Por Ricardo Stumpf Alves de Souza

domingo, 26 de junho de 2011

Rapidinhas


Delícias de Rio de Contas VII


  A fantástica obra de Zofir Brasil

    
 Zofir Brasil foi um artista riocontense, nascido em 1926 e morto em 1990, que produziu uma extensa obra de arte, feita à partir de objetos do cotidiano, de papel marché e até de coisas consideradas como descartáveis, pela maioria das pessoas.
     O que restou de sua obra está guardado em um casarão do Largo do Rosário, no centro histórico de Rio de Contas, esperando por uma restauração e por condições dignas de exposição, mas pode ser visitada, desde que se faça uma solicitação antecipada a Paulo Roberto,  zelador do seu patrimônio. Para encontrá-lo, pergunte a pessoas da cidade e elas lhe fornecerão o telefone dele.
      A família de Zofir Brasil adquiriu com recursos próprios um imóvel, localizado na mesma praça, para instalação de um museu, mas ainda espera pelo apoio de algum órgão público para concretizar este objetivo, pois sozinha não tem condições de montar o museu, o que ameaça a sobrevivência do acervo.     
     Seu trabalho poderia ser considerado precursor da obra de Vik Muniz feita com material reciclável e exposta no filme Lixo Extraordinário (ver comentário abaixo), indicado para o Oscar como melhor documentário em 2011, com a diferença de ter sido feita numa pequena cidade da Chapada Diamantina, no
 interior da Bahia, longe dos olhos da grande imprensa.                                                                       
     O cineasta Walter Salles esteve em Rio de Contas no ano 2000, filmando seu Abril Despedaçado e se impressionou com sua obra, tendo escrito um artigo na Folha de São Paulo, em 01 de setembro de 2001, intitulado O fabuloso Zofir, mas que até hoje, quase 10 anos depois, só está acessível para assinantes da UOL ou da Folha de São Paulo.
     Sua arte dialoga com o público, através de peças interativas, irônicas e críticas.
     Se for a Rio de Contas, não deixe de visitar.

Lixo Extraordinário

     O filme de Lucy Walker mostra o trabalho de Vik Muniz com os catadores de lixo (ou de material reciclável, como eles preferem classificar) do aterro sanitário de Gramacho, na baixada fluminense, periferia do Rio de Janeiro.
     O artista brasileiro, radicado em Nova Iorque, trabalha à partir de fotos feitas por ele dos catadores, para depois remontá-las com o material descartado no aterro, contando para isso com o auxílio dos próprios catadores retratados.
     O filme foi indicado para o Oscar de melhor documentário em 2011 e levanta a questão das condições de vida dos catadores de lixo nos aterros sanitários brasileiros.
     Embora organizados em associações e alimentando toda uma indústria de reciclagem que se instala ao redor dos aterros, esses trabalhadores vivem em condições sub-humanas e revelam que esse discurso de institucionalização dos catadores de lixo, assumido inclusive pelo PT, não resolve o problema, mas o torna permanente. O certo seria tornar obrigatória a coleta seletiva de lixo em todo o Brasil e contratar, via prefeituras ou empresas de reciclagem, os trabalhadores que fazem a seleção do material reciclável, dando a eles todas as garantias trabalhistas, de saúde e de sindicalização.
     Querer que os próprios trabalhadores arquem com essas obrigações através de organizações autônomas (cooperativas) de trabalho coletivo, é negar a eles um direito extendido a maioria dos trabalhadores brasileiros e uma forma muito cômoda de se livrar do problema.
     O filme está sendo exibido no Espaço Ecco, no Setor Comercial Norte de Brasília, dentro de uma exposição do artista plástico. Assisti-lo é uma aventura emocionante por um universo desconhecido para a maioria dos brasileiros. Se puder, não deixe de ver.

O Brasil na Arte Popular

     Esse é o nome da exposição que está aberta até 26 de junho no Museu Nacional, na esplanada dos Ministérios em Brasília (aquele museu que parece uma bola).
     O acervo é do Museu Casa do Pontal fundado pelo artista plastico francês Jacques Van de Beuque, radicado no Brasil e descobridor da obra de Mestre Vitalino, em Pernambuco.  Van de Beuque viajou durante 40 anos pelo Brasil, reunindo um mgrande acervo de arte popular, que deu origem ao Museu Casa do Pontal, no Rio de janeiro.(http://www.museucasadopontal.com.br/museucasadopontal/index.htm).
     A maioria das obras é de artistas nordestinos, embora também hajam peças feitas por artistas do Rio de Janeiro e de Minas, influenciados pela escola nordestina. São peças em barro e madeira, algumas móveis, retratando os tipos e o cotidiano da vida popular brasileira, mostrando a riqueza do imaginário da nosso povo e as suas origens e mitos.
     Vale a pena a visita pela exposição e também para conhecer o museu, mais uma obra de Oscar Niemeyer na Esplanada, que a meu ver, se tornou a maior concentração de obras arquitetônicas de um único arquiteto no mundo..


A volta do elefante

    Em 1990, durante o governo Collor, a direita brasileira iniciou uma violenta campanha pelas privatizações.
Para isso os empresários interessados em se apoderar das empresas estatais usavam um elefante como símbolo do Estado, que segundo eles seria pesado e lento, em oposição às empresas privadas que seriam leves e ágeis.
     Este tipo de campanha surge sempre quando os empresários neoliberais querem se expandir para atividades ocupadas pelo governo e, para quem não se lembra, os governos de Collor e Fernando Henrique Cardoso, entregaram centenas de empresas eficientes e rentáveis aos empresários, que depois as "enxugaram", demitindo milhares de funcionários, e levando muitas delas à falência, como foi o caso da antiga Vasp, pertencente ao governo paulista. Ou então aumentaram o preço dos seus serviços dezenas de vezes, fazendo com que o consumidor pagasse muito mais por serviços muito piores, como no caso das empresas de energia elétrica ou telefônicas (quem não tem queixas contra a Oi?).
     Desde o triunfo do governo Lula não se ouvia mais esse argumento, dado o desastre que foi o governo Collor e também à quase falência que FHC levou o Brasil em 1998, inclusive reprimindo greves e movimentos sociais para beneficiar o capital.
     Agora, talvez apostando no esquecimento e embalados pelo esgotamento da capacidade do Estado brasileiro em investir mais, o que levou o governo Dilma a estabelecer a concessão de alguns aeroportos para a iniciativa privada, eles voltam à carga, trazendo seu personagem principal, o elefante, de volta.
     Interessante observar que isso ocorre no momento em que a Europa vai a falência, justamente por ter adotado o modelo privatista, em que principalmente os bancos privados fazem a verdadeira governança econômica dos países, agindo irresponsavelmente, sem controle nenhum dos cidadãos e levando populações de países desenvolvidos como a Grécia, a Irlanda e Portugal ao desespero, na medida em que querem que o povo pague a conta das suas aventuras empresariais, quando estas fracassam (e sempre fracassam), para salvar...os bancos.
     Então na verdade a coisa funciona ao contrário: é o Estado que dá segurança ao cidadãos e a governança privada quem massacra o povo com o peso das sua irresponsabilidade.

    

A capa da revista Época, que mostra um elefante sentado sobre um ser humano, não deveria ser dedicada ao Estado, mas sim aos bancos e seu representante maior de sempre, o FMI, que estes sim massacram os povos do mundo inteiro.
     Os protestos europeus dizem que não haverá democracia enquanto o povo não controlar a economia e que esta não pode ficar nas mãos de uma minoria que não dá satisfações do que faz, e depois quer que o povo pague a conta. Ou seja, querem um controle maior do Estado sobre os empresários.
     Entenda-se que aqui quando se diz Estado, não se está dizendo simplesmente Governo, mas sociedade civil organizada.
     Então na verdade o elefante são eles e a legenda da capa de Época deveria ser: Bancos S.A.


segunda-feira, 20 de junho de 2011

Delícias de Rio de Contas VI
  
     Manhãzinha de inverno em Rio de Contas, com a Serra das Almas encoberta pelas nuvens e o casario colonial do Centro Histórico, visto do Largo do Rosário.
     Só quem vive nesta jóia da arquitetura colonial brasileira, considerada monumento nacional pelo Instituto do Patrimônio Histório e Artístico Nacional - IPHAN, sabe a delícia que é acordar cedo e caminhar pelas ruas ainda silenciosas, podendo curtir esse patrimônio natural fantástico que envolve a cidade.
     Nem parece que a gente está na Bahia, e no meio da região semiárida brasileira, com temperaturas por volta de 15 graus, neste oásis gigantesco que é a Chapada Diamantina, berço de todos os rios baianos e verdadeiro orquidário natural.


Filhos

     O Faustão deste domingo fez a apologia de um homem pernambucano que tem 32 filhos com três mulheres. Incrível a apologia ao machismo do polígamo. Que eu saiba poligamia é crime no Brasil.
     Um sujeito desses deveria ser preso por atentado ao meio ambiente. Imagine se a moda pega? Anos e anos tentando fazer as famílias reduzirem o número de filhos e agora um sujeito irresponsável deste é considerado herói pelo horroroso programa dominical da Globo.
     Até quando vamos ter que ouvir a voz de Faustão nos nossos domingos? Até quando nossos finais de semana vão ser dominados por estes programas de auditório tão baixo nível?
     Alguém precisa tomar uma providência sobre este tipo de programação.TV é cultura e a cultura do nosso povo não pode ficar eternamente refém dos lucros das famílias que controlam essas concessões.

Viva a pátria Palestina


     Avança celeremente o movimento mundial para reconhecer a Palestina como país independente, como manda a partilha realizada pela ONU em 1948.
     O governo sionista de Israel ainda tenta consolidar sua ocupação, construindo mais e mais colônias em território palestino, na esperança de criar um fato consumado irreversível, mas parece que o mundo se cansou das eternas negativas israelenses para chegar a um acordo. Se cansou também de ver os palestinos sempre massacrados, perseguidos na sua própria terra por um invasor que não aceita nem cumpre nenhuma resolução da ONU, protegido pela sombra imperial dos Estados Unidos. Cansou de ver tanta injustiça e arrogância sobre um povo que pede apenas o direito de viver livremente em seu próprio país.
     Mais de 140 países já reconhecem a Palestina como um estado soberano, fato que deverá ser confirmado pela Assembléia Geral das Nações Unidas em setembro. Não há política nacionalista de Israel capaz de impedir esse movimento mundial de reconhecimento. Falta o povo israelense eleger um governo que respeite os direitos humanos e as resoluções internacionais para que a paz e a democracia se estabeleçam definitivamente na região, onde já sopram os ventos da chamada primavera árabe, que vai derrubando todos os ditadores que ajudaram israel a conter as legítimas aspirações do povo palestino ao longo das últimas décadas.

O amor

     Amar é difícil, mas é fundamental.
     Ninguém vive sem amor, nem mesmo uma planta, cujas raízes se beneficiam da umidade das outras ao seu lado, da chuva que cai, dos ventos, pássaros e insetos que espalham suas sementes. Nem os animais sobrevivem sem amor, seja o de uma cadela pelos seus cachorrinhos, seja de um ser humano pelo seu gato de estimação.
     O amor move a terra, tanto quanto a competição entre os que aqui habitam. Solidariedade e competição convivem nesse estranho mundo em que precisamos daqueles com os quais competimos. Sem um ou outro, perecemos.
     Mas o convívio amoroso entre os seres humanos é mais complicado pois nele interfere aquilo que nos diferencia dos outros animais: a nossa inteligência.
     Reagimos às atitudes do outro através da observação e do processamento das mensagens que suas atitudes vão nos passando. Assim podemos perceber padrões de comportamento, atos de egoísmo ou de desprendimento, que fazem a gente se afastar ou aproximar do ser amado.
     Depois de uma longa convivência, então, já conhecendo defeitos e virtudes, conseguimos fazer um balanço daquilo que é positivo e negativo no outro, tomando isso como base para decidir a continuidade ou não da convivência.
     Casamentos não são mais para sempre, mas duram enquanto o saldo do relcionamento for positivo para ambos, a não ser que haja uma sujeição de um pelo outro, que leve à submissão e à dominação, fazendo a parte dominada aceitar uma relação que lhe é prejudicial, por medo das consequências de uma separação.
     Em geral isso ocorre após um longo processo de auto-desvalorização, em que apessoa se acha incapaz de merecer algo melhor do que aquilo que tem. Desvalorizar a pessoa, é portanto, uma forma de submete-la, de dominá-la, para enfraquecer sua capacidade de reagir ao domínio.
     Depois de se libertar de uma relação dessa, quando a pessoa consegue recuperar sua auto-estima, geralmente fica mais zelosa de sua auto-preservação, repudiando logo atitudes que pretendam desvalorizá-la. Fica mais atenta e mais liberta também, o que pode causar uma impressão de soberba ou de arrogãncia no outro.
     Mas é preciso mesmo ficar atento, pois por trás das palavras calientes de amor, muitas vezes se escondem vícios e defeitos de personalidade que não tem nada a ver com os sentimentos.
     Mas apesar de todos os riscos, amar sempre vale a pena, mesmo quando a convivência se torna impossível. Na verdade o único derrotado no amor é aquele que não consegue amar. Quem ama, de uma forma ou de outra, sempre sai vitorioso, pois mesmo se sentindo prejudicado sabe que conseguiu vivenciar a experiência fantástica de sair de si mesmo e de sentir que um sentimento tão forte o invade a ponto de dar mais valor ao outro que a si mesmo.
     Ou como resumiu magistralmente Luis de Camões:

Amor é fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente,
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer

É um não querer mais que bem querer,
É um andar solitário entre a gente
É um nunca contentar-se de contente,
É um cuidar que ganha em se perder

É um querer estar preso por vontade,
É servir a quem vence, o vencedor,
É ter com quem nos mata, lealdade,

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si mesmo é o amor?


domingo, 12 de junho de 2011


A Mística da Água

                                                      A cachoeira de Livramento, na subida para Rio de Contas

O discurso contraditório sobre a água continua sendo divulgado pela mídia, inclusive em meios pseudo-científicos como a TV Escola, por exemplo.
     Agora não afirmam mais que a água vai acabar, nem que uma grande seca será a consequência universal do aquecimento global, dadas as evidências gritantes de que o clima está se tornando cada vez mais úmido e de que há mais água na atmosfera devido ao degelo.
     Mas misturam de forma intencionalmente confusa dados sobre desperdício de energia fóssil, ou sobre lançamento de gás carbônico na atmosfera através da flatulência das vacas, com indícios alarmantes de escassez de água, em algumas regiões do planeta tradicionalmente secas, como as regiões desérticas da África, para depois dizerem que o problema é que lavamos nossas calçadas com água potável, como se a água lançada nas calçadas não corresse de volta para os rios, ou para os lençóis subterrâneos, mas se perdesse misteriosamente no ar.
     Tudo com o objetivo escuso de privatizar a água do planeta, colocando sob domínio de poucos aquilo que é um bem público.
     Vivemos no planeta água, onde 4/5 da superfície são cobertos por oceanos salgados que são o principal fornecedor de água doce para os continentes, através da evaporação, que só aumenta com o aquecimento global. Portanto não vai faltar água. O que precisamos é de mais saneamento básico para evitar a poluição dos rios e também precisamos conter o aumento da população humana e o modelo econômico baseado no consumismo, que são as verdadeiras causas para a destruição do ambiente natural.
     As vacas não são as culpadas, mas o hábito de comer sua carne para alimentar 7 bilhões de seres humanos sim. Lavar os carros não ameaça o planeta, o que ameaça são os carros em si, que poderiam ser substituídos por transporte público eficiente e subsidiado.
     A competição entre as nações, faz com que o número de habitantes seja fundamental na geopolítica. Uma pequena nação com 5 milhões de habitantes não é tão respeitada quanto uma de 200 ou 300 milhões. Isso também estimula o crescimento populacional. As uniões aduaneiras, como o Mercosul e a União Européia conseguem acabar com isso e, aí sim, passam a ser possíveis políticas de controle populacional, para que num futuro próximo possamos viver mais e com mais qualidade de vida, em harmonia com o nosso ambiente natural.
     Mas tudo isso ainda passa muito longe do que dizem as TVs, sustentadas por anunciantes e governos comprometidos com políticas de crescimento sem fim.
A Globo e as greves
     Por falar em TVs, a Globo continua com sua incansável campanha contra o direito de greve.
     O script é sempre o mesmo: anuncia-se uma greve como uma coisa horrível, um tormento para toda a população, sempre anunciando quantos milhões de prejuízo ela está causando, em tom de voz alarmante, e nunca se entrevistam os grevistas para saber as suas razões, para saber se os patrões estão descumprindo acordos anteriores, se suas famílias estão passando fome, se suas condições de trabalho estão sendo desrespeitadas.
     É uma herança dos tempos da ditadura e, é claro, uma postura política tipicamente direitista, que só defende o lado patronal, procurando jogar a opinião pública contra os movimentos dos trabalhadores.
     Até nos episódios da chatíssima série adolescente Malhação, os grevistas são apresentados como irresponsáveis (no caso médicos), que deixam de atender a população necessitada.
     Se eles quisessem mesmo denunciar irresponsabilidades dos médicos haveriam muitas outras coisas melhores a dizer, como a indústria de exames desnecessários promovida pelas clínicas particulares, a privatização da saúde, que retira do cidadão um direito constitucional, etc., mas isso, é claro, eles não vão falar. A lógica é sempre: Viva o lucro. Até quando vamos ter que aturar isso?

O Ministério Dilma

     Parece que a Presidente Dilma Roussef começa a se libertar do peso da liderança de Lula e a montar seu próprio ministério.
     A nova ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, tem uma cara ótima (e um narizinho arrebitado que vai fazer a delícia dos cartunistas). Até que enfim gente nova no pedaço. Chega dessas velharias que nunca saem de cena, ao estilo José Sarney, Edson Lobão e Moreira Franco. Será que essa gente não conhece aposentadoria?
     Além disso, pela primeira vez desde os tempos de FHC os paulistas deixam de ocupar os postos mais importantes do governo. Até que enfim. O Brasil é muito maior do que São Paulo.
     Parece que a nova ministra é da mesma escola da presidente, ou seja, jogo duro. É disso mesmo que estamos precisando, mais competência administrativa e menos politicalha.
    Cada vez gosto mais de Dilminha.
    
Delícias de Rio de Contas V

Paraíso das Mandalas

A pequena loja de Waldemir, o Ni, em Rio de Contas, é cheia de Mandalas desenhadas em discos de pedra calcária brilhante, muito comum na região, que ele caprichosamente pinta, atribuindo um significado a cada uma delas.
Segundo o cartaz ao lado, que ele mantém na porta, Ni começou a sonhar desde pequeno com estranhos desenhos geométricos que ele pensava serem resultado de algum problema na sua cabeça.
Só mais tarde reconheceu nas mandalas os desenhos que via na infância e resolveu fazer deles a sua atividade na vida, passando a comercializá-los.
Hoje vende para várias cidades na Bahia e do Brasil, sob encomenda ou diretamente na sua lojinha, onde trabalha com esposa e filhos. Apesar do sucesso, Ni continua o mesmo, na sua simplicidade generosa e atividade incessante.

 

A variedade de desenhos impressiona e a beleza e harmonia das cores também. As mandalas são confeccionadas em vários tamanhos, desde as bem pequenas (abaixo na foto à direita), passando pelas médias que estão na parede da foto, até a grandes que podem ser usadas como tampos de mesa, chegando até a 1,20m de diâmetro.

Esta à esquerda é a mandala da felicidade, cujo significado está registrado da seguinte forma:
Esta é uma mandala indiana de base numérica 6, simbolicamente ligada ao amor. O número seis tem várias simbologias formadas pela multiplicação do 2 e do 3, dos quais absorve os simbolismos.Suas qualidades são: Facilidade para paixão, busca da felicidade, iniciativa. Está ligada ao amor.
                                                            
A esquerda, pela ordem, as mandalas da iniciativa, a da ampliação. À direita as da proteção e da sinceridade.
Existem muitas outras em exposição na loja e, se você acredita que esses desenhos geométricos realmente traduzem algo do equilíbrio do universo, podendo influenciar na sua vida e na sua casa, não deixe de visitar a lojinha de Ni, quando for a Rio de Contas.
Fica logo na entrada da cidade à direita. É só perguntar que todo mundo conhece.
Se quiser encomendar pode ligar para os telefones (77) 9919-9959 ou (77)8110-0537 ou pelo e-mail: paraisodasmandalas@hotmail.com
Se estiver fora do Brasil e quiser telefonar, é só acrescentar  o código 55.


terça-feira, 7 de junho de 2011

     Rapidinhas
Delícias de Rio de Contas IV
     No Restaurante Soraya, na Praça do Landim, no centro histórico de Rio de Contas, o visitante encontra uma boa culinária e um ambiente especial, à beira do Rio Brumadinho, com salão fechado, varanda coberta e terraço descoberto para aproveitar as noites de lua. Se der sorte, pode até curtir um show de voz e violão, que às vezes é apresentado nos finais de semana  .
     No cardápio, vinhos brasileiros, chilenos e portugueses, as excelentes cachaças locais,  todos os tipos de cerveja, inclusive a deliciosa Bohemia e também cervejas sem álcool.  Tira-gostos, sopas, massas, aves, peixes, carnes e pizzas, tudo com preços corretos e muita simpatia.
    O restaurante é ponto de encontro de artistas nacionais de teatro, cinema, cantores e outras personalidades famosas em visita à nossa pequena cidade e ainda se pode curtir no horizonte a fantástica vista da Serra das Almas.
     As especialidades da casa são uma galinha bêba, cozida na cerveja malzebier e um mocotó fantástico.
     Não deixe de conferir.
     A boa notícia da semana
     A eleição de Ollanta Humala como Presidente do Perú, fecha o cerco sobre os últimos regimes pró-americanos da América Latina. Na América do Sul, só a Colômbia ainda segue a liderança decadente dos Estados Unidos, preparando assim um novo futuro para o sub-continente.
     Humala, deve implementar um capitalismo com inclusão social, ao estilo do PT, mas principalmente deve ter a independencia necessária para reconstruir sua sociedade, sem influências externas, colocando seu governo a serviço dos interesses do seu próprio povo.
     Bom para o Perú, bom também para o Brasil e bom para todos os latino-americanos, que vamos assim retomando as rédeas do nosso destino.

A redivisão do Brasil
     A aprovação pelo senado para realização de um plebiscito sobre a criação do Estado do Tapajós, que seria desmembrado do Pará, traz de volta uma discussão antiga sobre a necessidade de redividir politicamente o território brasileiro.
     Apesar das críticas da mídia, que só fala em mais despesas, com mais governadores, deputados, etc., a necessidade de redivisão é evidente. Temos Estados grandes demais e outros pequenos demais.
     O que me parece errado é deixar as propostas de criação de mais Estados, nas mãos de pequenos grupos locais, com interesses políticos próprios. Não seria melhor encarregar o IBGE de formular uma proposta para todo território nacional, não apenas dividindo Estados grandes demais, como o Pará e o Amazonas, mas também propondo a fusão entre os pequenos demais, como os diminutos e pobres Estados nordestinos de Sergipe, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas, que unidos a Pernambuco poderiam formar um Estado forte e rico?
      Também Minas Gerais e Bahia são muito grandes e poderiam sofrer alterações. O sul de Minas, por exemplo, poderia se unir ao Espírito Santo e ao Rio de Janeiro, formando uma nova unidade, enquanto o oeste da Bahia, poderia se emancipar, formando o Estado de São Francisco, reivindicação antiga de sua população.
     O sul e sudoeste da Bahia poderiam também formar um novo estado, que já foi proposto na época da Constituinte como Estado de Santa Cruz, deixando uma parte de litoral para Minas Gerais, nos seus municípios do extremo sul.
     Também o sul dos Estados do Piauí, Ceará e Pernambuco poderia ser estendido de forma a tocarem as margens do lago de Sobradinho, dividindo com eles os benefícios das águas represadas do São Francisco, que hoje beneficiam apenas a Bahia. 
     A própria divisão em grandes regiões, feita pelo IBGE, está completamente superada. A região norte é um absurdo geográfico, que vai do oceano Atlântico aos Andes. O certo seria criar a região noroeste, separada da norte, composta pelos atuais estados do Amazonas, Roraima, Acre e Rondonia, onde ainda poderiam ser criados novos estados ou territórios, como no alto Rio Negro, por exemplo, enquanto o Acre deveria absorver a parte sudoeste do Amazonas ( a região de Boca do Acre), que na prática já é administrada por ele, seguindo a linha internacional da hora. Já o Maranhão poderia ser incorporado à região norte, com a qual tem muito mais afinidade cultural e ambiental (a floresta amazônica) do que com o nordeste.
     Enfim, nossa divisão territorial carece de mais racionalidade e seria muito melhor fazer logo uma proposta global do que deixar que grupos locais fiquem tentando redesenhar o mapa segundo seus interesses políticos. 

Arquitetos e sindicalistas assassinados


O que a morte dos sindicalistas assassinados recentemente na Amazônia tem a ver os arquitetos?
Simples: a cada vez que especificamos madeira nobres nos nossos projetos, estamos fazendo encomendas aos madeireiros clandestinos da Amazônia, que as retiram de reservas extrativistas ou de terras indígenas, já que as áreas livres para corte de madeira estão cada vez mais escassas, não hesitando em assassinar os que defendem o meio ambiente ou as terras indígenas.
É como encomendar um casaco de peles e fingir que não sabemos que elas virão de animais massacrados. Só que nesse caso, além das florestas, são pessoas mesmo que estão sendo assassinadas.
O mais incrível é a permanência de um tipo de corrente arquitetônica que se intitula ecológica, justamente pelo uso intenso da madeira.
Quem já não viu "pousadas ecológicas", feitas todas de madeira, ou mesmo palestras de arquitetos que mostram orgulhosamente seu trabalho ecológico todo em madeira. Projeto verdadeiramente ecológico é o que não usa madeira, ou usa apenas madeira certificada.
Se você é arquiteto ou designer, pense nisso antes de usar madeira nos seus projetos.
O abraço ao Rio Verruga

     Cerca de 40 pessoas, entre professores e estudantes da Fainor, jornalistas, curiosos e passantes que foram se juntando ao grupo de manifestantes, chegaram à ponte sobre o Rio Verruga, em Vitória da Conquista, na manhã fria e chuvosa de domingo, 05 de junho, dia mundial do meio ambiente.
     O grupo se manifestava pela salvação do Rio, que percorre a cidade e está totalmente poluído.
     Apesar da previsão de sua recuperação, existente no Plano Diretor Urbano da cidade, assim como no Código Municipal do Meio Ambiente, nada tem sido feito de efetivo para sua recuperação.
     O ambientalista André Cairo, fundador do Movimento Contra a Morte Prematura (MCMP), que há muitos anos empreende uma luta solitária pelas causas ambientais na cidade, participou fantasiado de morte, dando um toque de humor ao momento cívico.
     A manifestação foi promovida pelo Colegiado de Arquitetura da Fainor e contou com o apoio da Comercial Ramos, Tintas Coral, Band FM e Gráfica Brasil.
     A idéia de criar o movimento surgiu em um seminário realizado na Faculdade de Arquitetura da Fainor, para discutir o Plano Diretor do Município. Os próprios alunos levantaram a situação catastrófica do rio e a necessidade de que os planos existentes para recuperá-lo saíssem do papel.
     Mas quem são os responsáveis pela situação a que chegou este, que é o único curso d'água da cidade? Com certeza há um descaso das autoridades, tanto da EMBASA, empresa estadual responsável pelo saneamento básico de Vitória da Conquista, da Prefeitura, que não se preocupa em implantar as propostas previstas no Plano Diretor e da Câmara de Vereadores do município, que não exerce seu dever de fiscalizar os poderes executivos, tanto municipal quanto estadual, no caso a Embasa, para fazer com que cumpram a lei.
     Mas também há um descaso da própria sociedade, que se acostumou a ver os rios urbanos poluídos em quase todas as cidades do Brasil, e que não cobra das autoridades uma atuação para corrigir o problema.
     Por isso a manifestação deixou claro que não era dirigida contra ninguém em especial, já que há uma responsabilidade coletiva, mas que estava cobrando das autoridades um posicionamento.
     As novas gerações agradecem e pedem que deixemos para elas um ambiente limpo, transformando o que hoje é um esgoto, numa fonte de saúde e lazer para toda a população de Vitória da Conquista.
     Esperamos que nosso pequeno movimento tenha sido ouvido pelos governantes e pela população em geral, para que todos juntos possamos trazer de volta o Rio Verruga limpo e cristalino, que já existiu, à margem do qual foi fundada a cidade de Vitória da Conquista e que as antigas gerações puderam desfrutar como local de banho e fonte de água pura.
     A manifestação serviu também como primeira inteiração entre o novo curso de arquitetura da Fainor e a cidade de Conquista, em cujos destinos a comunidade acadêmica pretende influenciar, se preocupando com a qualidade de vida dos seus habitantes e apontando problemas e principalmente soluções.
     Portanto, se você é Conquistense ou simplesmente vive em Conquista e ama sua cidade, ABRACE O RIO VERRUGA, para que este movimento tenha continuidade e prossiga, nos trazendo de volta nosso rio.