Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 5 de dezembro de 2010

Rapidinhas

              Festival de oportunismos

     Está de dar nojo a disputa por cargos no ministério Dilma, pelo que publicam os jornais.
     Políticos e partidos não tem o menor escrúpulo em reivindicar fatias do governo, argumentando que tem maior verbas, que vão movimentar não sei quantos bilhões de reais, que tem não sei quantos cargos bem remunerados disponíveis.
     E o Brasil gente? Alguém se lembra do Brasil? Alguém se lembra do interesse público?
     Depois ainda tem coragem de falar que são "republicanos". Uma ova! Oportunistas isto sim. Ainda tem alguns que advogam em causa própria, querendo permanecer no cargo, como o do esportes, Orlando Silva, abertamente de olho nos contratos milionários da copa. Coisa boa não pode ser. Outros promovem até campanha como o da Cultura, que está estimulando o movimento Fica Juca e arranjou uma rede nacional dia 02 de dezembro, pra dizer o que tinha feito no cargo. Pode? Outros são da cota de fulano ou da cota de siclano. Que história é essa de cota? 
     Que eu saiba os ministros tem de ser de confiança da Presidente que nós elegemos e não de quem os indica. Ainda tem o Lula, querendo indicar ministros para ficarem no cargo. O que ele quer, continuar governando?
     Nelson Jobim acaba de ser desmascarado pelo site Wikileaks, como um direittista safado, que sempre advogou à serviço dos interesses americanos por baixo do pano, contrariando a política externa do governo Lula. Vai ficar?
     E Fernando Haddad? Um burocrata que foi para o Ministério com Tarso Genro, quando este substituiu Cristóvão Buarque, demitido por telelefone, vocês lembram? Cristóvão era um idealista confuso, cheio de discursos bonitos que não sabia viabilizar nada, é verdade. Mas Tarso não tinha a menor vocação para a educação e saiu logo, deixando Haddad no seu lugar, para simplesmente ir tocando os programas, sem nenhuma idéia própria a respeito de como melhorar a educação brasileira, que continua a mesma merda de sempre.
     O INEP deveria passar a se chamar INEPcia, pela sua incapacidade de diagnosticar os problemas educacionais e indicar soluções, enquanto o MEC continua um elefante branco, com 200 mil funcionários, incapaz de atingir seus objetivos.
     De duas uma, ou Dilma vai se submeter a esta gente toda para daqui um tempo emplacar seu próprio ministério ou seu governo se arrisca a se desmoralizar desde o início, virando uma casa da mãe Joana, onde todo mundo manda, menos ela. A não ser que ela nos surpreenda desde já, com uma virada de mesa.

Viva Assange

     Gente, esse Julian Assange é mesmo um homem de coragem. Desmascarar os Estados Unidos desse jeito, divulgando seus documentos secretos no Wikileaks e viver se escondendo pelo mundo, não é fácil não. O mais triste de tudo que ele revelou é a submissão da justiça, dos países aliados dos americanos aos seus interesses, engavetando processos contra americanos em todo o mundo e agora forjando uma ordem de prisão por estupro contra ele, para persegui-lo. Esta é a democracia ocidental? Que horror! Pára esse mundo que eu quero descer!

Necrologia à cabo

     Pois é, pessoal. É impressionante a quantidade de cadáveres e assassinatos nos canais americanos de filmes da TV por assinatura. A SKY oferece uma verdadeira carnificina diariamente para deleite dos seus assinantes, com detalhes mórbidos de todos os tipos, como os da série CSI, onde cadáveres em putrefação são abundantes.
     Parece que aquele país realmente está doente.
     Eles só conseguem pensar em morte e só a a perspectiva da morte os excita e diverte. O Canal Brasil, na mesma SKY, só com filmes brasileiros, é uma espécie de oásis, um outro mundo onde a vida normal se desenvolve. Outro melhorzinho é o Telecine Cult, com filmes antigos, a maioria americanos mesmo. Como eles eram melhores!
     Não é saudosismo não, é real. Parece que eles estão se afundando numa espiral de violência, que os move como nação nas suas guerras pelo mundo. Não é à tôa que soldados americanos são julgados pelas barbaridades que cometem, atirando em cidadãos dos países infelizes ocupados por eles, só por diversão, ou torturando pessoas pelo mundo afora.
     Se a arte antecipa a vida, não sei o que nos aguarda, mas a queda do império americano ainda trará muitas desgraças ao mundo.

Sete Ilhas

     Depois de mais de 15 anos passando por Correntina, na Bahia, finalmente parei para conhecer as 7 Ilhas, formadas pelo Rio Correntina, que corre rápido e caudaloso, formando corredeiras incríveis. Em seus remansos se pode tomar banho e curtir a mata nativa.. É muito bonito. Um exemplo do que um município pequeno pode fazer para desenvolver o turismo preservando a natureza. 
Não deixem de conhecer.

    
Manifesto daltônico

     Pois é, queridos amigos, estou cansado de ouvir falar em inclusão e de continuar sendo discriminado por ser daltônico. Somos 10% da população mundial, mas ninguém se lembra de nós na hora de definir as cores de sinais de trânsito, botões de aparelhos e outras pequenas sinalizações que fazem a diferença no cotidiano de cada um.
     Estou cansado de chegar no exame de trânsito, de cinco em cinco anos, com medo de ser descoberto, como se fosse um criminoso. Tudo seria tão simples se os sinais de trânsito fossem azuis e amarelos ao invés de verdes e vermelhos. Porque a insistência nessas cores, justamente as que os daltônicos confundem?
     Vou pagar uma conta com cartão no supermercado e a caixa me avisa:
     _Aperte o botão verde.
     Que saco! Tenho que perguntar qual é o verde.
     Antes fazia isso envergonhado, como a esconder uma deficiência, hoje aviso logo:
     _Sou daltônico. Me mostre qual é o botão.
     Peço para usar o telefone celular de um amigo e ele me avisa:
      _Aperte o botão verde para falar.
     De novo tenho que perguntar.
     Estou cansado desta humilhação. Existe sinalização pra cegos, pra surdos, e todo tipo de preocupação em incluir deficientes físicos, mas nada para nós, que continuamos na "clandestinidade".
     Por isso queria convocar os outros 700 milhões de daltônicos do mundo a uma rebelião, se não para tomar o poder, porque seria muito difícil nos organizarmos num partido internacional (que não poderia ter uma bandeira vermelha daquelas revolucionárias), mas pelo menos para lutar para que parem de usar o verde e o vermelho como cores para sinalizar tudo. Que droga!
     Creio que nossa primeira ação armada deveria ser tomar o Detran, que é nosso principal inimigo. Chega de ter medo do Detran e dos seus exames de bolinhas para descobrir nosso daltonismo. Isso não nos impede de sermos excelentes motoristas, é apenas um estratagema montado para nos humilhar.
     Todos os motoristas daltônicos sabem que o vermelho fica em cima e o verde embaixo do sinal de trânsito. Agora inventaram de botar sinais deitados só para nos confundir. Tivemos que aprender a fazer ligações políticas na hora de dirigir: o vermelho está sempre à esquerda e o verde à direita. Que coisa mais cansativa!
     Queremos sinais de outras cores senhores donos do mundo. Não aceitamos mais sinalizações que não sejam claramente identificadas por nós.
     E eu que sou arquiteto? Quantas piadas. parece que eles pensam que a gente não vê cores e não é capaz de identificar a beleza do mundo.  Nós vemos cores sim senhor, apenas as vemos diferentes da maioria. Quem sabe nosso mundo não é mais bonito? Aprendi a lidar com cores nos meus projetos trabalhando com cores primárias, inclusive o vermelho, que eu vejo do meu jeito (não sei qual é o seu vermelho leitor), mas posso garantir que ele (o vermelho que eu vejo) é muito bonito. Apenas custo a achá-lo no meio do verde.
      _Está vendo aquela flor vermelha ali no meio do gramado?
      _Onde?
     É claro que existem graus de daltonismo, mas isso não impede ninguém de ser feliz e de achar o mundo bonito.
     O pior são as piadinhas, quando revelamos a nossa condição:
     _Que cor é a minha camisa? começam logo.
     Apontam para uma coisa qualquer amarela e lá vem:
     _Que cor você está vendo aquilo?
     Porre! Temos de explicar que só confundimos verde e vermelho e semitons.
     Pois é isso. Vamos sair das nossas tocas e acabar com essa injustiça.
     Queremos inclusão já!

     Boa segunda-feira a todos

     Ricardo Stumpf Alves de Souza