Queridos amigos
O carnaval de Rio de Contas bombou, mais uma vez. Cada vez mais gente vem para esta pequena cidade, procurar diversão num cenário diferente e tranquilo. Pena que nossa Prefeitura não entenda isso e permita que a descaracterização do carnaval avance junto com sua fama, o que deve levar à uma rápida decadência e perda de importância nos próximos anos.
O melhor do carnaval foi o primeiro dia, quinta-feira, com o baile de máscaras.
A bandinha que faz a abertura rodou pela cidade, as pessoas fantasiadas queriam brincar e havia um astral de alegria e de cordialidade geral. Todo mundo contente. O baile no clube estravazou para a praça, pois muita gente que foi para a porta ver a entrada dos foliões fantasiados, ficou do lado de fora mesmo, só curtindo o clima de brincadeira.
No sábado o ambiente já era outro. As fantasias desapareceram e entraram os machões tatuados, mostrando o físico, com seus carros de som abertos a todo volume, tocando as porcarias do axé music atual.
Nada de novo. A mesma coisa de qualquer festa em Livramento ou em qualquer lugar da Bahia. Muito desrespeito e agressão, todo mundo enchendo a cara, muita gente bebendo sozinha, procurando a alegria no fundo da latinha de cerveja.
Um astral ruim, sem alegria coletiva, apenas a costumeira vontade de afirmação individual, em desrespeito à coletividade. É uma espécie de moral de bandido: eu é que mando, eu faço o que eu quero e todos vão ter que aceitar.
Aliás, o visual é de bandido também: óculos escuros, bonezinho virado pra trás, igual adolescente de filme americano e muita agressividade.
Foi assim até o final, com alguns absurdos a serem destacados, como a tentativa de obrigar os comerciantes a vender apenas a cerveja da Schin (mas como se pode ver pela foto, muitos comerciantes conseguiram vender a Skol). Que eu saiba isso fere uma coisa chamada liberdade comercial. É só alguem querer processar a prefeitura por essa arbitrariedade.
Mas, como sempre, alguém lucrou muito com tudo isso: quem?
Quem é que organiza o carnaval de Rio de Contas desde os tempos de Dr. Pedro?
Quem é que impõe sua concepção de "cultura" a essa cidade, desde tempos imemoriais?
Mas afinal, o que mudou mesmo por aqui desde a última eleição?
Cultura
Por falar em cultura, fui apresentado a Pitágoras (e agora o sobrenome?), coordenador cultural do Território da Cidadania na região da Chapada. Ele me disse que está em fase de finalização a montagem do Plano Municipal de Cultura para Rio de Contas, que propõe entre outras coisas a criação de uma Secretaria de Cultura para o município e uma Lei de Incentivo à Cultura.
Como se sabe, as políticas nessa área, estão atualmente todas voltadas a editais, que oferecem recursos para quem quer desenvolver trabalhos na área. Para conseguir captar recursos, é preciso saber fazer "projetos" de captação e ter apoio de organizações não governamentais.
Sabemos que essa visão pulverizada (não planejada) de distribuição de recursos, cria uma espécie de casta de consultores especializados em captação, que sabem se movimentar pelos meandros da burocracia oficial, o que deixa a maioria dos mortais a depender dessa gente e, portanto, fora do alcance desses recursos. Mas de qualquer forma o dinheiro está aí e pelo menos sabemos que existe um mapa do caminho para chegar até ele. Resta aprender a percorrê-lo e entrar numa espécie de corrida de espermatozóides, onde milhões correm para que um ou dois consigam fertilizar o ovo.
Bom, quem sabe, vindo de fora para dentro, nosso enigmático prefeito aceite fazer alguma coisa pela cultura, tirando-a das mãos de quem só pensa em benefícios para si mesmo.
De qualquer forma, bem-vindo Pitágoras, quem sabe você não será nosso anjo benfeitor.
Ainda falando em cultura, aí vai, com muito atraso, a foto do Terno de Reis que gentilmente visitou a minha casa na noite de 05 para 06 de janeiro.
Essa festa folclórica, muito viva na arte do povo riocontense, para mim era como uma referência distante, uma coisa que eu achava bonita mas não me tocava muito.
Mas a visita mudou completamente meu sentimento. Senti uma verdadeira invasão de alegria e a força da benção sobre a casa e o seu dono. Viva o Terno de Reis e sua força abençoada. Viva Rio de Contas e sua cultura que resiste.
Citrus
A Associação dos pequenos agricultores retoma suas atividades nesta semana, depois de um recesso de fim de ano e carnaval, com muitos desafios em 2010. Os principais são de se organizar, montando uma sede provisória e uma secretaria eficientes, o que deve ser conseguido neste mes de março e conseguir fazer uma venda coletiva e organizada, dos cítricos, principalmente a pocam, para outros mercados, nos libertando da ditadura dos atravessadores que só gera pobreza e desestímulo à produção.
Em 2009 tivemos nossa primeira compra coletiva de mudas (de cítricos) e, apesar dos boatos que circularam de que as mudas não eram boas, elas estão se desenvolvendo normalmente, mostrando que o compromisso do nosso fornecedor é sério e melhorando em muito nosso potencial de produção.
Precisamos agora conseguir um entrosamento maior com a Secretaria de Agricultura, que inicialmente viu com certa desconfiança a criação de uma Associação fora do controle político do governo, mas depois mudou de atitude e passou a propor parcerias interessantes para todos.
Vamos ver como vai se desenvolver essa colaboração, na medida em que nossos gestores públicos se preocupem menos em controlar politicamente os cidadãos e mais em apoiar iniciativas que levem o progresso para todos.
Não se faz administração pública pensando só em eleições, é preciso ter metas reais de desenvolvimento e cidadania, ou caimos numa espécie de farsa, onde todos fingem se preocupar com o coletivo enquanto se preocupam apenas com seus próprios interesses.
A Citrus vai trabalhar a favor de parcerias sérias com a prefeitura e com outros órgão públicos, sempre na defesa dos interesses dos seus associados e do desenvolvimento econômico de Rio de Contas.
abraço a todos
Ricardo Stumpf