Queridos leitores, prestem atenção no que está se transformando a base aliada do governo federal, com vistas a eleição de Dilma Roussef.
Virou uma estranha salada, onde cabe de tudo, desde cenouras estragadas, como os notórios corruptos do PMDB (o que inclui o seu candidato a a vice-presidente, com algumas acusações pesadas no seu currículo), passando por algumas verduras e legumes que estavam há muito tempo na geladeira e acabaram ficando assim, digamos, meio passados, como o PDT, o PTB e outras legendas que vivem da lembrança da ditadura de Vargas, e ainda uns gilós amargos, sem preconceito contra o giló, que eu aprecio, desde que fervido antes para tirar a trava de amargura, que no entanto permanece em partidos que sairam da antiga Arena e foram minguando, minguando, até serem salvos do ocaso pelo governo Lula, que lhes deu o honroso título de base aliada. Um deles é o PP, que abriga tristes figuras da época da ditadura militar, alguns ex-ministros, inclusive.
No afã de juntar todo mundo numa espécie de grupão, para isolar José Serra, Lula e o PT, se esqueceram do discursos de ética e cidadania, repetidos à exaustão nessas conferências que ele inventou para ocupar as lideranças populares, que assim não enchem o saco do seu governo com reivindicações, e baixou a lei do É dando que se recebe, tão criticada antes quando praticada pela direita no poder.
Com esse sistema eleitoral que temos, que privilegia as grandes coligações amorfas, sem ideologia e sem propostas, apenas costurando interesses, vai montando esse monstro chamado base aliada, para obrigar a nação a votar na sua candidata.
Esquece que a cidadania existe, a despeito das manobras petistas, inspiradas no oportunismo esquerdista infantil de José Dirceu. Sabemos que ela, a cidadania, é minoritária no país e que a grande maioria do povo se deixa ainda levar como uma grande manada de gado, mas já houve ocasiões em que a cidadania fez despertar o rebanho e ocasionou grandes mobilizações nacionais.
O último desses momentos foi o das Diretas Já, na década de 80. Depois houve o Fora Collor, nos anos 90, mas sempre suspeitei que fosse um movimento manipulado. Classe média demais.
O que parece que ninguém está vendo são os inteligentes movimentos que Marina Silva está fazendo, não para roubar votos da grande manada aliada, mas justamente para despertar a cidadania, roubando o papel que Serra gostaria de desempenhar mas não pode, porque está comprometido demais com um modelo neoliberal naufragado.
Serra hesita em se lançar abertamente. Parece querer medir o espaço que ainda resta para as propostas do seu partido, que insiste na tese do Estado mínimo e das privatizações.
Marina elogia FHC e Lula para colher votos na seara dos dois, e na verdade é a única que tem uma agenda nova para o Brasil.
Se os adversários continuarem a agir na direção em que vão, abre-se uma brecha para que ela conquiste principalmente o eleitorado de Serra, que não suporta o PT e não aceita ser conduzido pelos "guias" do PT e da sua geléia geral.
Esboça-se um plebiscito, não como Lula gostaria, entre PT e PSDB, mas entre a cidadania e a tentativa de manipular o povo em troca de privilégios para velhas e novas raposas da política.
Abraço a todos
Ricardo Stumpf