo processo de auto-desvalorização, em que apessoa se acha incapaz de merecer algo melhor do que aquilo que tem. Desvalorizar a pessoa, é portanto, uma forma de submete-la, de dominá-la, para enfraquecer sua capacidade de reagir ao domínio.
     Depois de se libertar de uma relação dessa, quando a pessoa consegue recuperar sua auto-estima, geralmente fica mais zelosa de sua auto-preservação, repudiando logo atitudes que pretendam desvalorizá-la. Fica mais atenta e mais liberta também, o que pode causar uma impressão de soberba ou de arrogãncia no outro.
     Mas é preciso mesmo ficar atento, pois por trás das palavras calientes de amor, muitas vezes se escondem vícios e defeitos de personalidade que não tem nada a ver com os sentimentos.
     Mas apesar de todos os riscos, amar sempre vale a pena, mesmo quando a convivência se torna impossível. Na verdade o único derrotado no amor é aquele que não consegue amar. Quem ama, de uma forma ou de outra, sempre sai vitorioso, pois mesmo se sentindo prejudicado sabe que conseguiu vivenciar a experiência fantástica de sair de si mesmo e de sentir que um sentimento tão forte o invade a ponto de dar mais valor ao outro que a si mesmo.
     Ou como resumiu magistralmente Luis de Camões:

Amor é fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente,
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer

É um não querer mais que bem querer,
É um andar solitário entre a gente
É um nunca contentar-se de contente,
É um cuidar que ganha em se perder

É um querer estar preso por vontade,
É servir a quem vence, o vencedor,
É ter com quem nos mata, lealdade,

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si mesmo é o amor?