Não adianta. Já tentei ser otimista, falar de coisas boas, acreditar que o mundo vai melhorar, mas não consigo me livrar de um pressentimento ruim sobre 2011. Também já pensei muito sobre isso, tentando entender o porquê. Não se trata de nada pessoal nem familiar, é sobre o mundo mesmo e sobre o Brasil também.
Será que só eu estou vendo que os governantes estão agindo de forma descoordenada de qualquer ideal, agindo em função de interesses imediatistas e mesquinhos? Vejam o governo Dilma, com todo respeito, mas dá a impressão de que esse ministério que está sendo formado exclusivamente sobre acordos políticos que não levam em conta o interesse da nação, mas apenas interesses particulares. Vejam os Estados Unidos, onde Obama mantém uma política externa contrária a tudo que prometeu, à serviço dos interesses das suas multinacionais enquanto a oposição se comporta irresponsavelmente, na base do quanto pior melhor. E a Europa? Governos conservadores destróem a economia, com suas políticas neoliberais e depois quem paga a conta são os trabalhadores, com cortes dos programas sociais. Na Itália um fanfarrão consegue se manter no poder corrompendo o parlamento, na Suécia um governo de direita, à serviço dos Estados Unidos, tenta calar o fundador do Wikileaks, contrariando os princípios da liberdade de expresão.
Na Coréia do Sul, não cessam as manobras militares provocativas, determinadas por Hillary Clinton, outra irresponsável. Israel faz o que quer e se prepara para atacar o Irã, que corre para fazer sua bomba atômica enquanto apedreja mulheres.
Não sei não, mas houve época em que haviam ideais. Hoje parece que a pequenez tomou conta dos governantes. Disso tudo não pode sair coisa boa.
E por falar em irresponsabilidade, desde 1999, quando a OTAN interviu na ex-Iugoslávia para acabar com a tentativa de Milosevic de impedir que a província de Kosovo se separasse do país, já existiam muitas denúncias de que os combatentes kosovares eram criminosos, encobertos pelas forças do ocidente para ajudar a dividir o último país socialista da Europa.
Milosevic foi levado a julgamento numa corte internacional e morreu misteriosamente na prisão (seu filho denuncia que foi assassinado) enquanto em abril de 2007, um ex-presidente finlandês, Marti Ahtisaari, enviado especial do Secretário Geral das Nações Unidas, com apoio de George W. Bush, aceitou irresponsavelmente a independência de Kosovo, reconhecida por pouquíssimos países, para jogar uma pá de cal sobre um povo que soube resisitir sozinho ao nazismo na segunda guerra mundial e foi o único que derrotou as tropas alemães sem a ajuda de ninguém.
Agora, 10 anos depois, quando as primeiras eleições do novo "país" acontecem, surge o relatório da União Européia, do ex-magistrado suíço e atual parlamentar do Conselho da Europa Dick Marty, apontando o vencedor das eleições e líder dos kosovares, Hashim Thaci, como um criminoso que "engordava" prisioneiros em campos de concentração clandestinos, para depois assassiná-los e vender seus órgãos. Tudo isso sob o olhar complacente das forças da OTAN.
O relatório está no site do jornal espanhol El País para quem quiser ler. Vejam abaixo:
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2010/12/17/relatorio-macabro-detalha-trafico-de-orgaos-em-kosovo.jhtm
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2010/12/17/relatorio-macabro-detalha-trafico-de-orgaos-em-kosovo.jhtm
Enquanto isso na aldeia, mais irresponsabilidade.
O prefeito Márcio Farias, de Rio de Contas, ganhava R$12.000, descobriram agora (mais do que o presidente Lula), para administrar um município de 13.000 habitantes.
Ele apoiou Geddel Vieira nas últimas eleições, que além de não ser eleito, perdeu qualquer poder político e levou o PMDB estadual a uma situação de quase desaparecimento.
Agora Márcio está órfão politicamente, sem trânsito junto aos governos estadual e federal. Seu principal assessor político, João Souto, é sobrinho de Paulo Souto, ex-governador da Bahia, ligado ao grupo de Antonio Carlos Magalhães, o falecido oligarca que governou a Bahia com mão de ferro por décadas.
Ambos, órfãos politicamente, tentam se manter no poder usando métodos arcaicos de perseguição e intimidação contra os adversários. Não aprenderam a lição de Lula de abraçar os desafetos e trazê-los para o seu lado. O resultado é um aumento dos ressentimentos, tanto da oposição que cresce cada vez mais, quanto do próprio governo que se sente perdido e não sabe como agir, a não ser perseguindo mais e mais a população, que já dá mostras de revolta e indignação.
E dizer que este governo se iniciou sob o signo da esperança na renovação.