De
volta ao começo
Pois é, amigos leitores, depois de passar o ano
de 2011 em Vitória da Conquista, apoiando minha filha e dando aulas numa Faculdade de
Arquitetura, depois ficar entre Brasília e Fortaleza o primeiro semestre de
2012 e apenas em Fortaleza após o falecimento de minha mãe, no final de maio,
finalmente retorno para minha casa na minha pequena e querida Rio de Contas.
É como se eu tivesse dado a volta ao mundo e
voltasse para casa.
Amo as noites estreladas e serenas desta cidade.
Amo suas montanhas, o vento que balança as árvores da minha rua e que me trazem
recados de lugares distantes, amo a educação e gentileza das pessoas, a maneira
como seus habitantes sabem aproveitar a vida, apesar dos pesares, o cheiro das
madrugadas, que tantas vezes me fizeram abrir minha porta e me sentar no muro
da escola em frente, às quatro horas da manhã.
Venho de muitos sofrimentos e muitos
descobrimentos também. Sofrimentos de dores de amores desfeitos e
descobrimentos que fiz em viagens por lugares nunca dantes navegados, dentre os quais a África, o Ceará e o interior do
Piauí, todos eles fascinantes.
Cabo Verde foi uma escola. Sentir o cheiro da
África, pisar os meus pés nas suas terras, ver com meus próprios olhos como vivem
nossos irmãos de lá, foi como retirar um véu que distorcia minha visão e me
fazia enxergar aquele continente como se estivessemos no século XVI. A nova
África está lá, esperando por nós, brasileiros, com suas contradições e suas
belezas.
Bobagem ir a Europa, muito mais longe. Vão à África,
nossa mãe. É linda e vale a pena.
O Piauí tambem foi uma surpresa, já
contada também neste blog, principalmente o Vale do Gurguéia e o Parque
Nacional da Serra da Capivara. Vale a pena conhecer.
Fiz essas viagens para amenizar a tristeza que me
ia pelo peito e, junto com meu amigo Adriano Araujo, fui renascendo aos poucos, juntando
os pedaços e voltando a vida, reconstruindo a vontade de viver, de fazer planos
e de ser feliz.
O Ceará também foi muito importante. Não só pelas
suas linda praias, mas pelo interior magnífico, muito mais desenvolvido do que
supomos pelas lentes comprometidas das televisões sudestinas (Globo, Record,
SBT e Bandeirantes). Ótimas estradas e cidades bem estruturadas, que revelam um
estado em pleno desenvolvimento. Como diziam os mineiros na década de 60, o
Ceará trabalhou em silêncio e é uma surpresa muito boa conhecê-lo.
Ao contrário do Piauí, não se trata de um
potencial ainda começando a se desenvolver, mas de uma sociedade já muito
avançada no seu crescimento e desenvolvimento, embora as marcas de séculos de pobreza
e atraso ainda sejam visíveis.
Tudo isso foi muito bom, mas melhor ainda é poder
voltar para Rio de Contas, onde tenho minha casa e meu escritório (que prazer
em reabri-lo!) e poder reencontrar velhos amigos e conhecidos.
Viajar é ótimo, mas voltar pra casa é o melhor da
viagem.
Pra quem não sabe, Rio de Contas e uma pequena e
linda cidade da Chapada Diamantina, na Bahia, onde enterrei meu coração.