Rapidinhas
Semana da consciência negra
A Semana da Consciência Negra ocupou grande espaço na mídia, na semana passada, mas ainda foi grande o viés de vitimização dos negros no Brasil. Escravidão, quilombos, cultura afro com predominância de referências ao candomblé e ao carnaval, ainda são temas majoritários nos debates, embora outras questões tenham ganhado espaço, principalmente às ligadas a equidade no trabalho, o que é muito positivo.
Acho importante que os negros brasileiros se libertem desse passado terrível de escravidão e injustiças e ingressem numa agenda positiva, para que possam ocupar cada vez mais espaços na sociedade brasileira.
Outros grupos marginalizados, como os gays, tem sabido reagir de forma mais positiva ao preconceito, aliando sua imagem à alegria das paradas gays. As mulheres tratam de ocupar todos os espaços possíveis na sociedade, chegando inclusive à Presidência da República e lutando contra a violência através de leis como a Maria da Penha.
Creio que os negros deveriam criar uma imagem coletiva desligada do passado, mais voltada para a África atual e suas economias bem sucedidas, como a África do Sul, para os sucessos dos excelentes profissionais negros que contribuem para o desenvolvimento do Brasil (Milton Santos, na foto à esquerda é um grande exemplo) e para seus expoentes internacionais, como o presidente Obama, por exemplo.
Ficar remoendo as injustiças do passado não vai levar a nada, embora seja necessária a política de reparações que o governo federal tem implementado através de leis, seja de cotas raciais, seja o Estatuto da Igualdade Racial, leis que apóio plenamente, como forma de dar a comunidade negra brasileira as garantias necessárias para que possa superar os obstáculos que ainda atrapalham seu desenvolvimento, dentre eles um racismo disfarçado abominável.
Aliás, uma coisa que sempre me intrigou nessa questão é a omissão da história dos africanos muçulmanos que vieram para o Brasil, em meio ao holocausto da escravidão. Eram os mais instruídos e lideraram várias revoltas, como a dos Malês, na Bahia. No entanto seu legado desapareceu e, quando se fala em religião africana, só o Candomblé é lembrado.
Fica aí uma sugestão para os historiadores que pesquisam a cultura negra no Brasil.
Outra coisa muito importante que precisa ser feita na direção de criar uma nova imagem da comunidade negra no Brasil é desligá-la da imagem de pobreza e marginalidade, constantes na mídia brasileira. É impressionante a constância nas TVs quando mostram crianças pobres, sempre negras (nas campanhas do Criança Esperança...), ou as entrevistas recorrentes com atletas negros bem-sucedidos, falando do seu passado de pobreza, entrevistas que nunca acontecem quando o atleta é branco.
Isso sem falar nas imagens dos negros nas favelas do Rio, dançando samba, como se não houvessem expoentes negros em outras áreas da música e das artes (como o excelente ator Lázaro Ramos, na foto ao lado).
A mídia forma muito a opinião da população e é importante mostrar negros em situações de sucesso, desligadas de história de pobreza. Cabe aos movimentos negros fiscalizar essa recorrência na mídia.
Outra coisa muito importante que precisa ser feita na direção de criar uma nova imagem da comunidade negra no Brasil é desligá-la da imagem de pobreza e marginalidade, constantes na mídia brasileira. É impressionante a constância nas TVs quando mostram crianças pobres, sempre negras (nas campanhas do Criança Esperança...), ou as entrevistas recorrentes com atletas negros bem-sucedidos, falando do seu passado de pobreza, entrevistas que nunca acontecem quando o atleta é branco.
Isso sem falar nas imagens dos negros nas favelas do Rio, dançando samba, como se não houvessem expoentes negros em outras áreas da música e das artes (como o excelente ator Lázaro Ramos, na foto ao lado).
A mídia forma muito a opinião da população e é importante mostrar negros em situações de sucesso, desligadas de história de pobreza. Cabe aos movimentos negros fiscalizar essa recorrência na mídia.
Um novo mercado árabe?
O vinho árabe começa a conquistar os consumidores europeus.
As revoluções democráticas nos países árabes já começam a dar os primeiros frutos, com eleições na Tunísia e no Egito, no rumo da criação de sociedades modernas e prósperas.
Nós brasileiros sabemos das dificuldades de superação de um período de ditadura, mas sabemos também que a reconciliação nacional, encontrada na democracia, é o caminho certo para a construção de um futuro de justiça e desenvolvimento.
A médio prazo, Egito, Tunísia, Líbia, Marrocos, Argélia, juntamente com o Líbano e a Síria (que ainda vai custar um pouco para se libertar), e ainda o Iraque e a Palestina independente, devem formar um novo bloco comercial formado por centenas de milhões de consumidores. Eles serão os novos emergentes da década que se inicia, ou quando muito da próxima, relegando a política de guerra de Estados Unidos e Israel à superação e ao esquecimento.
A integração dos países árabes democratizados, principalmente na zona do mediterrâneo, vai transformar os países feudais como Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes em coisas obsoletas, últimos aliados do decadente imperialismo numa região que deve encontrar sua verdadeira vocação para a prosperidade, junto com o Irã e a Turquia, dentro de regimes islâmicos democráticos.
Um Mercado Comum Árabe ao estilo do Mercosul seria uma consequência natural. Aliás, o desenvolvimento dos países islâmicos do Mediterrâneo deve ajudar a tirar a Europa da aual crise, fornecendo mão de obra, trocas comerciais e novos consumidores e dinamizando toda a região.
Inovação e Tecnologia
O desenvolvimento brasileiro tem uma barreira a enfrentar, que é a capacidade de criar novas tecnologias e inovações na sua indústria, sob pena de continuarmos à reboque dos países do norte.
Em termos de energia, nossa Petrobrás foi capaz de desenvolver tecnologias de exploração de petróleo em águas profundas. Também fomos pioneiros no desenvolvimento de motores à alcool (etanol) e biodiesel, mas em relação às chamadas energias limpas estamos marcando passo.
Em 1983 visitei o primeiro laboratório brasileiro de energia solar, na Universidade da Paraíba. Na época era uma novidade. As décadas perdidas de 80 e 90 nos fizeram perder a oportunidade de sair na frente nessas tecnologias. Continuamos importando painéis solares, com células fotovoltaicas feitas à base de silício, e agora precisamos que empresas européias venham se instalar no Brasil para produzir os gigantescos aerogeradores que produzem energia eólica.
Quanto tempo perdido. Já poderíamos estar obrigando as construções urbanas a usarem painéis solares e até aerogeradores em edifícios, adotando políticas públicas para o aproveitamento da gigantesca energia que o sol derrama sobre nosso país o ano inteiro.
Nesse aspecto o programa de governo de Marina Silva dava alguns passos importantes, desprezados pelo desenvolvimentismo do PT, como por exemplo, a isenção de impostos para táxis elétricos, a obrigatoriedade de incluir elementos sustentáveis nas edificações, coisas que as prefeituras podem adotar em seus códigos de obras e que incentivariam a criação de um mercado interno forte para os produtores de equipamentos do gênero.
Para ter condições de inovar, é preciso olhar o mundo com curiosidade e se sentir capaz de criar, libertando-se da necessidade de copiar o que os outros fazem, para provar a eles que somos civilizados. O velho complexo de vira-latas.
O Brasil não precisa mais provar nada a ninguém, precisa ter coragem de seguir um caminho novo, próprio.