Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Rapidinhas

A nação árabe se levanta

     Se iludem os que pensam que os protestos nos países árabes vão se restringir aos ditadores. Também os reis e príncipes do petróleo deverão cair ou ceder aos seus povos o controle das suas próprias vidas. É a nação árabe se levantando contra a opressão de governos impostos pelas antigas potencias coloniais, numa verdadeira segunda independência.
     A democracia deve triunfar, seguindo caminhos parecidos, mas próprios de cada país, constituindo uma imensa zona econômica e política de um potencial extraordinário.
     Serão os novos emergentes daqui a 20 anos, desequilibrando mais uma vez a balança do poder mundial.
     Contra esse novo poder, de nada adiantarão as armas e a arrogância de Israel, com seu expansionismo disfarçado de "processo de paz". Como predizia Camões:
     Cessa tudo quanto a antiga musa canta, quando um poder mais alto se alevanta.

     Fantasmas no Bradesco
    
     Em 2001 sofri um sequestro-relâmpago em Brasília. Os ladrões levaram meus cartões, inclusive um cartão de crédito do Bradesco, de uma conta que eu tinha na agência 0270 de Vitória da Conquista.
     Embora eu tenho registrado a queixa na delegacia e seguido todas as instruções do banco, o  seguro do cartão se recusou a cobrir os prejuízos causados pelos sequestradores. Muito traumatizado optei por pagar tudo e esquecer o assunto, depois de cancelar o cartão de crédito. Em 2004, quando me mudei para Rio de Contas, transferi a conto do Bradesco para Livramento, cidade vizinha a Rio de Contas, transferencia esta feita pelos próprios funcionários do Bradesco de Livramento.
     Em 2007 meu pai faleceu e me deixou uma pequena herança, que resolvi investir num programa VGBL do Bradesco, já que eu era amigo da gerente, e passei a ser considerado cliente preferencial, embora nunca mais tenha aceitado cartões de crédito daquele banco.
     Agora, 10 anos depois do sequestro, comecei a receber em meu antigo endereço de Vitória da Conquista, uma cobrança da mensalidades do antigo cartão, cancelado em 2001. Estranho, porque justamente agora eu retornei ao antigo endereço onde vivia, nma casa de minha propriedade que esteve alugada durante todo este tempo.
      Procurei o banco e a gentil atendente me disse que eu tinha que ligar para um número de telefone, clicar na operação 9, depois na operação 6 e pedir cancelamento da função crédito (cancelada há 10 anos) e depois retornar à agência para pedir novamente o cancelamento de uma conta cancelada há 7 anos. Perguntei se eles não podiam fazer isso ali mesmo e ela me disse que não. Que eu mesmo tinha que ligar.
     Ou seja, o Bradesco cria um problema e o cliente é que tem que resolver.
     O que não entendo é como o computador do banco decobriu que eu voltei ao meu antigo endereço e resolveu ressuscitar minha conta. Parece um Big Brother bancário, querendo forçar a gente a utilizar serviços que não deseja, ou então algum fantasma  que habita o computador do banco resolveu me assombrar.
     Estou pensando em processar o banco, por me fazer perder tempo para resolver sua incapacidade operacional e aproveitar para processá-lo por não ter cobrido meus prejuízos há 10 anos atrás, já que mantenho guardada toda a documentação do caso e ainda por cima por me fazer reviver todo esse pesdelo que tento esquecer desde então. Quem sabe aproveito para retirar o dinheiro que ainda tenho por lá e fechar qualquer tipo de conta neste banco.

Delícias de Rio de Contas

Giso

     A apresentação do GISO, Grupo de Investigação Sonora, no sábado e domingo no Teatro São Carlos, denominada Giso em Conserto, com S mesmo para mostrar que a arte pode consertar a sociedade, mostra que a cultura continua viva em Rio de Contas.
     Muitas músicas, experimentaçõese instrumentos fabricados pelo grupo, mostraram um trabalho que apesar de estar se iniciando já mostra que pode ir mais longe, apesar da falta de apoio do governo local.
     Esperamos que o grupo Giso continue crescendo e formando novos músicos entre os jovens da cidade.

Pizza

     Nota dez para o pizzaiolo do Restaurante Quintal. As pizzas de Silas estão cada dia melhores e a simpatia do restaurante continua a mesma. Pra quem for visitar a cidade, vale a pena provar.

Do blog Café Margoso
     Em ti há um marinheiro demandando uma ilha onde ninguém ainda esteve. Também em ti encontrarás o mapa, a bússola e o navio. Há coisas a que não deves atribuir nomes. A tua ilha não tem nome.
     Arménio Vieira - poeta
Uma política urbana para Vitória da Conquista

     Desde 1997 o PT governa Vitória da Conquista, uma das maiores cidades baianas, hoje com mais de 300.000 habitantes. No primeiro mandato de Guilherme Menezes, ele introduziu um novo modo de governar, muito bem recebido pela população, cansada da corrupção do antigo PMDB, que se manifestava principalmente nas obras inúteis que beneficiavam mais as empreiteiras do que a população, cujo maior símbolo é o viaduto apelidado de bigode do Pedral, que liga nada a coisa nenhuma. 
     Guilherme e o PT se voltaram para o saneamento das finanças, como fazem em geral os governos petistas, e para algumas iniciativas na área social dignas de nota, como a implantação do programa Conquista Criança, para tirar menores das ruas e a implantação do Hospital-dia, para os pacientes portadores de HIV, hanseníase e tuberculose.
      Outra iniciativa importante da administração petista foi realizar a licitação para as linhas de ônibus, acabando com velhos privilégios de um grupo empresarial que dominava o setor, prestando péssimos serviços e explorando a seu bel prazer a população.
       Porém, paralelamente a essas transformações importantes, foi implantada uma mentalidade fiscalista, baseada na ortodoxia social-democrata de que as contas da cidade precisam estar sempre no azul, como se a cidade fosse uma empresa que precisasse dar lucro, e que penaliza pesadamente a população com impostos, nem sempre revertidos em obras e melhoramentos, traindo um dos princípios do direito público de que a cada tributo pago deve corresponder um benefício recebido.
     Assim, eliminou-se a corrupção, os salários são pagos em dia, mas não houve uma melhora correspondente nos serviços prestados pelo município, que continua pagando mal seus professores, fornecendo uma escola pública de má qualidade, atendendo mal a população nos seus postos de saúde, enquanto não há investimento em obras de urbanização e melhoramentos na cidade.
       É incrível que uma cidade do porte de Conquista, cuja parte norte é toda em desnível, não tenha um sistema de esgotos pluviais, deixando que as enxurradas tomem conta da cidade quando a chuva vem. Ruas são tomadas pela lama e logo depois pela poeira. É certo que o esgotamento pluvial é responsabilidade da Embasa, companhia do Estado, mas não há nenhuma gestão da Prefeitura demandando a implantação desse serviço, junto ao governo do Estado da Bahia? Será isso um reflexo do isolacionismo político de Guilherme Menezes, que antes não se dava com a administração do PFL/DEM, e agora continua não se relacionando bem com a administração petista de Jaques Wagner? Mas um prefeito não deve colocar o interesse da sua comunidade à frente dos seus interesses? Não é preciso saber conviver democraticamente com os contraditórios políticos?
     A limpeza urbana também deixa muito a desejar. Embora tenha sido implantado o aterro sanitário, faltam campanhas educativas e não há lixeiras nem varreção que atenda as necessidades da cidade, que está sempre suja, cheia de papéis e sacos plásticos, a contaminar o solo e comprometer a saúde da população. Coleta seletiva nem é cogitada.
       Falta na verdade uma visão de política urbana que trace objetivos no sentido de pavimentar as ruas da cidade, crie normas obrigando os proprietários de imóveis a fazer passeios onde cadeirantes e carrinhos de bebês possam trafegar com segurança, campanhas educativas de trânsito ensinando os motoristas e pedestres a respeitar as faixas, áreas de lazer, praticamente inexistentes na cidade e que planeje mudanças no sistema viário, principalmente na área central, para desafogar o trânsito, já congestionado como acontece em tantas cidades do Brasil, cada vez mais abarrotadas de carros.
     As conquistas sociais iniciais hoje parecem reduzidas a quase nada, quando vemos o crescimento da pobreza tomando conta das ruas, com mulheres pedindo esmolas nas portas dos bancos e das residências, com seus bebês imundos no colo. Quantas crianças atende o programa Conquista-criança? Quantas crianças ainda estão nas ruas? Será apenas um programa vitrine para ganhar prêmios e fazer marketing político?
     O sucessor de Guilherme, no intervalo das suas reeleições, José Raimundo, iniciou um programa interessante de obras, com a duplicação da Avenida Brumado, na entrada oeste da cidade e da Avenida Juraci Magalhães na entrada leste, além da criação do Parque da Bateias, a primeira área de lazer construída em muitos anos. Mas parece que isso foi tomado como uma espécie de traição a Guilherme, que dominando o partido não permitiu que ele se candidatasse a reeleição e tratou com muita má vontade toda sua equipe, assim como suas iniciativas, ao retornar ao poder.
     Assim, a administração petista de Vitória da Conquista se tornou refém de interesses político-eleitorais.
Talvez por isto José Serra tenha ganhado a eleição em Conquista e outras candidaturas à esquerda e a direita comecem a se tornar viáveis para 2012.
     Quem sabe esse panorama político permita que as questões urbanas voltem a ser discutidas com seriedade, dando a Vitória da Conquista a oportunidade de conquistar a qualidade de vida que seus cidadãos merecem.
    
     Boa segunda-feira à todos

     Ricardo Stumpf Alves de Souza