FETAG em Rio de Contas
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura - FETAG, iniciou uma promissora colaboração com a CITRUS - Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Rio de Contas, no sentido de fornecer assistência técnica aos seus associados, em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio de Contas.
Os pequenos proprietários do município não contam até hoje com a Assistencia Técnica e Extensão Rural (ATER) que necessitam para desenvolver suas funções, de forma a aumentar a produtividade e a renda através da introdução do planejamento e de novas técnicas de plantio, adubação, poda e comercialização, se libertando do atraso, do isolamento e dos atravessadores.
Região de vocação agrícola muito forte, Rio de Contas é dominada pelas pequenas propriedades e pela agricultura familiar, mas tem sua produção prejudicada pela falta de informações e apoio técnico dos órgãos de governo.
Para dar início a esta colaboração foi realizada em Rio de contas, no dia 18 de julho, um curso de adubação orgânica promovido pela CITRUS, que convidou o agrônomo da FETAG, Rodrigo Haun para explicar essa nova técnica. Abaixo vemos fotos da parte prática do curso, ministrado em uma propriedade rural.
O composto orgânico que vai servir de adubo folear (pulverizado sobre as folhas) é produzido com restos de comida, cinzas, esterco de vaca e outros materiais facilmente encontráveis nas propriedades rurais, com adição apenas de um micronutriente comprado no comércio, cujo valor não ultrapassa R$6,00. Depois de 20 dias o composto é coado, diluído em água e aplicado, servindo ao mesmo tempo de adubo e repelente contra pragas. O resultado dessa técnica já pode ser sentido pelos horticultores de Anagé, cuja produção triplicou em pouco tempo, aumentando produção e renda dos agricultores (veja vídeo a respeito em www.ibahia.com/bahiarural videos do dia 11/07 - agricultura orgânica no sudoeste e chapada).
A intermediação entre CITRUS e FETAG foi feita pelo vereador Jean Fabrício, de Vitória da Conquista, que é candidato à deputado estadual pelo PCdoB. Esperamos que, se eleito, Fabrício continue colaborando para o desenvolvimento do associativismo e da produtividade da agricultura na região da chapada diamantina e dialogando com os movimentos sociais de Rio de Contas.
Os interessados em pegar a receita, assim como a apostila do curso, procurar Aníbal Junior em Rio de Contas, na Ourivesaria Belas Artes (em frente à Padaria Belo Pão) ou pelo e-mail renascerrc@gmail.com.
Decadência
O governo Municipal de Rio de Contas está numa espiral de decadência impressionante. O prefeito deixa os secretários fazerem o que querem, enquanto cuida de seus interesses particulares. O Secretário de Agricultura, que participou do curso promovido pela Associação, nos disse que possui dois agrônomos e três técnicos agrícolas na sua secretaria, e não coloca nenhum para atender aos agrcultores. Disse ainda que sabia qual era a praga que dizimou as plantações de morango no município e, no entanto, que eu saiba, não mandou o resultado para os produtores. Dá impressão de que trabalha apenas para se reeleger vereador pelo distrito de Mato Grosso (onde perdeu a última eleição). Enquanto isso, nossa Associação batalha para conseguir um técnico agrícola para atender os agricultores do município.
Não fazem nada pelos produtores rurais, vivem de reuniões e planejamentos, não dão assistência técnica nenhuma.
Assim também a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (do governo do Estado) que tem um agrônomo em Rio de Contas, que parece só trabalhar para eleger o filho do presidente da EBDA como deputado, prometendo tudo aos agricultores e não fazendo nada.
Tudo isso, ao que me consta, é crime eleitoral, mas a cidade está sem juiz e sem promotor púiblico, que defendam a cidadania desses desmandos.
Assim também a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (do governo do Estado) que tem um agrônomo em Rio de Contas, que parece só trabalhar para eleger o filho do presidente da EBDA como deputado, prometendo tudo aos agricultores e não fazendo nada.
Tudo isso, ao que me consta, é crime eleitoral, mas a cidade está sem juiz e sem promotor púiblico, que defendam a cidadania desses desmandos.
Democracia não existe. Quem votou contra esse governo é perseguido e não tem direito a nada. Se surge uma obra logo aparece o assessor do Prefeito que funciona como um comissário político, para decidir quem pode e quem não pode ser contratado. Até os peões de obra são escolhidos a partir de critérios políticos.
Não há propostas em nenhuma área, tudo parado. A cultura continua nas mãos de pessoa incompetente (será que ele já leu algum livro na vida?), mais ligada ao turismo, que não deixa nada acontecer que não seja em benefício próprio.
E mesmo o turismo, cujo Secretário parece contaminado pelo imobilismo geral, está parado. Em plenas férias escolares no sul/sudeste/centro-oeste, a cidade está vazia, enquanto Lençóis fervilha de turistas.
E mesmo o turismo, cujo Secretário parece contaminado pelo imobilismo geral, está parado. Em plenas férias escolares no sul/sudeste/centro-oeste, a cidade está vazia, enquanto Lençóis fervilha de turistas.
A Secretária do Meio Ambiente, minha amiga de tantos anos, deixou de falar comigo devido às minhas críticas ao prêmio de Cidade Baiana da Cultura, dado a uma cidade que oprime os artistas e persegue a inteligência e a criatividade. Essa foi realmente uma decepção muito grande, ver uma pessoa inteligente como ela se bandear para o lado desse tipo de política mesquinha.
De resto ninguém faz mais nada, a não ser exibir carros novos e se encontrar em rodinhas no restaurante Quintal para comemorar sua hegemonia sobre a cidade.
De resto ninguém faz mais nada, a não ser exibir carros novos e se encontrar em rodinhas no restaurante Quintal para comemorar sua hegemonia sobre a cidade.
Mas tenho fé que dentro de dois anos esse grupo infeliz que se apoderou do poder em Rio de Contas será banido pelos eleitores e, quem sabe, teremos um(a) Prefeito(a) empreendedor(a), capaz de construir um futuro de democracia e prosperidade para esta terra abençoada.
Por questões de saúde na minha família estou me ausentando da cidade, voltando a residir em Brasília. Levo comigo a mágoa de ver nossas esperanças neste governo frustradas desta maneira, mas também levo a certeza de que a mudança virá.
Água mole em pedra dura...
Histórias de outras vidas (21)
Seu irmão tinha sido meu colega de colégio. Gente boa, paranaense, a família morava na mesma quadra que eu.
Comecei a namorar Ana Lúcia depois que voltei de São Paulo, em 1971. Eu estava numa época de grandes mudanças, afirmações e preparo para a Universidade, época em que entrei num profundo questionamento sobre a vida que levava, a realidade política do Brasil da época e estava me afastando dos antigos amigos e até da minha família, disposto a conviver com mentes mais abertas e progressistas.
Ana pertencia ao mundo que eu estava deixando, era muito jovem e nosso namoro foi meio sem graça, principalmente da minha parte, que a via como parte de tudo aquilo que eu queria deixar.
Além disso havia um desânimo grande com tudo, que me penetrava por todos os poros e me fazia jazer naquele torpor típico de crises adolescentes. Com 20 anos, eu me cobrava soluções e decisões para sair de uma situação com a qual eu já havia rompido e depois tinha voltado atrás.
Decidi terminar com ela e quando lhe falei ela me surpreendeu, retrucando com amargura, que eu não gostava dela, mas que ela sim me amava de verdade.
Fiquei perturbado com sua sinceridade e com a intensidade de seus sentimentos e me senti pior ainda. Percebi que eu nunca a havia visto como ela era, realmente, mas que por detrás daquela jovem de classe média, filha de um deputado, linda e aparentemente fútil, havia uma vontade forte e talvez, como eu, um desejo de mudança.
Meu julgamento a seu respeito havia sido preconceituoso?
Haveria eu julgado apenas pelas aparências, sem olhar a mulher que surgia dentro da garota? Tudo indicava que sim, mas isso não mudava o fato de que meu coração estava frio em relação a ela. Ela tinha razão: eu não a amava. Mas ela merecia ser amada e eu me senti um idiota, de novo.
Passado algum tempo, fiquei sabendo que Ana estava namorando um professor de física que havia fundado um dos primeiros cursinhos pré-vestibulares de Brasília. Ele ficou rico de um dia para outro. Seu curso foi um sucesso instantâneo e ainda hoje é um dos maiores da capital.
Mas que mudança! Então a frágil mocinha se lançava a namorar um sujeito muito mais velho que ela, como se quisesse romper com o estigma de moça bem comportada, casadoura, que as antigas famílias reservavam para suas filhas na época. Minhas suspeitas se confirmavam. Por trás daquela carinha inocente havia inteligência...e vida!
Passei a acompanhar as notícias dela. Brasília, em 1971, tinha pouco mais de 200.000 habitantes, não era difícil saber o que acontecia. Morando na mesma quadra, menos ainda.
Comecei a supeitar que tinha perdido uma oportunidade de conhecer uma pessoa muito mais bonita do que parecia à primeira vista e voltei a pensar nela, com intensidade.
Um dia fui com uns amigos à Goiânia, numa velha perua Kombi de meu pai. Ao retornar, estacionando debaixo do bloco, tive um estranho pressentimento. Algo acontecera e eu saberia em momentos o que fora.
Esses pressentimentos me acompanharam a vida inteira e me salvaram algumas vezes de acidentes e situações perigosas ou traiçoeiras.
Ao subir, minha mãe veio logo me dizendo:
_Senta que eu tenho uma notícia ruim.
Como eu já estava esperando, não me surpreendi muito. Mas a notícia me pegou em cheio:
_Ana Lúcia morreu.
O quê? Como?
Acidente de carro. Na noite anterior, o tal professor tinha colocado quatro pessoas num carro esporte (um pequeno Puma) onde só cabiam duas e depois de uma festa saiu em alta velocidade, perdeu o controle e bateu na coluna de um viaduto.
Morte instantânea para os quatro.
Naquele dia tive a noção exata de que o amor havia batido à minha porta e eu o havia deixado escapar. Mais do que isso, me senti um pouco responsável por aquela morte tão prematura e, se já estava me sentindo mal naquele ambiente, me senti mais desamparado ainda, o que ajudaria a me decidir a partir no ano seguinte.
Como todas as pessoas que foram importantes na minha vida, não esqueço de Ana Lúcia e do seu olhar magoado na despedida, me dizendo amargurada que eu não sabia amar.
Abraço a todos
Ricardo Stumpf Alves de Souza