Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

O Paiz
 
Um novo marco para a TV
 
 
     Quando a televisão começou no Brasil, revolucionando as comunicações, as emissoras eram apenas locais. Havia a TV Tupi do Rio, a de São Paulo, a Record em São Paulo, a TV Rio, a Difusora de Porto Alegre, a Itacolomy de Belo Horizonte, etc. Cada uma tinha sua programação própria, com muitos programas ao vivo, numa época em que ainda não haviam inventado o video-tape, ou seja, os programas gravados.
     Tudo era ao vivo ou então gravado em película de filme. Como nossas TVs não tinham muitos recursos para grandes produções, compravam muitos programas norte-americanos. Eram as séries como Bonanza, Rota 66, Papai Sabe-Tudo, Maverick, Bat Masterson, Patrulha Rodoviária, Perdidos no Espaço entre tantas outras.
     No década de 1960 surgiram as novelas brasileiras, inicialmente baseadas nas antigas novelas cubanas de rádio, como O Direito de Nascer, que durou dois longos anos na Tupi. Eram dramalhões, feitos entre quatro paredes, quase sem cenas externas. No final dos anos 60 a Tupi revolucionou o gênero com Beto Rockfeller, uma novela jovem, com cenas externas e um linguajar brasileiro, que rompia com o gênero dramático cubano-mexicano.
     Em 1965 surgiu a Globo, já com uma concepção de rede e em 1969, entrou no ar o Jornal Nacional, o primeiro noticiário exibido simultaneamente em várias cidades brasileiras, que depois se estendeu a todo território nacional. A produção de novelas cresceu muito, ocupando o espaço da programação importada e passamos a ver programas brasileiros. Daí para o surgimento das grandes redes de TV foi um passo. Na década de 1980 surgiram a Rede Record, o SBT, a Manchete, que depois virou Rede TV e a Bandeirantes.
     Depois vieram as TVs públicas e as redes de TV por assinatura, com mais de 100 canais, a maioria norte-americanos. Todos os dias surge um canal novo para crianças, a rede telecine, só de filmes, e canais como a Discovery, pretensamente científicos, etc.
     Mas esta evolução vem atropelando as política públicas brasileiras para o setor, que pararam no tempo da criação das grandes redes nacionais. O resultado é que assistimos a programas norte-americanos e até europeus o tempo todo, enquanto não podemos assistir a nenhum canal da América Latina.
     É muito fácil ver a CNN ou a BBC de Londres, mas impossível assistir um canal argentino, chileno ou peruano, o que nos leva de volta à situação do início da televisão no Brasil, quando dependíamos de programas americanos.
     O que está faltando é um novo marco para a TV, que permita a formação de redes latino-americanas, como a Euro-channel, por exemplo, que junta vários programas europeus em um só canal. Os programas passam nos seus idiomas de origem. Uma hora em francês, outra em inglês, outra em alemão, etc. E olha que lá eles tem dezenas de idiomas, enquanto por aqui só temos dois; português e espanhol.
     A formação de redes latino-americanas nos daria um leque muito maior de programação, além de permitir que acompanhássemos o dia-a-dia nos países vizinhos, nos libertando também da dependência cultural da programação norte-americana, que já vai formando uma geração inteira acostumada a ver Nova Iorque o tempo todo na TV, enquanto nem sabe onde fica Buenos Aires, Santiago do Chile ou Lima, e só conhece o deserto de Atacama pelos olhos deturpados da Discovery.
 
     
Rapidinhas
 À família e aos amigos

     Aproveito este espaço para agradecer a todos aqueles que me acompanharam em 2012, aos leitores deste blog, à minha família e meus amigos, presentes ou ausentes, neste lado ou do outro lado da vida, próximos ou distantes.
     A foto acima, tirada no já distante ano de 2005, reúne todos os meus filhos e netas, com exceção da neta Cecília que veio em 2009 e que está na foto abaixo comigo e meu companheiro Adriano, na piscina da pousada Chalé do Raposo, em Rio de Contas.

E ainda abaixo, (da esquerda para a direita) Cauã (sobrinho de Adriano), Cecília (neta) no colo de Micaele (filha), eu e atrás de mim Maria Luiza (sobrinha de Adriano) e à direita minha afilhada Esther. Todos na piscina do Raposinho em Rio de Contas.
 Felicidade é ter amigos e uma família livre e feliz.
A todos os que nos acompanharam neste último ano, um 2013 tranquilo e feliz.
 
Poesia da Semana
 

Poema de Ano-Novo

É preciso que nos encontremos diante do amor como as árvores fêmeas cuja raiz é a mesma e se perde na terra profana 
É preciso... a tristeza está no fundo de todos os sentimentos como a lágrima no fundo de todos os olhos 
Sejamos graves e prodigiosos, ó minha amada, e sejamos também irmãos e amigos. 
É preciso que levemos diante de nós o retrato das nossas almas como se fôssemos a um tempo a Verônica e o Crucificado 
Eu sou o eterno homem e hoje que a dor fecunda o tempo eu sinto mais que nunca a vontade de fechar os braços sobre a minha miséria. 
Fiquemos como duas crianças pensativas sentadas numa escada - todos serão os peregrinos e apenas nós os contemplados.
 
Vinicius de Moares
A primavera árabe avança
 
 
     O resultado do referendo sobre a nova constituição egípcia foi um passo importante para a consolidação da democracia representativa naquele país e em todo o Oriente Médio.
     A vitória do "sim", aprovando a constituição elaborada pela maioria de representantes da irmandade muçulmana, mostra a importância dessa organização na resistência às ditaduras ao longo de décadas e contra os interesses norte-americanos que as respaldavam.
     De tendência islâmica moderada, a irmandade mistura modernidade com os princípios islâmicos básicos, sem no entanto descambar para o fundamentalismo fanático. Esta parece ser a tendência em todo universo árabe que vai se libertando das ditaduras napoleônicas implantadas no século XX, enquanto Israel e as monarquias feudais, fortemente apoiados pelos Estados Unidos, continuam desnorteados diante das mudanças.
     O final da guerra civil na Síria, que se aproxima com a provável vitória da revolução contra o ditador Bashar El Assad, deve levar também a irmandade ao poder, para desagrado dos ocidentais.
     As manifestações de preocupação de americanos, israelenses e governos europeus, frente a nova constituição egípcia, assim como da agência Standart & Poors, representante dos interesses capitalistas do ocidente, sobre os novos rumos da política egípcia, demonstram que o país está na direção certa.
     O presidente Mursi tem agora uma árdua tarefa pela frente, a de reconstruir a economia e promover o realinhamento político do mais importante país árabe, de forma a se libertar da influência ocidental e recuperar a liderança que o Egito exercia anteriormente sobre toda a região.
     Assim que a revolução chegar ao final na Síria, depois de ter provocado mudanças profundas também na Líbia, Egito, Tunísia e Argélia, iniciando também processos democratizantes no Marrocos, Bahrein e Iemen, ela deve se mudar de armas e bagagens para as monarquias feudais, derrubando os últimos bastiões do poder ocidental na região. Aí será vez de Israel fazer a sua opção: ou aceita o Estado Palestino e aprende a viver em paz com as novas democracias árabes, renunciando ao sonho racista e expansionista de construir um império na região, ou corre o risco de ser destruído pelo novo poder árabe.
     Como dizia Camões: "Cessa tudo que a antiga Musa canta, que outro valor mais alto se alevanta..."


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O Paiz
Alguém se lembra da Reforma Agrária?
     Depois de 10 anos de governo do PT, sendo dois de Dilma Roussef, que fim levou a reforma agrária, outrora uma poderosa bandeira petista?
     Parece que no poder o PT se esqueceu dos sem terra, preocupado em fazer a economia capitalista prosperar.
     O governo Dilma tem feito grandes ajustes na economia, tratando de reativá-la para superar os problemas criados pela Europa e Estados Unidos em crise, clientes tradicionais dos nossos produtos, e para conseguir competir com a indústria chinesa, que invade nosso mercado.
     Depois  dos quase 20 anos de ajuste fiscal comandado pelo FMI, o Brasil teve que correr atrás do prejuízo na infraestrutura, recomeçando a construir portos, aeroportos, ferrovias e rodovias, além de mudar o perfil da economia, abaixando juros, impostos e tudo aquilo que eles chamam de "custo Brasil".
     Tudo isto está sendo feito rapidamente pela eficiente equipe de Dilma Roussef, mas a reforma agrária, que poderia mudar o campo, reforçando tremendamente a produção agrícola familiar  brasileira, vai ficando esquecida, enquanto nossa agricultura depende cada vez mais do agronegócio baseado nos latifúndios, em detrimento dos assentamentos agrícolas, cuja ineficiência coloca em cheque toda a política agrária de distribuição de terras.
     Não basta dar a terra, mas é preciso ter uma política agrícola para os assentados.
     Alguns estados do sul levam à sério a assistência técnica ao pequeno produtor e produzem muito, como Santa Catarina, mas o nordeste e os assentamentos, em sua maioria, são um desastre nesta área. 
     As obras de transposição do Rio São Francisco, junto com projetos de irrigação e os assentamentos, poderiam acabar com o flagelo da seca e tornar a região uma grande produtora agrícola, acabando com a pobreza no campo e diminuindo-a nas cidades nordestinas, mas parece que os governos da estrela vermelha se esqueceram disto.
     Reforma agrária não pode ser apenas um programa de assentamento de sem terras, é preciso que venha acompanhada de técnicas, financiamento de sementes, infraestrutura para escoamento da safra e assistência aos assentados que, sem isso, ficam na dependência de esmolas do governo para continuar na terra com baixíssima produtividade.
     Está na hora de dar uma virada no setor, ampliar a reforma agrária e aprofundar seu sentido econômico ou ela simplesmente vai fracassar. A não ser que a prioridade para o PT seja mesmo o grande capital e não o trabalhador.
      
        
Rapidinhas

Antiga sede de O Paiz no Rio de Janeiro
 
Termina o blog Segunda-feira
     Prezados leitores, no início de janeiro de 2013, este blog deixará de se chamar "Segunda-feira" e passará a ser apenas "O PAIZ", em homenagem ao antigo jornal carioca, cujo último editor foi meu tio-avô, Antônio Alves de Souza.
     Passo a dividir a responsabilidade de escrever com Adriano Araújo, autor do "Blog do Dico", que também deixará de ser publicado. Continuaremos a publicar no início da semana.
     Juntos poderemos inserir mais artigos e informações. Eu continuarei com meu artigo de fundo sobre política, com as rapidinhas e com as séries (atualmente Delícias de Rio de Contas). Adriano se dedicará à arte: música e artes plásticas principalmente, além de poesias e do futebol.
     Ao longo do tempo, certamente, desenvolveremos outros interesses comuns, sempre no sentido de enriquecer o blog e entreter nossos leitores. 

E o mundo não se acabou...

     A onda de que o mundo iria se acabar dia 21 de dezembro tomou conta do planeta. Uma besteirada de quem não tem o que fazer. Muita gente impressionavel se preparou para um fim trágico e agora parece decepcionada  por não ter morrido. Patético.
     Enquanto isso os descendentes dos verdadeiros maias preparavam grandes e silenciosas manifestações para mostrar que ainda estão vivos.

ETs?
     Arqueólogos acharam esses corpos com crânios alongados em um cemitério pre-histórico mexicano. Agora estão dizendo que os crânios foram deformados intencionalmente para diferenciar classes sociais.
     Conta outra, isto é um extra-terrestre, evidentemente.
     Nenhuma cultura tão antiga (mil anos) teria capacidade de deformar um crânio e as aberturas dos olhos desta forma.
Feliz Natal
     Depois de um ano de muitas mudanças e grandes transformações, chegamos ao final de 2012. Coisas boas e ruins aconteceram e a minha vida, de participante da aventura humana na Terra (como diz o rock "A Pequena Eva"), também  mudou muito. Perdi minha mãe, encaminhei meus filhos e ganhei um grande amor.
     Não posso me queixar de nada, só agradecer a esta força divina que rege o universo e a todos vocês, meus leitores, por este contato semanal tão importante para mim.
     Um feliz Natal a todos e que Deus abençoe e ilumine à família humana.
     Um grande abraço a todos.

Ricardo Stumpf Alves de Souza
Projeto Tamar

    O tanque das arraias no Projeto Tamar

 O Projeto Tamar, na Praia do Forte, ao norte de Salvador, continua um passeio fantástico para levar as crianças e ensiná-las sobre a importância da preservação ambiental, especialmente de espécies marinhas ameaçadas como as tartarugas.
     Eu que tinha feito esta visita há 16 anos atrás, fiquei impressionado com os novos aquários, especialmente os de arraias e tubarões. No das arraias, os visitantes são estimulados  tocar os bichos (cujos ferrões foram retirados). Elas parecem gostar do contato e ficam se exibindo para os visitantes.
     A textura de sua pele parece a de um tapete, com pequenos pelos macios. Uma delícia.
     O tanque dos tubarões lixas também é impressionante. Vê-lo passar a centímetros da gente, com sua figura imponente e sinistra causa uma impressão muito forte.
     O projeto está se tornando um verdadeiro aquário marinho. Pena que os ingressos sejam tão caros (R$16,00 inteira e R$8,00 a meia), como tudo na Praia do Forte, que virou um recanto para ricos.
     Ecologia 10 X 0 democracia. Deviam aprender com Jericoacoara, no Ceará, que criou um parque nacional nas dunas, e mantém um comércio para todas as classes sociais. Querer impedir a destruição do ambiente natural nivelando pela renda, é anti-democrático. Existem outras formas de evitar a farofa dos ônibus populares.Afinal se os pobres poluem, os loteamentos e resorts dos ricos destroem muito mais.

domingo, 16 de dezembro de 2012

O Paiz
 
 
Royalties para a educação
 
     A direita mais reacionária deste país se prepara para impedir mais uma vez que o Brasil faça uma verdadeira revolução na sua educação.
     A tentativa de derrubar o veto da presidente Dilma à lei dos Royalties do petróleo, que estipula que a distribuição dos recursos dos novos contratos do petróleo será equitativa para todos os estados, respeitando-se os contratos já existentes, e destinando todos esses recursos à educação nos estados e municípios, é mais um episódio numa história que se repete desde a independência do Brasil.
     A constituição de 1824, outorgada por D. Pedro I estabelecia a educação pública e gratuita em todo território nacional, como obrigação do estado. Assim que o monarca abdicou, os fazendeiros escravistas trataram de transformá-la em letra morta, passando para as antigas províncias a responsabilidade com a instrução pública.
     Os grandes latifundiários que governavam as províncias nada fizeram para educar o povo, pois a eles não interessava um povo instruído. Antes, precisavam de gente analfabeta, que não soubesse contar, que não conhecesse seus direitos, para poder seguir sendo explorada, seja como mão de obra escrava, seja como trabalhadores "livres", sem direito a nada.
     Na República a manobra se repetiu e o Brasil foi seguindo com um povo analfabeto até a revolução de 30, quando Getúlio Vargas criou o Ministério da Educação. Mas as tentativas de fazer reformas educacionais, sempre foram no sentido de retirar direitos dos trabalhadores, transformando-os em mera mão de obra para as indústrias que se instalavam, tendo sempre o cuidado de impedir que o povo adquirisse consciência de sua situação, alcançando uma cidadania plena.
     No Governo de João Goulart, quando se tentou mais uma vez implantar a educação universal púbica e gratuita, a direita moveu uma verdadeira guerra à proposta da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, guerra esta capitaneada por Carlos Lacerda, notório direitista, defensor dos interesses das oligarquias econômicas e políticas brasileiras e mentor do golpe de estado de 1964, acabando por descaracterizar completamente a proposta e implantar um sistema que só aprofundou a dualidade do sistema educacional, com escolas boas para os ricos e ruins para os pobres.
     Na época da ditadura militar houve uma grande expansão do ensino público, mas instalou-se de vez a dualidade entre ensino de qualidade para as classes média e alta e o ensino profissionalizante para os filhos dos trabalhadores, que só precisariam ir até a oitava série e aprender a manipular as máquinas que as fábricas empregavam na produção industrial.
     Com a redemocratização, sucessivos governos falaram em priorizar a educação, mas foram só palavras ao vento. O PSDB, de Fernando Henrique, conseguiu colocar 97% das crianças em idade escolar nas salas de aula, mas só na primeira série, pois a evasão escolar continuou altíssima. Na quarta série este percentual cai para 50% ou mais, dependendo da região.
     As escolas rurais continuaram no século XIX. Uma sala de aula com uma professorinha, sem nenhum recurso, dando aulas ao mesmo tempo para as quatro primeira séries em salas multisseriadas. Uma vergonha. A educação básica continuou sob responsabilidade de municípios e estados, entes mais atrasados da federação, a maioria dos quais governados por elites retrógradas que não tem nenhum compromisso com a educação do povo.
     As escolas municipais são horríveis, pelo Brasil todo. Pense, querido leitor, e veja se você se lembra de uma escola municipal excelente. Lembrou? Nem eu.
     As escolas estaduais são menos ruins, pois cuidam dos que já sobreviveram ao sistema básico de ensino. Mesmo assim são muito fracas. Existem, é claro, as escolas modelo, mas são uma minoria, destinada a uma classe média que ainda acredita na educação pública. A grande maioria das escolas estaduais é muito ruim também.
     Agora pense novamente, amigo leitor, e veja se você se lembra de alguma escola federal ruim. Lembrou? Nem eu. Todas são boas. E porque? Porque o governo federal está distante do contencioso político local, não participa da política miúda de estados e municípios e dá uma educação de qualidade para todos.
     Darcy Ribeiro lutou até o último dos seus dias pela federalização da educação no Brasil, mas essa mesma direita que quer se apoderar dos royalties do petróleo, não deixou. Querem que o povo continue ignorante, pobre, não-cidadão, para que eles continuem dominando a política municipal e estadual, com seus favores, com suas compras de voto, com suas intimidações.
     A proposta da presidente Dilma é a primeira em muitos anos que mexe nesse vespeiro. Pretende dar 10% do PIB para a educação: uma verdadeira revolução. E olhe que ela nem tentou mexer nessa tal descentralização, que deixa a educação nas mãos das oligarquias locais. Mas eles sentiram o cheiro do perigo. Mais dinheiro para a educação é perigoso, o povo pode aprender a pensar e a votar e aí eles estarão perdidos. Vão tentar impedir de todas as maneiras, pois a sobrevivência dos corruptos e dos coronéis do interior depende da ignorância popular.
     Cabe a nós, cidadãos esclarecidos, apoiar esta proposta e fazer bastante barulho nas redes sociais.
     Queremos os royaltes do petróleo para educação!
 
     (Se alguém quiser saber mais sobre esta história, dei minha pequena contribuição no livro Escola, Espaço e Discurso).
 
    
    
     
 Rapidinhas
 
Morre um mito
Ravi Shankar
 
     Pôxa, já estou me cansando de dar notícias de falecimento de gente que fez o século XX. Agora foi Ravi Shankar, o grande músico indiano que inspirou os Beatles com sua cítara e que além de ser um artista maravilhoso, também era pai de Norah Jones, a grande cantora norte-americana.
Ouça Ravi Shankar tocando numa antiga entrevista à TV americana.
 
Corinthians campeão mundial

     Vencendo o Chelsea da Inglaterra por 1x0, gol do peruano Guerrero, o Corinthinas sagrou-se campeão mundial de clubes, neste domingo, no Japão, jogando com muita categoria e merecendo a vitória.
     A nação corinthiana encheu o estádio com incríveis 25.000 torcedores, do outro lado do mundo, com a presenção da Fiel de vários países do mundo. Impressionante.
     Parabéns Corinthians!
 
Vitória campeão da Copa do Brasil sub-20
 
 
     Em outro resultado importante, o Vitória da Bahia sagrou-se campeão da primeira Copa do Brasil sub-20, jogando em Minas Gerais contra o Atlético Mineiro. Apesar de ter perdido a partida final por 2x1, o Vitória foi campeão, graças ao resultado anterior, quando havia goleado o Galo por 4x1 no Barradão, em Salvador.
     O Vitória tem um time de base excelente para montar parte da sua equipe para 2013. Agora é saber trabalhar.
     Wallace do Corinthians e David Luiz do Chelsea, foram frutos dessa mesma divisão de base do Vitória. A turma que vem por aí promete.
 
Que país é este?
 
     Mais um massacre nos Estados Unidos, desta vez atingindo crianças.
     Sei que este tipo de ação assassina e suicida não acontece apenas lá, mas surgiu lá e vai se espalhando pelo mundo. Tanto que é chamado de doença americana.
     Como é possível que um país permita que qualquer pessoa entre numa loja e compre todo tipo de armamento que quiser, sem o menor controle? Até pelo correio se pode comprar armas pesadas nos Estados Unidos. Um país de gente desequilibrada, uma sociedade doente de violência.
     É só olhar os filmes deles, 90% tem um assassinato como tema central. Vivem em guerra contra o mundo, só pensam em matar. São especialistas em matar. Quando não tem outro povo para praticar tiro ao alvo, atiram neles mesmos.
     O que eu não entendo é a fila no consulado americano para tirar um visto. O que essa gente quer fazer num país como este?
 Dia do Arquiteto
 

 
      Em homenagem à data de nascimento de Oscar Niemeyer, o CAU, Conselho de Arquitetura e Urbanismo, resolveu criar o dia do arquiteto e do urbanista em 15 de dezembro, separado dos engenheiros. Antes comemorava-se o dia do engenheiro e do arquiteto em 11 de dezembro.
     Agora até nisto engenheiros e arquitetos estão separados (os arquitetos saíram do CREA), reafirmando a importância desta classe, a qual me orgulho de pertencer, fundamental para a qualidade das nossas edificações, do design em geral e das nossas cidades.
     Para ver a resolução, clicque no link abaixo:
 


Hacker quebra o sigilo da urna eletrônica
 

     Um hacker do Rio de janeiro, confessou que invadiu o sistema da justiça eleitoral e modificou resultados da região dos lagos, do Estado do Rio, provando que o sistema é falho e permite fraudes.
     Há muito tempo esta discussão vem se arrastando e o TSE chegou a provar o uso de urnas eletrônicas que além de enviar o voto pelo sistema, também imprimiam os votos que caíam numa urna lacrada, para permitir a conferência e a fiscalização das totalizações, mas seu uso não foi aprovado.
     A simples recusa de adotar o sistema já era considerada suspeita há muito tempo. Porque se recusar a aperfeiçoar o sistema, a não ser que grupos políticos poderosos estivessem se beneficiando da impossibilidade de conferir os resultados?
     A alegação de que esta urna custaria mais caro não faz o menor sentido, pois o TSE não poupa esforços nem despesas para aperfeiçoar o sistema eleitoral, como se pode ver nas últimas eleições, com a introdução da identificação digital em centenas de municípios.
     Acoplar uma pequena impressora na urna eletrônica resolveria todo o problema, mas o Senado não aprovou a mudança.
     Agora, com a confissão do hacker de que o sistema é vulnerável, resta perguntar quantos "eleitos" assumiram cargos neste país, sem ganharem de fato as eleições, desde que a urna eletrônica foi implantada, em 1996.
     Para ler a reportagem toda acessem o link abaixo:
 
Novo Movimento Cultural em Rio de Contas
 
      Um grupo de artistas e produtores culturais se uniu em torno da ONG Oásis e do Ponto de Cultura de Rio de Contas, para promover uma série de eventos importantes.
     Um deles já vem ocorrendo há algumas semanas, o Animeco, curso de animação com bonecos, que resultará em um curta metragem feito pelos alunos com o título; A Dança das Caveiras, a ser exibido em data próxima no Teatro São Carlos. O curso está sendo ministrado por André Mello, formado em artes visuais pela Rietveld Academie, de Amsterdã, na Holanda.
     Neste mês de dezembro é a vez do projeto Tocando a Cidade, um festival de música com bandas regionais cuja programação é a seguinte: dia 15 apresentação no Mato Grosso das bandas Flor Nativa e Folha, de Guanambi, que misturam música regional com reggae. Dia 21, apresentação na sede do município, das bandas Caboco Caipiroba de Salvador, de música regional, e Mucambo de Macaúbas, que mistura rock com maracatu e baião. Dia 30 Jon França e Banda Trifásica farão uma apresentação que mistura rock com MPB.
     Além das apresentações haverão oficinas e jam sessions, que são uma espécie de encontro musical em que músicos vão tocando sem um roteiro prévio e vão criando e inventando na hora. Jam é geléia em inglês. Jam sessions é uma espécie de geléia musical, onde um músico vai influenciando o outro e entusiasmando o público.
O programa das oficinas e outras informações sobre a programação do evento estão disponíveis no site: www.tocandoacidade.blogspot.com.br
Além desses eventos, outros estão previstos pelo grupo de realizadores culturais que está agitando a cidade, composto por Rosa do Ponto de Cultura, Glaucia e Maurizio, do Espaço Imaginário, André Mello, David e Sol.
O Carnaval Mandú, com oficinas de máscaras e 04 pré-carnavais nos finais de semana de janeiro, o Largo jardim, com intervenções para reiventar usos para a Praça do Rosário e a Rua dos Inventos, para ocupação dos espaços públicos com arte, são alguns dos eventos previstos para este verão.
Poesia da Semana



Há Momentos
Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.

Clarice Lispector
Delícias de Rio de Contas
 
Cana-ah
Uma das maiores delícias de Rio de Contas é este pequeno bar, ao lado da igreja da Santíssima Trindade, onde se pode admirar a tranquilidade da praça, saboreando uma taça de vinho ou uma cerveja gelada, enquanto prova-se os deliciosos petiscos servidos. Pastéis, coxinhas e kibes, feitos na hora, que atraem muitos consumidores para as poucas mesas do bar ou para levar pra casa.
 
Sempre atendidos pela simpatia de Marisa
Pode-se colocar uma mesa na calçada e contemplar o cenário da cidade colonial...
ou da praça iluminada para o Natal.
Em Rio de Contas é meu ponto predileto, as sextas, sábados ou domingos.
Vale a pena experimentar.

sábado, 8 de dezembro de 2012

O Paiz
 
Brasil potência: pra que?
 
 
     Semana passada, um consultor indiano de uma agência internacional, dessas que fica dando notas para os bancos e para os países e lucrando em cima disso, analisando nosso fraco crescimento em 2012, disse que o Brasil não tinha capacidade, nem vontade de assumir uma posição de liderança no cenário internacional.
     Ressaltou inclusive que o termo Brics, não fazia sentido porque as cinco economias (Brasil Rússia, India, China e África do Sul) eram muito diferentes e nenhuma delas teria condições de assumir o papel das principais economias atuais do mundo, ou seja, Estados Unidos, Europa e Japão.
     Este tipo de análise parte do princípio que todos os países do mundo querem ser hegemônicos, ter uma posição econômica e militar que lhes permita dominar os outros. É uma visão que coloca os países como se fossem competidores no que eles chamam de tabuleiro internacional, como um jogo, onde é preciso se esforçar para ganhar dos outros.
     Essa mentalidade é uma resultante histórica das políticas dos antigos impérios coloniais (a agência é inglesa), que ainda se reflete na política de muitos países modernos, principalmente nos Estados Unidos. O analista, é claro, não entende que um país não tenha essas ambições, mas deseje apenas melhorar a vida de seu povo, viver bem e em paz.
     Para ele isso é falta de liderança, ou pelo menos, falta de vontade de liderar.
     No entanto, os povos que vivem melhor no nosso planeta são justamente aqueles que não se importam com isso. A Noruega, se não estou enganado, é o maior PIB per capita do mundo. Seus habitantes tem uma renda altíssima e vivem muito bem. Nem quiseram fazer parte da União Européia com medo de estragar seu bem estar, se misturando com outros povos mais atrasados economica ou politicamente, como esses que ainda são nostálgicos de seus antigos impérios (como os ingleses).
     A Suíça é outro exemplo. Vivem bem sem se meter em guerras e confusões e não querem liderar ninguém. Estão na deles.
     Então porque o Brasil teria que ter essa ambição de liderar o mundo, de tomar o lugar dos americanos? Não é muito melhor a gente continuar construindo nosso futuro tranquilamente?
     Pessoalmente, acho uma bobagem essa insistência do Brasil em querer fazer parte do Conselho de Segurança da ONU. Pra que, se nem somos uma potência militar? Temos tantos problemas ainda pra resolver na educação e na saúde, tanta pobreza, tanto atraso na infraestrutura, para que nos metermos a policiar os outros, nos metendo em confusões de povos que só sabem resolver as coisas através de guerras e violência?
     Acho que estamos vivendo um momento de profunda transformação no Brasil. Os investimentos em portos, aeroportos, ferrovias, rodovias, mobilidade urbana, só agora começam a sair do papel.
     Nos próximos anos vamos colher os frutos do pré-sal e se o projeto do governo de investir todo esse recurso em educação conseguir vencer a mentalidade retrógrada de senadores e deputados, vamos viver uma revolução do conhecimento no nosso país.
     O aumento continuado do salário mínimo, a redução de impostos (renúncia fiscal) dos juros, da energia elétrica, as políticas de incentivo à indústria e à agricultura familiar, fazem parte de um conjunto de medidas estruturais de longo alcance, cujo objetivo é substituir a exportação pelo crescimento do mercado interno, num mundo deprimido pelas crises das grandes economias.
     Isso é muito mais importante do que obter um crescimento econômico imediato, sem uma base sustentável. Vamos crescer dentro das nossas possibilidades, nos planejando, sem nos preocupar em liderar nada, estimulando a inovação e a integração dos países da América do Sul, formando um grande mercado comum e retirando, isso sim, a influência maléfica desses países hegemonistas da nossa região, o que vai beneficiar a todos os sul americanos, deixando essas ambições imperiais para os que gostam de se iludir, achando que são superiores.
     A mudança da matriz energética, que está apenas começando no Brasil, também é importantíssima. As novas concessões para instalação de parque geradores de energia eólica, devem elevar a participação deste tipo de energia limpa dos atuais 1% para 15% nos próximos 20 anos. Com isso não precisaremos fazer mais hidrelétricas, tão caras e de impacto ambiental tão grande. E a energia solar só agora vai chegando ao ponto de exploração comercial em grande escala. Ventos, sol e biomassa, são o que o Brasil mais possui.
     A inclusão dos negros e índios, através da política de cotas, já começa a dar resultados e em breve vamos superar a defasagem entre as etnias que compõem o país, enterrando definitivamente a herança maldita do modelo escravista colonial. Também a ascensão das mulheres aos cargos de comando, em igualdade com os homens, vai enterrando nosso passado machista e preconceituoso, construindo as bases para um futuro realmente democrático e promissor.
     Estamos mudando e por isso os resultados vão custar um pouco a aparecer, mas estamos no caminho certo. Ser potência militar não nos interessa, a não ser para obter a capacidade necessária para a defesa da nação e das nossas riquezas, e acho correto apostarmos na integração com nossos vizinhos, ao invés de pensarmos em competição.
     O futuro do mundo está na cooperação e não na competição. Querer liderar e dominar é um sintoma de atraso político, que só pode preocupar este tipo de gente que vive de especular com a riqueza alheia.
     A paz é mais do que uma situação provisória, é um patrimônio conquistado pelo Brasil através dos séculos e que deve ser preservado para as futuras gerações, junto com a justiça social e o progresso material em equilíbrio com a natureza.
    
    
     
Rapidinhas
 
 Morre um mestre
                       Universidade de Constantine, em Argel                                Oscar Niemeyer
 
     Mais um grande nome do século XX se vai. Desta vez foi Oscar Niemeyer o arquiteto de 105 anos que dedicou sua vida à criação e à justiça social.
     Sua característica principal foi explorar ao máximo as possibilidades plásticas do concreto armado, misturando a sensualidade das curvas ao ideário modernista e racionalizador.
     Suas principais obras se encontram em Brasília, cidade projetada por Lúcio Costa, seu mestre, com o qual trabalhou por muitos anos e com quem participou da epopéia da construção da nova capital. Tem também trabalhos espalhados por todos os continentes, como na Argélia (foto acima).
     O Eixo Monumental de Brasília (abaixo à esquerda) reúne o maior conjunto de suas obras, no que deve ser o maior conjunto arquitetônico no mundo inteiro projetado por um só arquiteto. Desde a extremidade leste, onde se situam a Estação Ferroviária, o Setor Militar Urbano e o Governo do Distrito Federal até a ponta oeste, onde está a Praça dos Três Poderes, quase todas as construções são de sua autoria.
     As excessões são o Centro de Convenções e o mastro gigante da bandeira, projetados pelo arquiteto Sergio Bernardes, a estação rodoviária e a Torre de TV, obras de Lúcio Costa. Cresci em Brasília, para onde meu pai foi transferido em 1960, e brincava em meio aquelas obras que iam surgindo do barro vermelho. Muitas vezes, no início da cidade, víamos Niemeyer sozinho, dirigindo seu Saab (um carro sueco) pelas ruas.             
     Tive o privilégio de estar com ele em duas ocasiões: a primeira quando trabalhava para o Governo do Distrito Federal e apresentei ao governador de Brasília, José Aparecido, o projeto para o Centro Cultural da Ceilândia, em 1986. Niemeyer estava presente (foto acima à direita) e aprovou minha proposta. A outra foi no ano seguinte, quando resolvi pedir demissão do GDF e temendo que depois da minha saída deformassem o projeto do Centro Cultural, fui pedir conselho a ele, que me atendeu muito gentilmente e disse: meu filho, eles mudam os meus projetos, não vão mudar o seu?
     De fato, meu projeto foi todo deformado. Construído em parte,  agora resolveram barateá-lo,  sem a menor consideração pelo que havia sido aprovado.
     Na nossa rápida conversa, falando sobre minha intenção de deixar aquele emprego e se referindo aos remanescentes da ditadura que infestavam o governo, ele me disse: Isso mesmo meu filho, vá fazer outra coisa, vá viver a vida. Isto aqui está cheio de filhos da puta!
    Niemeyer não foi apenas um mestre das curvas, mas ensinou a gerações de arquitetos a beleza da vida e a importância da luta pela justiça social.
    Ultimamente seus projetos eram cada vez mais escultóricos, e tinham importância por si mesmos, por serem de sua autoria, embora nem sempre tivessem maior valor funcional.
                                                                                                                  

Globobagens
 
 
 
     Gente, que nomes idiotas são esses que estão dando aos símbolos das copas?
     Brazuca será o nome da bola da copa 2014, Cafusa a da Copa das Confederações e Fuleco do pobre tatú-bola, mascote da copa.
     Quem é o responsável por isto? Pode ser que eu esteja delirando, mas tenho a impressão de que tamanhas idiotices só podem ter saído da fábrica de bobagens da rede Globo, mais especificamente do mais odiado de todos os locutores esportivos brasileiros: Galvão Bueno.
     Brazuca é típico de gente do tempo da ditadura militar, como ele, que tinha a preocupação em ficar exaltando o Brasil com essas patriotadas, que só nos expõe ao ridículo aos olhos do mundo.  
     Cafusa é a síntese desse tipo de mentalidade, que no tempo dos militares vendeu o Brasil como a terra do Carnaval, Futebol e Samba, como se fôssemos incapazes de criar algo além disso.
     No momento em que o Brasil começa a assumir um novo protagonismo, voltam essas demonstrações de  futilidade e provincianismo.
     Fuleco, nem se fala. Além de horroroso é um desrespeito a um mascote tão bonito e cujo nome já remete ao futebol: Tatú-bola tinha que ser o nome dele, mais nada.
     E o sorteio da copa das confederações, com aquelas apresentações ridículas de sambistas, como se a cultura brasileira fosse só aquilo? Arlindo Cruz já é um horror, ainda por cima representando a cultura brasileira. E as músicas que falavam de futebol? Tirando a do Skank todas eram dos anos 70. Só faltou cantarem Pra Frente Brasil.
     Será que vamos ficar prisioneiros desses clichês medíocres, justo na hora em que o mundo estará de olho na gente?

 O trem vem aí
 
    Parece que finalmente vai sair a licitação para o trem de alta velocidade (TAV) entre Rio, São Paulo e Campinas. O governo já anunciou que após a implantação deste trecho pretende estender a linha para Curitiba e Belo Horizonte.
     Os governos da Argentina e do Chile também já anunciaram a construção de um desses entre Buenos Aires e Santiago do Chile. Quem sabe algum dia poderemos viajar de Buenos Aires a Caracas, de Salvador a La Paz em TAVs, seguindo a tendência mundial de substituir as viagens aéreas por trens deste tipo, que poluem muito menos e são confortáveis e rapidíssimos.
 
Atoleiro europeu
 
     Críticos europeus dizem que o governo Dilma é incompetente por não ter conseguido fazer o Brasil crescer mais durante o ano de 2012. Alguns inclusive pedem a renúncia do Ministro Mantega e outros até mesmo que Dilma não se candidate a reeleição em 2014.
     Baseado neste critério, todos os governos da União Européia deveriam pedir demissão, já que não conseguiram fazer o bloco crescer nada, ao aplicarem suas políticas de ajuste fiscal.
     Conclusão: eles promovem a crise e a culpa é do Brasil.
     Engraçadinhos, não? Quando a gente não faz o que eles querem se metem logo a ditar regras, mas eles mesmos não conseguem sair do atoleiro.
 
Futebol 2013
 
     Depois de nove anos a Bahia contará com dois times na primeira divisão.
     Com a permanência (sofrida) do Bahia na série A e a ascensão (também sofrida) do Vitória, poderemos ver dois Ba-Vi na nova arena da Fonte Nova em Salvador.
     Esperamos que os dois times agora passem a se comportar realmente como grandes equipes, fazendo um planejamento realista e adequado para o ano, inclusive em relação à divulgação das suas marcas, com mais lojas vendendo seus produtos e não inventem de fazer contratações malucas, acima de suas possibilidades.
     A decisão de investir nas categorias de base é boa, mas é preciso também ter jogadores experientes para orientar a moçada.
     A Fonte Nova está ficando linda e deve estar pronta já em março. Até que enfim uma boa notícia para Salvador.
     Por via das dúvidas já garanti meu ingresso para ver Brasil-Itália. Haja coração!

Poesia da Semana
 
     Em homenagem ao ingresso da Bolívia no Mercosul, contribuindo para o avanço do sonho de concretizar a grande pátria latino-americana, deixo aqui para vocês um poema de Pablo Neruda, em homenagem à nossa América.
 
Amor America
 

Antes do chinó e do fraque
foram os rios, rios arteriais:
foram as cordilheiras em cuja vaga puída
o condor ou a neve pareciam imóveis;
foi a umidade e a mata, o trovão,
sem nome ainda, as pampas planetárias.

O homem terra foi, vasilha, pálpebra
do barro trêmulo, forma de argila,
foi cântaro caraíba, pedra chibcha,
taça imperial ou sílica araucana.
Terno e sangrento foi, porém no punho
de sua arma de cristal umedecido
as iniciais da terra estavam escritas.
Ninguém pôde
recordá-las depois: o vento
as esqueceu, o idioma da água
foi enterrado, as chaves se perderam
ou se inundaram de silêncio ou sangue.

Não se perdeu a vida, irmãos pastorais.
Mas como uma rosa selvagem
caiu uma gota vermelha na floresta
e apagou-se uma lâmpada da terra.

Estou aqui para contar a história.
Da paz do búfalo
até as fustigadas areias
da terra final, nas espumas
acumuladas de luz antártica,
e pelas Lapas despenhadas
da sombria paz venezuelana,
te busquei, pai meu,
jovem guerreiro de treva e cobre,
ou tu, planta nupcial, cabeleira indomável,
mãe jacaré, pomba metálica.

Eu, incaico do lodo,
toquei a pedra e disse:
Quem me espera? E apertei a mão
sobre um punhado de cristal vazio.
Porém andei entre flores zapotecas
e doce era a luz como um veado
e era a sombra como uma pálpebra verde.

Terra minha sem nome, sem América,
estame equinocial, lança de púrpura,
teu aroma me subiu pelas raízes
até a taça que bebia, até a mais delgada
palavra não nascida de minha boca. 
 
(Pablo Neruda, Canto geral)