Rapidinhas
O trem de Cuiabá
Interessante como a oposição muda seu foco de acordo com a situação, revelando um imenso oportunismo. Quando Cuiabá anunciou que construiria um corredor de ônibus para a Copa da Mundo, um BRT (Bus Rapid Transport), na sigla dos tecnocratas, a direita caiu de pau, dizendo que estavam gastando dinheiro à tôa com essas obras da copa, com aquela cantilena de que com essa verba daria pra construir não sei quantas escolas (como se o Brasil precisasse de mais prédios escolares) ou casas populares.
Depois, quando o governo local resolveu mudar o projeto para um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que carrega muito mais gente, não polui e pode no futuro ser facilmente transformado num metrô, agora reclamam que não vai dar tempo pra ficar pronto para a Copa.
Me parece que a decisão matogrossense é acertada, pois mira o futuro da cidade, muito além da Copa de 2014. Está, portanto, focada no interesse público e não nos interesses imediatistas da Fifa.
Quanto às escolas, pra quem não sabe, a matrícula do ensino básico vem caindo nos últimos anos, devido à diminuição do crescimento populacional. Não precisamos de escolas novas, e sim de mais qualidade no ensino. Quanto a construir casas, o famoso déficit habitacional não passa de invenção do sinduscon (Sindicato da indústria da Construção Civil) para que o governo invista no setor, financiando as construtoras, pois o índice de imóveis fechados no Brasil é semelhante ao de famílias sem casa. O problema não está na falta de casas, mas na especulação imobiliária, promovida pelas próprias incorporadoras, que aumenta o preço dos imóveis levando à uma concentração da propriedade imobiliária.
Não é à tôa que o DEM e o PSDB estão desaparecendo da cena política nacional, atropelados pelo trem do progresso planejado.
A Grécia lidera a rebelião contra a austeridade
Depois do rotundo Não, que o povo grego deu aos acordos que o governo anterior da Grécia (socialistas e conservadores) fez com a Troika (Comissão Européia, Banco Central Europeu e FMI), não restou outra alternativa ao presidente grego a não ser convocar novas eleições, para o dia 17 de junho.
O partido Syrisa, que a imprensa ocidental chama de ultra-esquerda, nada mais é do que um ajuntamento de movimentos alternativos, de novo tipo, que reflete a insatisfação do povo com a política criminosa imposta a eles, que os levou à miséria e ao desespero para salvar os bancos, responsáveis pela situação desastrosa da economia grega.
O que o Syrisa propõe é simples: renegociar a dívida, em outros termos, sem sair do Euro. No fundo estão fazendo a mesma coisa que a Argentina fez em 2001 e que a levou a ter um dos maiores crescimentos da sua história, quando mandaram o FMI às favas.
Os franceses também já deram seu recado nas urnas e agora os alemães inventaram um partido genial: o Partido Pirata. Nesse partido, os seus líderes não tem propostas fechadas, mas trabalham on-line levando ao parlamento as propostas que o povo faz através da internet. Democracia direta!
Nas últimas eleições locais já alcançaram 8% do eleitorado, o que lhes garante a entrada no parlamento.
Ninguém aguenta mais esses truques dos partidos tradicionais para transferir a riqueza dos trabalhadores para as instituições financeiras, tudo disfarçado de política econômica.
Os gregos deram a partida, e muitas novidade vem por aí, apesar do terrorismo da mídia e da direita, que já está ameaçando os eleitores gregos com o caos, caso a esquerda vença. Mas para o povo grego o caos já foi instalado, justamente pela troika e seu modelo de austeridade.
Falta um!
O ex-chefe militar dos sérvios da Bósnia, Ratko Mladic começou a ser julgado pelo Tribunal Penal Internacional. Também o ex-presidente da Libéria, país africano, Charles Taylor, vai ser julgado, ambos por genocídios em guerras absurdas. Acho muito bom que esses "líderes" paguem por seus crimes contra a humanidade. Mas e o ex-presidente Geoge Bush que matou mais de 200.000 civis iraquianos, com a desculpa mentirosa de procurar armas de destruição em massa, quando vai ser julgado?
Lançamento
Dia 24 de maio, às 19,00 horas, haverá o lançamento oficial do livro Escola, Espaço e Discurso, de minha autoria, na Fainor, em Vitória da Conquista.
Embora o livro já esteja à venda, de forma virtual, este será o primeiro lançamento em papel, com sessão de autógrafos e a presença do autor.
Na mesma ocasião também serão lançados também os livros; Panorama para o Administrador e o Gestor Contábil na Contemporaneidade, de Alexandre Alcantara da Silva; e Elementos Para Teoria Geral do Processo, de Benedito Mamédio, ambos professores da Fainor.
O que é isto?
Pesquisando sobre São Gabriel da Cachoeira, cidade do extremo noroeste do Brasil, proxima à fronteira da Colômbia, me deparei com a notícia de que, em 2009, um estranho ser, metade homem, metade animal, foi morto por habitantes locais. A foto é muito impressionante e não sei se é uma montagem, por isso prefiro não publicá-la, mas coloco aqui o link para quem quiser ver o bicho, que alguns dizem ser um lobisomem e outros o lendário curupira. A imagem é muito impressionante.
Amazônia
Aproveitando o tema amazônico, publico hoje a poesia de Manoel de Andrade, intitulada Amazônia.
Antes da pátria, eras úmida promessa…
semente primordial
árvore mãe
planta continental
arvoredo, floresta, selva palpitante.
Hoje canto tua vertical beleza
o mogno gigantesco, sua estatura secular
seu colossal diâmetro
canto essa caudalosa geografia
essa multidão de vidas que sustentas
canto o itinerário sazonal da seiva
e essa infinita linfa…
parto de infinitas criaturas.
Canto teu verde planetário
e no teu imenso respirar,
canto o nosso pão de oxigênio…
Canto a ti… Amazônia
bosque inquietante da esperança…
e eis porque denuncio esse machado cruel sobre teu peito…
essa fruta milenar, dia a dia devorada.
semente primordial
árvore mãe
planta continental
arvoredo, floresta, selva palpitante.
Hoje canto tua vertical beleza
o mogno gigantesco, sua estatura secular
seu colossal diâmetro
canto essa caudalosa geografia
essa multidão de vidas que sustentas
canto o itinerário sazonal da seiva
e essa infinita linfa…
parto de infinitas criaturas.
Canto teu verde planetário
e no teu imenso respirar,
canto o nosso pão de oxigênio…
Canto a ti… Amazônia
bosque inquietante da esperança…
e eis porque denuncio esse machado cruel sobre teu peito…
essa fruta milenar, dia a dia devorada.
Antes da grande nação…já eras tu…
a nação primogênita
filha dos filhos da mata.
A infância da pátria foste tu,
sílaba aborígine, idioma tupi
cerâmica, canoa e tacape
ritual, dança e canção.
Foste tu a raiz, sangue ameríndio
o parto da nacionalidade.
Hoje canto os povos da floresta
e o desencanto dessa memória esquecida.
Falo de sobreviventes
de tribos desgarradas
de aldeias tristes
de sonhos desmatados
de segredos e tradições pirateadas
das águas lavadas na bateia do mercúrio.
a nação primogênita
filha dos filhos da mata.
A infância da pátria foste tu,
sílaba aborígine, idioma tupi
cerâmica, canoa e tacape
ritual, dança e canção.
Foste tu a raiz, sangue ameríndio
o parto da nacionalidade.
Hoje canto os povos da floresta
e o desencanto dessa memória esquecida.
Falo de sobreviventes
de tribos desgarradas
de aldeias tristes
de sonhos desmatados
de segredos e tradições pirateadas
das águas lavadas na bateia do mercúrio.
Amazônia….Amazônia…
quem deterá o teu martírio
uma vida tão diversa num adverso viver…
Falo dos teus hectares de sangue
da lâmina cruel, da pira ardente
dessa cartilha de serras, rifles e archotes
dessa morte plural
na diversidade de aves e primatas
roedores, felinos e serpentes.
Falo de uma terra de cepos
de raízes degoladas
de caules retalhados
de castanheiras preservadas… a morrer de solidão.
Falo da linha negra do fogo
e desse cemitério de troncos defumados.
quem deterá o teu martírio
uma vida tão diversa num adverso viver…
Falo dos teus hectares de sangue
da lâmina cruel, da pira ardente
dessa cartilha de serras, rifles e archotes
dessa morte plural
na diversidade de aves e primatas
roedores, felinos e serpentes.
Falo de uma terra de cepos
de raízes degoladas
de caules retalhados
de castanheiras preservadas… a morrer de solidão.
Falo da linha negra do fogo
e desse cemitério de troncos defumados.
Falo da floresta sitiada
por uma legião de máquinas assassinas
falo de estradas e picadas clandestinas
de súbitas clareiras
desse assalto interminável… lento e invisível.
Falo de grileiros, posseiros, garimpeiros, bandoleiros
e de terras demarcadas sob a mira das pistolas.
Falo de dragas e crateras
das águas manchadas e dos rios estropiados.
Falo da vida degradada pelas pastagens da ambição.
por uma legião de máquinas assassinas
falo de estradas e picadas clandestinas
de súbitas clareiras
desse assalto interminável… lento e invisível.
Falo de grileiros, posseiros, garimpeiros, bandoleiros
e de terras demarcadas sob a mira das pistolas.
Falo de dragas e crateras
das águas manchadas e dos rios estropiados.
Falo da vida degradada pelas pastagens da ambição.
Amazônia…Amazônia…
com que verde vestiremos nosso mapa
acuados pelo apetite voraz das motosserras,
por uma fronteira incinerante que avança insaciável.
Acuados pelo gatilho mercenário da violência
e pelo estigma oficial da impunidade.
com que verde vestiremos nosso mapa
acuados pelo apetite voraz das motosserras,
por uma fronteira incinerante que avança insaciável.
Acuados pelo gatilho mercenário da violência
e pelo estigma oficial da impunidade.
Passo a passo e esse avizinhar-se do colapso…
quantos fóruns se abrirão para “resolver” essa tragédia!?
Crimes silenciados na cumplicidade regional dos gabinetes…
gritos sem eco nas vozes da omissão…
acenos sem resposta nos protocolos renegados…
e o poder dos maiorais contra tudo o que respira.
quantos fóruns se abrirão para “resolver” essa tragédia!?
Crimes silenciados na cumplicidade regional dos gabinetes…
gritos sem eco nas vozes da omissão…
acenos sem resposta nos protocolos renegados…
e o poder dos maiorais contra tudo o que respira.